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recuperação empresas

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CENTRO DE ATUALIZAÇÃO EM DIREITO 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
CURSO DE DIREITO DE EMPRESA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Letícia Silva de Freitas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
 2014 
 
Maria Letícia Silva de Freitas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao CAD – 
Centro de Atualização em Direito 
como requisito parcial para 
conclusão do Curso de 
Especialização em Direito de 
Empresa. 
 
 
 
Professor orientador 
 
Prof. Paulo Adyr 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2014 
 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO 
 
Aluno: Maria Letícia 
Título: Recuperação de Empresas 
 
 
 
Monografia apresentada ao CAD – Centro de Atualização em Direito como requisito parcial 
para conclusão do Curso de Pós-Graduação em Direito de Empresa. 
 
 
 
AVALIAÇÃO 
 
 
 
1. CONTEÚDO 
Grau: ______ 
2. FORMA 
Grau:_______ 
3. NOTA FINAL: _________ 
 
 
AVALIADO POR 
 _____________________________________ 
 
 
 _____________________________________ 
 
 
 Belo Horizonte, _____de ________________de 20___ 
 
 
 
 ___________________________________________________________ 
(Coordenador do Curso) 
 
 
RESUMO 
 
Uma empresa deve ser vista em seu sentido maior: capacidade de gerar empregos, 
pagar impostos, gerar riquezas entre outros. Por este motivo quando uma empresa passa por 
um pequeno período alguma dificuldade financeira deve-se vislumbrar antes de qualquer 
atitude drástica a possibilidade de reerguê-la. A nova Lei de Falência teve essa motivação, ou 
seja, permite à empresa a possibilidade de continuar existindo, adequando suas dificuldades à 
sua nova realidade. A lei que anteriormente regia tal matéria teve que se revogada por não 
mais estar compatível com a possibilidade de desenvolvimento da sociedade empresária. A 
Lei Nº 11.101/2005 traz em seu texto a necessidade de se ampliar as oportunidades para 
solucionar eventuais crises por que passa a sociedade empresária, mantendo os empregos, 
pagando os impostos, continuando assim o seu exercício. Antes dessa lei, liquidava-se o 
patrimônio empresarial numa satisfação unilateral para os credores em detrimento da 
sociedade. Atualmente, as empresas que estão em crise têm a oportunidade de continuarem 
existindo mantendo suas atividades e cumprindo sua função social. Este trabalho irá comparar 
a legislação antiga e a nova, permeando os pontos positivos e negativos, com jurisprudência e 
caso concreto, demonstrando os princípios e as novas modalidades criadas pela lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 6 
2 A EMPRESA, FALÊNCIA E CONCORDATA ................................................................. 8 
3 BREVE COMPARATIVO ENTRE O DECRETO-LEI Nº. 7.661 DE 1945 E A LEI DE 
FALÊNCIA Nº11. 101/05 ......................................................................................................... 11 
4 A NOVA LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS ................... 15 
4.1 O que leva uma empresa a insubsistência ou desequilibro econômico? ........................... 16 
4.2 Objetivos da recuperação judicial...................................................................................... 16 
4.3 Processamento do pedido de Recuperação Judicial .......................................................... 18 
4.4 Créditos sujeitos à recuperação judicial ............................................................................ 19 
4.5 Regras gerais relativas aos Direitos dos Credores ............................................................. 19 
4.6 O plano de recuperação judicial - Tipologia dos meios e estratégias de recuperação 
(art.50 da LF) ............................................................................................................................. 20 
4.6.1Meios de recuperação judicial ........................................................................................... 21 
4.7 Efeitos do plano de recuperação ........................................................................................ 24 
4.8 O administrador judicial .................................................................................................... 25 
4.9 Plano especial de recuperação da micro e pequena empresa (arts. 70 a 72) ..................... 26 
4.10 Recuperação extrajudicial (arts. 161 a 167) ...................................................................... 27 
5 JURISPRUDÊNCIA .......................................................................................................... 30 
6 CASO CONCRETO .......................................................................................................... 34 
7 FALÊNCIA ....................................................................................................................... 35 
8 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 36 
9 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 38
 6
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem por objetivo analisar as principais inovações e avanços da 
nova lei de falências frente ao antigo instituto da concordata presente no Decreto-Lei Nº. 
7.661/45 e já revogado, a recuperação judicial e extrajudicial de empresas, previstos na nova 
Lei Nº. 11.101/05, destacando suas mudanças significativas e seus retrocessos do ponto de 
vista jurídico, econômico e social. 
O Decreto-Lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945, encontrava-se defasado em relação a 
nova ordem econômica do Brasil. Nesse mesmo sentido salienta Rubens Requião: “o Decreto-
Lei previa alguns mecanismos de tentativa de recuperação das atividades dos comerciantes.” 
Em tal instituto legal, encontrava-se a concordata, que era um favor legal concedido pelo juiz 
ao comerciante impontual, pelo qual o vencimento dos créditos quirografários era prorrogado 
sem a incidência de juros em um determinado prazo. Só após o não cumprimento do prazo 
pelo devedor é que se decretava a sua falência, também regulada no mesmo Decreto-Lei. 
A Lei de Concordata e Falências apresentava em seu modelo procedimental a 
liquidação do ativo para o pagamento do passivo, com o encerramento das atividades 
produtivas. Através de tal procedimento sérios problemas de ordem social surgiam, tornando-
se inevitável o esgotamento do sistema de insolvência aplicado. Diante disso, a nova 
legislação procurou inserir no direito falimentar brasileiro novos mecanismos que 
flexibilizassem a administração da sociedade em dificuldades financeira, possibilitando o 
soerguimento da empresa em crise. 
Novos mecanismos foram trazidos pela Nova Lei de Falências: os institutos da 
recuperação judicial e extrajudicial de empresas, que a princípio substituíram a concordata, 
estabelecendo sob o aspecto econômico um sistema de insolvências com soluções mais 
eficientes. 
O objetivo da nova lei foi oferecer condições de manutenção do potencial econômico 
da empresa, permitindo que estas continuem cumprindo a sua função social, preservando os 
empregos, o recolhimento de tributos, produção de riquezas entre outros. 
Neste trabalho será analisado o instituto da concordata que apesar de já ter sido 
extinto, é de extrema relevância uma vez que a Nova Lei de Falências excluiu de sua 
sistemática esse instituto,
inserindo o instituto da recuperação de empresa. 
 
Dessa maneira, será tratado neste trabalho primeiramente o conceito de empresa, como 
esta surge, a sua finalidade, os tipos de empresa, para posteriormente ser abordado o instituto 
 7
da falência, traçando um histórico da falência no direito brasileiro e analisando o instituto da 
concordata nas suas modalidade preventiva e suspensiva. Será feito um estudo sobre Nova Lei 
de Falência, abordando os institutos da recuperação judicial e extrajudicial de empresas, todo 
o processo e procedimento. Em seguida serão estudados os principais avanços e modificações 
da nova lei de recuperação frente ao instituto da concordata, apresentando-se ao final, a 
conclusão sobre a eficiência e avanços trazidos pela nova lei falimentar no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8
2 A EMPRESA, FALÊNCIA E CONCORDATA 
 
2.1 Empresa 
Empresa é a atividade desenvolvida pelo empresário ou sociedade empresária, e é toda 
aquela exercida profissionalmente, e de forma economicamente organizada, para a produção 
ou circulação de bens. A empresa visa à obtenção de lucros por parte daqueles que a 
exploram, os quais em contrapartida devem assumir uma série de riscos. São riscos: a não 
aceitação do produto no mercado, taxas de juros eventualmente elevadas para obtenção de 
empréstimos visando à aquisição de matéria-prima ou confecção de produtos, entre outros. 
A empresa pode ser desenvolvida por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas. Se 
quem exerce a atividade empresarial é pessoa física ou natural, será considerado empresário 
individual. Se quem o faz é uma pessoa jurídica, será uma sociedade empresária. 
Quanto à empresa permanece válida, a máxima, no sentido de que a empresa é objeto, 
e não sujeito de direitos. E mais, no tocante ao “direito de empresa”, as referidas palavras se 
reportam a conceitos econômicos ainda não estatuídos com clareza no Direito positivo. Ou 
seja, o empresário, ao contrário da empresa, encontra definição na lei, no caput do art. 966, 
CC. Sendo assim, no caput do artigo 966, o Código Civil contém a regra: - Considera-se 
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
2.2 Falência 
A origem da palavra falência vem do latim fallere que significa faltar, falhar, enganar, 
ou seja, é o descumprimento de uma obrigação ou promessa. Por este motivo tal palavra se 
tornou um termo técnico-jurídico, que expressava a impossibilidade, culposa ou fraudulenta 
do devedor pagar suas dívidas, e cumprir suas obrigações, em decorrência de insuficiência 
patrimonial, ou, financeira. 
A insolvência surgiu pela primeira vez nas civilizações antigas, onde ante a ausência 
do cumprimento da obrigação, tinha o credor direito de coagir fisicamente o devedor, 
podendo este ser aprisionado e escravizado e até morto pelo seu credor, caso não pagasse o 
devido. 
A partir do século XIII, na Idade Média, tendo em vista o direito romano e canônico, 
surgiu um direito comum, advindo dos usos e costumes, consagrados nas decisões dos juízes 
consulares, aparecendo o direito comercial, de sentido informal. No século XX, surge uma 
 9
nova mentalidade com pensamentos individualistas e utilitaristas que a economia liberal 
deflagrava, fazendo influir sobre maneira no direito falimentar. 
Em termos jurídicos, falência é o nome da organização legal e processual destinada à 
defesa daqueles impossibilitados de receber seus créditos. Trata-se de um processo de 
execução coletiva dos bens do devedor, decretado judicialmente, ao qual concorrem todos os 
credores, que buscam no patrimônio disponível, saldar o passivo em rateio, observadas as 
preferências legais. Popularmente, interpreta-se falência como a condição daquele que não 
tenha à disposição um valor suficiente, realizável para saldar suas dívidas. 
O art. 797, do Código Comercial, dispunha que “todo comerciante que cessa os seus 
pagamentos, entende-se quebrado ou falido”. Nesse contexto não se previa a concordata 
preventiva, subsistindo somente a modalidade suspensiva. Surgiu o Decreto-Lei n. 7.661, de 
21 de junho de 1945, essa legislação reforçou os poderes do juiz, diminuindo a influência dos 
credores, e a concordata preventiva e suspensiva perdendo sua natureza jurídica de contrato, 
passando a ser tratada como um benefício concedido pelo Estado, através do magistrado ao 
devedor. 
O referido decreto ficou vigente durante 60 anos certamente já estava completamente 
defasado em relação à atual ordem econômica e à própria realidade do país, protestando a 
sociedade por uma nova legislação falimentar. Assim surgiu a nova Lei de Falências e de 
Recuperação de Empresas a Lei n. 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. 
 
2.2. Concordata 
A concordata surgiu pela primeira vez na legislação brasileira no Código Comercial 
de 1850, nos arts. 898 a 906. Nessa época, admitia-se moratória, porém, vedava ao devedor 
angariar os benefícios do instituto da concordata. 
Tempos depois, a concordata reaparece no Decreto-Lei Nº. 7.661, de 21 de junho de 
1945, que estabeleceu a concordata nos arts. 139 a 185. A concordata era como um contrato 
firmado entre devedor e credores, nos termos da lei de falências e sob a superintendência do 
juiz, que homologaria o acordo feito. Posteriormente a concordata passou a ser um ato 
processual, onde o magistrado verificava e decidia se a proposta feita pelo devedor atendia as 
exigências descritas na legislação falimentar, mesmo sendo a proposta contra a vontade dos 
credores. Assim, o decreto modificou o sistema tradicional da época, não permitindo mais que 
a concessão de favor ficasse na dependência da vontade dos credores. Para os doutrinadores 
da época o sistema procurava evitar os acordos extrajudiciais, uma vez que violavam o 
princípio da isonomia que deveria existir entre a universalidade de credores. 
 10
Neste contexto a concordata era tida como um ato processual no qual o devedor 
mediante juízo propunha uma forma de pagamento aos seus credores, com o condão de 
prevenir ou suspender a sua falência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11
3 BREVE COMPARATIVO ENTRE O DECRETO-LEI Nº. 7.661 DE 1945 
E A LEI DE FALÊNCIA Nº11. 101/05 
 
O Decreto-Lei Nº. 7.661/45 à época de sua publicação aumentou os poder dos 
magistrados e diminuiu a ingerência dos credores em relação à lei existente anteriormente 
(Decreto nº. 5.746/29), favorecendo ao devedor. Também se percebe que a revogada lei, 
principalmente a parte que tratava de falência acabou tendo a finalidade única de liquidar a 
empresa e punir penalmente o empresário e em caso de concordata, remover ou até mesmo 
evitar a falência. 
Enquanto esteve vigente o Decreto-Lei em referência demonstrou a inadequação da 
justiça para tomar com urgência as providências necessárias e o desconhecimento técnico dos 
julgadores que deu margem à ocorrência de casos calamitosos em matéria de falência no 
Brasil. No mesmo caminho estava a concordata, também prevista no mesmo texto legal e que 
ensejava fraudes e prejuízos aos credores. 
A antiga concordata era um procedimento judicial visando a regularizar as relações 
patrimoniais entre o devedor comerciante, impontual ou insolvente, seus credores 
quirografários, evitando, ou removendo os efeitos da falência. 
O Decreto-Lei Nº. 7.661/45 dispunha que somente o comerciante podia ser declarado 
falido, entendendo-se como comerciante as sociedades comerciais e o comerciante
individual, 
com exclusão das sociedades civis e das pessoas físicas. Já a nova Lei de Falência estabelece 
em seu artigo 1°, aqueles que estão sujeitos à falência: o empresário e a sociedade empresária, 
em consonância com os artigos 966 e 982 do Código Civil. 
Em seu artigo 2° a nova legislação elencou o rol de pessoas que não estão sujeitas à 
falência, ou melhor, não poderão ter a falência decretada contra si, a saber: 
a) a empresa pública e sociedade de economia mista; 
b) instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, 
sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas 
às anteriores. 
O Decreto-Lei então revogado não trazia em seu bojo o elenco das pessoas excluídas 
de seu âmbito, porém, leis especiais disciplinavam a matéria. Assim, conclui-se que as 
pessoas excluídas da nova lei, permanecem sujeitas ao regime de liquidação extrajudicial, 
desde que verificada a sua insolvência ou a existência de prática de crime falimentar praticado 
por seus administradores. 
 12
Para se entender a transição de uma lei para outra se faz necessário responder a 
algumas questões: 
1 - Se uma falência foi decretada na vigência da antiga Lei de Falências, mas a 
classificação dos créditos e o pagamento dos credores serão realizados na vigência da nova 
redação do art. 186 do CTN e da Lei N.°11.101/05, deverá o juiz observar a ordem prevista 
no Decreto-Lei n.° 7.661/45 ou na Lei n.° 11.101/05?1 
 
2- Nesta falência, que começou no regime anterior e acabou na vigência da nova 
ordem de preferências, o crédito tributário deverá ser pago antes ou depois do crédito com 
garantia real? 
 
3 - Se o pedido de falência foi ajuizado em 2000 (vigência do DL 7.661/45), mas a 
falência só foi decretada em 2007 (vigência da Lei N.° 11.101/05), qual será a lei aplicável? 
 
Bem, de acordo com os juristas: 
 - Falência ajuizada e decretada antes da vigência da Lei 11.101/05: Aplica-se o 
antigo DL 7.661/45 
 - Falência ajuizada e decretada após a vigência da Lei 11.101/05: Aplica-se a Lei 
11.101/05 
- Falência requerida antes, mas decretada após a vigência da Lei 11.101/05: Aplica-
se o DL 7.661/45 até a sentença. 
A partir da sentença, incide a Lei 11.101/05. 
A sentença declaratória da falência é o marco para saber se será aplicado o antigo e 
revogado Decreto-Lei Nº. 7.661/45 ou a nova Lei Nº. 11.101/05, ou seja, a sentença 
declaratória da falência, que inicia o processo falimentar propriamente dito. Se esta foi 
prolatada após o dia 9 de junho de 2005, inclusive, a falência será regida pela Lei 11.101/05. 
Tais conclusões ao auferidas do art. 192, caput e § 4º da Lei N.° 11.101/05: 
Art. 192. Esta Lei não se aplica aos processos de falência ou de concordata ajuizados 
anteriormente ao início de sua vigência, que serão concluídos nos termos do 
Decreto-Lei n.° 7.661, de 21 de junho de 1945. 
§ 4º Esta Lei aplica-se às falências decretadas em sua vigência resultantes de 
convolação de concordatas ou de pedidos de falência anteriores, às quais se aplica, 
até a decretação, o Decreto-Lei n° 7.661, de 21 de junho de 1945, observado, na 
decisão que decretar a falência, o disposto no art. 99 desta Lei. 
 
 
 
1 http://www.dizerodireito.com.br/2012/02/falencia-ajuizada-antes-da-lei-1110105.html 
 13
Neste momento, faz-se necessário explicar, ainda que resumidamente os princípios 
norteadores da nova lei. São eles2: 
 
I) Preservação da empresa 
Tal princípio considera a função social da empresa, uma vez que ela é fonte geradora de 
riqueza, emprego e renda; 
II) Separação do conceito empresa empresário 
Não se confunde a pessoa natural ou jurídica que compõe ou controla a empresa; 
III) Recuperação das sociedades e empresários recuperáveis 
O Estado deve dar condições para recuperação da empresa; 
 IV) Retirada do mercado de sociedades ou empresários não recuperáveis 
Ocorrerá quando o Estado verificar que a empresa é definitivamente inviável para o mercado; 
V) Segurança jurídica 
A lei deve ser clara e cristalina a fim de se evitar interpretações dúbias, acarretando uma 
insegurança ou incerteza jurídica; 
VI) Proteção aos trabalhadores 
 Os trabalhadores têm preferência no recebimento de seus créditos na falência e na 
recuperação; 
VII) Redução do custo do crédito 
A classificação de créditos deve fazer com que haja a preservação das garantias, contendo 
normas precisas na ordem dessa classificação; 
VIII) Celeridade processual 
Eficiência processual no processo falimentar e na recuperação judicial; 
IX) Participação ativa dos credores 
Os credores devem participar efetivamente, dos processos de falência e recuperação judicial, 
com o intuito de aperfeiçoar os resultados a serem obtidos a fim de evitar fraudes nos recursos 
da empresa ou massa falida; 
X) Desburocratização da recuperação de microempresas e empresas de pequeno porte 
Esse princípio busca permitir, desonerando o procedimento, que as microempresas e as 
empresas de pequeno porte tenham ampliado acesso à recuperação judicial; 
 
 
 
2 http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2724 
 14
XI) Maximização do valor dos ativos falido 
A lei deve estabelecer normas e mecanismos que assegurem a obtenção do máximo valor 
possível pelos ativos do falido, evitando a deterioração provocada pela demora excessiva do 
processo e priorizando a venda da empresa em bloco, para evitar a perda dos intangíveis. 
XII) Rigor na punição de crimes relacionados à falência e à recuperação judicial 
A nova lei tipifica a conduta da prática de atos definidos como crime, em razão da falência e 
da recuperação judicial, coibindo a prática de fraudes de natureza falimentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15
4 A NOVA LEI DE FALÊNCIAS E DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
 
O ordenamento jurídico ganhou em 09 de fevereiro de 2005 uma nova lei conhecida 
popularmente como Lei de Falências (LF). Ela aborda a recuperação judicial, a extrajudicial e 
a falência do empresário e da sociedade empresária. A concordata deixou de ser praticada 
após a publicação desta lei. 
Os artigos 584 e 585 do Código de Processo Civil servem de respaldo para o título 
líquido e certo da falência, bem como outros previstos em leis especiais, como a nota 
promissória, a duplicata, a debênture, entre outros. Também é título executivo a obrigação 
provada por conta extraída dos livros comerciais e verificada judicialmente (artigo 1º, 
parágrafo 1º da LF), bem como a duplicata sem aceite, acompanhada de prova da entrega da 
mercadoria (artigo 1º parágrafo 3º da LF). 
O requerimento da falência do devedor comerciante pode ser solicitado por qualquer 
credor, sendo desnecessário ser comerciante para fazer o pedido, sendo que um civil pode 
fazê-lo (art. 97, inciso IV). No pólo passivo, a lei falimentar brasileira só atinge os 
comerciantes. Um comerciante, para requerer a falência de outrem, deve provar ter firma 
inscrita, ou contrato social registrado na junta comercial correspondente. 
De acordo com o art. 94, inciso I, o credor deve exibir título exigível de valor superior 
a 40 (quarenta) salários mínimos devidamente protestados. Deve acompanhar o pedido a 
certidão de execução frustrada e o credor deve descrever os atos sintomáticos de insolvência 
praticados pelo devedor, acompanhado pelas respectivas provas e indicações de outras. 
Cabe esclarecer que o credor domiciliado
fora do Brasil, se quiser poderá pleitear a 
falência do devedor estabelecido no país, entretanto deverá prestar caução às custas e ao 
pagamento da indenização, conforme estabelecido no art.97, § 2°, da Lei de Falência. 
A Lei Nº. 11.101/05LRE propiciou maior celeridade e eficiência aos processos 
judiciais, reduzindo a burocracia que atrasava o curso dos procedimentos, conferindo-lhes 
celeridade e eficiência. 
O prazo concedido para o devedor apresentar sua defesa foi aumentado de 24 (vinte e 
quatro) horas para 10 (dez) dias. Criou-se ainda um teto de 40 (quarenta) salários-mínimos 
que deverá ser atingido para que se possa requerer a falência do devedor, fato que impedirá o 
uso indiscriminado do processo para cobrança de valores irrisórios. 
 
 
 16
4.1 O que leva uma empresa a insubsistência ou desequilibro econômico? 
1 – Passivo Tributário 
2 – Passivo Trabalhista 
3 – Gestão de Imobilizado Deficiente 
4 – Concentração de Gestão na Matriz 
5 – Aspectos Familiares x Direção 
6 – Má Gestão de Pessoal 
7 – Contratos Bancários e Refinanciamento 
8 – Ausência de Planejamento Tributário 
 
4.2 Objetivos da recuperação judicial. 
Os objetivos da recuperação judicial resultam da análise do instituto em foco e da sua 
tipicidade legal. Assim a lei estabeleceu o seguinte: 
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação 
de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte 
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, 
assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade 
econômica. 
 
A LF permite acordos entre credores de diversas classes e o devedor. O legislador se 
preocupou com a eficiência e a celeridade no cumprimento do plano de recuperação acordado. 
Assim, de maneira bastante geral pode-se dizer que a recuperação judicial tem os seguintes 
objetivos: a) reorganizar a empresa que esteja passando por uma crise econômico-financeira; 
b) preservar a relação de emprego; c) aumentar o âmbito da negociação entre devedor e 
credores; d) abranger a maior parcela possível de credores e empregados do devedor; e) 
regular a convolação da recuperação em falência; f) fixar mecanismos de alteração do plano; 
g) estabelecer limites da supervisão judicial da execução do plano e regulamentar o elenco de 
atribuições dos órgãos administrativos do plano de recuperação. 
Os requisitos para o devedor requerer a recuperação judicial são: (art. 48) 
I - Exercício regular de atividade empresarial há mais de 2 anos; 
II - Não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas suas obrigações, por sentença 
transitada em julgado; 
III - Não ter, há menos de 5 anos, obtido concessão de outra recuperação judicial; 
IV - No caso de microempresa e empresa de pequeno porte, não ter, há menos de 8 
anos, obtido concessão de recuperação judicial; 
 17
5- Não ter sido condenado ou não ter administrador ou sócio controlador condenado 
por crime falimentar. 
Os documentos que devem ser arrolados para instruir o pedido na petição inicial 
devem ser: (art. 51) 
1) Exposição, sob a forma de relatório, das causas da situação patrimonial da empresa 
devedora e das razões da crise econômico-financeira; 
2)Demonstrações contábeis relativas aos três últimos exercícios e as levantadas 
especialmente para instruir o pedido, elaboradas com estrita observância da legislação 
societária aplicável e compostas obrigatoriamente de (Lei 6.404/76, art. 176): a) balanço 
patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde 
o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 
3) Relação nominal completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, 
a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime 
dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação 
pendente; 
4) Relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, 
indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e 
a discriminação dos valores pendentes de pagamento; 
5) Certidão de regularidade da empresa na Junta Comercial, o contrato ou estatuto 
social atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; 
6) Relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do 
devedor; 
7) Extratos atualizados das contas bancárias da empresa devedora e de suas eventuais 
aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em 
bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; 
8) Certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede da 
empresa devedora e naquelas onde possui filial; 
9) Relação de todas as ações judiciais em que a empresa devedora figure como parte, 
inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados. 
 
 
 
 18
4.3 Processamento do pedido de Recuperação Judicial 
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz 
deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: 
 
1) nomeará o administrador judicial (art. 21); 
 
2) determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor 
exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público; 
3) ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, pelo prazo 
de 180 dias (art. 6º, § 4º); 
 
4) determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais 
enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus 
administradores; 
 
5) ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às 
Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor 
tiver estabelecimento; 
 
6) mandará publicar edital para conhecimento de terceiros. 
 
 
A nova lei eliminou o procedimento pré-liquidatório e a dualidade procedimental. O 
procedimento se apresenta em sete etapas que são: despacho liminar, citação, alternativas do 
devedor citado, depósito elisivo, valor do depósito elisivo, comprovação da defesa e 
suspensão do processo. O despacho liminar é quando o juiz da causa deve verificar se estão 
presentes as condições da ação, os pressupostos processuais, os requisitos formais da petição, 
e os pressupostos específicos da falência. 
A LF não estabelece os meios de citação, daí aplica-se subsidiariamente o Código de 
Processo Civil. As alternativas do devedor citado é que no caso de pedido de falência com 
fulcro no artigo 94, incisos I e II, uma vez citado, o devedor poderá adotar uma das seguintes 
condutas: dentro de dez dias depositar o valor reclamado, elidindo a quebra, e ao mesmo 
tempo apresentar sua defesa, ou, no prazo de dez dias, apenas apresentar sua defesa. Poderá, 
ainda, manter-se omisso ou efetivar o depósito elisivo, no prazo de defesa. 
O depósito elisivo tem por finalidade elidir a falência requerida, deslocando a questão 
para o exame da legitimidade do crédito reclamado.O valor do depósito elisivo do pedido de 
falência deverá abranger o principal do débito, juros e correção monetária, inclusive 
honorários de advogado e custas processuais. 
Depois de instaurado o processo falimentar, incabível o pedido de suspensão do 
processo para efeito de composição amigável entre credor e devedor, pois tal providência 
tipifica moratória excludente da presunção de insolvência. Caso o autor venha postular a 
suspensão da instância estará descaracterizado o título e desfigurada a insolvência do devedor, 
não podendo
mais ser decretada a falência. 
 19
4.4 Créditos sujeitos à recuperação judicial 
Em consonância com o art. 49 da Lei de Falência estão sujeitos à recuperação judicial 
todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos: 
1) Créditos com garantia real (CC, art. 1.225); 
2) Créditos com privilégio especial ou geral (CC, arts. 964 e 965); 
3) Créditos quirografários; 
4) Créditos trabalhistas vencidos (desde que sejam liquidados no prazo de um ano); 
5) Créditos tributários e previdenciários (dependem de plano de parcelamento especial 
a ser regulado em lei específica – art. 68 e Lei Complementar 118/2005). 
Seguindo a mesma legislação, têm-se os créditos não sujeitos à recuperação judicial 
(art. 49, §3º): 
1)Contratos de alienação fiduciária em garantia: 
Alienação fiduciária de bens móveis – Decreto-Lei 911/1969; 
Alienação fiduciária de bens imóveis – Lei 9.514/1997; 
2) Contratos de arrendamento mercantil (leasing) - Lei 6.099/74; Resolução BACEN 
2.309/96. 
3) Contratos de promessa de compra e venda de imóveis – Lei 6.766/1976; 
4) Contratos de financiamento imobiliário sob regime de patrimônio de afetação (Lei 
10.931/2004); 
5) Contratos de venda com reserva de domínio (CC, art. 521); 
6) Adiantamento de contrato de câmbio (ACC) – (Lei 4.728/1964, art. 75; Súmula 307 
STJ); 
7) Contratos com fiança, aval ou garantia dos sócios ou de terceiros, que podem ser 
executados contra os coobrigados (Lei 11.101/2005, art. 49, § 1º). 
 
4.5 Regras gerais relativas aos Direitos dos Credores 
Somente são exigíveis as obrigações líquidas, vencidas e vincendas, existentes na data 
do pedido de Recuperação. As obrigações anteriores à Recuperação Judicial observarão as 
condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos 
encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. (art. 
49, § 2º) 
Os credores posteriores ao pedido de Recuperação Judicial não estão sujeitos à 
renegociação da dívida e devem ser pagos nas condições contratadas. 
 
 20
4.6 O plano de recuperação judicial - Tipologia dos meios e estratégias de recuperação (art.50 
da LF) 
 
• CREDITÍCIA 
• PATRIMONIAL 
• SOCIETÁRIA 
• ADMINISTRATIVA-ORGANIZACIONAL 
 
O plano de recuperação judicial deverá ser apresentado pelo devedor em juízo no 
prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o 
processamento da recuperação judicial, sob pena de convalidação em falência. Esse plano 
deverá conter a discriminação pormenorizada do resultado da situação econômico-financeira 
do devedor, bem como, de forma discriminada, a indicação dos meios de recuperação a serem 
adotados, detalhando os prazos e formas de pagamentos dos credores. Deverá conter ainda, a 
demonstração da viabilidade econômica, além de laudo econômico-financeiro e de avaliação 
dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa 
especializada. 
O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo para o cumprimento, todavia, 
estabeleceu critérios no sentido de que não haverá prazo superior a um ano para pagamento de 
créditos derivados da legislação do trabalho ou créditos decorrentes de acidentes de trabalho 
vencidos até a data do pedido da recuperação judicial. O plano não poderá prever prazo 
superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por 
trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencido nos 3 (três) meses 
anteriores ao pedido de recuperação judicial. 
Apesar de tudo isso qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de 
recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da publicação da relação de 
credores apresentada pelo administrador judicial. Nessa hipótese, havendo objeção por 
qualquer credor, o juiz determinará a convocação da Assembléia Geral para deliberar sobre as 
condições nele estabelecidas. 
O plano de recuperação poderá sofrer alterações na Assembléia Geral, no entanto 
deverá haver expressado concordância do devedor, e, ainda assim, em termos que não 
implique em diminuição dos direitos exclusivamente dos credores ausentes. 
 
 21
4.6.1 Meios de recuperação judicial 
A Lei de Falência arrola algumas formas de recuperação, o artigo 50, é taxativo, 
porém, não é exaustivo e traz uma relação de meios que o devedor poderá se utilizar para 
organizar um plano de reestruturação da empresa. 
São eles: 
I – concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas 
ou vincendas; 
A empresa devedora pode propor aos credores a redução do valor do principal da 
dívida ou encargos, como juros, multa moratória e correção monetária (remissão da dívida), 
ou ampliação do prazo de pagamento (dilação da dívida), do modo como ocorria na 
concordata preventiva. 
II – cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de 
subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos 
termos da legislação vigente; 
Cisão da empresa devedora: a cisão importa na separação do patrimônio produtivo, 
das dívidas e do passivo da empresa devedora, para a transferência dos ativos para outra 
empresa, devendo o passivo ser liquidado mediante a subrogação no produto da alienação dos 
bens do ativo. (Lei 6.404/76, art. 229) 
Incorporação: a empresa devedora pode ser incorporada por outra empresa solvente, 
com extinção da empresa incorporada, sem relação de sucessão. (Lei 6.404/76, art. 227) 
 Fusão: a empresa devedora pode se fundir com outra empresa, para formar sociedade 
nova, propiciando o aumento do patrimônio e reduzindo os seus problemas de liquidez de 
curto e médio prazo. (Lei 6.404/76, art. 228) 
Transformação da sociedade limitada em sociedade anônima – somente se justificaria 
em razão da conversão de sociedade limitada em sociedade anônima para possibilitar a 
captação de recursos mediante a oferta pública de venda de ações e valores mobiliários (Lei 
6.404/76, art. 220) 
Transformação da sociedade anônima em sociedade limitada – a alternativa de 
fechamento do capital somente se justifica em razão da redução dos custos administrativos 
próprios da S.A. (Lei 6.404/76, art. 220) 
Constituição de subsidiária integral – a sociedade anônima devedora pode constituir 
subsidiária integral mediante versão de parte do seu patrimônio, para que a companhia criada 
assuma os ativos produtivos da acionista constituinte para posterior alienação da subsidiária 
(Lei 6.404/76, art. 251) 
 22
Cessão de cotas ou ações da sociedade – mediante a cessão ou alienação das cotas ou 
ações da sociedade devedora, pelo valor patrimonial ou contábil dos títulos do capital, novos 
sócios ou acionistas solventes podem ingressar na sociedade, injetando capital novo que 
possibilitem a recuperação financeira da empresa. 
III – alteração do controle societário; 
Realiza através da alienação das cotas ou ações de propriedade do controlador, para os 
sócios minoritários ou para novos sócios que venham a ingressar na sociedade, com mudança 
no perfil da administração e injeção de capital novo. 
IV – substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de 
seus órgãos administrativos; 
Por esta alternativa, os administradores da sociedade serão substituídos por outros 
sócios ou executivos com experiência para superar a crise da empresa, de modo total ou 
parcial, ou para redimensionamento e redução dos órgãos de direção existentes, mediante 
racionalização dos custos com o pagamento dos administradores. 
V – concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e
de 
poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; 
Esta alternativa se viabiliza mediante a alteração do contrato ou estatuto social para 
criação de classes de cotistas ou acionistas, atribuindo aos credores o direito de eleição de 
membros do Conselho de Administração ou da Diretoria, assim como para o exercício do 
direito de veto nas deliberações dos órgãos de direção da sociedade. 
VI – aumento de capital social; 
O aumento do capital social, mediante a subscrição e integralização de novas cotas ou 
ações pelos sócios ou acionistas da sociedade, representa o modo mais adequado para a 
recomposição do capital e para a cobertura dos prejuízos acumulados, desde que o ingresso de 
capital se realize através de aporte em dinheiro ou de bens livres e conversíveis. 
VII – trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída 
pelos próprios empregados; 
O trespasse é a alienação integral do estabelecimento ou dos ativos produtivos da 
empresa (Código Civil, art. 1.143), em favor de outra empresa, sem extinção da empresa 
cedente e sem relação de sucessão (Lei 11.101/2005, art. 141). 
O arrendamento é a transferência temporária do direito de exploração do 
estabelecimento para outra empresa, sem alteração da situação de titularidade ou de domínio 
sobre os bens materiais e imateriais da empresa devedora. 
 23
VIII – redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante 
acordo ou convenção coletiva; 
Esta alternativa deve resultar de prévio acordo ou convenção coletiva celebrada com o 
sindicato dos empregados, para fins de redução de salários e benefícios, ou para compensação 
de horários e não pagamento de horas extras, ou mesmo de redução da jornada de trabalho 
com crédito proporcional de salários. A sua implementação deve ser proposta nas empresas 
que tenham alto comprometimento com a folha salarial. 
IX – dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição 
de garantia própria ou de terceiro; 
Dependendo da situação de composição do passivo, com relação aos principais 
credores, a dação em pagamento de bens do ativo e a novação de dívidas, com constituição de 
garantia real, pode possibilitar a modificação ou alongamento do perfil do passivo da 
empresa, e assim viabilizar a sua recuperação a longo prazo. 
X – constituição de sociedade de credores; 
Esta alternativa importa na troca dos créditos habilitados por cotas ou ações vinculadas 
à constituição de sociedade de credores, com participação proporcional aos dos respectivos 
créditos, implicando, por conseqüência, na alteração do controle da empresa devedora, que 
ficará subordinada à sociedade de credores constituída para esse fim. 
XI – venda parcial dos bens; 
Mediante a venda de alguns bens do ativo da empresa, principalmente imóveis, vão ser 
gerados créditos que podem ser utilizados na solução do passivo; a empresa pode também 
realizar a venda de imóveis e equipamentos de filiais, com redução da sua capacidade 
produtiva. 
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, 
tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-
se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; 
Essa alternativa comporta ampla interpretação, sendo própria dos contratos de 
financiamento bancário e de faturização, em que a empresa devedora vai propor a redução dos 
juros e da correção monetária das suas dívidas, para adequar esses compromissos à sua 
capacidade de pagamento. 
XII – equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, 
tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-
se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; 
 24
Essa alternativa comporta ampla interpretação, sendo própria dos contratos de 
financiamento bancário e de faturização, em que a empresa devedora vai propor a redução dos 
juros e da correção monetária das suas dívidas, para adequar esses compromissos à sua 
capacidade de pagamento. 
XIII – usufruto da empresa; 
O usufruto de empresa é uma espécie de arrendamento, quando a administração da 
empresa é transferida a terceiros, que podem ser os próprios credores ou sociedade de 
credores constituída com esse propósito, respondendo o usufrutuário pela gestão da empresa 
devedora e prestação de contas de seus resultados perante os credores. 
XIV – administração compartilhada; 
Administração compartilhada significa a divisão de encargos e responsabilidades de 
gestão entre os controladores e administradores da empresa devedora e os seus credores, que 
poderão indicar representantes para os órgãos de administração, participar das deliberações 
sociais ou exercer o direito de veto em determinadas matérias. 
XV – emissão de valores mobiliários; 
A empresa devedora poderia obter capital novo mediante a emissão de títulos e valores 
mobiliários, como ações, debêntures e commercial paper, desde que esteja organizada sob a 
forma de sociedade anônima e haja interesse no mercado em adquirir títulos de uma empresa 
em situação de dificuldades. 
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento 
dos créditos, os ativos do devedor. 
Essa alternativa de constituição de sociedade de propósito específico (SPE) pelos 
credores pode viabilizar a adjudicação, através de dação em pagamento, de ativos produtivos 
da empresa, que seriam em seguida alienados para continuidade da exploração. 
 
4.7 Efeitos do plano de recuperação 
O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e 
obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos. (art. 59) 
A decisão que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial. 
Permanecerá o devedor em recuperação judicial até que cumpra todas as obrigações previstas 
no plano, cuja validade seja de dois anos a partir da concessão. Durante este período, em caso 
de descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano, é cancelada a recuperação. 
 
 25
Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser 
interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público. 
Concedida a recuperação judicial, a empresa devedora permanecerá em recuperação 
judicial até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até 2 
anos depois da concessão da recuperação judicial. (art. 61) 
De outro lado se a decisão decretar a falência, o falido e seus credores entram no 
chamado regime jurídico-falimentar. A partir de sua edição, a pessoa, os bens, os atos 
jurídicos e os credores do empresário falido são submetidos a um regime jurídico especifico, 
no qual o devedor é afastado de suas atividades. 
Em meio a tantos efeitos da sentença que decreta a falência tem-se a formação da 
massa falida subjetiva, suspensão das ações individuais, suspensão condicional da fluência de 
juros, exigibilidade antecipada dos créditos contra o devedor, sócios ilimitadamente 
responsáveis e administradores solidários, suspensão da prescrição e arrecadação dos bens do 
devedor. O empresário individual falido e os sócios ilimitadamente responsáveis perdem a 
administração e disponibilidade de seus bens. Além disso, ficam inabilitados temporariamente 
da prática de atividade empresarial, condição que dura até a sentença extintiva de suas 
obrigações. Os bens do devedor serão arrecadados e entregues à massa. No caso de sociedade, 
esta irá à falência, não seus sócios. Contudo, no caso de sócios solidários e ilimitadamente 
responsáveis, por exemplo, poderão ser arrecadados também
os bens particulares de certos 
sócios, tais como os bens dos sócios cotistas, administradores e acionistas de responsabilidade 
limitada. Tais bens são alcançados por responsabilidade penal, pois a lei de falências equipara 
à condição de devedor ou falido os sócios, gerentes, administradores e conselheiros para 
efeitos penais. 
 
4.8 O administrador judicial 
O administrador judicial é de grande relevância tanto na recuperação judicial como na 
falência. Ele contribuirá para o desenvolvimento positivo da recuperação judicial ou da 
falência, de acordo com o caso concreto. O administrador procura manter ativa a atividade 
econômica da empresa nos casos em que conduz a recuperação, ou no caso de falência, dirigir 
o processo para minimizar os efeitos negativos que a extinção de uma atividade empresarial 
pode trazer. O administrador judicial foi criado pela nova lei de falências em substituição à 
figura do síndico, da antiga lei. 
 
 26
A continuação da atividade econômica depende de uma administração irretocável com 
apoio de uma equipe multidisciplinar. Deve ser profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou então, pessoa jurídica 
especializada. 
Ao liderar o plano de recuperação judicial, o administrador deve ter como premissa a 
fiscalização das atividades do devedor e o respectivo cumprimento do plano de recuperação 
judicial. No caso de efetivo descumprimento das obrigações assumidas no plano de 
recuperação judicial ele deverá requerer a falência. Caso suas contas não sejam aprovadas 
pelo juiz, o administrador deixa de ter direito à remuneração devida. 
 
4.9 Plano especial de recuperação da micro e pequena empresa (arts. 70 a 72) 
 
As microempresas e empresas de pequeno porte representam um expressivo 
contingente empresarial no Brasil, ou seja, 98% (noventa e oito por cento), empregando 60% 
(sessenta por cento), da mão de obra com vínculo trabalhista. Por este motivo a Lei de 
Falência dedicou um capítulo à recuperação judicial da micro e da pequena empresa, 
excluindo, a mesma, da possibilidade de se recuperar extra-judicialmente. 
No processo de recuperação judicial das microempresas e empresas de pequeno porte 
há a opção pela apresentação de um plano de recuperação, com a utilização de todos os meios 
de recuperação previstos legalmente ou, propor um plano especial, porém restrito.Trata-se de 
uma moratória, por meio da qual o devedor poderá pagar seus débitos em 36 (trinta e seis) 
parcelas mensais, iguais, sucessivas, corrigidas e acrescidas de juros de 12% (doze por cento), 
ao ano. A oferta de pagamento deverá ser apresentada no prazo de até 60 dias após o 
deferimento do processamento da recuperação e obrigará somente os credores quirografários, 
excetuados aqueles decorrentes de repasse de recursos oficiais. O primeiro pagamento deverá 
ser efetuado no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da distribuição do pedido da recuperação 
judicial. Os credores não precisam anuir à concessão da moratória, todavia poderão apresentar 
objeções dentro do prazo de 30 (trinta) dias. A falência deverá ser decretada se houver 
objeções dos titulares de mais da metade dos créditos sujeitos ao plano. 
Microempresa (ME): receita bruta anual até R$ 240.000,00. 
Empresa de Pequeno porte (EPP): receita bruta anual superior a R$ 240.000,00 e igual 
ou inferior a R$ 2.400.000,00 – Lei Complementar 123/06 
 27
O plano especial de recuperação da micro e pequena empresas abrange 
exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os decorrentes de repasse de recursos 
oficiais e os de natureza bancária. 
Proposta de Pagamento: Consiste no parcelamento em até 36 parcelas mensais, iguais 
e sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a. 
O pagamento da 1ª parcela deverá ocorrer no prazo máximo de 180 dias do pedido de 
recuperação; se houver objeção de credores que representem mais de 50 % dos créditos 
quirografários, o juiz decretará a falência. 
Não haverá convocação de assembléia geral de credores (art. 72). 
São órgãos da recuperação o Administrador Judicial e o Comitê de Credores. 
O juiz deverá autorizar a empresa em recuperação para aumentar despesas ou contratar 
empregados, ouvido o administrador judicial e o Comitê de Credores. 
O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a suspensão 
do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano. 
 
4.10 Recuperação extrajudicial (arts. 161 a 167) 
Pode ser proposta pela empresa devedora aos seus credores com garantia real, com 
privilégio geral ou especial,e quirografários através de um plano de recuperação. 
As modalidades de acordo extrajudiciais são: 
1) Credores escolhidos pelo devedor (acordo por instrumento público ou particular); 
2) Classe de credores (obriga os credores não aderentes à proposta de renegociação). 
Os credores não sujeitos à recuperação extrajudicial são: os trabalhistas; tributaristas; 
contratos de arrendamento mercantil; alienação fiduciária em garantia; venda com reserva de 
domínio; promessa de compra e venda de imóvel; adiantamento de contrato de câmbio. 
4.10.1 Requisitos da recuperação extrajudicial 
Os requisitos subjetivos de recuperação extrajudicial são os mesmos do art. 48, 
aplicável à Recuperação Judicial. 
O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento 
desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. 
O devedor não poderá homologar plano de recuperação extrajudicial se tiver pendente 
pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de 
outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 anos. 
 
 
 28
4.11 Homologação Judicial 
HIPÓTESE 1 - Devedor escolhe os credores que serão abrangidos e assina um 
contrato de renegociação de dívida (art. 162 da LF); 
 HIPÓTESE 2 - Homologação de plano que abrange todos os credores, desde que 
aceito por 3/5 de cada classe (art. 163 da LF). 
 
4.11.1 Instrução do pedido de homologação da recuperação extrajudicial 
O princípio geral: o plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua 
homologação judicial (art. 165 da LF). 
Documentos exigíveis: plano ou contrato de acordo de dívida; exposição da situação 
patrimonial do devedor; demonstrações contábeis do último exercício social e as levantadas 
especialmente para instruir o pedido; relação dos credores e valor dos créditos; documentos 
que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou transigir. 
Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial o juiz 
ordenará a publicação de edital, convocando todos os credores do devedor para apresentação 
de impugnação ao plano de recuperação extrajudicial no prazo de 30 dias. 
Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as 
formalidades apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. 
O indeferimento do plano de recuperação extrajudicial não acarreta a falência da 
empresa. 
É permitido à empresa devedora propor outras modalidades de acordo privado com 
seus credores (art. 167 da LF). 
Razões da Impugnação (art. 164): 
A) não preenchimento do percentual mínimo de 3/5 dos créditos de cada classe; 
B) prática de ato de falência (art. 94, III) ou de fraude a credor (art. 130); 
C) descumprimento de requisito previsto na Lei; 
D) descumprimento de qualquer outra exigência legal. 
 
4.11.1 Efeitos da recuperação extrajudicial 
A recuperação extrajudicial ocorre fora do judiciário. O empresário pode negociar 
diretamente com seus credores e elaborar um acordo que poderá ou não ser homologado pelo 
juiz. 
Neste acordo
não se pode incluir os titulares de créditos de natureza tributária, 
oriundos da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente do trabalho. Feito o acordo (que 
 29
deve ser aprovado por 3/5 dos credores), seu cumprimento se torna obrigatório para todas as 
partes. 
A grande vantagem da recuperação extrajudicial é que esta envolve um procedimento 
muito mais rápido e financeiramente mais atrativo que a recuperação judicial. É mais cômodo 
para empresas pequenas, médias e de grande porte e credores privados, como instituições 
financeiras, fornecedores e outros. A recuperação extrajudicial não precisa de unanimidade 
entre os credores e as despesas são menores. É uma solução menos burocrática e mais rápida. 
O procedimento da recuperação extrajudicial não acarreta suspensão de direitos, ações 
ou execuções. Sendo alienados ativos, haverá relação de sucessão. 
A homologação da recuperação extrajudicial não impede a decretação de falência 
pelos credores não sujeitos ao plano. 
A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constitui título 
executivo judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30
5 JURISPRUDÊNCIA 
 
A jurisprudência apresentada a seguir trata de um exemplo de aplicabilidade da nova 
Lei de Falência tendo como premissa a busca pela Preservação da Empresa. Em pesquisas 
realizadas no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça de Minas Gerais constatam-se diversos 
casos em que se prima pela Recuperação da Empresa ao invés de uma imediata falência, pois 
o impacto desta é demasiadamente grave para todos os envolvidos. 
 
Agravo de Instrumento Cv 1.0024.12.332391-7/004/ 0644567-79.2013.8.13.0000 (1) 
Relator(a) Des.(a) Vanessa Verdolim Hudson Andrade 
Órgão Julgador / Câmara 
Câmaras Cíveis / 1ª CÂMARA CÍVEL 
Súmula: NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO 
Comarca de Origem: Belo Horizonte 
Data de Julgamento: 15/04/2014 
Data da publicação da súmula: 24/04/2014 
 
EMENTA: RECUPERAÇÃO DE EMPRESA - NOVA LEI Nº 11.101/2005 - 
PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA - EXEGESE DA 
LEI QUE NÃO DEVE SER ESTRITA NEM LITERAL, MAS TELEOLÓGICA. A nova lei 
nº 11.101/2005 veio dar ênfase ao princípio da preservação da empresa, de modo a propiciar a 
sua interpretação não literal, mas teleológica. Permite-se a dilação do prazo previsto no artigo 
6º, § 4º da Lei 11.101/2005, se comprovado nos autos motivos justificáveis, como a demora 
na publicação dos atos processuais e a morosidade processual, não imputável à recuperanda, 
mas a fatos outros, inclusive imputáveis aos próprios credores. 
AGRAVO DE INSTRUMENTO CV Nº 1.0024.12.332391-7/004 - 
COMARCA DE BELO HORIZONTE - AGRAVANTE(S): BANCO BRADESCO 
S/A - AGRAVADO(A)(S): PAVIBRÁS ENGENHARIA LTDA E OUTRO(A)(S), 
PAVIBRÁS LOCAÇÕES, SERVIÇOS E COMÉRCIO LTDA - INTERESSADO: 
GUILHERME OCTAVIO SANTOS RODRIGUES ATRIBUIÇÃO DA PARTE 
EM BRANCO ADMINISTRADOR JUDICIAL 
 
A C Ó R D Ã O 
Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do 
Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos em <negar provimento ao 
agravo>. 
DESA. VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE 
RELATORA. 
DESA. VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE (RELATORA) 
 31
V O T O 
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto pelo Banco Bradesco S/A visando a 
reforma da decisão do Juiz de primeiro grau de fls. 1935/1939, (26/30TJ) proferida nos autos 
da Ação de Recuperação Judicial, movida pela Pavibrás Engenharia ltda e Pavibrás Locações, 
serviços e comércio ltda, que deferiu a prorrogação do período de suspensão das ações de 
execução em face da Pavibrás por 90 (noventa) dias. 
Em suas razões recursais alega o agravante que o prazo de 180 dias contido no artigo 
6°, §4° da Lei 11.101/2005 é improrrogável. Requer, ao final, a procedência do presente 
recurso para suspender a decisão ora hostilizada. 
Recebi o presente agravo de instrumento apenas em efeito devolutivo. 
O agravado apresentou contraminuta ás fls. 52/60 TJ. 
O Procurador de Justiça em parecer anexo ás fls. 63/64 TJ opinou pelo desprovimento 
do recurso. 
Conheço do recurso, presentes os pressupostos necessários a sua admissibilidade. 
Versa o recurso da insurgência do agravante contra a decisão proferida pelo 
Magistrado Monocrático que deferiu a prorrogação do período de suspensão das ações de 
execução em face da Pavibrás por 90 (noventa) dias. 
O MM. Juiz analisou que o prazo de suspensão de 180 dias de todas as ações e 
execuções, que estava se esgotando, conforme art. 6º, parágrafo 4º da Lei nº 11.101/2005 
deveria ser estendido, apresentando para isso motivos lógicos e plausíveis. 
O dispositivo assim dispõe: 
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação 
judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do 
devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. 
(...) 
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em 
hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias 
contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o 
decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e 
execuções, independentemente de pronunciamento judicial. 
Efetivamente, a suspensão deferida no início, estava em seu decurso de prazo final, 
estando, porém o processo com atraso no andamento, sem que a recuperanda tivesse dado 
causa à morosidade e, assim, seria prejudicada. 
Trata-se de processo complexo de recuperação de empresa e a empresa é de grande 
dimensão, o que justifica a prorrogação. 
 32
Houve demora na publicação dos atos processuais, que o MM. Juiz classificou como 
involuntária, portanto não imputável à recuperanda, reiteradas intervenções de credores no 
processo e atraso na apreciação do plano de recuperação pelos credores, o que, por si só, já 
justifica a prudente e sábia decisão do Juiz. 
A decisão atende ao princípio da preservação da empresa, que norteia a Lei nº 
11.101/2005, que veio adotar esse princípio precisamente porque a tendência moderna é 
afastar os obstáculos ao crescimento da economia e como as empresas são o mais importante 
alicerce da economia dos países capitalistas, acarretando a geração de emprego e aumento de 
tributos, a atividade empresarial é hoje vista como merecedora de uma proteção especial, até 
como fonte geradora de riquezas, tornando-se um dos valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa. 
O STJ tem firmado o entendimento nesses casos sempre a favor da empresa e de sua 
sobrevivência, com fundamento no princípio da preservação da empresa, deve-se concluir não 
ser razoável autorizar a quebra de uma empresa com base na impontualidade no pagamento de 
dívida de pequeno valor (STJ, BENETI, Sidnei. Recurso Especial N° 805.624). 
Assim, nenhum erro existe em buscar uma interpretação ao texto legal mais favorável 
à empresa em recuperação, não comprovada a má-fé em suas atividades ou nos atos 
processuais. 
Nesse sentido: 
[...] É inegável que o comércio possua o condão de gerar renda, emprego, arrecadação 
de tributos e, portanto, não pode ser tutelado apenas no interesse de credores particulares. Ao 
revés, a proteção jurídica do empresário deve ter em mira aspectos outros, notadamente 
aqueles de cunho social, eis que o empresário não exerce sua atividade em seu exclusivo 
interesse. Assim, não se pode desconsiderar a importância da atividade empresarial para a 
sociedade como um todo, é inviável supor que todo e qualquer crédito possa servir de suporte 
ao pedido falimentar. (STJ, UYEDA, Massami. Recurso Especial N° 1.089.092 - SP 
(2008/0203816-1).
Vale citar as palavras do mestre italiano Cesare Vivante, referidas por Celso Marcelo 
de Oliveira, na obra Comentários à lei de falências e de recuperação de empresas: 
"Antes da nova lei, sucedia frequentemente aplicar-se o complicado e dispendioso 
processo de falência a pequenos estabelecimentos condenados à impotência da sua originária 
miséria, obrigados a sucumbir a débitos cuja totalidade não excede a uns milhares de liras. O 
estado e o resultado destas miseráveis falências era penoso: um ativo insuficiente para cobrir 
as despesas do processo; uma pequena massa de credores a que as formalidades judiciais 
 33
tiravam, depois de os terem estorvado com alguns enfados, o pouco que ainda existia no 
patrimônio do falido; um pobre desgraçado atormentado com o processo de bancarrota por 
não ter escriturado regularmente os livros prescritos, que muitas vezes não eram necessários 
ao giro do seu estabelecimento. A nova lei procura impedir estes tristes resultados na sua 
segunda parte, que regula a liquidação coletiva das pequenas empresas[...]. (OLIVEIRA, 
Celso Marcelo. Ob. Cit., , p. 189) 
A decisão, portanto, está de acordo com o espírito da lei e com o princípio da 
preservação da empresa, que coloca os interesses da empresa acima dos interesses individuais 
dos credores. 
Além disso, a suspensão da ação visa precisamente possibilitar um prazo para 
adequação da recuperação, nada mais justo e adequado que esse prazo seja dilatado, se os 
próprios credores deram causa ao atraso verificado no andamento processual da recuperação, 
com suas constantes manifestações. 
Com tais considerações, nego provimento ao recurso. 
Custa recursais, na forma da lei.> 
DES. ARMANDO FREIRE - De acordo com o(a) Relator(a). 
DES. ALBERTO VILAS BOAS - De acordo com o(a) Relator(a). 
SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO" 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 CASO CONCRETO 
 
Os credores da antiga OGX de Eike Batista aprovaram o plano de recuperação judicial 
da companhia, sete meses após a petroleira ter entrado com pedido de recuperação da empresa 
na Justiça. Eike Batista deixa de ser o controlador. 
A petroleira reestruturada está avaliada em cerca de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 3,4 
bilhões) e tem produção de 14 mil barris de petróleo por dia. 
A votação, realizada em assembléia no prédio da antiga Bolsa de Valores do Rio, 
reuniu mais de 200 credores e durou menos de uma hora. O plano foi aprovado por credores 
que detêm 90,42% dos créditos e que representam 81,59% do total na votação por cabeça. 
Pela lei de recuperação judicial, o plano tem de ser aprovado, cumulativamente, por 
mais de 50% dos credores, considerando o volume do crédito e o número por cabeça de votos. 
Fica pendente a homologação do plano na Justiça, que deve acontecer dentro de sete a dias. 
Tal votação demonstra a adesão dos credores e a continuidade da companhia. 
Pelo desenho da estrutura acionária da nova empresa, Eike Batista, que hoje tem 
pouco mais de 50% de participação na petroleira, terá sua participação reduzida a 5,02%. 
Como pessoa física, terá apenas uma ação. 
O empresário deve se manter na presidência do Conselho de Administração da OGPar 
até a assembléia em que passará a companhia ao novo controlador, afirmou Ricardo 
Knoepfelmacher, sócio da Angra Partners, responsável pela reestruturação do Grupo EBX. A 
estimativa é que isso ocorra entre setembro e outubro. Além disso, os atuais acionistas ficarão 
com 4,98%. O restante estará nas mãos de credores: 42% com o grupo que já injetou US$ 125 
milhões na empresa; 23% com credores que participarão de mais duas parcelas de 
empréstimos, que somam US$ 90 milhões. 
Os detentores de títulos, que contam com a maior parte da dívida da OGPar, integram 
o acordo do primeiro aporte e participarão do segundo. Os demais 25% equivalem a 
conversão da dívida atual de US$ 5,8 bilhões em ações da nova companhia. Estão incluídos aí 
fornecedores, a OSX, empresa do ramo naval do grupo, e donos de títulos. 
No início da assembléia, uma parcela dos pequenos credores pleiteou permissão para 
entrar no grupo que já garantiu aporte à empresa. A OGPar negou o pedido. Eles podem 
entrar na Justiça e atrasar o processo, reconhece o advogado Eduardo Munhoz, do escritório 
Mattos Filho, que cuida da recuperação ao lado do escritório Sergio Bermudes.3 
 
3 http://oglobo.globo.com/economia/plano-de-recuperacao-judicial-da-ex-ogx-aprovado-eike-deixara-controle-
da-empresa-12708313 
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7 FALÊNCIA 
 
Quando a recuperação da empresa torna-se impossível a empresa deságua na 
falência. O objetivo de se propor um regime célere e com a participação dos credores é para 
facilitar a transferência da empresa, ou de suas partes viáveis, para um novo controlador 
melhor capacitado para administrá-la. 
O novo modelo incentiva a realização rápida dos ativos, garantindo também uma 
proteção ao crédito mais efetiva, graças a um maior retorno para credores, empregados, 
Fazendas Públicas e a sociedade em geral. A liquidação deve ocorrer em ordem e de forma 
eficiente, observando as prioridades dos créditos, as formas de alienação dos ativos e as 
decisões coletivas em detrimento das decisões individuais. Eficiência significa maximização 
dos resultados, contemplando a maior quantidade possível de créditos. 
Os credores participam ativamente dos processos por meio da Assembléia Geral de 
Credores, cuja função principal é aprovar a forma de realização dos ativos da companhia, e do 
Comitê de Credores, que fiscaliza a gestão da massa falida pelo administrador judicial. 
Com a nova lei determina-se a manutenção do funcionamento da empresa, quando 
possível, mesmo depois de decretada a falência. Antes, o juiz determinava o imediato 
fechamento do estabelecimento. Inteligente esta mudança uma vez que com a continuação das 
atividades, evita-se a depreciação das máquinas e equipamentos, além de elevar o valor da 
empresa para a sua venda. 
O foco máximo neste momento é a venda da empresa, ou suas partes, pelo maior 
valor possível, distribuindo-se os recursos entre os credores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8 CONCLUSÃO 
 
Pelo que se verifica, a RECUPERAÇÃO JUDICIAL de Empresas, que com a nova 
Lei veio a substituir o instituto da “Concordata”, inseriu diversos mecanismos de controle 
jurisdicional que deveram ser levados em conta no plano de recuperação. Todavia, como se 
observa tantos são os entraves impostos pela Lei, que muito poucas empresas conseguem 
atender os requisitos exigidos para fazer jus à recuperação judicial da empresa. 
Destarte, assim como se verifica nas inúmeras Resoluções Administrativas que regem 
a atuação da Receita Federal do Brasil, a nova Lei, com seus mecanismos inúmeros, acabou 
por extrapolar o controle da esfera patrimonial da empresa em desequilíbrio econômico 
financeiro, e acabou por controlar de certo modo, porquanto perdurar o Plano de Recuperação 
Judicial, até mesmo o patrimônio dos sócios da empresa. O que remonta até mesmo a 
desconsideração da personalidade jurídica da empresa, para controle do patrimônio privado 
dos sócios. E tal situação se torna mais gravosa, se pensarmos em recuperação judicial de 
sociedades limitadas. 
Logo, de acordo com os moldes impostos pela nova legislação, é notório e forçoso se 
concluir que a Nova Lei que prevê a Recuperação Judicial das Empresas, somente é viável 
para empresas de grande porte, haja vista o nível e o numero de exigências que a Lei impõe 
para aceitação do Plano de Recuperação. 
Quanto a Recuperação Extrajudicial, também falada neste trabalho, é de se destacar 
que acaba por se
equiparar a uma negociação “civil” conjunta. Uma verdadeira reunião de 
credores. Pois não acarreta efeitos jurídicos de suspensão de créditos e dívidas tributárias e 
trabalhistas cobradas pelos órgãos competentes na esfera judicial. 
No que tange ao cerne da presente pesquisa, observou-se que “não há solução” do 
ponto de vista legal para o conflito entre a “suspensão da exigibilidade dos créditos tributários 
e trabalhistas” decorrentes da adoção do Plano de Recuperação pelo Juiz titular do Processo 
de Recuperação Judicial. Pois, as previsões da Lei de Falências vão de encontro, por exemplo, 
com as disposições da Lei de Execução Fiscal. E nesse aspecto, a solução do paradigma, se dá 
no campo doutrinário e principio lógico Pois, no conflito das Leis, a que se cogitar e perquerir 
aos juízos das execuções e da recuperação judicial (que certamente são diferentes) sobre os 
critérios da “Especialidade da Lei”, e da “Temporalidade da Lei”. 
Todavia, tudo dependerá no ponto de vista prático, de organização jurídica dos 
envolvidos no “plano de recuperação”, e dos esforços para notificação de todos os juízos de 
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execução dos créditos trabalhistas e tributários acerca da existência e aceitação do Processo de 
Recuperação Judicial da Empresa e do correlato “plano de recuperação”. Para que somente 
então, suspendam os créditos trabalhistas e tributários para que os mesmos sejam quitados nos 
moldes do plano de recuperação. 
Fora igualmente possível concluir através de pesquisa de “campo”, não relatada com 
maiores detalhes neste trabalho, por ser algo além da análise legal que é o foco aqui proposto, 
que grande parte das empresas tem utilizado a “Nova Lei de Falências” como uma artimanha 
para própria falência fraudulenta. Pois, depois de cumpridos os requisitos para admissão do 
plano de recuperação, muitas empresas acabam por dilapidar o patrimônio e recair em 
falência de “fato”. Haja vista que a suspensão por 180 dias das execuções judiciais possibilita 
diversas manobras pelos devedores. Inclusive, participação de “leilões e pregões públicos”, de 
posse da “Certidão Negativa com efeito Positivo”. 
Por derradeiro, conforme já relatado nessa pesquisa, acerca dos problemas que 
acarretam o estado de falência das empresas, para que a Nova Lei de Falência seja de fato um 
instrumento que cumpra com a “Função Social da Empresa”, e com a sua respectiva 
recuperação. Faz-se necessário uma “Reforma Tributária” na legislação em âmbito Federal e 
Estadual (no mínimo), para que, por exemplo, seja permitido um “REFIS de caráter 
permanente” acessível apenas para as empresas que tiveram o plano de recuperação judicial 
aceito pela Justiça. Assim, a eficácia da Lei seria maior. Ademais disso, demanda revisão 
legislativa o conflito entre a Nova Lei de Falência e a Lei de Execuções Fiscais. Para que seja 
estabelecida uma harmonia legal entre os mecanismos das duas leis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38
9 BIBLIOGRAFIA 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial - Direito de Empresa - 20ª Ed. 2011 / 
SARAIVA 
 
COSTA DE FREITAS, Pedro Thiago. Efeitos da sentença de falência quanto às pessoas do 
falido e dos sócios. 
Disponível em: 
<http://www.mpce.mp.br/esmp/publicacoes/edi001_2012/artigos/14_Pedro.Thiago.Costa.de.F
reitas.pdf > 
 
COSTA JÚNIOR, Dijosete Veríssimo da. Aspectos relevantes da concordata preventiva e 
suspensiva. 
Disponível em: < http://jus.com.br/artigos/767 >. 
 
 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Nova lei de falências e recuperação de empresas. São Paulo: 
Atlas, 2005. p.126. 
 
FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Nova lei de falência e recuperação de empresas. São Paulo: Atlas, 
2005. p. 127-128. 
 
MACHADO, Rubens Approbato (coord.). Comentários à nova Lei de Falências e recuperação 
de Empresas. São Paulo: Quariter Latin, 2005. p. 158. 
 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2 
Os avanços da nova lei de falências - Douglas Cavallini de Sousa 
 
http://oglobo.globo.com/economia/plano-de-recuperacao-judicial-da-ex-ogx-aprovado-eike-
deixara-controle-da-empresa-12708313 
 
VADEMECUM. Compacto. 6. ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2011.

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