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RESUMO - DOS DELITOS E DAS PENAS DE CESARE BECCARIA

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DOS DELITOS E DAS PENAS – CESARE BECCARIA
Larissa Vitti
Beccaria fala dos delitos e das penas aplicando filosofia francesa à lei penal. Influenciado por Montesquieu, pontua várias condutas e processos sancionais adotados pelo magistrado da época.
As vantagens da sociedade devem ser igualmente repartidas entre seus membros. Porém entre os homens há uma tendência de acumular na minoria privilégios, poder e felicidade para impedir: BOAS LEIS.
Homens, cansados de sofrer, se determinaram a remediar os males que os afligem HISTORICAMENTE: Leis deveriam ser convenções feitas entre os homens, mas foram (na maioria das vezes) instrumento das paixões da minoria e não obra de um prudente observador da natureza humana.
Acharemos no coração humano os princípios fundamentais do direito de punir. “Ninguém faz gratuitamente o sacrifício de uma porção de sua liberdade visando unicamente o bem público.”
As leis foram as condições que reuniam os homens. Cada um cedeu parte de sua liberdade para que pudessem gozar do resto dela com segurança e essas liberdades em conjunto ficaram sob responsabilidade de um soberano.
Penas contra infratores das leis Meios para comprimir o espírito despótico dos homens de querer usurpar a liberdade alheia.
Só a necessidade constrange os homens a ceder parte de sua liberdade. Individualmente, cedem uma pequena parte dela.
As penas que ultrapassam a necessidade de conservar o depósito da salvação pública são injustas por sua natureza.
Só as leis podem fixar as penas de cada delito. E o direito de fazer leis é EXCLUSIVO do legislador. (Juízes de crimes não podem ter o direito de interpretar as leis penais, pois não são legisladores.)
O juiz que for mais severo que a lei é injusto.
O legítimo intérprete das leis é o soberano. Logo:
LEGISLADORES DIREITO DE FAZER LEIS
SOBERANO LEGÍTIMO INTÉRPRETE DAS LEIS
JUÍZES EXCLUSIVAMENTE EXAMINAR SE HOUVE DELITO OU NÃO
Deve haver um silogismo perfeito onde a premissa maior é a lei geral, a premissa menor é a ação e a conseqüência é a liberdade ou a sanção penal.
Com leis penais executadas ao pé da letra cada cidadão pode calcular os inconvenientes de uma ação reprovável pode desviá-lo do crime.
As leis devem ser claras e disponíveis à sociedade. Quanto mais homens tiverem conhecimento delas , haverão menos delitos. (+ saber de leis = - delitos)
A lei é que deve estabelecer O PORQUÊ da prisão (ex: clamor público, confissão, fuga, etc) e não o juiz (princípio comentado anteriormente de que só as leis podem fixar a pena de cada delito).
Com penas mais brandas, prisões banais e a compaixão dos homens, as leis deverão se contentar com os indícios mais fracos para a prisão. (Ou seja, aqui Beccaria argumenta que com a banalização das penas, a prisão também ficará banalizada e as leis exigirão indícios igualmente banais para tal sanção).
PROBABILIDADE DO DELITO dois tipos de provas: 
Provas dependentes de uma outra prova: o delito é mais improvável pois se aquela única prova que gera todas as outras for provada falsa, a probabilidade do acusado ser inocente é maior.
Provas independentes: quanto mais provas independentes entre si, maiores as chances do delito ser provado. 
TIPOS DE PROVAS dois:
Perfeitas: demonstram que é IMPOSSÍVEL que o acusado seja inocente.
Imperfeitas: excluem a possibilidade de inocência do acusado.
Para Becarria, é importante também determinar o grau de confiança que se dá as testemunhas. (O autor cita exemplos lógicos de testemunhas que não gostam do acusado e de testemunhas que gostam muito do acusado). Uma só testemunha não basta, pois se o acusado negar o que a testemunha diz, não há nada de concreto e a justiça deve então respeitar o direito que cada um tem de ser julgado inocente.
Não se deve admitir com precipitação a acusação de uma crueldade sem motivos homem só é cruel por interesse, ódio ou temor. 
Ações violentas deixam vestígios na maioria das circunstâncias. Já as palavras apenas subsidem na memória.
Contradição das leis exigir que o acusado diga a verdade quando ele tem interesse em calá-la. Juramentos viraram simples formalidades se conseqüências. 
Tortura Só o direito da força pode autorizar o juiz a infligir uma pena a um cidadão quando ainda se duvida de sua culpa/inocência. 
Juiz que ordena tortura de expõe constantemente a atormentar inocentes. (Inocente clamará que é culpado para que cessem as torturas que não pode suportar).
TORTURAS e JURAMENTO, para Beccaria, têm origem na religião: Ligada à dor (necessária para se salvar - pregada na idade média), estava a tortura. E ligado ao sacramento da confissão, estava o juramento nos tribunais.
DELITOS 
certo: deve ser punido com pena fixada em lei tortura é inútil 
Incerto: É inocente perante a lei aquele cujo delito não se provou.
Crimes atrozes: desde homicídio até os mais horríveis assassinatos.
Delitos menos hediondos que homicídio
Após a constatação do delito e de suas provas certas deve-se dar um tempo curto para que o acusado se justifique e cabe à lei, não ao juiz, fixar esse espaço de tempo para investigar as provas do delito.
Crimes atrozes provados Não deve haver prescrição em favor do criminoso. 
Em grandes crimes, deve-se diminuir a duração da instrução e do processo, pois a inocência do acusado é mais provável que o crime (prolongar o tempo da prescrição). Já em pequenos delitos, deve-se prolongar o tempo dos processos, pois a inocência do acusado é menos provável (diminuir o tempo da prescrição).
A intenção de cometer delito ou o começo de um delito também devem ser castigados. O castigo é necessário, pois se deve prevenir mesmo as primeiras tentativas de um crime.
Para Beccaria, o justo é: penas maiores para crimes já cometidos e pena menor para crimes começados. Essa mesma gradação de penas vale para os cúmplices exceto quando o executor recebeu dos cúmplices uma recompensa particular.
Toda severidade que ultrapasse os limites se torna tirânica. A crueldade das penas produz 2 efeitos contrários à sua finalidade (prevenir o crime):
É muito difícil estabelecer proporção justa entre delitos e penas.
Suplícios mais horríveis podem acarretar em impunidade. (Como no caso das torturas onde a pena é severa e pode, eventualmente, condenar um inocente por não agüentar as dores).
O rigor das penas deve ser relativo ao estado atual da nação.
Pena de morte – Nessa parte da obra, Cesare alguns questionamentos filosóficos e argumenta que o direito de matar homens certamente não tem a mesma origem que as leis que protegem a vida. Pontua ainda, sobre o suicídio: “ Ou o homem tem direito de se matar ou não pode ceder esse direito à outrem nem à sociedade inteira”.
Pena de morte não se apóia em nenhum direito.
Experiência de todos os séculos mostra que a pena de morte nunca deteve criminosos de fazerem o mal. 
O rigor do castigo causa menos efeito que a duração da pena. Aqui, Beccaria sugere a escravidão perpétua alegando que tem muito mais efeito uma pena longa e constante do que uma curta e severa como a pena de morte. Para ele, sabendo da severidade da pena, o acusado reuniria forças para suportar os castigos e, no caso da pena de morte, para alguns é um alívio morrer. Entretanto, ser escravo pelo resto da vida, privado de sua liberdade e exposto a constantes castigos, faria com que as pessoas pensassem mais antes de cometer delitos.
Aquele que perturba a tranqüilidade pública, que não obedece as leis, viola as condições sob as quais os homens se sustentam e se defendem mutuamente, deve ser excluído da sociedade banido.
Lei para banimento (menos arbitrária e mais precisa possível) condenasse ao banimento aqueles que pusessem a nação na alternativa de cometer injustiça ou de temer um acusado deixasse também ao banido o direito de provar sua inocência e recuperar seus direitos.
Confisco Perda dos bens é uma pena maior que a do banimento. Deve ser usado apenas em casos específicos.
Infâmia Sinal de desaprovação pública, priva o culpado da consideração/confiança que a sociedade tinha nele.Penas infamantes Devem ser raras, pois o emprego freqüente do poder da opinião enfraquece a força da própria opinião.
Quanto mais rápida for a aplicação da pena e mais perto seguir o delito, tanto mais justa e útil ela será.
Não é o rigor do suplício que previne crimes mas sim a CERTEZA DO CASTIGO.
Não se deve haver nenhum lugar fora do alcance das leis. Os asilos representam abrigo contra ações das leis convidam mais ao crime que o evitam, pois o homem fica submetido a 2 soberanos, 2 legislações, etc. Além disso, o crime deve ser punido no país que foi cometido.
Por a cabeça de um criminoso à prêmio governo revela fraqueza. Quando a sociedade tem força para se defender, não compra socorro de outrem.
Deve haver proporção entre os delitos e as penas.
A grandeza do crime não depende da intenção de quem comete. Se se punisse a intenção, seria preciso ter não só um código particular de cada um, mas também uma nova lei penal para cada crime. (EX: com a melhor das intenções, um cidadão pode fazer grande mal à sociedade)
Atentados contra a segurança dos particulares (vida, honra, bens, etc) Devem ser punidos com penas mais graves.
Penas das pessoas de alta linhagem devem ser AS MESMAS que as dos outros concidadãos.
Injúrias devem ser punidas pela infâmia. 
Honra Deu nascimento à combates particulares (DUELOS). Para impedir tal prática, deve-se punir o agressor. (Nessa parte da obra, Beccaria diz que os duelos eram práticas quase que exclusivas das pessoas de linhagem superior, pois os cidadãos comuns não tinham muito que perder e normalmente não propunham duelos entre si. O autor ressalta também que apenas o agressor (quem intimou o outro para duelo) deve ser punido, pois naquela época, aquele que recusasse um duelo era motivo de vergonha para a sociedade. Ele tinha que aceitar e defender sua ”honra” e não devia ser punido por isso)
Roubo:
COM VIOLÊNCIA escravidão + penas corporais
SEM VIOLÊNCIA pena pecuniária. (Exceto se cometido por pobres para comer e necessidades básicas. Nesse caso, a pena seria escravidão temporária)
Contrabando delito gerado pelas próprias leis (tributos altos). Pena: confisco das mercadorias/prisão/escravidão (dependendo do caso).
Falido de boa-fé Não merece prisão. É injusto e inútil para o credor.
Emigrante Proibição de sair do país só faz aumentar a vontade de abandoná-lo.
Suicídio Crime que somente Deus pode punir, após a morte.
Houve um tempo que todas as penas eram pecuniárias. Nesse sistema, quem se confessasse culpado, se reconhecia devedor do fisco. O juiz tinha tarefa de obter essa confissão da maneira mais favorável aos interesses do fisco.
Prevenção de crimes (algumas idéias ressaltadas por Cesare): 
Leis simples e claras;
Leis que não favoreçam nenhuma classe particular e que protejam igualmente todos os membros da sociedade;
Aperfeiçoar a educação;
Recompensar as virtudes.

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