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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS 1 Katialaine Araújo CAP – Sala 205 Bl. 6 katialaine@yahoo.com.br Bioquímica Tecnológica Enzimas industriais: Peptidases Universidade Federal de São João del-Rei Campus Alto Paraopeba (CAP) Engenharia de Bioprocessos Bioquímica Tecnológica Introdução • α-Aminoácidos α Grupo amino (básico) Grupo carboxílico (ácido) Caráter anfótero Introdução • α-Aminoácidos - D encontrado em poucos casos ex: peptidoglicano parede celular bacteriana - Normalmente na forma L • α-Aminoácidos Classificação pelo grupo R - Ligação peptídica Introdução - Ligação peptídica Introdução - Proteínas Introdução - Proteínas (MM >10.000 Da) +H3N N H CH C O O– N H CH C O R CH H N C O R CH C O R N-terminal C-terminal aminoterminal carboxiterminal Cadeia polipeptídica - Peptídeos (MM <10.000 Da) Dipeptídeo, tripeptídeo, tetrapeptídeo etc Oligopeptídeo (até 10 aa) Polipeptídeo Introdução - Funções fisiológicas das proteínas • Enzimática • Transporte (ex.: Hb) • Movimento coordenado (ex.: contração muscular) • Suporte mecânico (ex.: colágeno) • Efeito imune (ex.: anticorpos) • Outros Introdução Propriedades tecnológicas das proteínas Propriedades tecnológicas das proteínas Propriedades tecnológicas das proteínas - Viscosidade Propriedades tecnológicas das proteínas Mecanismo: absorção de H2O, forma e tamanho, interações prot-solvente Alimentos: sopas, molhos de carnes, molhos p/ salada, sobremesas Exemplo tipo proteína: gelatina - Ligação à H2O Mecanismo: pontes H, hidratação iônica Alimentos: Salsichas, bolos, pães Exemplo tipo proteína: proteínas de carne, ovo e soja. - Gelificação Mecanismo: retenção e imobilização de H2O, formação de redes Alimentos: Carnes, géis, bolos, produtos de panificação, queijo Exemplo tipo proteína: proteínas de carne, leite e ovo - Elasticidade Mecanismo: ligações hidrofóbicas, pontes dissulfeto cruzadas Alimentos: carnes, produtos de panificação Exemplo tipo proteína: proteínas de carne e de cereais - Emulsificação Mecanismo: formação de películas, adsorção nas interfaces Alimentos: Salsichas, almôndega, sopa, bolos, molhos Exemplo tipo proteína: proteínas de carne, leite e ovo - Formação de espuma Alimentos: Chantilly, marshmellow, sorvete, bolos, suflês, musses Exemplo tipo proteína: proteínas de leite e ovo Mecanismo: formação de películas, adsorção nas interfaces Propriedades tecnológicas das proteínas - Formação de massa (glúten) Farinha de trigo = 7 a 13% proteínas, sendo 85% delas: Prolaminas (principalmente gliadinas) Glutelinas (principalmente gluteninas) Altamente hidrofóbicas Insolúveis em H2O Resultado: massa viscoelástica capaz de aprisionar gás durante a fermentação Amassamento (cisalhamento) H2O S S S S S S Glúten = complexo gliadina-glutenina Polímeros fibrilares Pontes H, pontes dissulfeto, interações hidrofóbicas Gordura amido H2O Propriedades tecnológicas das proteínas PEPTIDASES E.C. 3.4._._ A + H2O B + C Hidrolases Atuam em ligações peptídicas • Características - Enzimas proteolíticas Catalisam a hidrólise de ligações peptídicas em proteínas - Encontrada em todos os tipos de organismos - Fisiologicamente importante em diversos processos biológicos Ativação de hormônios peptídicos e neurotransmissores - Alvo potencial no desenvolvimento de agentes terapêuticos contra doenças Digestão de proteínas (facilita absorção pelas células) Reciclagem de proteínas intracelulares, turnover Modificação enzimática - regulação (ex: ativação de zimogênios) Micro-organismos, plantas e animais Esporulação, germinação, regulação da expressão gênica (Rao et al. 1998) PEPTIDASES • Características - ~60% das vendas Rao et al. (1998) PEPTIDASES • Classificação - Exopeptidases (3.4.11 a 3.4.19) Peptidases que atuam em N-terminal - Endopeptidases (3.4.21 a 3.4.99) COOH H2N Peptidases que atuam em C-terminal PEPTIDASES • Classificação - Exopeptidases (N-terminal) Aminopeptidases (E.C. 3.4.11._) H2N H2N H2N Dipeptidil peptidases (E.C. 3.4.14._) Tripeptidil peptidases (E.C. 3.4.14._) PEPTIDASES • Classificação - Exopeptidases (C-terminal) Carboxipeptidases (E.C. 3.4.16._ a 3.4.18._) serina carboxipeptidase (E.C. 3.4.16._) metalocarboxipeptidase (E.C. 3.4.17._) cisteína carboxipeptidase (E.C. 3.4.18._) Peptidil dipeptidases (E.C. 3.4.15._) Dipeptidases (E.C. 3.4.13._) COOH COOH COOHH2N PEPTIDASES • Classificação - Endopeptidases: Serina-endopeptidases (E.C. 3.4.21._) Cisteína-endopeptidases (E.C. 3.4.22._) Aspártico-endopeptidases (E.C. 3.4.23._) Metalo-endopeptidases (E.C. 3.4.24._) Outras Endopeptidases c/ mecanismo catalítico desconhecido (E.C. 3.4.99._) Serina no sitio ativo; ativas em pH neutro e alcalino (ótimo entre 7 e 11) Ác. aspártico no sitio ativo; ativas em pH baixo (3 a 4) Cys e His no centro ativo; pH neutro; atividade depende ambiente redutor Subtilisinas Papaína Pepsina, renina Requerem metal divalente; pH neutro a alcalino Treonina-endopeptidases (E.C. 3.4.25._) Colagenase PEPTIDASES • Produção: fontes - Vegetais - Animais - Microbianas Papaína (cisteína protease; pHest 5-9, Test até 80°C) – EC 3.4.22.2 Bromelina (cisteína protease; pHest 5-9, Test <70°C) – EC 3.4.22.32 ou 33 Tripsina (serina protease; pH 6,5-9) – EC 3.4.21.4 Pepsina (aspártico protease acídica; pHótimo ~2 (1,5-4) – EC 3.4.23.1 ou 2 Renina/quimosina (aspártico protease; pHótimo ~4, T~40°C) – EC 3.4.23.4 Neutras (metalo, serina), alcalinas (serina) ou acídicas (aspártico proteases) Bacterianas (Bacillus sp.) ou fúngicas (Aspergillus sp.) PEPTIDASES • Produção de proteases microbianas (vide Sumantha et al., 2006) 1. Isolamento de cepas proteolíticas Produção em quantidades comerciais Enzimas extracelulares: seleção em placa (halo de hidrólise) crescimento caseína, gelatina inóculo Relação quantitativa “tamanho do halo–produção” é válida Meio adequado: sem repressão e com indução, quando necessário PEPTIDASES • Produção de proteases microbianas (vide Sumantha et al., 2006) 2. Formulação do meio fermentativo Meios ricos em N (caseína, gelatina, resíduos soja, água maceração de milho etc) – proteinas e peptideos induzem produção em vários m.o. ↑ [carboidratos] reprime a produção de enzima Aminoácidos livres reprime a produção de enzima 3. Fermentação Submersa ou em estado sólido Batelada, batelada alimentada, contínuo Células livres ou imobilizadas 4. Otimização do processo Melhoramento de linhagens, engenharia de proteínas Planejamento experimental (condições de processo) PEPTIDASES • Produção de proteases microbianas (vide Sumantha et al., 2006) 5. Purificação Maior parte é extracelular 6. Determinação da atividade enzimática – exemplo: Substrato (ex: caseína “Hammarsten”) TCA Determinação de peptídeos solúveis (espectrofotômetro)T, pH, tempo Enzima PEPTIDASES Aplicação industrial das peptidases • História - Ilíada de Homero (séc. VIII aC) Sucos de figo (ficina) para coagular o leite (Uso de proteases na fabricação de queijos) - Egípcios ~ 5.000 anos atrás Estômago de animais como recipiente p/ líquidos • Detergentes - Lava-louças, soluções limpadoras p/ lentes de contato e dentaduras - Remoção manchas de grama, sangue, ovo, chocolate, suor e outras secreções - ~¼ do mercado mundial de enzimas= proteases p/ detergentes - Detergentes c/ proteases desde 1913 (tripsina) - Características desejáveis: Baixa especificidade (ampla atuação em diferentes proteínas) Estabilidade (T, ↑pH, compatibilidade c/ componentes da formula - quelantes, oxidantes etc) - Hidrolisa proteínas a pept./aa removidos ou dissolvidos H2O Aplicação industrial das peptidases • Detergentes - A grande maioria são serina-peptidases de Bacillus Ex: subtilisinas, peptidases alcalinas Geralmente ativas em pH neutro e alcalino (pHótimo = 7-11) Fornecedor Nome Origem Novozymes Alcalase B. licheniformis Savinase Bacillus sp. Esperase B. lentus Durazym Bacillus sp. Genencor Purafact B. lentus Gist-Brocades Subtilisin B. alcalophilus Maxacal Bacillus sp. Maxatase Bacillus sp. Solvay Enzymes Optimase B. licheniformis Gupta et al. 2002 Aplicação industrial das peptidases • Alimentos - Queijos: 1. Quimosina (renina) Amargor relacionado à (elevada) hidrofobicidade de peptídeos liberados durante hidrólise não específica de algumas proteínas Estômago de bezerros, ovelha, cabra Hidrolisa Phe105-Met106 da κ-CN Enzimas microbianas (OGM ou não) substituição à animal 2. Outras proteases podem ser utilizadas, mas muita proteólise pode ↓efeito da coagulação, ↓rendimento, ↓qualidade 4. Proteases das bactérias láticas: importantes para aroma, sabor e textura de queijos 3. Proteases (ex: Pseudomonas fluorescens) hidrolisam peptídeos responsáveis pelo gosto amargo Remoção de amargor em queijos e hidrolisados proteicos Aplicação industrial das peptidases Micela de caseína www.food-info.net/images/caseinmicelle.jpg submicela κ-CN, parte hidrofílica κ-CN fosfato fosfato de cálcio Estabilidade = 1. Repulsão eletrostática 2. Impedimento estérico 3. Interações hidrofóbicas 4. Camada H2O hidratação Aplicação industrial das peptidases • Alimentos - Coagulação enzimática do leite: Phe105 Met106 Quimosina (renina) Para-κ-caseína Glicomacropeptídeo (hidrofílico) Ca2+ Para-caseinato de cálcio (ppt) Aplicação industrial das peptidases • Alimentos - Carnes: Amacimento de carne - Cervejaria: Evitam turvação Principalmente papaína Remoção de carne dos ossos e processamento de refugos Aplicação industrial das peptidases • Alimentos - Panificação - ex: Perda da propriedade viscoelástica (hidrólise extensa, Bacillus sp) Preferível em crackers, biscoitos, pizza etc. Hidrólise controlada pode promover extensibilidade da massa, ↑Vpão - Outros Desproteinização de resíduos de crustaceos para produção de quitina Produção de extrato de levedura (ingrediente – sabor) Aplicação industrial das peptidases • Ração animal - Degradação de proteínas, tornando digestão facilitada - Minimiza efeitos dos fatores antinutricionais quebra de proteína = + fácil de digerir • Couro - Remoção de pelos em peles de animais Enzimas estáveis em condições alcalinas (pH 12) de curtume Alternativa ambientalmente correta à depilação química Menor quantidade de resíduos - Maior maciez ao couro Aplicação industrial das peptidases • Indústria farmacêutica, medicina - Síntese de peptídeos Colagenase: remoção de restos de úlceras cutâneas e queimaduras • Química fina • Outros - Recuperação de prata na indústria fotográfica (hidrólise gelatina) - Tratamento de efluentes, etc (vide Gupta et al. 2002, Sumantha et al. 2006) Ex: aspartame (dipeptídeo L- ác. Aspártico-L-fenilalanina) Auxiliar digestivo em algumas síndromes (deficiência de enzimas) Inibidores de proteases: agentes terapêuticos no controle de diversas doenças (malária, AIDS, hepatite, desordens inflamatórias, etc) Aplicação industrial das peptidases • Proteínas - Diversas propriedades tecnológicas nos alimentos • Peptidases - Classificação baseado na reação e mecanismo - Hidrólise de ligações peptídicas em proteínas - Produção microbiana • Aplicações industriais - Remoção/degradação de compostos proteicos - Hidrólise de proteínas - Síntese de peptídeos RESUMINDO.... DÚVIDAS? 1. Damodaran, S.; Parkin, K.L.; Fennema, O.W. Química de alimentos de Fennema. 4a Ed. Artmed. 2010. Cap. 5. 2. Rao, M.B.; Tanksale, A.M.; Ghatge, M.S.; Deshpande, V.V. Molecular and biotechnological aspects of microbial proteases. Microbiology and Molecular Biology Reviews. 62(3):597-635, 1998. 3. Sumantha, A.; Larroche C.; Pandey A. Microbiology and industrial biotechnology of food-grade proteases: a perspective. Food Technology and Biotechnology. 44(2):211-220, 2006. 4. Bon, E.P.S.; Ferrara, M.A.; Corvo, M.L. Enzimas em Biotecnologia: Produção, Aplicação e Mercado. Ed. Interciência. 2008. Cap. 11, 12. 5. Gupta, R.; Beg, Q.K.; Lorenz P. Bacterial alkaline proteases: molecular approaches and industrial applications. Applied Microbiology and Biotechnology. 59:15–32, 2002. Bibliografia Créditos: Estas aulas foram originalmente criadas pelo professor Juliano Bicas e posteriormente adaptadas pelas professoras Isabel Braga e Katialaine Araújo
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