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AULAS 13 e 14 PRISÃO

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PRISÃO
Aulas 13 e 14
PRISÃO PENA 
Para Tourinho Filho: 
“A prisão-pena é o sofrimento imposto pelo Estado ao infrator, em execução de uma sentença penal, como retribuição ao mal praticado, a fim de reintegrar a ordem jurídica injuriada”.
Ou seja, prisão pena é aquela resultante de decisão condenatória transitada em julgado, conforme previsão do Código Penal.
	
No mesmo sentido assevera Fernando Capez, ressaltando, ainda, tratar-se a prisão pena de uma privação da liberdade, com o objetivo precípuo de execução da decisão judicial, após o devido processo legal, na qual se determinou o cumprimento da pena privativa de liberdade.
Importante salientar que se trata de medida penal destinada a garantir a execução da pena imposta ao acusado, não possuindo finalidade acautelatória, nem natureza processual – uma vez que já ocorreu o trânsito em julgado da sentença condenatória. A prisão é a pena.
Dessa forma, constata-se que “somente as penas privativa de liberdade e a restritiva de direitos (injustificadamente não cumpridas), ensejam a privação da liberdade do sentenciado.”
PRISÃO CIVIL
Prisão que ocorre como medida coercitiva, econômica, social com o fim de fazer cumprir as obrigações do devedor de alimentos. 
É prevista pelo art. 5º da Constituição Federal em seu inciso LXVII. 
A prisão civil se difere da prisão penal uma vez que esta não ocorre após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória e sim como citado vem como medida coercitiva.
PRISÃO CIVIL DO DEVEDOR DE ALIMENTOS
	
Segundo o art. 5, inciso LXVII da Constituição Federal de 1988 temos que: “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”. 
	
Além disso, temos o art. 7 (nº 7) da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica que o Brasil internalizou em 1992 - que : “ninguém deve ser detido por dívidas.  
Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar”
Assim, temos dois instrumentos que implementam e afirmam que a prisão civil do devedor de alimentos é constitucional no Brasil.
	
Deve-se considerar porém, que antes da prisão outras medidas são tomadas para tentar solucionar a dívida sendo a prisão executada quando não restar mais alternativa. 
Por último deve-se considerar o caráter das parcelas da dívida alimentícia. 
	
A Súmula n.309, do STJ enuncia: 
	“Débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso do processo”.
Assim, caso existam mais parcelas a serem pagas, as anteriores a três meses deixam de ter o caráter alimentar e passam a ter apenas indenizatório, não podendo ser decretado prisão relacionado a esses débitos.                            
Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) por maioria, arquivou, o Recurso Extraordinário (RE) 349703 e, por unanimidade, negou provimento ao RE 466343, que discutiam a prisão civil de alienante fiduciário infiel. 
O Plenário estendeu a proibição de prisão civil por dívida, prevista no artigo 5º, inciso LXVII, da Constituição Federal (CF), à hipótese de infidelidade no depósito de bens e, por analogia, também à alienação fiduciária, tratada nos dois recursos.
Assim, a jurisprudência da Corte evoluiu no sentido de que a prisão civil por dívida é aplicável apenas ao responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia.
PRISÃO CAUTELAR
PRISÃO PROVISÓRIA x PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA
	A Constituição estatui no art. 5º, LVII: 
“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 
É o que se denomina 'princípio da presunção da inocência- até o trânsito em julgado da sentença condenatória, o réu tem o direito público subjetivo de não ser submetido ao estado de condenado. 
	
A presunção da inocência é um dos princípios basilares do Estado de Direito como garantia processual penal, visando à tutela da liberdade pessoal. 
Daí, há a necessidade de o Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo, que é constitucionalmente presumido inocente, sob pena de voltarmos ao total arbítrio estatal.
A consagração do princípio da inocência, porém, não afasta a constitucionalidade das espécies de prisões provisórias, que continua sendo, pacificamente, reconhecida pela jurisprudência, por considerar a legitimidade jurídico-constitucional da prisão cautelar.
A inserção do princípio da presunção de inocência no texto constitucional não impede a decretação de prisão provisória, uma vez que, não obstante a presunção juris tantum de não-culpabilidade dos réus, pode validamente incidir sobre seu status libertatis.
Entretanto o lançamento do nome do acusado no rol dos culpados viola o princípio da presunção de inocência estabelecido no artigo 5°, inciso LVII, da Constituição Federal.
Aplicação Do Princípio Da Não Culpabilidade (Presunção De Inocência)
Caberá exclusivamente a Administração Pública provar as acusações imputadas ao administrado, demonstrando, de forma inequívoca, que o mesmo transgrediu as normas disciplinares. Assim como no processo penal, o acusado não tem o encargo de provar a sua inocência, e a dúvida opera em seu favor.
A presunção de inocência é um dos princípios relativos à prova, que incide no sistema de processo penal, salvo as exceções determinadas na lei (prisão provisória, busca e apreensão, violação do sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas etc.)
Características Das Prisões Cautelares
	
1. Jurisdicionalidade– a adoção das prisões provisórias está sujeita sempre a análise judicial; 
	
2. Acessoriedade – toda prisão provisória é acessória de um processo principal. Quando o processo principal alcança o resultado, a prisão provisória deve deixar de existir; 
	3.Instrumentalidade hipotética – são instrumentos de efetividade de um processo principal, que considera a hipótese de direito material existir. Assegura o direito de punir do estado, que por hipótese existe.
	4. Provisoriedade – só se mantém, só existe, se presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora. 
	5. Homogeneidade– devem ser proporcionais a um eventual resultado favorável ao autor do processo. 
	Toda prisão provisória deve ser proporcional ao resultado favorável ao autor do processo, se não for favorável não se pode lançar mão deste no curso do processo. (isto quer dizer que, se as características não forem levar à prisão, não se pode decretar a prisão provisória); 
	6. Preventividade – visa prevenir eventual dano que possa ser imposto ao processo principal. 
PRISÃO EM ESPÉCIE
Espécies De Prisão Cautelar (Ou Provisória) Prevista No Nosso Ordenamento Jurídico:
	- Prisão Preventiva; 
	- Prisão Temporária; 
	- Prisão em Flagrante. 
PRISÃO EM FLAGRANTE
FLAGRANTE vem do termo latim FLAGRARE é o que está ardendo, queimando, é o que está acontecendo. 
Nosso ordenamento consagra a liberdade como regra, mas permite que a liberdade seja suprimida visando à paz social e a ordem. 
É necessário suprimir a liberdade para fazer cessar a prática da infração penal, colher prova da materialidade da infração penal, para assim o estado aplicar o iuris puniendi. 
Sujeitos Do Flagrante
- Sujeito ativo – de acordo com o art. 301, CPP qualquer pessoa pode e as autoridades devem prender quem se encontra em flagrante delito, surgindo aqui as expressões flagrante facultativo e flagrante obrigatório (a obrigatoriedade foi mitigada nos casos do art. 2º, II, L. 9034 e art. 53, L /2006). 
- Sujeito passivo – é qualquer pessoa que se enquadre em uma das hipóteses do art. 302, CPP com as seguintes exceções: 
			Presidente da República não pode ser objeto de nenhuma prisão cautelar (art. 86, §3°, CF);
			Membros do MP (art. 40, III, LONMP) e da Magistratura(art. 33, II, LOMA) só podem ser presos em flagrante pela prática de crimes inafiançáveis. 
			 Membros do Congresso Nacional só podem ser presos em flagrantes pela pratica de crime inafiançável, hipótese em que os autos deverão ser remetidos à respectiva Casa legislativa em 24 horas para que resolvam sobre a prisão (art. 53, §2°, CF)
ESPÉCIES DE FLAGRANTE– Art. 301, CPP
	1ª Espécie Facultativa – por qualquer pessoa do povo 
	2ª Espécie Obrigatória – pela autoridade policial e seus agentes. 
	
Flagrante Próprio– é aquele onde o agente é surpreendido cometendo o crime, ou assim que acabou de cometê-lo (art. 302, I e II, CPP); 
Flagrante Impróprio– está previsto no art. 302, III e a sua caracterização exige a presença de três elementos ou requisitos:
		- Elemento volitivo – deve haver vontade de prender o agente em flagrante delito; 
 		- Elemento temporal – o início da perseguição deve ocorrer logo após a prática do crime; 
		- Elemento fático – o agente deve estar em situação que aponte para ele como sendo o suposto autor do crime. 
	Obs.: A expressão “logo após” deve ser analisada casuisticamente. 
	
Flagrante Presumido– art. 302, IV, CPC – neste caso não há perseguição, o agente é encontrado logo depois com instrumentos, objetos ou papéis que apontem para ele como sendo o suposto autor do crime. 
A expressão “logo depois” sinaliza um prazo ainda maior quando comparado ao logo após. 
	 
Flagrante Preparado– ocorre quando há a instigação para a prática do crime e ao mesmo tempo são adotadas medidas para evitar a consumação. 
“Súmula 145, STF – Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.” 
	
Flagrante Esperado– nesta hipótese não há instigação, as autoridades têm conhecimento prévio da prática do crime e adotam medidas para evitar a consumação. 
Flagrante Diferido/Retardado– Ação Controlada – surgiu inicialmente no art. 2º, II, Lei 9034/95 e posteriormente foi repetido na Lei de Drogas.
	Ação controlada – instituto que se utiliza nas hipóteses de crime cometido por organização criminosa, é o retardamento da prisão em flagrante para que seja efetivada em momento mais propício a colheita da prova. 
Na Lei 9034/95 cabe a autoridade policial discricionariamente retardar o flagrante. 
Já na Lei de Drogas que é posterior a medida exige prévia autorização judicial. 
Como a medida é a mesma nas duas leis a jurisprudência vem entendendo que nos dois casos há a necessidade de ordem judicial, o que dará maior credibilidade à medida e evitará que ela seja utilizada como pretexto para a prática criminosa. 
	
Flagrante Forjado– é a atividade criminosa da polícia que “planta” provas para incriminar alguém. 
		
Um policial, fingindo ser usuário de drogas, vai até o local de venda e prende o agente em flagrante no momento da venda. Essa prisão é válida? 
	Em relação à venda não pois houve instigação. 
Porém, antes de vender, ele trazia a droga consigo.
Logo, nesta modalidade, o flagrante é válido. 
	
Prisão Em Flagrante Nos Casos De Crime Que Ensejam Propositura De Ação Penal De Iniciativa Privada E De Ação Penal Pública Condicionada À Representação
Nesses casos de Ação Penal Privada e Ação Penal Pública Condicionada a Representação há possibilidade de efetivação da prisão em flagrante. 
1ª Corrente: é possível efetivar a prisão em flagrante nestes casos, no prazo de 24 horas (prazo para entrega da nota de culpa) a vítima precisa ratificar a prisão em flagrante, caso contrário deve ser relaxada. 
	
2ª Corrente: é a manifestação de vontade da vítima que deflagra a prisão, se a prisão é realizada antes da manifestação de vontade da vítima, antes da persecução penal ser deflagrada deve ser relaxada. 
Prisão Em Flagrante Nos Casos De Infração Penal Permanente E Infrações Penais Habituais – Art. 303, CPP
Infração Penal Permanente– é aquela cuja consumação se prolonga no tempo, é possível efetivar a prisão em flagrante. 
Infração Penal Habitual– é aquela que se configura por força da reiteração de determinada conduta, conduta esta que se praticada isoladamente seria um indiferente penal. Ex.: Exercício irregular da medicina. 
É possível prisão em flagrante em crime habitual?
1ª orientação– Mirabete/Rangel/Tourinho – não é possível prisão em flagrante pois quando o agente é surpreendido ele está cometendo um único crime, o que é um indiferente penal. 
2ª orientação– jurisprudência – se no momento da prisão for possível extrair elementos que apontem para a reiteração do comportamento criminoso o flagrante é válido. 
É possível prisão em flagrante em infração da Competência do JECRIM?
Art. Lei 9.099/95 - Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
	
Fases Da Prisão Em Flagrante
	- Primeira etapa: prisão captura (art. 302, CPP) 
	- Segunda etapa: fase documental, a qual ocorre quando o agente chega à delegacia e o delegado lavrará o APF. 
	- Terceira etapa: análise judicial sobre a manutenção ou não da prisão 
	- Quarta etapa: encarceramento
Elaboração do APF 
	O APF é uma peça extremamente formal, isso porque a prisão em flagrante é a única onde primeiro o indivíduo é preso para depois o juiz tomar conhecimento da prisão. Por esse motivo qualquer irregularidade no APF ensejará relaxamento de prisão. 
Oitiva do condutor - condutor é quem conduz, não precisa ser necessariamente a mesma pessoa que efetuou a prisão. 
Oitiva da Vítima, quando possível
Oitiva das testemunhas 
Interrogatório do preso
A cometeu um crime em Niterói, foi perseguido e capturado em Caxias. Que autoridade deverá lavrar o APF? Que juízo tomará ciência do APF? 
De acordo com o art. 290, CPP caberá a autoridade policial do local da captura.
O delegado deverá encaminhar cópia do APF para o juízo competente, conforme regra do art. 70, CPP. 
E se na situação concreta existir apenas uma testemunha? O delegado deverá adotar alguma providência, isto porque o CPP falou em testemunhas, no plural? 
Hoje a jurisprudência entende que não há necessidade de adotar qualquer providência pois a oitiva do condutor funcionará como uma segunda testemunha. 
E se na situação concreta não existirem testemunhas? O delegado deverá adotar alguma providência? 
De acordo com o art. 304, §2°, CPP surgiram aqui as testemunhas de apresentação sob pena de relaxamento da prisão. 
Que providência o delegado deverá adotar se o preso se recusar a assinar o APF?
O delegado deverá aplicar o art. 304, §3°, CPP surgindo aqui as testemunhas de leitura, ou seja, pessoas que eventualmente irão testemunhar sobre a leitura do APF para o preso. A inobservância desse parágrafo enseja ao relaxamento da prisão. 
Após lavrar o APF o delegado deverá, em 24 horas, dar ao preso nota de culpa (resumo da prisão) cuja inobservância acarreta relaxamento da prisão. 
O delegado deverá, ainda, encaminhar cópias do APF para a Defensoria ou advogado, para o MP e para o juiz. 
Quando o juiz recebe o APF abre-se um leque de possibilidades:
	
	1) relaxamento do flagrante; 
	2) conversão do flagrante em preventiva (art. 310, II, CPP);
 	3) liberdade provisória (art. 321, CPP) com cautelar ou sem cautelar; 
	5) fiança. 
Ao receber o APF o juiz analisará a legalidade das duas fases anteriores podendo, se for o caso, relaxar a prisão em flagrante.
Com a alteração promovida pela Lei 12403/11, a prisão em flagrante passou a ter natureza pré cautelar, durando apenas 24 horas, cujo objetivo é viabilizar a verdadeira prisão cautelar que é a preventiva. 
Pode o juiz, durante o inquérito, determinar a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva de ofício? 
	Não. Se isso fosse possível haveria aqui umagrande violação ao sistema acusatório, razão pela qual o art. 311, CPP nega essa prisão de ofício. 
Desta forma, devemos interpretar os art. 310, II, art. 311 e art. 306, CPP de forma conjunta, ou seja, quando o MP receber a sua cópia do APF ele deverá se manifestar pedindo o que for devido para então viabilizar a decisão judicial. 
O juiz pode determinar essa conversão quando a pena for inferior a 4 anos? 
	
Segundo Fernando Capez, a Lei 12403/11 acabou trazendo algumas modalidades de prisão preventiva que se submetem à requisitos distintos: 
	1ª hipótese: o agente respondeu todo o inquérito em liberdade, e a primeira medida cautelar solicitada foi a prisão. Neste caso a preventiva só poderá ser decretada quando a pena máxima do crime superar 4 anos, salvo se ele for reincidente. 
	
	2ª hipótese – o juiz já havia decretado outras medidas cautelares restritivas de direito que na hipótese não se mostrou suficientes. 
	Neste caso, devemos aplicar o art. 312, parágrafo único, e o juiz poderá decretar a preventiva independente da pena do crime.
Em situações excepcionais será possível a conversão do flagrante em preventiva quando a pena for inferior a 4 anos, isso em razão de um juízo embrionário de tipicidade e também por conta da dificuldade de verificarmos naquele momento se o agente é ou não reincidente. 
Para Aury, se o art. 313, I só permite preventiva quando a pena superar 4 anos e se considerarmos que o art. 312, parágrafo único, admite a conversão de uma cautelar restritiva em prisão quando na hipótese a medida não for suficiente isso significa dizer que só cabe cautelar restritiva para aqueles crimes cuja a pena supere 4 anos. 
Antes das alterações legais, a prisão em flagrante começava com a captura e sendo ela legal e necessária durava todo o inquérito. 
O MP oferecia denúncia e o agente continuava preso em flagrante. 
O marco final da prisão em flagrante era a sentença, pois sendo absolutória o agente era posto em liberdade, e sendo ela condenatória, para manter o agente preso deveria ser decretada a preventiva. 
Com as alterações a prisão em flagrante dura 24 horas podendo ser convertida em preventiva prosseguindo com o inquérito policial que tem prazo máximo de 10 dias. 
PRISÃO PREVENTIVA
É a principal modalidade de prisão cautelar, de cuja base nascem as demais. Para sua decretação são exigidos, os seguintes requisitos: 
Materialidade do crime (prova de sua existência); 
indícios suficientes de autoria (prova razoável da autoria); 
	c) e um dos próximos de forma alternativa: 
		c1) para garantir a ordem pública ou ordem econômica; 
		c2) por conveniência da instrução criminal; 
		c3) para assegurar a aplicação da lei penal. 
Crime doloso punido com pena privativa de liberdade máxima superior à quatro anos, salvo em caso de reincidência em crime doloso. 
Prisão que visa resguardar os meios e os fins. 
A prisão preventiva só é decretada por magistrado competente mediante ordem escrita e fundamentada. 
Não havendo Fumus Boni Iuris - não se pode decretar a prisão preventiva. 
Nos casos em que o réu pratica a infração penal e se apresenta espontaneamente à autoridade policial para esclarecer os fatos, não pode ser decretada a prisão em flagrante, entretanto o juiz competente pode, havendo presente os pressupostos, decretar a prisão preventiva. 
A representação para prisão feita pelo delegado, prevista no art. 311, é elaborada quando o delegado relata o inquérito e representa pela preventiva, hipótese que não se confunde com a conversão do flagrante em preventiva, onde não há necessidade de manifestação. 
Polastri critica essa legitimidade dada ao delegado no art. 311, uma vez que sendo a prisão uma medida cautelar somente as partes teriam legitimidade para peticionar sendo que delegado não é parte. 
No art. 313, III, CPP o legislador trouxe uma possibilidade de preventiva cujo objetivo é viabilizar outra medida protetiva de urgência, logo nessa hipótese a prisão tem natureza precautelar, devendo durar o tempo suficiente para a aplicação da medida protetiva. 
Segundo Paccelli, a preventiva com base no inciso III com base no art. 313 só poderá ser aplicada em relação à mulher vítima de violência doméstica pois, em relação as outras pessoas mencionadas no dispositivo, ainda não existe legislação específica determinando medidas cautelares. 
OBS: o legislador trouxe outra possibilidade de preventiva com o objetivo definido e prazo de duração pré estipulado. 
	De acordo com o parágrafo único do art. 313, CPP quando houver dúvidas sobre a identificação do agente caberá a prisão que durará tempo suficiente até a sua identificação. 
Momento Para Decretação Da Prisão Preventiva
	
Prévia e incidente, a prisão preventiva pode ser decretada pré-processual, no curso da investigação (antes de iniciado o processo) ou incidentemente, durante o processo penal. 
	
Uma parcela da doutrina diz que, no curso da investigação pré-processual, o estado juiz não poderia decretar a prisão de ofício, pois ele necessita do requerimento do MP ou da representação da autoridade policial. 
Ele não pode interferir, tomar as rédeas da investigação para resguardar sua imparcialidade. Somente pode fazer no curso do processo principal. 
Fundamentos Da Preventiva
Garantia da ordem pública: 	Alcance da expressão ao longo dos anos – garantia da integridade física do acusado; evitar a reiteração da atividade criminosa; garantir a credibilidade da justiça principalmente naqueles crimes que provoquem clamor público; garantir a paz e a tranquilidade social. 
OBS: existe forte corrente jurisprudencial negando a preventiva com base no clamor público, entendendo que ela não tem natureza cautelar, pois é como se a mídia estivesse manipulando a opinião pública e determinando quem deve ser preso. 
Garantia da ordem econômica: o art. 30 da L 7482/86 estabeleceu que além das hipóteses do art. 312, CPP também caberia preventiva se considerássemos a magnitude da lesão. 
	
A partir disso a doutrina começou a discutir se a magnitude da lesão era um fundamento ou um requisito da prisão. 
	
Se a considerássemos um requisito, isso significaria que além de indícios de autoria e prova de materialidade somente em crimes que causassem lesões significativas seria possível a prisão, havendo a necessidade também de apontarmos um dos fundamentos previstos no art. 312, CPP. 
Porém, pela própria redação do artigo, o que prevaleceu na época foi o entendimento de que a magnitude da lesão era um fundamento autônomo da prisão. 
Desta forma, por ser um fundamento com critérios puramente objetivos, sem qualquer análise de necessidade ou utilidade do processo, essa prisão não foi utilizada pois não era compatível com a Constituição. 
Podemos imaginar que naqueles crimes que causem instabilidade no mercado interno, evasão de divisas, etc., são delitos que comprometem a ordem econômica, porém não haveria necessidade de ser tratado como fundamento autônomo da preventiva pois nestes termos a ordem econômica estaria dentro da ordem pública, recebendo as mesmas críticas. 
Garantia da instrução criminal: a liberdade do acusado põe em risco a instrução probatória.
Garantir a aplicação da lei penal: existe grande probabilidade de fuga.
Art. 312, parágrafo único: Quando o juiz tiver decretado outras medidas cautelares restritivas, que na hipótese não foram suficientes, nada impede que o juiz decrete a preventiva com base no artigo 312, parágrafo único, CPP. 
Diferença Entre Requerimento E Representação
	Representação da Autoridade Policial - vendo seu pedido indeferido não pode interpor recurso. 
	Requerimento do MP - se tem o requerimento indeferido pode interpor recurso. 
Revogação Da Prisão Preventiva
	
Provisoriedade é característica de toda prisão processual. 
	
Somente será mantida a prisão preventiva caso continuem presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora. 
Enquanto os pressupostos ou situação fáticaque a ensejaram continuem existindo, a prisão preventiva continua, porém, quando desaparecem os pressupostos a prisão preventiva deve ser revogada. Art. 316, CPP. 
RELAXAMENTO DE PRISÃO – quando ela é ilegal; 
REVOGAÇÃO DE PRISÃO – quando ela não é mais necessária, embora seja legal. 
PRISÃO TEMPORÁRIA
É a única espécie de prisão provisória que não se encontra regulamentada no Código de Processo Penal, foi criada por MEDIDA PROVISÓRIA, posteriormente convertida na Lei 7960/89. 
Parte da doutrina diz que a prisão temporária é inconstitucional. 
PAULO RANGEL – é inconstitucional porque foi criada por medida provisória. Mesmo antes da emenda a CF já previa que a competência para legislar sobre direito processual penal era da união, mesmo antes da Emenda Constitucional 32, e deveria ser exercida pelo Congresso Nacional. 
PAULO RANGEL E TOURINHO FILHO – a prisão temporária é a espécie de prisão provisória que tem como objetivo viabilizar a investigação pré-processual. Lança mão de uma prisão temporária para investigar o fato. 
Prendo primeiro para investigar depois, inadmissível, não há os pressupostos “FBI E PM” (fumus boni iuris e periculum in mora), seria inconstitucional, viola o princípio da presunção de inocência. 
Perde a natureza jurídica de medida cautelar. 
TRIBUNAIS têm dito que a prisão temporária não viola o princípio constitucional. 
Pressupostos Da Prisão Temporária – Art. 1° Da Lei 7.960/89
Art. 1°, III – FUMUS BONI IURIS – indícios da autoria ou participação do indiciado nos crimes enumerados nas alíneas deste artigo são os únicos que podem decretar a prisão temporária. 
Art. 1° I e II – PERICULUM IN MORA – além dos indícios de autoria ou participação é necessária a conjugação do inciso I ou II com o inciso III; 
Imprescindível para as investigações e quando o indiciado não possuir residência fixa ou quando não fornece elementos necessários para sua identificação. 
Assim como ocorre com a prisão preventiva a prisão temporária só é decretada por juiz de direito (competente) mediante ordem escrita e fundamentada. 
Ocorre que diferentemente do que ocorre com a prisão preventiva a temporária é um instituto pré-processual necessariamente.
Se já há processo penal, não se pode decretar a prisão temporária.
O preso deve ficar separado dos demais presos.
Prazo Da Prisão Temporária
Quando decretada já explicita o prazo de sua duração, é limitada no tempo. 
O prazo máximo para decretar a prisão temporária é de 05 dias (se o crime não for hediondo ou equiparado)e 30 dias (se hediondo ou equiparado). 
Pode ser prorrogado uma vez, por igual período, se houver extrema necessidade. 
Só cabe temporária durante o inquérito? 
Como o art. 1º, I, Lei.7.960/89 menciona expressamente inquérito policial existem decisões limitando a aplicação da Lei à fase do inquérito. 
Porém, prevalece na jurisprudência que durante qualquer espécie de investigação, inclusive inquérito, cabe temporária. 
O rol de crimes que admitem a temporária é taxativo? 
A Lei 8072 ampliou o rol de delitos que admitem temporária? Cabe temporária no crime de tortura? 
1ª orientação – prevalece – o art. 2º, §4°, L. 8072 ampliou o rol de delitos que admitem temporária, ou seja, todos os hediondos previstos ou não na Lei 7960/89 admitem a prisão, caso contrário crime grave como a tortura não admitira prisão enquanto o roubo admitiria. 
	
2ª orientação – tratando-se de uma norma que restringe a liberdade individual a sua interpretação deve ser restritiva, ou seja, só cabe prisão temporária nos crimes hediondos que também estejam previstos na Lei 7960/89. 
	
Foi decretada a temporária de um indivíduo pelo prazo de 5 dias sendo a medida renovada por mais 5 dias. No 9° dia da prisão os autos do inquérito são remetidos ao promotor concluídos e relatados. 	
Quanto tempo o promotor terá para oferecer denúncia, representar pela prisão e o agente continuar preso? 
	De acordo com o art. 2, §7°, da L. 7960/89 findo o prazo da prisão o agente será posto imediatamente em liberdade, não sendo dado, na hipótese ao promotor o prazo de 5 dias para adotar tais providências. 
	Ou seja, o promotor tem prazo de 1 dia para denunciar e representar pela prisão preventiva. 
Qual é o recurso da decisão que indefere a temporária? 
1ª orientação – majoritária – o recurso é o RSE com base no art. 581, V, CPP, pois o rol de hipóteses deste recurso é taxativo na sua essência, porém ele pode ser ampliado em situações semelhantes. 
2ª orientação – Paulo Rangel – o rol do art. 581 é literalmente taxativo. Nas hipóteses aí não mencionadas caberá apelação residual do art. 593, II, CPP. 
	
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO – Art. 319 CPP
Prisão Domiciliar: de acordo com os arts. 317 e 318, CPP o juiz poderá substituir a prisão preventiva pela prisão domiciliar nas hipóteses taxativas do art. 318, CPP. 
Trata-se de medida muito semelhante aquela prevista no art. 117, LEP (L 7210), porém na LEP a prisão domiciliar é admitida para aqueles que cumprem a pena em regime aberto. 
A diferença entre os dois dispositivos gira em torno da idade do condenado pois na LEP ele faz jus ao benefício quando tiver mais de 70 anos e no CPP quando for maior de 80 anos. 
Como a medida é a mesma nas duas leis e como a sua finalidade é trazer benefícios ao condenado devemos considerar que que nos dois casos o agente será merecedor da medida quando tiver mais de 70 anos.

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