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EQUILÍBRIO QUÍMICO Andreza Maria Lima Pires Fortaleza – CE 1 1. Introdução Muitas das reações não se completam, mas, em vez disso, aproximam-se de um estado de equilíbrio no qual tanto os reagentes quanto os produtos estão presentes. 2 1. Introdução A condição na qual as concentrações de todos os reagentes e produtos em um sistema fechado param de variar com o tempo, é chamada de equilíbrio químico. 3 1. Introdução As concentrações de todas as espécies são constantes. 4 1. Introdução As reações químicas atingem um estado de equilíbrio dinâmico no qual a velocidade das reações direta e inversa é a mesma e não há mudança de composição. 5 2. Constante de equilíbrio Para qualquer sistema químico em equilíbrio existe uma relação simples entre as concentrações molares dos reagentes e dos produtos: Lei de ação das massas (Guldberg e Waage – 1864) “a velocidade de uma reação é diretamente proporcional ao produto das concentrações molares dos reagentes (expressa como pressões parciais para gases e concentração em quantidade de matéria para soluções), elevadas a potências determinadas experimentalmente”. 6 2. Constante de equilíbrio Considere o seguinte equilíbrio genérico: A lei de velocidade pode ser expressa como: aA + bB cC + dD 1 2 7 2. Constante de equilíbrio No equilíbrio temos: a condição de equilíbrio (lei de equilíbrio) é expressa pela seguinte equação: 8 Constante de equilíbrio (ou Keq) 2. Constante de equilíbrio Quociente de reação (Q) – É o valor numérico obtido quando substituímos as concentrações molares reais no equilíbrio na expressão de equilíbrio. Apesar de a equação ser semelhante à equação de KC a interpretação é bem distinta . 9 2. Constante de equilíbrio Quociente de reação (Q) 10 (a) se Q > KC, a reação não está em equilíbrio e a tendência é a formação de reagentes (Produtos Reagentes); (b) se Q < KC, a reação também não está em equilíbrio e a tendência é a formação de produtos (Reagentes Produtos) e (c) se Q = KC, a reação está em equilíbrio. 2. Constante de equilíbrio 11 A expressão da constante de equilíbrio depende apenas da estequiometria da reação, e não do seu mecanismo (a etapa determinante da velocidade de reação é sempre a etapa lenta). É importante ressaltar que a constante de equilíbrio é adimensional e que varia apenas com a temperatura, ou seja, não depende das quantidades iniciais de reagentes e produtos. 2. Constante de equilíbrio 12 O valor da constante de equilíbrio além de nos fornecer as concentrações de reagentes e produtos no equilíbrio, permitem predizer se as reações são favoráveis ou desfavoráveis a formação de produtos. 2.1. Expressões da constante de equilíbrio 13 Equilíbrios heterogêneos - Quando, em uma mistura reacional, ocorre mais de uma fase, chamamos essa mistura de reação heterogênea. Em reações que envolvem sólidos (tanto nos reagentes como nos produtos) e água, a expressão da constante de equilíbrio não apresenta tais compostos, uma vez que no início ou no equilíbrio da reação a concentração de compostos sólidos e da água são constantes. 2.1. Expressões da constante de equilíbrio 14 Equilíbrios heterogêneos CaO(s) + CO2(g) ↔ CaCO3(s) 2.1. Expressões da constante de equilíbrio 15 Leis de equilíbrio no estado gasoso - Quando todos os reagentes e produtos são gases, podemos formular as expressões das leis das ações de massas tanto em funções das suas pressões parciais quanto em função das concentrações molares. 2.1. Expressões da constante de equilíbrio 16 Leis de equilíbrio no estado gasoso - Uma expressão simples relaciona KP e KC: KP = KC . (RT) n Onde n = (número de mols de gás dos produtos) – (número de mols de gás dos reagentes); R é a constantes dos gases e T é a temperatura em Kelvin. 2.1. Expressões da constante de equilíbrio 17 Modificações das expressões da constante de equilíbrio - Em geral, quando os coeficientes estequiométricos de uma equação equilibrada e balanceada forem multiplicados, todos, por um mesmo fator, a constante de equilíbrio da nova equação é igual à constante de equilíbrio antiga elevada a uma potência igual ao fator multiplicado (KC” = KC n). 2.1. Expressões da constante de equilíbrio 18 Modificações das expressões da constante de equilíbrio - De forma análoga, a constante de equilíbrio está diretamente associada ao sentido da reação, ao mudarmos este sentido a KC é alterada de tal forma que Kinv = 1/Kdir. 2.1. Expressões da constante de equilíbrio 19 Modificações das expressões da constante de equilíbrio - Em reações em que a equação química final é proveniente do somatório de equações parciais com valores de constantes de equilíbrio conhecidas, a constante de equilíbrio total da reação é expressa pelo produto de constantes de equilíbrio das equações parciais: K = K1 x K2. Existem três maneiras de se perturbar o equilíbrio de um sistema reacional: (1) alteração da temperatura; (2) alteração da concentração dos reagentes ou produtos; (3) alteração da pressão. 20 3. Efeitos externos sobre o equilíbrio Esses efeitos são previstos pelo princípio de Le Châtelier, que pode ser exposto como segue: Henri Le Châtelier 1850-1936 21 3. Efeitos externos sobre o equilíbrio “se uma influência externa atua sobre o equilíbrio, o sistema realiza um deslocamento na direção que contra põe a influência perturbadora e, se possível, reconduz o sistema ao equilíbrio”. 9 N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g) Adição de H2 (perturbação) Consumo de H2 (resposta) N2 NH3 22 3.1. Variação na concentração de reagentes ou produtos O acréscimo ou a remoção de um reagente ou produto modifica o valor de Q, de modo que este não é mais igual a K. 9 N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g) Conclusão: • Adição de reagentes: resulta na formação de produtos • Remoção de produtos: resulta no consumo de reagentes 23 3.1. Variação na concentração de reagentes ou produtos No caso sistemas gasosos, a perturbação do equilíbrio não exerce alteração nos valores de KP – desde que a temperatura permaneça constante – fazendo apenas com que haja deslocamento do equilíbrio. 24 3.2. Efeito das variações de volume e pressão em sistemas gasosos N2O4(g) 2NO2(g) A redução do volume (ou aumento da pressão) desloca o equilíbrio no sentido do menor número de moléculas gasosas. 25 3.2. Efeito das variações de volume e pressão em sistemas gasosos As variações nas concentrações ou pressões parciais provocam deslocamentos no equilíbrio sem variação no valor da constante de equilíbrio. Em contraste, quase toda constante de equilíbrio varia no valor à medida que a temperatura varia. 26 3.3. Efeito das variações na temperatura 27 3.3. Efeito das variações na temperatura Cr(H2O)6 2+(aq) + 4Cl-(aq) CoCl4 2-(aq) + 6H2O(l) Temperatura ambiente Aquecimento da solução Resfriamento da solução Podemos deduzir regras para a dependência da constante de equilíbrio com a temperatura aplicando o princípio de Le Châtelier:28 3.3. Efeito das variações na temperatura “Quando a temperatura aumenta, é como se tivéssemos adicionando um reagente, ou produto, ao sistema em equilíbrio. O equilíbrio desloca-se no sentido que consome o excesso de reagente (ou produto), ou seja, calor.” Endotérmica: Reagente + Calor Produtos (T KC) Exotérmica: Reagente Produtos + Calor (T KC) Equação de van’t Hoff: é uma versão quantitativa do princípio de Le Chatelier Exemplo: A constante de equilíbrio K da síntese da amônia é 6,8.105 a 298K. Prediga seu valor a 400K. Dados: ∆Hf = - 46,11 KJ/mol R = 8,3145 J mol-1 K-1 N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g) f 29 3.3. Efeito das variações na temperatura – se H > 0, a adição de calor favorece a reação direta (endotérmica). – se H < 0, a adição de calor favorece a reação inversa (exotérmica). 3.4. Efeito do Catalisador: N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g) O único efeito do catalisador é levar o sistema mais rápido para o equilíbrio. 4. Equilíbrio iônico em soluções aquosas Equilíbrio iônico é o estudo dos equilíbrios químicos envolvendo soluções aquosas onde aparecem partículas iônicas e moléculas não ionizadas. Dos equilíbrios iônicos em solução aquosa, um dos mais importantes é o que ocorre com a ionização de ácidos fracos e/ou bases fracas. 4. Equilíbrio iônico em soluções aquosas Definição de Ácidos e Bases: - Arrhenius: - Bronsted-Lowry: - Lewis: H2O(l) + CO2(g) H2CO3(aq) NH3 + CH3OH NH4 + + CH3O - CH3OH + HNO2 CH3OH2 + + NO2 - Base Ácido Base Ácido Ácido conjugado Base conjugada HCl + H2O H3O + + Cl- Ácido conjugado Base conjugada (Caráter anfótero) Força de ácidos e bases HClO4 + H2O H3O + + ClO4 - HCl + H2O H3O + + Cl- H3PO4 + H2O H3O + + H2PO4 – H3COOH + H2O H3O + + H3COO - H2PO4 - + H2O H3O + + HPO4 = NH4 + + H2O H3O + + NH3 Ácido mais forte Base mais forte Ácidos fortes (reagem completamente com o solvente, não deixando moléculas do soluto não dissociadas) Ácidos fracos não se dissociam completamente. totalmente 1% 0,01% 4. Equilíbrio Ácido-Base 2 10 H2O(l) + H2O(l) H3O +(aq) + OH-(aq) Produto iônico da água: 14- 3 - 3 2 2 2 2 - 3 100.1]OH][OH[ ]OH][OH[]OH[ ]OH[ ]OH][OH[ w eq eq K K K Assim, soluções ácidas: [H+] > 1,00 x 10-7 mol L-1 soluções básicas: [H+] < 1,00 x 10-7 mol L-1 4. Equilíbrio Ácido-Base Auto-ionização da água 4.1. Escala de pH ]OHlog[pOH ]Hlog[]OHlog[pH -3 Em soluções neutras a 25 C, pH = pOH = 7,00. Em soluções ácidas, a [H+] > 1,0 10-7, então o pH < 7,00. Em soluções básicas, a [H+] < 1,0 10-7, então o pH > 7,00 14pOHpH 14]OHlog[]Hlog[ 14]OH][H[logpK 100.1]OH][H[ - - w 14- wK Constantes de Dissociação O equilíbrio ácido-base mais comum ocorre em água. HA + H2O H3O + + A- HA H + + A- Ácido forte: [HA] - muito pequeno – Ka muito grande (dissociação completa) HA H+ A- Antes da dissociação Após dissociação a H A K HA 4.2. Ácidos e bases fracas Constantes de Dissociação Ácido fraco: [HA] é considerável. Ka pequeno (dissociação incompleta) Antes da dissociação Após dissociação HA H+ A- HA O mesmo pode ser realizado para uma base BOH dissociada em água: b B OH K BOH BOH B + + OH- 4.2. Ácidos e bases fracas • Relação entre as Constantes de Dissociação para Pares Conjugados Ácido/Base 4 3 b NH OH K NH 3 3 4 a NH H O K NH 3 3 4 3 34 NH H O NH OH x H O x OH K NHNH NH3 + H2O NH4 + + OH- NH4 + + H2O NH3 + H3O + Ka x Kb= Ka x Kb= Kw Um ácido forte terá uma base conjugada fraca 4.2. Ácidos e bases fracas Ácidos polipróticos: • Os prótons são removidos em etapas. • É sempre mais fácil remover o primeiro próton em um ácido poliprótico do que os demais. • Conseqüentemente, Ka1 > Ka2 > Ka3 etc. H2SO3(aq) H +(aq) + HSO3 -(aq)Ka1 = 1.7 x 10 -2 HSO3 -(aq) H+(aq) + SO3 2-(aq)Ka2 = 6.4 x 10 -8 4.2. Ácidos e bases fracas 4.3. Efeito do íon comum: A ionização de um eletrólito fraco diminui com a adição de um eletrólito forte no qual há um íon comum. H3COOH(aq) H + + H3CCOO - (aq) H3COONa(aq) Na + + H3CCOO - (aq) Íon Comum 4.4. Solução-tampão: Soluções que contem um par ácido-base conjugado fraco, podem resistir drasticamente as variações de pH com a adição de pequenas quantidades de ácido ou base forte. Elas são chamadas soluções-tampão. 4.4. Solução-tampão: Capacidade do tampão: é a quantidade máxima de ácido ou de base que pode ser adicionada sem que o tampão perca sua capacidade de resistir a mudança do pH. Equação de Henderson Hasselbalch: O tampão é geralmente mais efetivo na faixa de pKa ±1 ]HX[ ]X[ logpKpH ]X[ ]HX[ loglog]Hlog[ - a - aK 4.4. Solução-tampão: 5. Hidrólise Muitos íons reagem com água para gerar íons H+ ou OH-. O pH de uma solução aquosa de sal pode ser previsto considerando-se os íons dos quais o ácido é composto. Para resumir: 1.) Um ânion que é a base conjugada de um ácido forte, não afetará o pH de uma solução; 2.) Um ânion que é a base conjugada de um ácido fraco, fará com que o pH aumente; 3.) O cátion que é o ácido conjugado de uma base fraca, provocará diminuição no pH; 4.) Com a exceção dos íons do grupo 1A e dos membros mais pesados do grupo 2A, os íons metálicos provocarão diminuição no pH; 5. Hidrólise 5.) Quando uma solução contém tanto uma base conjugada de um ácido fraco quanto o ácido conjugado de uma base fraca, o íon com maior constante de ionização terá maior influência no pH. 5. Hidrólise 6. Cálculos com a constante de equilíbrio Os cálculos de equilíbrio para reações gasosas podem ser realizados por meio tanto de KP quanto de KC, mas para as reações em solução devemos utilizar KC. No entanto, se estivermos lidando com concentrações ou pressões parciais, os mesmos princípios se aplicam. Em geral, podemos classificar os cálculos de equilíbrio em duas categorias: 6. Cálculos com a constante de equilíbrio 1. Calcular a constante de equilíbrio a partir de concentrações ou pressões parciais de equilíbrio conhecidas. Como exemplo, vamos considerar a decomposição do N2O4: Se 0,0350 mol de N2O4 for colocado dentro de um frasco de 1L a 25°C, as concentrações de N2O4 e NO2 em equilíbrio são: [N2O4] = 0, 292 mol/L e [NO2] = 0,0116 mol/L. Calcule KC. N2O4(g) 2NO2(g) KC = [NO2] 2/[N2O4] KC = (0,0116) 2/(0,0292) = 4,61 x 10-3 6. Cálculoscom a constante de equilíbrio 2. Calcular uma ou mais concentrações, ou pressões parciais, de equilíbrio utilizando o valor conhecido de KC ou KP Considere a reação: CH4(g) + H2O(g) CO(g) + 3H2(g) a 1500°C foram encontradas para uma mistura gasosa em equilíbrio as seguintes concentrações:[CO] = 0,300 M, [H2] = 0,800 M e [CH4] = 0,400 M. A 1500°C, KC = 5,67 para esta reação. Qual era a concentração de equilíbrio da H2O(g) na mistura? 6. Cálculos com a constante de equilíbrio Considere a reação: CH4(g) + H2O(g) CO(g) + 3H2(g) a 1500°C foram encontradas para uma mistura gasosa em equilíbrio as seguintes concentrações:[CO] = 0,300 M, [H2] = 0,800 M e [CH4] = 0,400 M. A 1500°C, KC = 5,67 para esta reação. Qual era a concentração de equilíbrio da H2O(g) na mistura? KC = [CO].[H2] 3/[CH4].[H2O] 5,67 = (0,300)(0,800)3/(0,400)[H2O] [H2O] = 0,154/2,27 = 0,0678 M 6. Cálculos com a constante de equilíbrio Um tipo mais complexo de cálculo envolve o uso das concentrações iniciais e KC para calcular as concentrações de equilíbrio. Tabela de concentrações Considere o seguinte equilíbrio: CO(g) + H2O(g) CO2(g) + H2(g) a reação tem KC = 4,06 a 500°C. Se 0,100 mol de CO e 0,100 mol de H2O(g) são colocados em um recipiente de 1,00 L a esta temperatura, quais são as concentrações dos reagentes e dos produtos quando o sistema alcança o equilíbrio? 6. Cálculos com a constante de equilíbrio CO(g) H2O(g) CO2(g) H2(g) Concentrações iniciais (mol.L-1) 0,100 0,100 0,0 0,0 Variações na concentrações (mol.L-1) -x -x +x +x Concentrações no equilíbrio (mol.L-1) 0,100 - x 0,100 - x x x KC = [CO2][H2]/[CO][H2O] (x)(x)/(0,100 – x)(0,100 – x) = 4,06 x2/(0,100 – x)2 = 0,46 x/(0,100 – x) = √0,46 = 0,21 x = 0,21(0,100 – x) x = 0,0668 6. Cálculos com a constante de equilíbrio Agora que sabemos o valor de x, podemos calcular as concentrações de equilíbrio da última linha da tabela: [CO] = 0,100 – x = 0,100 – 0,0668 = 0,033 M [H2O] = 0,100 – x = 0,100 – 0,0668 = 0,033 M [CO2] = x = 0,0668 [H2] = x = 0,0668
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