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Aula 8 22 10

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Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 5º período
Aula 8 – 22/10/14
Coccidiose dos ruminantes
Em bovinos: curso de sangue, curso preto e curso negro. Isso é devido à diarreia sanguinolenta (melena). 
Eimeriose
Atuação do parasito especificamente a nível intestinal. Há uma coccidiose. Leva um quadro de enterite parasitária. Não é sempre que vai ter diarreia de sangue. Há lesões intestinais, o parasito se multiplica na mucosa intestinal, há um desprendimento de fragmentos, o animal perde muco intestinal. Tenesmo (com o quadro de diarreia, há um aumento de peristaltismo, mas o animal já defecou todo o bolo fecal, o que tinha já saiu, ele tem movimentos para defecar mas não defeca pois não tem mais bolo fecal), anorexia, perda de peso, debilidade, desidratação e morte. 
Importância econômica
Mortalidade: é facilmente detectável, a perda do animal. Contudo é uma doença com pouca mortalidade. Há uma alta morbidade. Pela baixa mortalidade, a doença não recebe tanta atenção. Síndrome de má absorção: o animal não vai absorver bem, ele está com diarreia, boa parte da alimentação está indo embora. Baixa produtividade, baixo ganho de peso.
Etiologia
Causada por diferentes espécies do gênero Eimeria. Há diferentes graus de patogenicidade. Geralmente na prática as infecções são mistas, os danos são mistos. São espécie-específicas, não há preocupação de infecção entre espécies. 
Há uma imunidade espécie-específica. Se o individuo foi infectado com uma espécie, não quer dizer que ele vai ser imune para todo o gênero Eimeria. Há uma imunidade inata (3-9 meses) e uma imunidade adaptativa, que vai ser espécie-específica. Essa imunidade não é pra sempre, vai durar uns 6 meses. Para o animal ter uma imunidade contínua, ele tem que ter novas exposições ao agente, como se fossem vacinas. 
Há várias espécies de Eimeria parasitando os ruminantes. Em bovinos e bubalinos: E. zuernii e E. bovis, dentre outras. Essas duas geralmente levam a problemas de diarreia com sangue. Normalmente os casos típicos de eimeriose ocorrem após os 30 dias de vida do bezerro, já que é por ingestão, e antes disso o bezerro vai somente mamar (não descartar a infecção antes desse período). 
Quando a hemorragia é no intestino grosso = sangue vivo. No estomago e no intestino = geralmente fezes escurecidas (melena). Mas tudo depende da velocidade do peristaltismo. 
Ciclo
No bovino ocorre a fase intestinal. Há esporulação no meio. Quando ocorre a ingestão pelo bovino, vai ter o desescitamento, vai ter a primeira fase assexuada, onde pode ter mais de uma geração esquizogônica. Esquizontes de primeira geração, de segunda, fase assexuada, produção de novo oocisto. 
Epidemiologia
A distribuição geográfica é ampla, cosmopolita. Fatores relacionados ao parasita, hospedeiro e ambiente influenciam na epidemiologia. 
Fatores ligados ao parasita: dose infectante e espécies envolvidas. 
Quanto ao hospedeiro: idade, imunidade (suscetibilidade), estado nutricional. 
Quanto ao ambiente: condições ambientais para esporulação e concentração de oocistos. O melhor ambiente para evitar é ambiente limpo e seco. A sobrevivência dos oocistos no meio é bastante prolongada. 
Geralmente os adultos têm coccidíase, que é a fase sub-clinica, mas o adulto serve como fonte de infecção. 
Manejo: sistema de produção (gado de corte é menos acometido), concentração de animais nas aguadas, comedouros e bebedouros, confinamento (densidade animal), qualidade das instalações. 
Patogenia
Vai depender das espécies envolvidas. Severidade da infecção, estado nutricional e imune do hospedeiro. 
Um animal com coccidíase, muitas vezes não preciso tratar, o animal não tem quadro clínico de coccidiose. Por outro lado, se o animal tem sintomatologia clínica, se ao invés da coccidíase ele está com coccidiose, eu vou tratar. 
Um dos fatores limitantes da produção é a parasitose. Entre bovino e ovinos ou caprinos, há uma diferença bem grande entre o OOPG (oocistos por g de fezes). Eu vou observar que os dois estão clinicamente sadios (coccidíase), mas nos ovinos e caprinos o número é muito maior que em bovinos.
Ocorre o desencistamento no intestino, vai ter fase assexuada e sexuada. Começa a ter lesão nas células das vilosidades intestinais. Há células diferenciadas responsáveis pela absorção e indiferenciadas responsáveis pela secreção. Vai ter perda de células de superfície, que são responsáveis pela absorção. Compromete também células da base das criptas. Tende a ter uma hiperplasia das células para tentar repor. As indiferenciadas começam a se multiplicar, e ter hiperplasia. Quando isso ocorre, começa a aparecer células imaturas nas superfícies da vilosidade: aumento da permeabilidade da parede, diminuição da função dessas células. Há uma redução da capacidade de repor o epitélio. O organismo reage: há uma atrofia das vilosidades intestinais, um encurtamento. Pode ter uma atrofia e fusão dessas vilosidades, há redução da área de absorção. Isso tudo leva ao processo da síndrome de má absorção. O alimento mal absorvido começa a fermentar, aumenta a osmolaridade, vai estimular a saída de líquido para a luz intestinal. A lesão da parede intestinal aumenta o peristaltismo = diarreia. Há rupturas de vasos sanguíneos pela ulceração, havendo perda de sangue = curso de sangue = curso negro = melena. Essas áreas ulceradas favorecem a penetração de agente oportunistas (enterite necrótica). Isso tudo junto pode levar o animal a óbito. Há um desequilíbrio eletrolítico e desidratação. 
Mesmo em animais recuperados há lesões permanentes que interferem na atividade digestiva, levando a baixo ganho de peso. 
Quando entro com a droga (sulfas), vai interromper ou estagnar o ciclo do parasito, isso impede a destruição de novas células. Contudo a droga não vai diretamente atuar na regeneração intestinal. Mesmo que o animal não tenha mais coccidiose, ele vai ter um período de convalescença, vai ter um período para o organismo se restabelecer. Pode ter uma síndrome de má absorção crônica, isso acontece porque o organismo diminui o comprimento das vilosidades, e há fusão entra elas, levando a uma má absorção crônica.
Na E. bovis, a fase de maior patogenicidade é a gametogônica. Já na E. zurnii a fase de maior patogenicidade é a merogônica. 
No caso da E. zurnii, PODE ter os sinais clínicos SEM achar oocistos nas fezes, pois a fase de maior patogenicidade é a MEROGÔNICA, que é a fase assexuada. Isso em uma primoinfecção. (PROVA).
Sinais clínicos
Inapetência, fezes diarréica à diarreia de sangue com fragmentos de epitélio, desidratação, tenesmo, dor abdominal, perda de peso, sintomas nervosos e morte. É raro coccidiose com sinal clínico nervoso. Alguns autores relatam tremores, dentre outros sinais. Eles atribuem isso a algumas toxinas liberadas. 
Diagnóstico
Dados clínicos, epidemiológicos e coproparasitológico. No método qualitativo de fezes, geralmente é o método de Willis (solução saturada). 
Tratamento
 O que mais se utiliza são as sulfonamidas como sulfametazina (VO ou IM). Conscientizar o produtor a prevenir, sempre prevenir é melhor que o tratamento. 
Sulfadiazina (tribrissem injetável). 
Sulfanilacetamida sódica (cursonegril)
Sulfaquinoxalina
Amprólio (amprolsol): muito utilizado na avicultura. 
Baycox ruminantes: à base de toltrazuril. É o mais moderno no tratamento de coccídeos. 
Em bezerros novos, quando fazer soro caseiro, evitar o uso de açúcar para não dar mais diarreia. Adstringente: diminuir o poder secretório, diminui a intensidade da diarreia. Não é cortar a diarreia, é diminuir. Chás caseiros como broto de goiaba e de amora funcionam como adstringente.
Controle
Medidas de manejo, e sanitárias.
Limpeza de instalações: desinfecção com amônia, calor (vassoura de fogo), insolação. 
Cochos e bebedouros limpos (tomar cuidado especialmente no caso de caprinos). 
Piquetes bem drenados, separação por faixas etárias (pelo menos em duas faixas etárias: até 60 dias, e os demais mais velhos). 
Destino adequado das excretas. 
Tratamento preventivo com drogascomo amprólio (usar na ração ou no sal mineral) e sulfaquinoxalina. 
Antibiótico ionóforos (salinomicina, iasalocida, monensina). Decoquinato (deccox) = atua praticamente em todas as fases do ciclo, tanto merogônica quanto gametogônica; atua numa faixa muito maior que o amprólio. 
Rumensin: a base de monensina. 
Baycox também é usado de forma profilática. 
Se um bezerro apresenta coccidiose, eu trato preventivamente todo o lote.

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