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Parasito aula 12

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Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 4º período
Trematodeos
Filo platyhelminthes, são parasitos achatados, mais ou menos achatados. Classe trematoda. Há duas subclasses: monogenea (não iremos ver muito, está muito associado com parasitos de peixe, normalmente ficam em brânquias, barbatanas), não há dimorfismo sexual (hermafroditas), se fixam pela extremidade posterior. Aqui, um ovo dá origem a um individuo.
Na outra subclasse, os digenea ou digenéticos, são os parasitos da medicina veterinária básica (pequenos, ruminantes, equinos e suínos), são achatados. São divididos em monóicos e dióicos. Monóicos: dois sexos em um único individuo = hermafrodita. Dióicos: há macho e fêmea, dimorfismo sexual. Há órgãos de fixação, que ficam na porção anterior do parasito. Esses órgãos são denominados ventosas, uma acetabular e uma ventral. Esses parasitos são importantes para vertebrados. Tem como hábitat, ductos biliares, trato digestivo e sistema vascular. Os ovos vão sair de acordo com o local onde está parasitado (ductos biliares, trato digestivo). Alguns que estão no sistema vascular, podem ser eliminados pela urina. A maioria desses parasitas têm ciclo heteroxênico: estádios larvais desenvolvendo dentro de um hospedeiro intermediário (moluscos terrestres e aquáticos). 
Alternância de gerações: existem várias gerações que são oriundas de multiplicação, ou são oriundas de transformações. A cada momento que se transformam, tem uma nova geração formada. O hospedeiro intermediário é um molusco. Há modificação de formas evolutivas no hospedeiro intermediário. Além da modificação há processos reprodutivos, que estão associados a processos de reprodução assexuada. Já dentro do hospedeiro definitivo, há processo de reprodução sexuada (independente se for dióico ou monóico). Os hospedeiros intermediários são moluscos que normalmente necessitam de água. Alguns parasitos passam até por mais de um hospedeiro intermediário. 
Fasciola hepatica
Causa a fasciolose, é monóico, hermafrodita. Há dois gêneros: gênero Fasciola, com duas espécies, Fasciola hepatica e Fasciola gigantica (não é muito comum para nós).
É um parasito de vesícula e canais biliares. Os ovos vão para o intestino pela descarga da bile. Esse parasito tem como hospedeiros definitivos vertebrados, sendo os principais bovinos e ovinos. Pode acometer suínos, bubalinos, equinos, camelídeos, e também o homem. Em alguns países, já se considera a Fasciola hepatica como um dos parasitos zoonóticos. Na medicina veterinária, além de gerar doença no animal, que vai dar conseqüência perda de peso, menor eficiência de fertilidade, etc, ela vai ser importante devido à condenação dos órgãos onde fica, gerando perdas econômicas. Há perdas econômicas com o tratamento e infecções secundárias. 
Os humanos são pouco susceptíveis se comparados com bovinos. Esse parasito necessita de três coisas básicas: temperatura, água e luminosidade. A água nesse caso é útil pois, normalmente, os hospedeiro intermediários são moluscos aquáticos. As formas evolutivas desse parasito são adaptadas para nadarem. Uma forma de humano contrair essa parasitose, é ingerindo determinados alimentos que são cultivados em ambiente aquático. Um desses alimentos é o agrião. (ver hidroponia). A probabilidade de nos infectarmos com esse parasito é bem menor, já que um bovino se alimenta em um pasto o tempo todo, enquanto nós não comeríamos muito agrião. 
É endêmica em 61 países. Na Bolívia há uma taxa de 60% de humanos com fasciolose. No Brasil havia Fasciola hepatica no sul, principalmente por causa da geografia, os pampas, sendo que os pastos ficam aguados na época de chuva. Atualmente, a fasciolose se dispersou para o centro-oeste, para o litoral e acredita-se que a Fasciola hepatica exista em todo o continente nacional. 
Morfologicamente, são parasitos que se assemelham com uma folha. A Fasciola hepatica é um parasito grande, consegue-se visualizá-lo a olho nu. Alguns dizem que a fasciolose hepática é de climas tropicais, enquanto a gigantica é de climas quentes (climas desérticos, muito quente).
O hospedeiro intermediário é um molusco do gênero Lymnaea sp., gosta de locais aquáticos mas não gosta de águas profundas. Margens de lagos, represas, brejos, pastagens que durantes as chuvas ficam alagadas. Na seca, o caramujo entra em estivação, ele para, fica como que “hibernando”, se ele estiver infectado, qualquer reprodução nele também para. O molusco não morre durante a seca, ele fica parado, quando volta chuva, ele volta, os parasitos também voltam a se multiplicarem. Isso é um fator de epidemiologia. No Brasil, as espécies mais importantes são L. viatrix, columella.
A Fasciola hepatica tem formato de folha, achatada dorsalmente e possui duas ventosas, uma acetabular ou ventral e uma oral. Ela é cheia de estruturas, órgãos dentro dela. As ventosas servem para fixação do parasito. O corpo desse parasito é todo recoberto por pequenos espinhos denominados espinhos cuticulares, que levam ao processo patogênico. Os espinhos escarificam os ductos biliares, levando a processos inflamatórios que se resolvem em necrose. Há uma ação patogênica mecânica. 
São originados ovos. Esses ovos são os maiores que vimos até o momento. Possuem casca fina, dupla. Apresentam uma abertura = opérculo, por onde sairá o embrião que é desenvolvido dentro do ovo. Dentro do ovo, há multiplicação celular, com formação de um individuo dentro do ovo que é denominado miracídio, primeira forma evolutiva. 
O miracídeo possui algumas estruturas que vão ajudá-lo a nadar e manter seu ciclo, já que ele é a forma infectante para o hospedeiro intermediário. Todo o seu corpo é coberto por cílios. Na porção anterior há um conjunto de glândulas denominado terebratorium. São glândulas que servem para aderir, e glândulas que servem para penetrar. Essas glândulas tem conteúdos que auxiliam nessas ações. Se tem cílio = nada, se tem glândulas = terebratorium, vai penetrar. O miracídio natante entra em contato com o molusco, o processo de penetração inicia-se. Primeiro ele libera o conteúdo da glândula de adesão, aderindo-se. Depois, ele libera o conteúdo da glândula da penetração, penetrando o molusco. Todo esse evento ocorre em 30min.
Quando penetrou, ele não precisa mais dos cílios. Ele perdeu o conteúdo das duas glândulas. Aquele miracídio sem cílios, e com um terebratorium vazio, é denominado esporocisto. Outra coisa que ocorre, é que as células germinativas começam a se agrupar, a se ordenar. Esse esporocisto, dentro do caramujo, faz uma reprodução assexuada, o que dá um nova geração de esporocistos, ou esporocistos filhos. Há alguns órgãos pré-formados ou formados. A medida que os esporocistos vão se encaminhando para o hepatopancreas do moluscos, elas recebem o nome de rédias. Isso tudo, dentro do molusco. 
Um ovo, leva a um miracídio, que leva a um esporocisto primário, que leva de 20-40 esporocistos secundários, cada um dá origem de 8-40 rédias, cada origina umas 20 cercárias. Ou seja, 1 miracídio dá origem a cerca de 600 cercárias.
As rédias já se organizaram, já tem algumas estruturas. À medida que vão amadurecendo, vão crescendo em relação às ventosas. A rédia começa a adquirir uma cauda, que não é bífida. Essas rédias vão crescendo, começando a formar o conteúdo das glândulas de penetração e adesão. Quando há cauda formada, ventosas formadas, conteúdos formados, há um novo individuo = cercária. A cercária tem cauda pra nadar, e tem o conteúdo do terebratorium, ela sai do caramujo, como precisa de água, ela começa a nadar. Essa cercária, na composição da glândula de penetração, ela modifica a composição, pois ao invés de penetrar ela vai precisar de um conteúdo de adesão para se aderir a um determinado substrato. A cercária de repente encontra uma gramínea. Ela adere, através das glândulas cistogênicas, ou de adesão, ela é recoberta por uma espécie de gelatina. Como ela não precisa mais nadar, ela perde a cauda, perde o conteúdo das glândulas e está recoberta por um conteúdo gelatinoso = metacercária. A metacercária
é o estádio infectante para o hospedeiro definitivo.
A forma infectante para o molusco é o miracídio, para o hospedeiro definito é a metacercária. A forma de transmissão é oral, pois fica em gramíneas (aqui entra o agrião). 
A partir do momento que o ruminante ingere as gramíneas com a metacercária, vai passar para o intestino, atravessa a parede intestinal, cai na corrente sanguínea, chegando no fígado onde se transforma em adulto. 
É um parasito que fica nos ductos biliares. Existe uma migração no parênquima hepático. Normalmente há processos traumáticos, inflamatórios e hemorrágicos no fígado. Esse parasito tem uma certa hematofagia, que pode levar a um pequeno processo de anemia. Os espinhos podem levar a uma lesão mecânica na parede do ducto, assim como na mucosa biliar. Isso pode causar colangite (inflamação na vesícula biliar) e hiperplasia epitelial dos canais biliares. Dependendo do canal biliar, do calibre dele, há processos obstrutivos. Isso tudo pode levar a fibrose hepática, podendo se tornar não funcional. Geralmente vê-se esse quadro na hora do abate, pois o bovino é resistente e a idade de abate é cedo.
Na fase aguda, pode haver necrose, lesão, fibrose, inflamação, infiltrado celular. Existe uma doença denominada Black disease, o fígado fica preto, devido a um clostrídeo que é carreado pela fasciola. 
Patologia: as lesões que se formam são todas decorrentes do adulto nos ductos e vesículas biliares. São processos mecânicos, de escarificação e obstrução. 
O homem pode ser assintomático ou não. Dores abdominais, anemia, diarreia, vômitos, urticária e leucocitose. Não são sintomas específicos. A mortalidade em bovinos é rara. Contudo, em ovinos, a sensibilidade é muito maior, podendo haver mortalidade.
O diagnóstico é clínico. O laboratorial é feito um exame de fezes, com técnicas onde se veja os ovos. O OPG aqui não dá, pois os ovos são muito grandes. Desenvolveram uma nova técnica que é chamada quatro tamises, passa-se o conteúdo fecal em quatro malhas diferentes. Como esses ovos são muito grandes, pode ser visualizado em uma lupa, ao invés de microscópio. Azul de metileno é utilizado, corando tudo o que não é ovo, o ovo não cora, melhor visualização.
Epidemiologia: presença dos hospedeiros, ambiente aquático, temperatura ideal. A estivação também é importante, para manutenção do HI. Há fatores biológicos, humanos (pela alteração da geografia) e ambientais. 
O tratamento: albendazol, clorsulon, etc. 
Paramphistomum sp.
Parasita rúmen e retículo de bovinos. Não há grandes achados em MG. Espécies: Paramphistomum cervi e microbothrium. Também possuem duas ventosas, contudo a ventosa acetabular está na extremidade posterior. O diagnóstico é igual, encontrando-se ovos. Os ovos são muito semelhantes com ovos de fasciola. 
Eurytrema sp.
É muito parecido com a fasciola em termos morfológicos, mas muda a localização, parasita pâncreas. A fasciola é mais preenchida, tem órgãos em uma proporção muito maior. A eurytrema tem uma pontinha também, que não está presente na fasciola. As ventosas do eurytrema são bem maiores, mais robusta que da fasciola hepatica. Há E. coelomaticum e E. pancreaticum. 
É um parasito de pâncreas de ruminantes. Há dois hospedeiros intermediários: um molusco terrestre (bradybaena) e um artrópode terrestre, que pode ser gafanhoto ou formiga. Pode haver dois ou um HI. O HI principal é o molusco terrestre. 
O ciclo é muito parecido, mas quando há envolvimento dos dois hospedeiros intermediários, só quando formar a cercária, que vai estar na terra, o gafanhoto ou formiga ingere essas cercarias, onde há formação de metacercárias. O bovino no pastejo ingere ou o gafanhoto ou a formiga. 
A patogenia: hiperplasia, inflamação, fibrose, falência do pâncreas, diabetes, morte. 
Não há tratamento específico. Alguns dizem que o tratamento utilizado para fasciola não é eficaz para eurytrema. 
Schistosoma mansoni
É dióico. Macho mais curto que a fêmea, com corpo espinhoso. A fêmea é mais fina, tem tegumento liso, fica albergado dentro do canal ginecóforo do macho. Causa esquistossomose. A veia mesentérica é o sítio de parasitose. Há um ovo diferente, o ovo possui um espículo. O hospedeiro intermediário é um molusco aquático do gênero biomphalaria. 
O ovo se transforma em miracídio, esporocisto primário, secundário, tudo dentro do caramujo. Nesse caso, esporocisto secundário não vira rédia, vira cercária, que tem cauda bífida, com glândulas de adesão e penetração, pois a cercária é a forma infectante do HD, por penetração ativa. A partir do momento que entra no HD, se transforma em esquistossômulo, que cai na corrente sanguínea, chegando às veias mesentéricas, se transformando em macho e fêmea adultos. 
Patogênese: ação mecânica, reação do organismo, processos de hipersensibilidade. Dermatite cercariana: prurido, eritema. Pode haver febre, aumento do volume do baço, sintomas pulmonares e hepatite. Os vermes adultos são hematófagos, podendo levar a um processo anêmico. 
Tem importância em bovinos, mas ainda não está confirmado. Tem maior importância na medicina humana.

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