Buscar

fisio aula 11

Prévia do material em texto

Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 4º período
Onde há fermentação microbiana, há produção de vitaminas do complexo B e vitamina K. Esses animais não precisam receber um suporte de vitaminas do complexo B e K. Eles conseguem pela flora e fauna microbiana que faz isso. Não é comum receitar para animal ruminante essas vitaminas. Na época de seca, é comum o ruminante receber vitaminas A, D, E, e na combinação acaba levando a vitamina K. A flora microbiana do nosso intestino produz essas vitaminas também. Quando se utiliza antibióticos, principalmente pela via oral, há uma suplementação com vitamina B. 
Cada tecido animal ou vegetal tem uma composição de gordura. No ruminante, a gordura vai passar pelo trato digestivo. O processo de fermentação leva a geração de grande quantidade de proteínas bacterianas. O propiônico talvez seja a principal fonte de glicose. A glicose circulante no sangue do ruminante, foi produzida por aquele ruminante, diferentemente da nossa. Alguns aminoácidos são neoglicogenéticos = fonte para o fígado produzir glicose. O fígado pega produtos que não são carboidratos, e faz isso virar glicose. Se o ruminante faz isso constantemente, ele tem uma rota enzimática diferente dos monogástricos. Nós estaríamos fazendo isso, produzindo glicose, em situação de jejum. O glicogênio presente nos músculos, foi formado para uso do músculo, e não para o organismo. Qualquer excedente de glicose vai para o tecido adiposo. Quando a gordura é degrada, ela joga na circulação glicerol e ácido graxo. Um ruminante suporta uma hipoglicemia melhor que um monogástrico, pois seu sistema de produção de glicose é muito eficiente. Os carnívoros também são eficientes na produção de glicose. Acético, propiônico e butírico = 3 principais ácidos graxos.
As proteínas microbianas são originárias dos microrganismos, é pela degradação desses organismos. Se eu comparar a secreção pancreática do ruminante adulto, e de um suíno adulto. No ruminante, chega uma grande quantidade de ácido nucléico no intestino. A secreção dessas glândulas sofre uma adaptação ao longo do tempo, de acordo com os hábitos alimentares do animal. 
A lógica é que o animal receba a maioria dos seus nutrientes de volumoso (70%) e uns 30% de concentrado. Em locais tecnificados, aumenta-se a quantidade de concentrado, podendo inverter esses dados. Contudo, não é só genética, tem que haver um tempo de adaptação. Grandes mudanças têm que acontecer devagar, para que o animal se adapte à nova dieta. 
A ureia oferecida ao animal, vira amônia no rúmen, cai no sangue, vira ureia no fígado, volta para o rúmen, vira amônia novamente ou pode ser transformada em proteína bacteriana. Essa ureia no sangue pode ser excretada pela urina. Há um ciclo rumeno-hepático da amônia e ureia. Na passagem pelo rúmen, parte da ureia vira aminoácido e proteína microbiana, que ao chegar no abomaso, é degradada como um alimento comum. 
Suponhamos uma dieta equilibrada para determinado animal. Há os peptídeos da dieta que são utilizados para gerar aminoácidos. A glicose, parte é utilizada para produção de ATP (pelos microrganismos). Parte dos aminoácidos e da energia são utilizados para a síntese de proteínas de crescimento celular bacteriano. CO2 e metano é eructado, enquanto ácido graxo é absorvido. Se dou uma dieta pobre em proteína (proteína é o fator caro da ração) e rica em carboidrato, vai faltar aminoácidos para a síntese de proteína microbiana. Se dou muito aminoácido, e pouco carboidrato, vou perder uma fonte rica para fazer ATP para manutenção da célula, ou seja, a síntese de proteína microbiana está comprometida. 
É imprescindível que haja uma dieta complementada, para que não falte nada para síntese de proteínas, como um aminoácido. Se faltar, a síntese protéica para. Faltar um aminoácido, gasta mais tempo, o animal demora mais para produzir, ou para engordar, há mais custos. 
Em termos de volume de população, entre bactérias e protozoários, o número é aproximado, mas em termo de número, há muito mais bactérias, pois elas são menores. A digestão de proteínas no rúmen é predominantemente feito pelas bactérias. Azocaseína = caseína tratada industrialmente para ter uma “marca”, é usada para saber a eficiência de digestão protéica, quando há digestão da azocaseína, libera-se o radical “azo”, que pode ser medido por colorimetria, utilizando um espectrofotômetro. Faz-se um ensaio “in vitro”, verifica-se qual bactéria degrada melhor proteínas = digestibilidade in vitro. 
As enzimas proteolíticas estão intimamente associadas à parede celular bacteriana explicando a necessidade de adsorção inicial à partícula protéica para que se tenha inicio ao processo de proteólise. Adsorção = contato. A hidrólise da proteína pelas enzimas microbianas leva à liberação de oligopeptídeos, os quais são então quebrados em pequenos peptídeos e aminoácidos, tornando-se prontamente disponíveis para absorção pelas bactérias. Nos protozoários, a proteína pode ser engolfada, deve-se lembrar que protozoários são muito maiores que as bactérias. Os microrganismos do rúmen estão em perfeito estágio de simbiose, se eu desregular um microrganismo posso desregular outros. 
Ao nascimento, 61% dos compartimentos gástricos é abomaso. O ruminante, ao nascimento praticamente um monogástrico. Quando adulto, 70% é rúmen retículo. Quais fatores que determinam essa inversão de crescimento? O abomaso, com o passar do tempo, cresceu, não quer dizer que ele ficou menor, só que proporcionalmente ele representa menos. Os produtos da fermentação são estimulantes desse crescimento e os fatores de crescimento provocados por esses produtos da fermentação. Outros fator seria o atrito. A gastrina é um hormônio de crescimento do epitélio. 
Mecanismos sensoriais: a mastigação, no processo inicial ou na ruminação, estimula-se mecano-receptores bucais, que são receptores da entrada da informação. Há centros salivares ipsolaterais = eu ativo mais o lado que eu estou mastigando. A distensão passiva, a contração ativa, agem nos receptores de tensão do rumem e retículo, agindo nos centros salivares e centros gástricos, que regulam a motilidade. Parece que o “marca-passo” da ruminação é o retículo e não o rúmen. Essa tensão, talvez a densidade de receptores do retículo seja maior que a densidade de receptores no rúmen. Em casos de distensão grave, provocada por fatores lesivos, pode diminuir a secreção salivar, pode ser um corpo estranhe que leva a dor no animal. Algumas gramíneas, principalmente de recém brotação, tem um componente que provoca efeito espumante no rúmen, podendo impactar e provocar uma obstrução, podendo haver timpanismo. Timpanismo pode causar comprometimentos respiratórios e circulatórios. Estímulos táteis, pelo movimento do alimento no rúmen, estimula receptores epiteliais, caracterizam sinal para a ruminação. O animal é capaz de identificar se a distensão do rúmen está ocorrendo pela alimentação ou pelos gases que ele precisa eructar. Os receptores são diferentes, se for gás, o centro da eructação que é ativado. No reflexo da eructação, ao invés de todo o gás que está no rúmen sair, sai só um pouco, pois há uma onda antiperistáltica, o esfíncter na comunicação do rúmen com o esôfago abre, só que o outro logo a frente está fechado, o primeiro esfíncter fecha, o que estava fechado abre, isso vai acontecendo até o animal eructar. 
Se o animal for sedado ou anestesiado, há interferência nos centros superiores de ruminação e eructação. Porém, a fermentação não para. O animal pode apresentar timpanismo. É comum que esses animais que vão ser submetidos a esses procedimentos, fique em jejum de 48h, pois jejum de 24h não dá grande diferença. 
Na contração para a ruminação, o grosseiro do retículo volta para a boca, o que estava mais no fundo, mais triturado vai para o omaso. Um bovino adulto pode produzir até 600l de gás por dia. Há uma substancia que mata as bactérias metanogenicas, há um ganho de energia em torno de 8%, e diminui a eliminação de metano.

Outros materiais