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A farsa de Inês Pereira Inês é uma mulher que deseja se livrar do "prisão" proporcionado por sua mãe, onde os afazeres domésticos tiram-lhe o contentamento. Tomada pela ideia errônea de que o casamento é a melhor solução, Inês se vê ansiosa para encontrar aquele que lhe traria a absolvição de seus serviços prestados na casa materna. No entanto, ao se deparar com a carta do pretendente que a alcoviteira Leanor Vaz outrora lhe falara, Inês repudia a maneira rústica que Pero Vaz se expressa e zomba dele: "Sim, venha, e veja-me a mim; quero ver, quando me vir, se perderá p presumir logo em chegando aqui, para me fartar de rir" O fato é que, depois de conhecer pessoalmente Pero Vaz, Inês opõe-se ao rapaz porque suas maneiras simplórias a repelem, e agora, além de querer se casar, a jovem também exige que seu futuro marido seja um homem discreto, galante, bailarino e músico. Baseando-se na preferência intelectual que Inês busca encontrar em seu futuro esposo, os casamenteiros lhe apresentam o Escudeiro, que é um homem cujo valor social está abaixo do que de fato ele está inserido, mas que finge estar à serviço de um grande fidalgo, o Marechal. O Escudeiro, na verdade, não passa de um camponês pobre, mas evidentemente galante e discreto, a ponto de despertar na jovem o desejo de se casar com ele. O trecho abaixo mostra o quão atenta Inês se pôs a ouvir depois de se encantar com as palavras do Escudeiro: "Antes que mais diga agora, Deus vos salve, fresca rosa, e vos dê por minha esposa, por mulher e por senhora. Que bem vejo nesse ar, nesse despejo, mui graciosa donzela, que vós sois, minha alma, aquela que eu busco e que desejo" Após o casamento, Inês percebe que seus ideias de liberdade não são cumpridos, chegando a nomear sua atual condição como "cativeiro", levando-a a constantes lamentações nos dias que se seguiu casada. Após a notícia de que o Escudeiro havia falecido pelas mãos de um mouro pastor, Inês simula uma tristeza que está longe de sentir; ao contrário, sente-se alegre por finalmente sair daquele martírio que a vida conjugal representara.
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