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Suspensão e Interrupção do Contrato de Trabalho

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SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 
Nas duas situações o contrato de trabalho continua vigente, mas as obrigações das partes não são 
exigíveis (suspensão) ou o são parcialmente (interrupção). 
Mas as obrigações acessórias permanecem, como a obrigação de não violar segredo da empresa, não fazer 
concorrência com a empresa. 
 
Suspensão do contrato de trabalho 
Não há prestação de serviços nem pagamento de salários, nem FGTS. 
Não conta tempo de serviço. 
 
Interrupção do contrato de trabalho 
Não há prestação de serviços, mas há pagamento de salário e FGTS. 
Conta tempo de serviço. 
 
Regra geral da suspensão e da interrupção do contrato de trabalho 
 
 Art. 471 - Ao empregado afastado do emprego, são asseguradas, por ocasião de sua volta, todas as 
vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa. 
- É uma proteção do contrato de trabalho, porque, em regra, o empregado que deu motivo à suspensão. 
 
Art. 474 - A suspensão do empregado por mais de 30 (trinta) dias consecutivos importa na rescisão 
injusta do contrato de trabalho. 
- Coloca um limite na suspensão. A advertência ao empregado é simples notificação ou comunicação de 
atitude futura, como uma repreensão, mas deve ter limitação. A justificativa é o caráter alimentar do 
salário. 
 
Casos de suspensão do contrato de trabalho 
 
1) Auxílio-doença previdenciário a partir do 16º dia de afastamento (deixa de receber salário e passa 
a receber benefício previdenciário) 
 Art. 476 - Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o empregado é considerado em 
licença não remunerada, durante o prazo desse benefício. 
 
2) Aposentadoria por invalidez – É suspensão, porque a lei permite a revisão da aposentadoria por 
invalidez a qualquer tempo pelo INSS (antes a lei permitia a revisão no prazo máximo de 05 
anos). Assim, se a perícia considerar o aposentado apto, ele deve voltar a trabalhar e retornar ao 
emprego anterior, com a conseqüente cessação do benefício previdenciário. Por isso, não há baixa 
na CTPS. 
Art. 475 - O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de 
trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício. 
 § 1º - Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a aposentadoria cancelada, 
ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, 
porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato de trabalho, nos termos 
dos arts. 477 e 478, salvo na hipótese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenização 
deverá ser paga na forma do art. 497. 
 § 2º - Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá rescindir, com 
este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que tenha havido ciência 
inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato. 
 
3) Faltas injustificadas – O empregado sofre desconto salarial do dia de trabalho que faltou. Não tem 
direito ao salário, nem demais verbas, podendo resultar em falta leve ou grave, dependendo das 
circunstâncias e da repetição. Mas podem ter justificativa imperiosa, que, se provada, veda a 
punição, como, por exemplo, doença grave de familiar, amigo íntimo ou outra hipótese de força 
maior. 
 
4) Empregado eleito para o cargo de diretor, salvo se a subordinação permanecer na relação de 
emprego (Súmula 269 do TST). O empregado que assume o cargo de diretor deixa de receber 
salário e passa a receber pro labore. Somente conta tempo de serviço se permanecer a 
subordinação e a relação de emprego. 
 
5) Empregado afastado para qualificação profissional – Trata-se do afastamento do empregado por 
um período de 02 a 05 meses para participação em curso ou programa de qualificação profissional 
oferecido pelo empregador, pelo período igual ao da concessão, mediante previsão em convenção 
ou acordo coletivo e concordância expressa do empregado (art. 471, CLT). 
 
Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois a cinco meses, para 
participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo 
empregador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou 
acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471 desta 
Consolidação. 
 § 1o Após a autorização concedida por intermédio de convenção ou acordo coletivo, o empregador 
deverá notificar o respectivo sindicato, com antecedência mínima de quinze dias da suspensão 
contratual. 
 § 2o O contrato de trabalho não poderá ser suspenso em conformidade com o disposto 
no caput deste artigo mais de uma vez no período de dezesseis meses. 
 § 3o O empregador poderá conceder ao empregado ajuda compensatória mensal, sem natureza 
salarial, durante o período de suspensão contratual nos termos do caput deste artigo, com valor a ser 
definido em convenção ou acordo coletivo. 
 § 4o Durante o período de suspensão contratual para participação em curso ou programa de 
qualificação profissional, o empregado fará jus aos benefícios voluntariamente concedidos pelo 
empregador. 
 § 5o Se ocorrer a dispensa do empregado no transcurso do período de suspensão contratual ou nos 
três meses subseqüentes ao seu retorno ao trabalho, o empregador pagará ao empregado, além das 
parcelas indenizatórias previstas na legislação em vigor, multa a ser estabelecida em convenção ou 
acordo coletivo, sendo de, no mínimo, cem por cento sobre o valor da última remuneração mensal 
anterior à suspensão do contrato. 
 § 6o Se durante a suspensão do contrato não for ministrado o curso ou programa de qualificação 
profissional, ou o empregado permanecer trabalhando para o empregador, ficará descaracterizada a 
suspensão, sujeitando o empregador ao pagamento imediato dos salários e dos encargos sociais 
referentes ao período, às penalidades cabíveis previstas na legislação em vigor, bem como às sanções 
previstas em convenção ou acordo coletivo. 
 § 7o O prazo limite fixado no caput poderá ser prorrogado mediante convenção ou acordo coletivo 
de trabalho e aquiescência formal do empregado, desde que o empregador arque com o ônus 
correspondente ao valor da bolsa de qualificação profissional, no respectivo período. 
 
6) Suspensão disciplinar – Caso o empregado se valha de seu poder disciplinar e aplique suspensão 
ao empregado, o período de suspensão no trabalho é suspensão do contrato de trabalho. 
 
7) Desempenho para o cargo sindical, se houver afastamento – O empregado que é eleito para o 
cargo de sindicato, pode ser afastado ou não de seu emprego, garantindo a estabilidade. Se houver 
o afastamento, trata-se de suspensão do contrato de trabalho. 
 
8) Participação em greve, sem salários – Se não houver manifestação judicial a respeito da 
legalidade da greve, ocorre a suspensão total do contrato de trabalho, não havendo como 
determinar o pagamento de qualquer diferença salarial. 
 
9) Acidente de trabalho e serviço militar obrigatório – Não recebe o salário, mas contam o tempo de 
serviço. 
 
Casos de interrupção do contrato de trabalho 
 
1) Salário relativo aos primeiros 15 (quinze) dias de afastamento por auxílio-doença (acidentário ou 
previdenciário) 
2) Férias – Direito do empregado de não prestar serviços pelo período de 30 (trinta) dias, após 
trabalhar 12 (doze) meses. 
3) Descanso semanal remunerado – Direito do empregado de não trabalhar 01 (um) dia após trabalhar 
06 (seis) dias, em regra aos domingos, bem como os feriados. 
4) Faltas justificadas – O empregador deve pagar o saláriona ausência do empregado. 
Art. 473 - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: 
 I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, 
descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, 
viva sob sua dependência econômica; 
 II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; 
 III - por um dia, em caso de nascimento de filho no decorrer da primeira semana; 
 IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de 
sangue devidamente comprovada; 
 V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei 
respectiva. 
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas 
na letra "c" do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar). 
 VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para 
ingresso em estabelecimento de ensino superior. 
 VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo. 
IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade 
sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja 
membro. 
 
5) Aborto não criminoso – O empregador paga o salário e a mulher tem direito a se afastar por 02 (duas) 
semanas. 
 
6) Aviso prévio indenizado – Quando o aviso prévio é indenizado, não há prestação de serviços e o 
empregador paga. 
 
7) Licença-paternidade – Período de 05 (cinco) dias. Não há prestação de serviços, mas há pagamento de 
salário. 
 
8) Greve, se houver pagamento de salários 
 
9) Trabalho nas eleições – Tem direito ao dobro dos dias trabalhados. 
Art. 98. Os eleitores nomeados para compor as Mesas Receptoras ou Juntas Eleitorais e os requisitados 
para auxiliar seus trabalhos serão dispensados do serviço, mediante declaração expedida pela Justiça 
Eleitoral, sem prejuízo do salário, vencimento ou qualquer outra vantagem, pelo dobro dos dias de 
convocação. 
 
Situações híbridas 
Há algumas situações com características de suspensão e interrupção, mas a doutrina considera como 
suspensão do contrato de trabalho: 
 
1) Afastamento por acidente de trabalho a partir do 16º dia – O pagamento é de beneficio 
previdenciário pelo INSS, e não de salário pela empresa, mas a empresa deve depositar FGTS e conta 
como tempo de serviço. 
A falta médica deve ser atestada por médico da empresa, ou conveniado com esta, se houver. Se não, 
médico da rede pública de saúde, e, em último caso, médico da escolha do empregado. Se a doença 
ultrapassar 15 dias, a empresa deve encaminhar o empregado à Previdência Social. 
 
2) Afastamento para prestação de serviço militar – Embora não haja pagamento de salários pela 
empresa, deve depositar FGTS. 
Art. 472 - O afastamento do empregado em virtude das exigências do serviço militar, ou de outro 
encargo público, não constituirá motivo para alteração ou rescisão do contrato de trabalho por parte do 
empregador. 
 § 1º - Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se afastou em virtude 
de exigências do serviço militar ou de encargo público, é indispensável que notifique o empregador dessa 
intenção, por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da 
data em que se verificar a respectiva baixa ou a terminação do encargo a que estava obrigado. 
 § 2º - Nos contratos por prazo determinado, o tempo de afastamento, se assim acordarem as partes 
interessadas, não será computado na contagem do prazo para a respectiva terminação. 
 § 3º - Ocorrendo motivo relevante de interesse para a segurança nacional, poderá a autoridade 
competente solicitar o afastamento do empregado do serviço ou do local de trabalho, sem que se 
configure a suspensão do contrato de trabalho. 
 § 4º - O afastamento a que se refere o parágrafo anterior será solicitado pela autoridade 
competente diretamente ao empregador, em representação fundamentada com audiência da 
Procuradoria Regional do Trabalho, que providenciará desde logo a instauração do competente 
inquérito administrativo. 
 § 5º - Durante os primeiros 90 (noventa) dias desse afastamento, o empregado continuará 
percebendo sua remuneração. 
 O empregado tem direito a retornar dentro de até 30 dias do término da licença, salvo se declarou 
que não pretendia voltar. Mas se o empregado não comunicar sua disposição em 30 dias do término da 
licença, perde o direito. 
Trata-se de suspensão do contrato de trabalho, pois não recebe remuneração do empregador. 
Somente serviço militar obrigatório, não tem direito se for serviço militar voluntário. 
3) Licença maternidade – Afastamento de 120 (cento e vinte) em razão da maternidade. Recebe benefício 
previdenciário de salário-maternidade pelo INSS, mas a empresa deve depositar o FGTS. 
Lei Maria da Penha 
Lei n.º 11.340/2006 - Lei Maria da Penha 
Proteção à mulher em caso de violência doméstica 
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma 
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no 
Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas 
públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. 
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. 
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua 
integridade física e psicológica: 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou 
indireta; 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por 
até seis meses. 
 
Dúvida: o empregador deve pagar salário durante o período de afastamento? 
A lei não é expressa, então cabe à interpretação (buscar o sentido da lei). Interpretação lógica: 
reconstruir o pensamento e a vontade do legislador: proteger a mulher da violência doméstica. 
Interpretação extensiva: a lei disse menos do que deveria e quis dizer. 
De acordo com o princípio de proteção da mulher, para justificar o pagamento do salário e de 
todos os consectários legais, como FGTS, 13º salário, contagem de tempo para fins de férias, etc. 
A intenção da lei foi afastar a mulher do trabalho para protegê-la, e deve permitir que ela tenha 
meios de uma sobrevivência digna. 
Não pode o intérprete desprezar os fatos sociais. 
Além disso, o princípio da dignidade da pessoa humana está previsto na Constituição Federal, em 
seu art. 1º, inciso III. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
 I - a soberania; 
 II - a cidadania; 
 III - a dignidade da pessoa humana; 
 IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
 V - o pluralismo político. 
Assim, o afastamento da mulher em razão de sua proteção pela Lei Maria da Penha é caso de 
interrupção do contrato de trabalho.

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