Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MICROESTRUTURA DA PASTA DE CIMENTO E DA ZONA DE TRANSIÇÃO 1 INTRODUÇÃO Concreto → material heterogêneo As propriedades do concreto endurecido, em particular suas características mecânicas, elásticas, físicas e químicas, dependem de um número de fatores relativos à pasta em si, aos agregados utilizados e, da ligação entre esses dois elementos. O concreto pode ser estudado como um material constituído de partículas de agregado, englobados por uma matriz porosa de pasta de cimento, com uma zona de transição entre as duas fases, constituída de características próprias. 2 INTRODUÇÃO A conexão dessas três fases tem importância significativa nas propriedades do concreto. Antigamente → duas fases → perfeita aderência entre os componentes → pesquisa sobre a matriz, facilidade de preencher e englobar Até pouco mais de 30 anos, os estudos de aderência não receberam a importância devida e se restringiram principalmente aos efeitos de rugosidade e a outras propriedades superficiais dos agregados. 3 INTRODUÇÃO Sem negligenciar a forma e o tipo de superfície dos grãos de agregados e sua devida importância nas propriedades do concreto, os estudos de interface procuram levar em conta a natureza mineralógica tanto dos materiais englobados, como dos produtos de hidratação do cimento que se formam no contato entre ambos. Nos estudos de microestrutura do concreto, a interface torna-se essencial, por distinguir a aderência de natureza química relativa às ligações cristalinas entre a pasta e o agregado e a aderência mecânica devida à rugosidade superficial dos agregados. 4 INTRODUÇÃO A resistência e a durabilidade do concreto são de suma importância na sua utilização. O fato de que, na região de contato entre a pasta de cimento e o agregado, a resistência possa ser menor que a resistência do agregado ou da pasta fará com que esta transição se torne uma zona de fraqueza no desenvolvimento da resistência do concreto. Estudos da microestrutura do concreto têm sido realizados para conhecimento do grau de influência da zona de transição na resistência do concreto e do papel desempenhado pela aderência na ruptura do concreto sob tensão. 5 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição A pasta de cimento hidratada é uma reunião relativamente heterogênea de partículas, filmes, microcristais e elementos sólidos, ligados entre si por uma massa porosa contendo espaços com soluções e alguns vazios (poros). A importância dos poros e sua estrutura são relevantes no estudo da microestrutura do concreto. O sistema de distribuição dos poros do concreto é fortemente influenciado por fatores como dosagem do concreto (principalmente a/c), cura, quantidade e tipo de adições (pozolanas e escórias ativas) e aditivos químicos. 6 Dois fatores são muito importantes no estudo da microestrutura da pasta do cimento: a quantidade de água e a idade. A pasta de cimento varia com a relação a/c utilizada e sua importância pode ser estabelecida tanto em termos de microestrutura, como em termos de efeitos produzidos sobre as propriedades do concreto (resistência mecânica, permeabilidade e durabilidade). 7 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Quanto à idade, as particularidades da microestrutura desenvolvem-se rapidamente desde o contato do cimento com a água. Nos primeiros minutos e nas primeiras horas, as mudanças são bastante rápidas; após a primeira semana, tornam-se mais lentas. Entretanto, o processo de hidratação continua durante meses e anos. 8 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Em face das pequenas dimensões das características estruturais da pasta de cimento, são normalmente utilizados como técnica de estudo os microscópios eletrônicos. Atualmente se utiliza o microscópio eletrônico de varredura. As imagens possibilitam delinear áreas de cristais de hidróxido de cálcio, áreas de gel e C-S-H, ou áreas de produtos de hidratação de compostos de clínquer não hidratado. 9 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição 10 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição HIDRATAÇÃO DA PASTA DE CIMENTO O cimento Portland, hidratado sob condições normais, permite o desenvolvimento de várias formas morfológicas de gel de silicato de cálcio hidratado (C-S-H); de hidróxido de cálcio (CH); de etringita; de monosulfoaluminato de cálcio hidratado. 11 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição HIDRATAÇÃO DA PASTA DE CIMENTO É geralmente considerado que o C-S-H constitui a maior proporção do sistema. Os compostos do cimento não hidratam com a mesma velocidade. Aluminatos hidratam com rapidez maior que os silicatos (C3A e C4AF). A perda de consistência e a pega da pasta de cimento estão diretamente ligadas as reações envolvendo os aluminatos. Silicatos têm um papel dominante nas características de endurecimento (C3S e C2S). 12 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição TEORIAS DA HIDRATAÇÃO O cimento Portland é constituído por quaro principais compostos: C3S, C2S, C3A, C4AF, os quais formam cerca de 90% em massa. Em contato com a água, os compostos anidros de cimento formam compostos hidratados. Diferentes etapas dos processos de hidratação: 1ª) após o contato do cimento anidro com a água o dissolução do gesso o início precoce de hidratação dos silicatos de cálcio e dos aluminatos de cálcio 2ª) os primeiros cristais passíveis de serem detectados pela difratometria de raios X são os de etringita. Forma-se, igualmente, o monosulfoaluminato e, em seguida, os aluminatos hidratados 3ª) por serem os íons silicatos pouco móveis, o crescimento do C-S-H fica limitado às vizinhanças do envelope inicial dos grãos anidros 13 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição HIDRATAÇÃO DA PASTA DE CIMENTO – maneira simplificada Fase inicial – a pasta enrijece graças aos cristais de portlandita (hidróxido de cálcio) – início de pega Semanas após o início - preenchimento pelos cristais de C-S-H (silicato de cálcio hidratado) 15 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Após uma hora de hidratação, formam-se pequenos bastões de etringita. Microcopia eletrônica da matriz com formação de cristais aciculares de etringita Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição A morfologia do C-S-H é laminar, e o CH precipita-se nos poros saturados como discos hexagonais. Microcopia eletrônica mostrando poro preenchido com cristal hexagonal de CH 18 19 Difratometria de raios X 20 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição A pasta de cimento na zona de transição A microestrutura da pasta de cimento merece especial atenção nas zonas de contato com os agregados graúdos e grãos de areia do concreto, e também no caso de armaduras e fibras. Tanto a quantidade de hidróxido de cálcio, como a sua orientação preferencial diminuem com a distância em relação ao agregado. 21 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição A pasta de cimento na zona de transição Quanto maior for a tendência da água de acumular-se em filmes próximos às partículas, mais fraca será a pasta de cimento na região da interface. Esse fenômeno, também chamado de “exsudação interna”, é responsável pela microfissuração da pasta na região junto ao agregado. 22 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição A influência das adições na zona de transição A utilização de materiais cimentícios como substituição de parte do cimento Portlandconduzem a modificações na interface. Cinzas volantes absorvem suficiente água de amassamento para diminuir a fluidez da pasta próximo à superfície do agregado e reduzem, dessa forma, a espessura da zona de transição. 23 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição A influência das adições na zona de transição A sílica ativa, além desse efeito, também causa, com o tempo, a substituição progressiva de hidróxido de cálcio da zona interfacial por gel de C-S-H proveniente da reação pozolânica. Reação Pozolânica: C3S + H2O → CSH + CH (hidratação do cimento portland) CH + S + H2O → CSH (reação pozolânica) onde: C = CaO S = SiO2 H = H2O 24 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição A influência das adições na zona de transição Paulon (1991), utilizando ensaios de difratometria de raios X e estudando agregados e materiais pozolânicos brasileiros, concluiu que: a) a espessura da zona de transição, independentemente do tipo de agregado, aumenta com a idade no caso da pasta pura, e diminui com a idade no caso de utilização de materiais pozolânicos, indicando a reação com o CH e o efeito de filer; b) a sílica ativa demonstrou-se o mais eficiente dos materiais pozolânicos, comparada com cinzas volantes e pozolana de argila calcinada, resultando na diminuição da espessura da zona de transição, em todas as idades e com todos os agregados; 25 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição A influência das adições na zona de transição c) existe uma grande concentração de etringita na região próxima à superfície do agregado, devido a maior concentração de água nessa região (isso foi constatado para todos os materiais utilizados). 26 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Relações entre a zona de transição e as propriedades do concreto A resistência às ações mecânicas de um material qualquer é diretamente proporcional à sua porosidade. Por consequência, a zona de transição, por ser mais porosa, torna-se mais fraca que a matriz de cimento hidratado. O início e a propagação da fissuração é mais fácil em cristais de tamanho grande do que em sistemas de cristais de pequena dimensão e emaranhados apertados. A zona de transição contém cristais maiores e em maior quantidade que aqueles encontrados na massa de cimento hidratado. 27 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Relações entre a zona de transição e as propriedades do concreto Os cristais da zona de transição mostram uma orientação preferencial, o que é um aspecto favorável à propagação de fissuras. Por essas razões, a zona de transição é a parte mais fraca do material granular coesivo que constitui o concreto endurecido. Os concretos sob a ação de forças externas, ocorre sempre uma concentração de tensões nos agregados e, como consequência, na zona de transição, a qual se torna mais tensionada, induzindo à fissuração. 28 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Relações entre a zona de transição e as propriedades do concreto Dessa forma, na zona de transição as primeiras ações irreversíveis ocorrem, resultando em microfissuras e fechamento dos poros, quando houver compressão; e fissuração quando submetida à tração ou ao cisalhamento. Uma vez iniciada a fissuração, esta se propaga de uma zona de transição para outra, o que tem sido confirmado na observação de fraturas em concretos. Na maioria dos casos, a fratura segue o contorno dos agregados. 29 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Relações entre a zona de transição e as propriedades do concreto No caso de ataque ao concreto pela ação corrosiva de agentes químicos, a intensidade deste dependerá não somente da natureza dos elementos em contato, mas também da superfície exposta. Se estiverem efetivamente ligadas por uma rede de capilares ou microfissuras, resultantes da retração ou de forças externas, as zonas de transição constituirão um caminho preferencial. 30 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição MICROESTRUTURA DA PASTA DE CIMENTO E DA ZONA DE TRANSIÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Número do slide 10 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Número do slide 15 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Número do slide 18 Número do slide 19 Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição Microestrutura da Pasta de Cimento e da Zona de Transição
Compartilhar