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DIP II - Matéria P1 I - ESTATUTO PESSOAL *LINDB = Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 1. Pessoas naturais (físicas) e o DIP Professor critica o art. 7 da Lei de Introdução a Normas do Direito brasileiro. Acredita que deveríamos lê-lo à luz do mais avançado catálogo de direitos humanos. O DIP, como ciência, tem como fundamento final a realização de direitos humanos. Ex.: se a lei aplicável não for a que melhor satisfaça os preceitos que sustentam os direitos humanos e o país que deve aplicá-la é signatário de tratados que visam realizá-los, deve- se afastar a lei aplicável e buscar outra mais adequada. O art. 7 estabelece um único elemento de conexão: o domicílio. Embora não escrito no referido artigo, convenções modernas das quais o Brasil é signatário fixam a residência habitual como elemento de conexão. Antes de 1942, a Nacionalidade era o elemento de conexão acerca do estado da pessoa para processos não julgados. Após, a questão passa a ser regulada pelo o art. 7 da LINDB, que considera o domicílio. Vale lembrar que qualquer país pode livremente optar pelo elemento de conexão que desejar. 1.1 Como se define a partir de quando uma pessoa é pessoa? Com o avanço da tecnologia, essa questão ficou mais problemática. Maternidade e paternidade são conceitos pertencentes ao direito de família, razão pela qual, no âmbito do direito internacional, a sua identificação passa pelo exame do art. 7. A melhor definição de pessoa humana deriva não de um único estatuto, mas sim de uma conjugação do que dizem todas as convenções sobre a matéria. O Brasil não faz diferenciação entre capacidade de direito e de fato. O art. 7 fala somente em capacidade. Segundo o professor, a expressão abrange tanto capacidade de direito quanto de fato. 1.2 Documentos importantes 1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece capacidade a todos os seres humanos pelo simples fato de serem seres humanos. Ver art. 4. 2. Declaração interamericana dos direitos e deveres do homem. Ver art. 17. 3. Convenção da idade mínima para consentimento para o matrimônio da ONU. 4. Pacto internacional de direitos civis e políticos de 1966. Ver art. 16: todo ser humano tem direito ao reconhecimento… ver também artigos 23 e 26. 5. Convenção americana sobre direitos humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Ver art. 1º. Pessoa é todo ser humano Art. 3º diz que toda pessoa tem direito ao reconhecimento da sua personalidade jurídica. 1.3 Qual âmbito de aplicação do (daquilo que se chama) estatuto pessoal? i. A existência; ii. A determinação do sexo (na Alemanha, há uma lei que autoriza que os pais não atribuam o sexo da criança ao nascimento); iii. idade iv. nome v. domicílio vi. estado civil vii. direitos de família viii. direitos de sucessão (Brasil separa direito de família do direito de sucessão). ix. regras de comoriência, ausência, falecimento. x. adoção (alguns Estados a colocam nessa condição). xi. presunção de morte xii. curatela, tutela Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. (lei da causa?) § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977) § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009). § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. 1.4 O que é melhor para estabelecimento do estatuto pessoal: nacionalidade ou domicílio? Comentários do professor: a. nacionalidade A nacionalidade é um elemento de conexão muito rígido, porque é difícil para uma pessoa conseguir uma nacionalidade, assim como é perdê-la depois de adquirida. Por outro lado, esse critério traz segurança jurídica, porquanto é provável que a pessoa tenha uma nacionalidade, isto é, dificilmente alguém não terá nacionalidade alguma. b. domicílio O critério domicílio apresenta uma flexibilidade maior. Se o elemento de conexão for o domicílio, sempre haverá uma lei aplicável, porque todos têm um domicílio, nem que seja, em última hipótese, aquele no qual a pessoa se encontrar. Traz, contudo, uma insegurança jurídica, pois a lei aplicável irá variar conforme se altere o domicílio da pessoa. 1.5 Critérios de comparação dos elementos de conexão nacionalidade e domicílio a.Estabilidade: nacionalidade: maior segurança jurídica. Há um registro no estado com essa informação. Trocar de nacionalidade é mais difícil do que trocar de domicílio. domicílio: vincula-se à autonomia da vontade, já que a pessoa pode “escolher” a lei aplicável ao mudar de domicílio. b. Coerência com a proteção diplomática: nacionalidade: apresenta maior coerência com o instituto de proteção diplomática. A lei da nacionalidade seria também uma proteção individual da pessoa. c. Interesse do Estado de acolhida dos estrangeiros: Quando um Estado quer acolher estrangeiros e integrá-los à sociedade, normalmente ele opta pelo critério do domicílio. É o caso do Brasil e demais países das América Latina. O elemento de conexão nacionalidade costuma criar “feudos”. Ex.: Caxias: feudo de italianos. Bairro da liberdade em SP: Feudo dos japoneses. Guarani das missões (RS): feudo de poloneses. d. Inflação do uso do direito estrangeiro: O elemento de conexão nacionalidade infla o uso do direito estrangeiro. Quando o elemento de conexão era a nacionalidade, o juiz conhecia melhor o direito estrangeiro. Hoje, são raros as aplicações de direito estrangeiro no campo do estatuto pessoal. A adoção pelo critério do domicílio prejudicou o conhecimento do direito estrangeiro. e. conhecimento da lei O requisito do domicílio favorece o juiz no que se refere ao conhecimento da lei, pois será uma com a qual ele está acostumado a lidar. f. Comunhão entre jurisdição e lei aplicável Esse é o mais importante! O domicílio contribui mais do que a nacionalidade para uma comunhão entre forum e lex. As regras de definição de competência tradicionalmente foram territorialistas. Não se fixa competência jurisdicional com fundamento no critério da nacionalidade. No DIP há preponderânciapara que o juiz da causa aplique a sua lei, pois é a que ele conhece melhor. O professor concluii que Estados que optam pelo domicílio para o estatuto pessoal estão mais próximos para realizar a comunhão entre jurisdição e lei aplicável. g. Integração do estrangeiro com o país onde ele mora Aqui o critério do domicílio contribui mais para a adpatação do estrangeiro, que irá ser forçado a conhecer a lei local para a prática, inclusive, de atos ordinários. O professor critica o art. 7º, porque estabelece como requisito para ser pessoa algo que independe da pessoa, pois o que define o que é pessoa é o local onde ela mora (domicílio). Cita que autores humanistas criticam esse tratamento também, razão pela qual há convenções internacionais modernas tratando do tema. 1.6 Elementos de conexão: nacionalidade vs. domicílio Digamos que um Estado queira maximizar o uso de direito estrangeiro. A Alemanha, por exemplo, é um país fechado ao direito estrangeiro. Um Estado que queira se valer mais do direito estrangeiro optam pelo critério da nacionalidade como elemento de conexão. A partir de 1942, houve uma drástica redução de utilização do direito estrangeiro no Brasil. Artigo 7º, da LINDB. Como o art. 7 é exíguo, o elemento de conexão trata tudo a respeito de direito de família, por exemplo. Ressalvando-se apenas aquilo que o próprio artigo refere. O Art. 7 refere ao estado da pessoa, capacidade, nome, pátrio poder, casamento, dissolução, reconhecimento da união homoafetiva (não está mais no direito obrigacional), a morte, a comoriência, a tutela, curatela, adoção, alimentos e outros temas do direito de família ainda que não escritos no art. 7. 1.7 Quem qualifica o que é domicílio? Qual a lei que o define? A lei que o fizer é uma lei qualificadora. No Brasil, o processo de qualificação se dá pela lei do Foro, exceto os casos do art. 8º e 9º (que seguem a lei da causa). A contrário senso, a qualificação de domícilio é feita pela lei do Foro. Vale, portanto, o art. 70 do CC/02. Ex.: francesa domiciliada na França casa com brasileiro domiciliado no Brasil. Domícilio deve ser entendido conforme o nosso direito. Se considerado que o seu domicílio é a França, aplicar-se-ão as leis francesas para disciplinar questões pertinentes ao direito de família e sucessões. A nossa definição de domicílio leva em conta o animus: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Não é apenas o lugar onde a pessoa quer morar, é necessário que ela efetivamente more. Não basta também firmar um contrato de locação em um local e morar em outro, pois falta, nesse caso, o ânimo. A pessoa pode, contudo, ter uma pluralidade de domicílios. *obs.: não se deve confundir domicílio eleitoral com o domicílio civil. 1.8 Conflito móvel É quando alguém movimenta o conflito. O que ocorre quando a pessoa muda de domicílio? Que lei passa a ser aplicável? Mais: isso se deu com interesses fraudulentos ou por algum motivo qualquer? Com a troca do domicílio há troca de lei? O conflito móvel deve ser resolvido por uma regra. O Brasil não a tem, motivo pelo qual a solução deve ser buscada na jurisprudência. Ex.: casamento homoafetivo que é aceito em um lugar mas não o é em outro. Com a troca do domicílio, as pessoas deixam de estar casadas por conta do conflito móvel? Ex.: 2.: Pessoa que é capaz no Estado “A” pode deixar de ser no Estado “B”? Há duas propsotas legislativas para a solução do conflito móvel. Uma delas é a de Haroldo Valadão que propõe a criação de um Código de Aplicação das normas jurídicas, no qual no art. 26, § 2º prevê o impacto da transferência de domicílio, estipulando que permaneceria capaz ou se tornaria capaz se assim dispuser a lei brasileira. 2. Art. 12, CRFB/88 Professor chama atenção para o ponto que foi eliminado com a EC 54. A EC 03/94 dispunha que poderiam adquirir a nacionalidade "os nascidos no estrangeiros de pai ou mãe brasileiro desde que venha a residir no Brasil e optar pela nacionalidade”. STF dizia que, por se tratar de questão personalíssima, a opção só poderia ser feita após a maioridade. São brasileiros natos (…) c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) A EC 54/07 recolocou a norma que vigorava desde a monarquia que permite que os filhos de pai ou mãe brasileiro nascidos no estrangeiros e registrados na repartição brasileira competente será considerado brasileiro nato. A Emenda resolveu um problema que ficou conhecido como brasileirinhos apátridas. Até a EC 54/07, o filho de brasileiros nascido no estrangeiro só poderia adquirir a cidadania brasileira se, após os 18 anos, viesse a residir no Brasil e optasse pela nacionalidade. 3. Empresa brasileira Para uma empresa ser considerada Nacional brasileira, devem ser observados dois critérios: i. Ser constituída no Brasil (art. 11) ii. Submeter-se à legislação brasileira. Com as privatizações promovidas pelo governo FHC, algumas empresas brasileiras passaram a ser multinacionais. 4. Residência Habitual O professor acha que a expressão “residência habitual” não é adequada, pois se o indivíduo não possui domícilio, é certo que ele não reside habitualmente em lugar nenhum. Segundo o Professor, essa inserção legal se deu com o intuito de trazer para o ordenamento uma expressão (residência habitual) que é utilizada amplamente no âmbito do Direito Internacional Privado. Residência habitual é elemento de conexão que só poderia ser usado para solucionar conflito de normas e esse não é o papel do art. 70 do Código Civil. Entretanto, quando o termo é utilizado em convenções internacionais, ele é bem empregado, pois assume a natureza que lhe é peculiar (a de regra de conflito). 5. Ausência Será disciplinada por qual lei? Segundo o professor, também será pelo art. 7º da LINDB. 6. Artigo 11, da LINDB Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituirem. § 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. § 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptiveis de desapropriação. § 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. (Vide Lei nº 4.331, de 1964) Segundo o professor, o termo “organizações” deve ser entendido de forma mais ampla, abrangendo novas figuras, como a EIRELI, por exemplo. O art. 11 é qualificado pela lex fori ou lex causa? Professor diz que a qualificação é pela lei do foro. Por essa razão que se amplia o rol de organizações, porquanto devem ser compreendidas todas aquelas existentes no direito brasileiro. O professor diz que a regra do §1º está obsoleta. Hoje, empresas estrangeiras optam por abrir uma empresa no Brasil, razão pela qual existem a “FORD do Brasil”, “PANASONIC do Brasil”, “DELL do Brasil" etc. Isso é vantajoso do ponto de vista tributário, pois a remessa dos lucros para o exterior é isento de IR. A empresa pode ser considerada brasileira mesmo que todo o seu capital seja estrangeiro e o seu comando não esteja no país. Quem aprova os atos constitutivos da empresa estrangeira atualmente no Governo Brasileiro? Decreto n.º 8803/16 estabelece como competente o Ministro Chefe da Casa Civil. Essasempresas não são “agências”, “filiais” ou “estabelecimentos”. São empresas autônomas. Importante: O §3º é uma exceção à regra do §2º. Algumas observações acerca de algumas teorias: 6.1 Teoria da Sede Social ou da Sede efetiva da empresa Diz que a lei que vai definir a capacidade jurídica (incluído aqui o reconhecimento de um fenômeno societário como tal) é a do local onde a empresa tenha a sua sede efetiva. 6.2 Teoria da incorporação ~ não consegui anotar tudo ~ É a que o Brasil adota. Facilta o ingresso de empresas estrangeiras no Brasil. 6.3 Teoria do Controlador Estados tipo Panamá, Ilhas Cayman e afins querem atrair investimentos e ao mesmo tempo garantir ao investidor que será aplicável a lei de sua nacionalidade, domicílio, nacionalidade do capital ou do domicílio do capital. O professor esclarece que é uma teoria em desuso. Essa teoria foi muito aceita durante períodos de guerra e ditaduras militares. O Mercado interno da União Europeia bagunçou esse sistema ao estabelecer a livre circulação das empresas. Isso restou sedimentado a partir de uma caso paradigmático conhecido como “Centros”. 7. Casamento Questões relativas aos casamentos vem particularizadas nos parágrafos do art. 7º Pode-se dizer que o tema casamento teve uma hiperregulamentação. As novas formas de casamento (união estável, parcerias homoafetivas registradas, parcerias homoafetivas de fato etc) entram no art. 7º? ~ Ler artigo de André Carvalho Ramos sobre Casamento no Direito Internacional Privado ~ 7.1 Pontos importantes acerca do casamento a. Lei aplicável à celebração Podemos entender que a lei aplicável, salvo exceções, é a do domicílio da pessoa. Isso se extrai da leitura do caput do art. 7 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Já o § 1º do art. 7 diz que § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Esse artigo não fala nada sobre a nacionalidade ou o domicílio que as pessoas tem que ter. Diz apenas “casamento no Brasil”. Pode ser entre turistas que aqui estão há poucos dias. Se o artigo não pode ser bilaterizado, podemos afirmar que há uma lacuna quanto aos casos de estrangeiros casados no exterior e que hoje estejam domiciliados no Brasil. É duvidoso na jurisprudência brasileira que tenha havido bilaterização dessa regra. O motivo é a exclusividade da justiça brasileira para tratar de questões que envolvam bens de brasileiros. A justiça brasileira poderia partilhar bens situados no exterior? Resposta: não! A justiça brasileira é incompetente para partilhar bens situados no exterior. b. Lei aplicável aos impedimentos A regra do § 1º também diz que a lei aplicável aos impedimentos é a brasileira. Os impedimentos estão nos arts. 1.521 e seguintes do Código Civil. O local da cerimônia, a forma etc estão nos arts. 1.525 e seguintes do Código Civil. A regra, isoladamente lida, não tem nada de DIP. Poderia estar inserida diretamente no Código Civil. Pode-se dizer que eventual cláusula que não fosse causa de impedimento no país dos nubentes, pode se tornar causa impeditiva no Brasil. c. Determinação do domicílio conjugal O § 7º do art. 7 é incompatível com as regras relativas aos Direitos Humanos. Diz que § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda Aqui, deve-se aplicar a gramática dos Direitos Humanos para eliminar da hermenêutica da parte da regra que fala em “chefe de família” e a sua projeção sobre o domícilio do outro, já que a CRFB/88 reconheceu a igualdade entre homens e mulheres na sociedade conjugal. O art. 1.567 dispôs que Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos. d. Lei aplicável à invalidade do casamento A invalidade está disposta no § 3º do art. 7º. Diz que § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. Em que momento? Professor diz que é o da data de celebração. Os nubentes poderão informar no Cartório o local onde irão estabelecer o seu domícilio. A possibilidade dos nubentes indicarem o local onde irão morar abre margem a fraudes. O STF, em um determinado julgado, em 1971, considerou que esse dispositivo foi um equívoco, uma vez que é de difícil aplicação. e. Lei aplicável ao Regime de bens Está no § 4º do art. 7. Diz que § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. O regime de bens será definido pelo domicílio dos nubentes. Tratando-se de duas americanas (casamento deve entender relações homoafetivas), o regime de bens será regulado pela lei americana, caso ambas nubentes tenham domicílio nos Estados Unidos. f. Lei aplicável à mudança no regime de bens § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977) O Código Civil de 2002 permitiu que as pessoas mudassem o regime de bens. Antes do CC/02, a ideia do legislador era a de que o estrangeiro pudesse participar do Regime de Comunhão universal de bens. Hoje, o regime legal é o de comunhão parcial de bens. g. Lei que regula o casamento dos estrangeiros no Brasil É admitido no Brasil o casamento de estrangeiros. O Brasil admite o casamento de estrangeiros desde que firmados perante autoridade consular. § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) Pessoas homoafetivas que querem se casar perante a lei poderiam buscar a representação consular de seu Estado para se casar? Resposta: Sim! Parceiros homoafetivos que queiram registrar sua parceria, tendo suas nacionalidades para além da brasileira, podem procurar a representação consular? Legalistas dirão que não, já que a lei fala apenas em casamento. Outra corrente, invocando a dignidade da pessoa humana, argumenta se inclui-se na regra do § 2º do art. 7 a união estável. Se os nubentes têm nacionalidade distinta, a regra não se aplicará. h. Tratamento ao divórcio (ficou para a aula seguinte, mas o assunto não foi retomado). 8. Comentários esparsos da última aula A França criou um regra de conflito para regular casamentos homoafetivos. Diz ela que “as qualidades e as condições requitadas para poder contrair matrimônio são regidas para cada um dos nubentes pela sua lei pessoal (lei da sua nacionalidade). Todavia, 2 pessoas do mesmo sexo podem casar quando pelo menos uma delas - seja pela lei pessoa, seja pela lei do território em que domiciliada o que tenha residência - admita o casamento” O modelo alemão é baseado num preceito que diz que “a mãe é sempre certa”. Porque a lei determina que mãe é a pessoa de cuja barriga veio a criança. Logo, a barriga de aluguel é proibida na Alemanha. A saída para isso é contratar um barriga de aluguel na Ucrânia (onde isso é possível). O problema é que a criança não poderá ser alemã em virtude da vedação legal. Um solução para isso é que os “pais” alemães adotem a criança para que possam atribuir-lhe a naturalidade alemã.
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