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Provas no Processo Penal

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PROVAS
O que significa a palavra prova?
A palavra prova tem origem do latim probatio, que significa afirmação, exame, formar juízo de. É por intermédio dela que se demonstra à verdade daquilo que se alega, tanto pela a acusação como pela a defesa. 
QUAL É A FUNÇÃO (OBJETIVO) DA PROVA? – é CONSEGUIR todos os elementos necessários para a busca da verdade real para que o juiz possa decidir.
A PALAVRA PROVA POSSUI 03 (TRÊS) SIGNIFICADOS: 
01- prova com o significado - meio de prova – são todos os mecanismos (instrumentos), diretos ou indiretos, que são utilizados para busca da verdade real dos fatos alegados pelas partes.(provas documentais, interrogatórios). Os meios podem ser legais (lícitos – aqueles permitidos pela legislação) e ilegais (ilícitos - aqueles proibidos pelo nosso ordenamento jurídico, portanto não podem ser utilizados pelos magistrados, são considerados, ainda, como meios ilícitos àqueles que são imorais, antiéticos etc.); 
02- prova com o significado - ato de provar – é a maneira que se apura com exatidão a verdade dos fatos argüidos pelas partes dentro de um processo (ex. fase probatória).
03- prova com o significado - resultado final da produção de prova – é o resultado (conclusão final) que se consegue com a devida análise dos meios de prova.
ATENÇÃO !!!!!!!!!CONFORME DETERMINA O ART. 5º, LVI não serão admitidas provas obtidas por meio ilícitos dentro de um processo. 
PROIBIÇÃO EXPRESSA DO USO DE PROVAS ILÍCITAS - A lei 11.690/08 modificou o texto do - art. 157 do CPP. Por esse artigo são inadmissíveis, ou seja, proibidas expressamente as provas ilícitas, devendo, as mesmas serem desentranhadas do processo. 
QUAIS AS PROVAS QUE SÃO CONSIDERADAS ILÍCITAS?
As provas ilícitas são aquelas alcançadas por transgressão a normas constitucionais ou legais. Igualmente, são inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, excetuando quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras – 
FONTE INDEPENDENTE – é aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
Esta claro que, a lei 11.690/08 expressamente veda a chamada árvore dos frutos envenenados. Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, diz a referida lei, a prova deverá ser inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
DA PROVA ILEGÍTIMA - é a que transgride a norma do direito processual no momento de sua produção no processo. Exemplo: interrogatório sem a presença de advogado, ou seja, sem a presença da defesa técnica; colheita de um depoimento sem advogado etc. 
Por outro lado, considera-se prova ilícita é a que viola normas do direito material, constitucional ou legal, no momento de sua produção (confissão mediante tortura). Também consideram provas ilícitas aquelas que violam a moral ou ética, os atentatórios aos princípios gerais do direito. A aferição da prova ilícita é extraprocessual, ou seja, sempre se dá fora do processo.
Logo, fica evidente que a somatória do artigo 5º, LVI da CF com o atual art. 157 do CPP, se chega ao resultado que estão proibidas a produção de provas ilícitas ou ilegítimas, pois passaram a ter um mesmo e único regramento jurídico.
PROVA EMPRESTADA – é aquela que foi realizada em outro processo. O magistrado ao utilizá-la, deverá tomar o devido cuidado para saber como ela foi produzida na outra ação.
O ÔNUS DA PROVA INCUMBE A QUEM ALEGA O FATO – Primeiramente, convem explicar o significado da palavra ônus – origem do latim, significa - carga, fardo, peso, logo a expressão – ônus da prova – quer dizer a incumbência (encargo) de provar. O artigo 156 do CPP preconiza tal regra. Via de regra, o ônus da prova em processo penal, incumbe a acusação. 
ATENÇÃO!!!!! A regra do ônus da prova nasceu do princípio “onus probandi incumbit ei qui asserit”.
A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício, segundo o seu inciso ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; - A lei 11.690/08, faculta ao magistrado a possibilidade da busca da verdade real e material dos fatos, ainda na fase do inquérito policial, de provas antecipadas que forem realmente de natureza urgente. 
O inciso II do art. 156 do CPP determina que, no curso da instrução, ou antes, de proferir sentença, poderão ser realizadas diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Ninguém é obrigado a produzir provas contra si próprio, muito menos o réu, tal princípio vem esculpido na farta jurisprudência, doutrina e pelo próprio posicionamento do STF e no Pacto de São José da Costa Rica – Decreto 678/92 – art.8, 2, g.
TRÊS FORMAS DE APRECIAÇÃO DAS PROVAS:
01 - LIVRE CONVENCIMENTO OU PROVA LIVRE (convicção) – o juiz não precisa motivar as suas decisões (no Tribunal do Júri os jurados se valem deste sistema, pois não precisão motivar os seus votos), tão pouco justificar a valoração que deu a uma prova no seu julgamento.
02 - PROVA LEGAL – por esse sistema, o magistrado julga de forma limitada, pois fica vinculado (preso) ao valor que cada prova possui, valor esse predeterminado lei.
03 - PERSUASÃO RACIONAL - é a mescla dos dois sistemas supra mencionados, ou seja, o magistrado formará sua convicção pela livre apreciação das provas (art. 155 do CPP), mas com base no artigo 93, IX da CF deve sempre motivar a sua decisão – PERSUASÃO RACIONAL ► SISTEMA ADOTADO NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO.
De acordo com o disposto no art. 155  do CPP - O magistrado formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, salvo as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Por exemplo: uma interceptação telefônica que deveria ser realizada num determinado período.
O referido artigo teve seu texto alterado pela Lei 11.690/08, onde veda ao juiz sentenciar com base em provas produzidas apenas na fase do inquérito policial. Nessa proibição, NÃO ENTRAM AS PROVAS que foram produzidas na fase do I.P - de natureza cautelar – bem como foram produzidas de forma antecipada e que não podem ser repetidas. 
Portanto, o juiz ao julgar, deve formar sua convicção e por via de conseqüência decidir com base em provas produzidas na fase judicial + aquelas que foram produzidas de forma antecipadas e não podem ser repetidas.
 
DE ACORDO COM O PARÁGRAFO ÚNICO do art. 155 do mesmo diploma legal. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil” – via de regra admitem-se produção todos os tipos de provas lícitas, ou seja, aquelas admitidas pelo ordenamento jurídico penal, exceto aquelas vedada por esse parágrafo único do art. 155 do CPP, ao estado das pessoas (filiação, estado civil, casamento etc). 
Nestes casos, devem seguir as normas do direito civil. Por exemplo, para provar se alguém é ou não casado, somente, mediante certidão de casamento do registro civil.
01. EXAME DE CORPO DE DELITO E DAS OUTRAS PERÍCIAS – art. 158 a 184 do CPP
Conforme dispõe o artigo 158 do CPP, os crimes que deixarem vestígios será obrigatório o exame de corpo de delito, direto (quando o próprio perito realiza a perícia) ou indireto (quando os peritos se valem de informações prestadas por outras pessoas com conhecimento técnico sobre o assunto), jamais podendo ser substituído pela confissão do acusado.
Desaparecendo os vestígios, ou seja, não sendo possível a realização do exame de corpo de delito, esse poderá ser substituído pela prova testemunhal – art. 167 do CPP.
CORPO DE DELITO – é a materialidade do crime (prova), portanto, a expressão examede corpo de delito significa a apuração da prova da existência do crime, realizada por peritos.
VESTÍGIOS – é o sinal, indício deixado por uma pessoa ou por algo. Existem os vestígios materiais que são perfeitamente visíveis e, portanto, passíveis de perícia (constatação, exame). O processo penal se preocupa com a apuração dos vestígios que realmente deixem rastros. Existem os vestígios materiais (são aqueles perceptíveis pelos sentidos) e os imateriais (são aqueles que desaparecem logo após a pratica delituosa).
PERÍCIA – do latim “peritia” – habilidade, saber – pesquisa, exame – trata-se de exame que sempre deve ser realizado por pessoas que possuem conhecimento técnico (habilidades) sobre o assunto. A perícia é considerada um meio legal de prova. Segundo alguns doutrinadores a perícia está localizada, em relação ao seu valor, entre a prova e a sentença.
EXAME DE CORPO DE DELITO (espécie de prova pericial ou seja é a verificação da existência de um crime) ≠ CORPO DE DELITO (é a materialidade (prova) do crime, é o crime em si, em sua tipicidade).
Conforme a Lei 11.690/08, o art. 159 também recebeu uma nova redação, portanto segundo este dispositivo, o exame de corpo delito será realizado por perito oficial portador de diploma, não havendo perito oficial o laudo será elaborado por duas pessoas idôneas, diplomadas em curso superior e com conhecimentos técnicos, escolhidos pelo juiz (art. 159, caput e § 1º do CPP). 
Fica claro que, o referido dispositivo prevê que a perícia pode ser realizada por, apenas, um perito oficial. O parágrafo 7º do mesmo dispositivo ratifica tal entendimento quando diz “§ 7o  Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.”
O art. 159, em seu parágrafo 3º passou admitir em Processo Penal que as partes (MP, assistente de acusação, querelante, ofendido e o réu) indiquem, um assistente técnico de perito, bem como elaborem quesitos. Conforme o parágrafo 4º do mesmo dispositivo legal, prevê que o assistente técnico atuará a partir do momento que o magistrado admitir o assistente. O assistente técnico poderá ser ouvido (inquirido) em audiência, bem como elaborar pareceres em prazos a serem determinados pelo juiz. (art. 159, § 5º, inciso II do CPP – atualizado com a Lei 11.690/08).
E, ainda segundo determina o § 5º , inciso I, poderá às partes, durante o curso do processo judicial, requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com  antecedência  mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar.
Por fim conforme o § 6o do art. 159 do CPP, caso as partes façam um requerimento do material probatório que serviu de base à perícia, esse será disponibilizado  no  ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. 
PERITO – é a pessoa que possui conhecimento técnico sobre alguma matéria (habilidades para o assunto – especialistas em determinada matéria). Existem os peritos oficiais (são os que fazem parte do quadro de servidores públicos do Estado, estes peritos não precisam assinar o compromisso nos processos ou nas investigações que trabalham) e os peritos particulares (são pessoas idôneas, com diploma de curso superior, com conhecimentos técnicos sobre o assunto sobre qual deve ser realizada a perícia).
O PERITO PARTICULAR (também chamado de louvado) deverá assinar um compromisso de desempenhar a sua função de perito (art. 159, § 2º do CPP) com isenção e correção (tal compromisso será lavrado pelo escrivão, conforme determina o art. 179, caput do CPP, que será assinado pelos peritos). 
Determina o art. 277 do CPP que o perito, uma vez nomeado pelo juiz, não poderá se recusar ao seu múnus público, salvo por razão justificável. 
O artigo 279 do CPP determina o rol das pessoas que não poderão ser peritos:
a)menores de 21 anos;
b)os analfabetos;
c)que já opinaram no objeto ser periciado ou já prestaram declarações nos autos;
d)os que tiverem com seus direitos temporariamente interditados, conforme hipóteses do art. 47, I e II do CP.
O PRAZO PARA A ELABORAÇÃO DO LAUDO PERICIAL DO EXAME DE CORPO DE DELITO será de 10 (dez) dias, podendo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos – art. 160, “caput” (do CPP). Ultrapassar o prazo da prorrogação não gera nulidade.
O LAUDO DO EXAME DE CORPO DE DELITO SERÁ DIVIDIDO: 
a)tópico de identificação;
b)titulação (nome do exame a ser feito);
c) nome a da pessoa a ser pesquisada; d) o rol dos quesitos a serem respondidos.
CONFORME DETERMINAÇÃO DO ART. 176 DO CPP os quesitos (perguntas feitas sobre o assunto que exigem respostas, opiniões ou pareceres). Tanto as partes, como a própria autoridade poderá elaborar os quesitos até o ato da diligência.
O EXAME NECROSCÓPICO (autópsia) deverá ser feito 06 (seis) horas após o óbito – art. 162, caput do CPP. Este tempo é o necessário para aparição de todos os elementos relativos à (s) causa (s) da morte (tanatológicos), para que se evite engano. Porém, existem casos em que as causas da morte são evidentes, ou seja, quando a morte é violenta a ponto de não deixar qualquer dúvida, podem ser constatadas antes da 6 horas, (ex. explosão de um corpo). 
PODE SER FEITA A EXUMAÇÃO (desenterrar um cadáver da sepultura), mediante autorização legal, para realização da necropsia quando houver dúvidas sobre as causas da morte – art. 163 do CPP. O administrador não poderá se recusar a indicar o lugar (sepultura) onde se encontra o cadáver, sob pena de responder pelo crime de desobediência.– inumação – é enterrar o cadáver, sepultar.
EXAME COMPLEMENTAR - Tendo em vista que, algumas perícias são realizadas sem a intervenção das partes é perfeitamente possível à necessidade de um complemento. A luz do art.168 do CPP o exame complementar de perícia poderá ser determinada pela autoridade policial ou de ofício pelo juiz ou requerida pelas partes (acusação – MP ou ofendido – ou pela defesa).
QUANDO O EXAME COMPLEMENTAR TIVER O OBJETIVO DE DEFINIR A CLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE LESÃO CORPORAL GRAVE que resulte em incapacidade para as ocupações, por mais de 30 dias - art. 129, § 1º, I do CP, esse deverá ser realizado 30 (trinta) dias após a data do crime – (art. 168, § 2º do CPP).
Se houver divergência entre os peritos, ficarão constando no auto do exame às declarações e respostas aos quesitos de um e de outro perito ou eles terão a opção de redigir o seu laudo separadamente. Neste caso o juiz nomeará um terceiro perito, que se também vier a divergir de ambos os peritos, o magistrado poderá manda fazer um novo exame por novos peritos.
O JUIZ NÃO FICA ADSTRITO (PRESO) AO LAUDO PERICIAL, ou seja, conforme determina o art. 182 do CPP, o magistrado por possuir o livre convencimento motivado, poderá aceitar ou rejeitar em todo ou em parte o laudo, tendo em vista que a perícia nada mais é do que uma opinião de uma pessoa com conhecimento técnico, mas é apenas uma opinião, portanto, o juiz não fica preso ao laudo.
AOS PERITOS ESTÃO SUJEITOS, no que lhes for aplicável, as causas de suspeição previstas no art. 254 do CPP. – (o art. 254 traz o rol das causas que tornam um juiz suspeito)
Por fim, salvo o exame de corpo de delito, o juiz e nem a autoridade policial são obrigados a autorizar a realização das perícias requeridas pelas partes que não sejam fundamentais para a solução necessária da verdade – art. 184 do CPP.
02. DA CONFISSÃO – art. 197 a 200 do CPP
A CONFISSÃO É UM MEIO DE PROVA, confessar em processo penal significa admitir contra si a prática de um crime. Trata-se de um ato livre, voluntário e pessoal. È quando o acusado admite a prática do crime atribuída na peça exordial.Existem vários motivos que levam um indivíduo a confessar o seu (s) crime (s), dentre eles temos: a) remorso; b)coação; c) religião; d) para obter vantagem; e) para diminuir a pena a ser aplicada (casos da delação premiada). 
EXISTEM DUAS ESPÉCIES DE CONFISSÃO:
a) quanto ao local: pode ser judicial própria (é aquela realizada na frente de um juiz competente) ou judicial imprópria (é aquela realizada na frente de um juiz incompetente para análise do processo); pode ser extrajudicial (são aquelas realizadas perante um delegado, parlamentares etc., ou seja, são aquelas que não são judiciais).
b) quanto aos efeitos: simples (o acusado admite a prática do crime tão somente) ou pode ser uma confissão qualificada (o acusado admite ter praticado o crime, mas indica circunstâncias que podem lhe eximir da responsabilidade penal). Temos, ainda, a confissão complexa (réu admite a prática de várias imputações).
O VALOR PROBATÓRIO DA CONFISSÃO – a confissão não é mais considerada com a rainha das provas, ou seja, o juiz é obrigado a confrontar a confissão com as demais provas existentes. O juiz não pode condenar o réu com base exclusiva em confissão, uma vez que o acusado pode estar mentindo pelos diversos motivos acima mencionados – art. 197 do CPP.
DELAÇÃO – significa acusar denunciar. A confissão delatória é quando o réu admite a prática de um crime, mas indica o (s) seu (s) comparsa (s). Cabe salientar, que a parte da confissão indica o (s) seu (s) comparsa (s) tem valor de prova testemunhal.
Não existe em processo penal a confissão ficta, ou seja, mesmo que o réu seja revel, a acusação deverá demonstrar os fatos alegados na sua petição inicial, ou seja, não se presumem verdadeiros os fatos argüidos na exordial. (queixa-crime ou denúncia). 
DELAÇÃO PREMIADA – é quando o acusado colabora com a autoridade policial e com o processo criminal, (na investigação do crime, bem como se existe um ou mais co-autores), em troca da ajuda dada, o Estado oferece o beneficio de diminuir a pena aplicada ao réu ou às vezes até um perdão judicial. 
As normas que oferecem a réu este benefício são: a) art. 159, § 4º do CP; b) Lei n. 9.807/99, arts. 13 e 14; c) Lei n. 7.492/86, art.25, § 2º; d) Lei n. 8.072/90, art. 8º, parágrafo único; e) Lei n. 8.137/90, art. 16, parágrafo único; f) Lei n. 9.613/98, art. 1º, § 5º; g) Lei n. 11.343/06 em seu art. 41 e Lei nº 12850/2013 – art. 4º. 
Atenção !!!!!!!! Art – 198 do CPP – “O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.”– A parte final deste dispositivo não foi recepcionada pela nossa Carta Magna vigente, uma vez que em seu art. 5º, LXIII, deu ao réu o direito de permanecer calado, sem portanto, prever qualquer punição ou conseqüência dessa opção de permanecer calado.
A CONFISSÃO POSSUI DUAS CARACTERÍSTICAS previstas em lei: a) é divisível (o magistrado pode acolher alguma parte da confissão e pode desprezar outra parte); b) confissão também é retratável, ou seja, o acusado pode voltar atrás nas suas afirmações prestadas anteriormente.
03. DO OFENDIDO (VÍTIMA) – art. 201 e parágrafos 1º ao 6º do CPP – atualizado com a redação dada pela Lei 11.690/08.
CONCEITO - Ofendido, conceitualmente falando, é a vítima do crime. Segundo o ilustre Professor Guilherme de Souza Nucci, “È o sujeito passivo do crime – a vítima -, ou seja, a pessoa que teve diretamente o seu interesse ou bem jurídico violado pela prática da infração penal” (Manual de Processo Penal e Execução Penal, p.418).
OBRIGATORIEDADE DE COMPARECER EM JUÍZO AO SER INTIMADO - Sempre que a vítima (ofendido) for intimada a prestar declarações sobre, a infração, sobre quem seja o possível autor do crime, sobre as provas, deverá cumprir tal determinação do juiz, sob pena de ser conduzido coercitivamente – art. 201, caput e § 1º do CPP.
O PARÁGRAFO 2O DO ARTIGO SUPRA MENCIONADO, dispõem que a vítima (ofendido) será comunicada da data designada para audiência, dá sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem, bem como dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão. Todas as comunicações a vítima serão realizadas no endereço por ela indicada, ou caso o ofendido opte, poderá ser tal comunicado transmitido por meio eletrônico.(art. 201, § 3º do CPP). 
O parágrafo 4º por sua vez determina que, o ofendido tem o direito a um espaço reservado separado, antes do início da audiência e durante a sua realização. 
JÁ O SEU § 5O  DETERMINA QUE SE O JUIZ ACHAR NECESSÁRIO, poderá encaminhar a vítima (ofendido) para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado.  
Por derradeiro, conforme o disposto no § 6o  - O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação.”
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA PARTICADA PELO OFENDIDO – de acordo com art. 339 do CP deixa claro o rol das situações que o ofendido poderá responder pelo crime de denunciação caluniosa, dentre elas temos: dar causa a abertura de processo penal ou instauração de investigação policial contra alguém, imputando-lhe crime de que sabe inocente.
O OFENDIDO PODE ASSUMIR UMA POSTURA TOTALMENTE PARCIAL na relação processual, e mesmo assim não comete o crime de falso testemunho previsto no art. 342 do CP, uma vez que o ofendido não é testemunha.
PERGUNTAS AO OFENDIDO - Conforme doutrina predominante, as perguntas realizadas ao ofendido devem ser realizadas pelo juiz e pelas partes (acusação e defesa) e, não somente pelo magistrado. 
04. RECONHECIMENTO DE COISAS E PESSOAS – art. 226 a 228 do CPP
Também é tido como um meio de prova, de procedimento formal, ou seja, delimitado no art. 226 do CPP. O professor Fernando Capez, em seu livro Curso de Processo Penal, p. 348, diz: “É o meio processual de prova, eminentemente formal, pelo qual alguém é chamado para verificar e confirmar a identidade de uma pessoa ou coisa que lhe é apresentada com outra que viu no passado”.
Primeiro, cabe lembrar que se existirem em um processo penal mais de uma pessoa para realizar o reconhecimento de coisas ou de pessoa, este deverá ser feito de forma separada, ou seja, não pode haver comunicação entre elas, conforme determina o art. 228 do CPP.
O roteiro formal de como deve ser feito o reconhecimento está previsto no artigo 226 do CPP:
a) o reconhecedor (pessoa que tiver que fazer o reconhecimento) será convidado a descrever a pessoa deva ser reconhecida; b) o reconhecido (pessoa, cujo reconhecimento se pretende), será posto, quando possível, ao lado de outras pessoas que tenham qualquer semelhança com o reconhecido; c) autoridade deverá providenciar que o reconhecido não veja o reconhecedor, quando houver a possibilidade da pessoa chamada para reconhecer, por efeito da intimidação ou de outra influência, não diga a verdade. Esta regra só não se aplica na fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento.
NESTE MESMO SENTIDO TEMOS O ARTIGO 217 DO CPP (atualizado com a Lei 11.690/08) – Caso o magistrado perceber que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou a vítima (ofendido), de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do acusado, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. Cumpre observar que o legislador, apesar da videoconferência ter sido declarada inconstitucional pelo STF, inseriu esse meio de oitiva no referido artigo. Por fim, o seu parágrafo único determina que a adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. 
04.RECONHECIMENTODE COISAS - O artigo 227 do CPP determina que o reconhecimento de coisas (objeto) seguirá o mesmo roteiro, acima apresentado, no que for aplicável.
RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO - não está previsto, expressamente, no nosso Código de Processo Penal, apesar de muitos juizes estarem admitindo como meio de prova. Mas tal reconhecimento deve ser avaliado com muito cuidado, pois nem sempre uma pessoa fotografada sai tal qual é no mundo real. Assim como, o reconhecimento fotográfico, também está sendo aceito o reconhecimento por filme, vídeo, gravação sonora, mas estas formas de reconhecimento não estão previstas, expressamente, no CPP, portanto, são consideradas, umas espécies de forma indireta de realizar o reconhecimento.
O VALOR PROBATÓRIO DO RECONHECIMENTO - como meio de prova na fase do I.P. é uma prova produzida sem a ampla defesa e nem o contraditório, logo tem valor probatório relativo necessitando ser ratificado tal reconhecimento na fase de ação penal. O reconhecimento realizado em juízo, tem valor de prova direta.
05. ACAREAÇÃO – art. 229 a 230 do CPP
CONCEITO E NATUREZA – A acareação é um meio de prova segundo a sua natureza jurídica, onde o juiz ou autoridade policial (art. 6, VI do CPP prevê este meio de prova na fase do Inquérito Policial) coloca depoentes (duas pessoas) um na frente do outro, sempre que perceber muitas divergências em suas declarações sobre os fatos ou circunstâncias, que importem em prejuízo na busca da verdade real.
QUEM PODE SER ACAREADO, SEGUNDO NOSSO DIPLOMA PROCESSUAL PENAL? Todas as pessoas envolvidas no processo: a) ofendido (a) com ofendido (a); b) ofendido (a) com testemunha; c) ofendido (a) com acusado; d) testemunha com testemunha; e) testemunha com acusado; f) réu com réu.
CONFORME DETERMINA O ART. 230 DO CPP a acareação também poderá ser realizada por carta precatória.
SÃO EXIGÊNCIAS PARA QUE OCORRA A ACAREAÇÃO: que todas as pessoas a serem submetidas a este meio de prova, já tenham sido anteriormente ouvidas em declarações, depoimento ou interrogatório, bem como nestes depoimentos, declarações haja divergências que possam comprometer a busca da verdade real.
ESTE MEIO DE PROVA PODE SER REALIZADO DE OFÍCIO pelo juiz ou pela autoridade policial (delegado) ou a requerimento das partes. 
 
06. INDÍCIOS – art. 239 do CPP
CONCEITO - O conceito de indício está descrito no artigo 239 do CPP, que diz que é a circunstância conhecida e já provada, que, relacionando-se com fato, autoriza o juiz, por indução, a concluir a existência de outra circunstância ou de outras.
Segundo De Plácido e Silva, a palavra indução tem origem do latim, – inductio – significa na linguagem jurídica no sentido de conseqüência, ilação, mostrando-se, pois, a conclusão a que se chega, tirada ou extraída das alegações. (Vocabulário Jurídico, p.460). 
Trata-se de um raciocínio utilizado pelo juiz para chegar à conclusão de algo que se pretenda provar é considerada por parte da doutrina uma prova indireta. 
A PARTIR DOS INDÍCIOS (fatos já previamente conhecidos) se chega àquilo que pretende provar.
07. BUSCA e APREENSÃO – art. 240 a 250 do CPP.
SÃO TERMOS DISTINTOS, sendo a busca é a pesquisa, a diligência que se utiliza para o fim de achar coisa ou pessoa, que ocorre antes da apreensão. Normalmente a busca acompanha a apreensão, que nada mais é do que resultado do apoderamento, depois de encontrado aquilo que se procurava (coisa ou pessoa).
CONCEITO DE BUSCA E APREENSÃO - Portanto, busca e apreensão (de natureza acautelatória) é a diligência realizada com o objetivo de procurar e trazer a coisa litigiosa, para apreender a coisa roubada ou sonegada, ou seja, se presta para procurar coisa ou pessoa que se deseja encontrar, para apresentá-la a autoridade que a determinou, e posteriormente a sua apreensão. É a medida cautelar que tem a finalidade de evitar que provas urgentes (coisas ou pessoas) desapareçam.
FASES QUE PODEM SER REALIZADAS A BUSCA E APREENSÃO - podem ser realizadas na fase da ação penal, na fase da execução penal, na fase do inquérito policial e até mesmo antes do inquérito policial.
NATUREZA - Tanto a busca como a apreensão, são considerados meios de prova.
Depois do advento da nossa Carta Magna de 1988, em seu artigo 5º, XI, a autoridade policial, não pode mais, pessoalmente e sem mandado, invadir um domicílio, uma vez que segundo este dispositivo o ingresso de alguém a um domicílio, salvo com consentimento do morador, para prestar socorro ou em caso de desastre, deve ser precedida de ordem de juiz. O referido artigo também permite o ingresso, mesmo sem mandado em caso de flagrante delito. 
TAMBÉM, ESTÁ PROIBIDO A BUSCA E APREENSÃO, nos moldes do artigo 243, § 2º do CPP de documentos em poder do advogado do acusado, salvo quando este documento constituir um corpo de delito. Quando a busca domiciliar for realizada de forma ilegal, será punida com o delito previsto no art. 150 do CP. (violação de domicílio).
O art. 240 do CPP determina que a busca poderá ser pessoal ou domiciliar. O mandado expedido pelo juiz deve ser preciso e determinado (objeto certo ou pessoa determinada), ou seja, é inadmissível ordem sem o motivo que justifica o ingresso no domicílio. 
A BUSCA E APREENSÃO DEVERÃO SER REALIZADAS DURANTE O “DIA” - segundo determina o art. 245 do CPP. 
EXISTEM TRÊS POSIÇÕES SOBRE A DEFINIÇÃO DE “DIA”: a) segundo posicionamento do STF, o ministro José Celso de Mello Filho considera a expressão “dia”: é da aurora boreal ao crepúsculo; b) a outra posição doutrinária está fundada no artigo 172 do CPC, que diz que - dia é das 06 horas às 20 horas; c) a outra corrente prefere manter como sendo “dia” das 06 horas às 18 horas. A primeira corrente parece ser mais adequada face às diversas adversidades no que tange aos horários do sol nascer e se pôr, ou seja, há lugares onde é aplicado o horário de verão, bem como nem todos os lugares no país possuem o mesmo horário para o sol nascer e se por, por exemplo, existem lugares no Nordeste que às 19 horas já é noite.
A BUSCA PODERÁ SER DETERMINADA a requerimento das partes (acusação ou defesa) ou de ofício pelo juiz (art. 242 do CPP). Quando o requerimento é feito pelas partes, essas deverão demonstrar ao juiz, as fundadas razões e/ou motivos, bem como qual a finalidade da diligência, para que o magistrado autorize a busca. O juiz só vai determinar a busca de ofício somente em caso da busca ser imprescindível para apuração da verdade real. 
APÓS, REALIZADA A DILIGÊNCIA DE BUSCA E APREENSÃO, será lavrado um auto circunstanciado e assinado por duas testemunhas presenciais e pelos executores – art. 245, § 7º do CPP. As coisas ou pessoas achadas após a diligência, serão apreendidas e postas posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes. – art. 245, § 6º do CPP.
CASO O MORADOR RECUSE A ABRIR A PORTA DE SEU DOMICÍLIO, os executores poderão arrombar a porta e forçar a entrada, procedendo, em seguida, à busca e apreensão. Cumpre lembrar que a busca e apreensão deverá ser realizada por dois executores, caso for realizada por apenas um haverá omissão de formalidade essencial. – art 564, IV do CPP.
EXISTEM COISAS, EM FACE DE SUA NATUREZA, QUE NÃO PODEM SER APREENDIDAS, TAIS COMO: esperma, cabelo, uma plantação inteira de maconha, etc.
A BUSCA E APREENSÃO DE COISAS CRIMINOSAS TAMBÉM SERVEM PARA ASSEGURAR o confisco do Estado, restituição futura do ofendido, a indenização futura da vítima.
A BUSCA PESSOAL, a luz do art. 244 do CPP, não precisará de mandado no caso de prisão ou quando houver, fundada suspeita de que a pessoa de posse de objetos, papéis que caracterizam corpo delito ou de arma proibida.
A BUSCA PESSOAL em uma mulher deverá ser realizada por outra mulher, salvo se não acarretar prejuízo ou retardamento da diligência, segundo preconiza o artigo 249 do CPP, ou seja, se não houver polícia feminina no local para realizar a revista, a busca poderá ser feita por um homem.
08. DA PROVA DOCUMENTAL– art. 231 a 238 do CPP.
ORIGEM E CONCEITO - A palavra documento também tem origem do latim documentum – que significa mostrar, indicar, instruir. O documento, na atualidade, pode ser considerado como uma prova escrita, uma fotografia ou qualquer outra maneira de se expressar o pensamento ou sentimento do homem, sempre, destinados a demonstrar, indicar ou instruir em juízo um fato ou direito alegado. Segundo Fernando Costa Tourinho Filho, documento em sentido estrito, é qualquer escrito sem esse caráter constitucional orgânico, de um ato jurídico, feito sem prévio propósito de servir de prova, mas que, ocasionalmente, desempenha esta função.
O QUE SÃO DOCUMENTOS? - Conforme preceitua o artigo 232 do CPP, consideram-se documentos, quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos.
CONCEITO DE INSTRUMENTO E ESCRITO - O termo instrumento diverge o do termo escrito. O primeiro é um documento escrito, de forma especial em seu bojo, elaborado com a finalidade, de no futuro, servir como prova de algum ato nele representado. Já escrito, é um papel que contém em seu bojo palavras escritas ou idéias que estão representadas por sinais.
MOMENTO QUE OS DOCUMENTOS PODERÃO SER JUNTADOS NO PROCESSO - Os documentos em processo penal poderão ser juntados a qualquer fase do processo, salvo os casos expressos em lei, preceitua o art. 231 do CPP. Existem vedações legais tais como, na segunda fase do júri que o documento deve ser comunicado à parte contrária, até 03 dias antes da data do julgamento - art. 479 do CPP e na fase das alegações no processo do Tribunal do Júri – art. 406, § 2º do CPP.
CARTAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS - Qualquer documento poderá ser apresentado em juízo, salvo a exceção contida no art. 233 do CPP, que veda apresentação em juízo de cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios ilícitos. Tal artigo está em total consonância à norma constitucional prevista no art. 5º, XII, que proíbe a violação das correspondências. Quando o destinatário apresenta a carta, para a defesa de seu direito, mesmo sem o consentimento do signatário, esta poderá ser aceita em juízo – art. 233, § único do CPP.
DESENTRANHAMENTO DE DOCUMENTOS DO PROCESSO - Os documentos poderão a requerimento das partes, após o final do processo (trânsito julgado), serem desentranhados, caso não interessem mais ao mesmo. Caso seja, autorizada o desentranhamento ficarão nos autos traslados. 
O QUE OCORRERÁ COM OS DOCUMENTOS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA – serão traduzidos por tradutores públicos ou nomeados pelo juiz. Nos termos do artigo 281 do CPP os tradutores, intérpretes, são equiparados em direitos e deveres aos peritos. 
JUNTADA DE OFÍCIO DE UM DOCUMENTO - O juiz de ofício pode determinar que um documento seja juntado ao processo, quando possível, independentemente de requerimento de qualquer das partes, uma vez que o juiz sempre está em busca da verdade real – art. 234 do CPP.
09. INTERROGATÓRIO – art. 185 a 196 do CPP
NATUREZA JURÍDICA DO INTERROGATÓRIO - O interrogatório possui, na atualidade, uma natureza jurídica mista, ou seja, é considerado um meio de autodefesa, bem como é um meio de prova. 
AUTODEFESA - é ato exclusivo do réu, pessoal, renunciável. Defesa técnica é aquela realizada por um advogado (profissional habilitado dentro dos quadros da OAB).
CARACTERÍSTICAS DO INTERROGATÓRIO – (a) ato personalíssimo – somente o acusado pode ser interrogado pelo juiz; (b) ato privativo do magistrado, apesar das partes podem elaborar perguntas; o juiz só vai permitir as perguntas pertinentes e relevantes; (c) deve ser oral, salvo os casos dos mudos que prestaram seus depoimentos por escrito e os surdos que o juiz elabora as perguntas por escrito ao réu; (d) o interrogatório pode ser realizado a qualquer momento (não há preclusão do ato).
DA PRESENÇA OBRIGATÓRIA DO DEFENSOR NO INTERRROGATÓRIO - A lei 10.792/03 que alterou as regras do interrogatório determina, dentre outras coisas, a obrigatoriedade da presença do advogado (dativo ou constituído) no interrogatório do réu. – art. 185 do CPP. Alguns doutrinadores entendem que tal ausência apenas acarreta nulidade relativa, mas segundo outra parte da doutrina, bem como a OAB, preconizam que a ausência de defensor no interrogatório do acusado acarreta nulidade absoluta. 
É, mediante a defesa técnica que o réu verá garantido o seu direito ao contraditório e da ampla defesa. Sem à presença do advogado na audiência, pode o juiz, por qualquer razão, deixar de mencionar na ata de audiência tudo que disse o acusado ou poderá registrar tal depoimento de forma errônea.
DO INTERROGATÓRIO DE RÉU NO ESTABELECIEMENTO PRISIONAL – Conforme determina o art. 185, § 1º do CPP, o interrogatório do réu preso deve ser realizado no próprio estabelecimento prisional que se encontrar recolhido. Para tanto, deverá existir uma sala apropriada, além do que devem ser garantidas a segurança do magistrado, Ministério Público e auxiliares da justiça, a presença do defensor e a publicidade do ato. 
OLHAAAAAAAAAAAAAAAAA SÓÓÓÓÓÓ!!!!!!!!!!!! Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1º (no estabelecimento prisional) e 2º (videoconferência) do artigo 185 do CPP.
DO DIREITO DE ENTREVISTA RESERVADA ENTRE DEFENSOR E RÉU ANTES DO INTERROGATÓRIO – Desde o Pacto de San José da Costa Rica, é previsto o direito do defensor ter uma entrevista reservada com acusado antes do interrogatório. Tal direito se tornou obrigatório em nosso CPP, com advento da lei n. 11.900/09, que acrescentou o § 5º, no art. 185, do CPP, onde o referido dispositivo legal, claramente, determina que o juiz deverá assegurar o direito de entrevista do réu com seu defensor, antes do início do interrogatório.
DO DIREITO DE SILÊNCIO DO ACUSADO – (art. 186, caput e § único do CPP). O direito de silêncio previsto no art. 5º, LXIII, da CF, afirma que o réu tem o direito de permanecer calado, sem qualquer restrição. Agora o legislador deixou claro que o silêncio do réu não importará em confissão, assim como não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa, logo fica claro que, hoje, o direito de silêncio do acusado em seu interrogatório não lhe prejudica mais em sua defesa. Esse artigo de lei está em total harmonia com os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, da presunção de inocência.
O ACUSADO PRECISA DIZER A VERDADE? O réu não está obrigado a falar a verdade; esta obrigação de dizer a verdade é da testemunha, sob pena de responder pelo crime de falso testemunho. A mentira do acusado no interrogatório só será considerada crime se mentir sobre a sua própria identidade - art. 307 do CP, ou cometer o delito de auto-acusação falsa - art. 341 do CP.
DA NECESSIDADE DA QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO – segundo o art.185, caput do CPP o réu deverá ser qualificado e posteriormente interrogado sobre o mérito. 
O INTERROGATÓRIO ESTÁ DIVIDIDO EM DUAS PARTES - O interrogatório é constituído de duas partes: – primeira parte, o juiz pergunta sobre a pessoa do réu, – segunda parte, o juiz pergunta sobre os fatos (mérito).
AS PARTES (ACUSAÇÃO E DEFESA) PODEM FORMULAR PERGUNTAS NO INTERROGATÓRIO DO RÉU - advento da Lei 10.792/2003, a presença do defensor no interrogatório do réu passou a ser obrigatória, o direito das partes em formular perguntas no referido ato (tanto a acusação, como a defesa, pode elaborar perguntas que o juiz só vai reperguntar se achar a mesma pertinente e relevante. Percebe-se, pelos diversos dispositivos alterados pela Lei 10.792/2003, que foi intenção do legislador privilegiar o contraditório e a ampla defesa no interrogatório).
O RÉU PODERÁ no seu interrogatório apresentar a sua versão da história, podendo inclusive, indicar provas, conforme art. 189 do CPP.
OS RÉUS DO MESMO PROCESSO – serão ouvidos pelo juiz separadamente.
NECESSIDADE DE NOMEAÇÃO DO INTERPRETE – caso o réu só fale a língua estrangeira, o magistrado deverá nomearum interprete.
INTERROGATÓRIO PODERÁ SER REALIZADO A TODO O TEMPO – art. 196 do CPP - o juiz de ofício ou a requerimento das partes poderá interrogar o réu novamente. Até os Tribunais podem interrogar o réu, conforme art. 616 do CPP.
O ACUSADO REVEL quando comparecer em juízo deverá ser interrogado.
INTERROGATÓRIO DO REÚ POR CARTA PRECATÓRIA – Os tribunais estão admitindo, como por exemplo, na impossibilidade de locomoção do réu, o interrogatório por carta precatória.
DA VIDEOCONFERÊNCIA – O STF recentemente entendeu que a videoconferência é causa de nulidade absoluta (HC 90.900, j. em 30.10.2008). Porém, a lei 11.900/09 posiciona-se de forma contrária.
ATENÇÃO SEUS MORTOS, A VIDEOCONFERÊNCIA NO INTERROGATÓRIO DO RÉU É UMA EXCEÇÃO !!!!! DE ACORDO com O § 2º, do art. 185 -  
DIZ A LEI!!!!!!! Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, poderá determinar a videoconferência, outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real.
QUEM PODE DETERMINAR A VIDEOCONFERÊNCIA??? O juiz de ofício ou a requerimento das partes, 
QUAL É A FINALIDADE DESSA MEDIDA?????
a - para prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
b – para viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal.
c – para impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
d – para responder à gravíssima questão de ordem pública.
DA INTIMAÇÃO DAS PARTES DO INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA - As partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
O preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código, de acordo com o parágrafo 4º do art. 185 do CPP.
PARA GARANTIR AO RÉU O SEU DIREITO A AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO - A sala DE VIDEOCONFERÊNCIA no estabelecimento prisional será FISCALIZADA pelos CORREGEDORES e pelo JUIZ de cada causa, como também pelo MINISTÉRIO PÚBLICO e pela ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL.
ATENÇÃO SEUS MORTOS, MAIS UMA NOVIDADE !!!!!!! A videoconferência poderá ser também em outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido.
INTERROGATÓRIO NA LEI AMBIENTAL – L.9.605/98 – Cabe lembrar que segundo alguns doutrinadores que aplicam a regra da analogia do procedimento do CPP e da Lei 9.099/95, na lei ambiental também há possibilidade do interrogatório da pessoa jurídica, apesar desse entendimento ser rechaçado por algumas correntes doutrinárias.
10. DA TESTEMUNHA E DA PROVA TESTEMUNHAL
CONCEITO - Testemunha é a pessoa estranha ao processo, que por intermédio de seus sentidos consegue depor sobre fatos perante o magistrado. É, considerada elemento de prova.
QUALQUER PESSOA PODE SER TESTEMUNHA – art. 202 do CPP.
POSSUEM A FACULDADE DE TESTEMUNHAR – art. 206 do CPP - toda testemunha é obrigada a depor, entretanto, porém, poderá recusar-se a testemunhar o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, ainda que desquitado (separado judicialmente), o pai e o irmão, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstancias.
DEPOIMENTO ORAL – a testemunha deverá prestar suas declarações de forma oral (a lei veda o depoimento por escrito), podendo, apenas consultar breves apontamentos. – art. 204, caput e § único do CPP.
PESSOAS QUE PODEM OPTAR POR TESTEMUNHAR POR ESCRITO - O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar por testemunhar por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por um ofício. – art. 221, § 1º do CPP.
PESSOAS QUE ESTÃO IMPEDIDAS DE TESTEMUNHAR – existem pessoas que em razão do ministério, ofício, profissão, função devem guardar segredo, por isso, estão impedidas de testemunhar em juízo, salvo se a parte interessada liberar, esse profissional, para testemunhar e, ele quiser. – art. 207 do CPP
DO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO – art. 342 do CP – a testemunha quando for prestar suas declarações, fará a promessa de dizer a verdade do que souber e o que for perguntado, sob pena de ser processada pelo crime de falso testemunho.
AS OITIVAS DAS TESTEMUNHAS SÃO REALIZADAS SEPARADAMENTE – segundo o art. 210 do CPP (atualizado com a Lei 11.690/08), cada testemunha deve ser ouvida individualmente, uma não podendo saber e nem ouvir as declarações da outra, bem como o magistrado deverá avisar as testemunhas sob as penas cominadas pelo crime de falso testemunho. Para que seja garantida a incomunicabilidade das testemunhas, antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para elas. 
AS PARTES PODEM FORMULAR DIRETAMENTE AS PERGUNTAS ÀS TESTEMUNHA - A lei 11.690/08 também alterou o texto do art. 212 do CPP, onde hoje permite que as partes formulem, diretamente, as perguntas à testemunha, porém não serão admitidas pelo juiz as perguntas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. 
Segundo o seu parágrafo único, os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.  
A direct-examination (inquirição pela parte que arrolou a testemunha) e a cross-examination (inquirição pela parte contrária) são feitas sem intermediação do magistrado, a quem cabe principalmente controlar a regularidade da inquirição (EUA, Federal Rules of Evidence, rule n. 611, a).
DA VIDEOCONFERÊNCIA - O art. 217 do CPP alterado pela lei acima mencionada, preconiza que  se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor”. Surge, assim, com Lei 11.690/08, em seu artigo 217, a possibilidade da audiência ser pelo sistema de videoconferência (a videoconferência foi considerada inconstitucional pelo STF por violar o direito da ampla defesa, o direito do réu estar em todas as audiências . CASO SEJA ADOTADO PELO JUIZ, qualquer das medidas previstas no caput deste artigo, deverá constar do termo de audiência, assim como os motivos que a determinaram. 
QUEM NÃO PRESTARÁ O COMPROMISSO DE DIZER A VERDADE - ART. 203 DO CPP, – (a) menores de 14 anos; (b) as pessoas mencionadas no art. 206 do CPP; (c) com doença ou deficiência mental, segundo menciona o art. 208 do CPP.
CONTRADITA – Não é aceito no código de processo penal, o testemunho de pessoas inidôneas. Portanto, antes de começar o depoimento, a testemunha poderá ser contraditada, argüindo a parte circunstâncias que possam induzir a suspeição de seu depoimento. Contraditar significa demonstrar dentro do processo penal que o depoente (testemunha) não tem idoneidade para prestar aquele testemunho. 
DEPOIMENTO DO SERVIDOR PÚBLICO – conforme previsto no art. 218 do CPP, o servidor público é obrigado a testemunhar, contudo, devendo a expedição do mandado ser comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com a indicação de dia e hora marcados (CPP 221, §3º). DEPOIMENTO DO MILITAR – para que os militares possam testemunhar, deverão ser requisitados ao superior hierárquico. – art 221, § 2º do CPP.
EXISTEM PESSOAS QUE PODEM ESCOLHER DIA, HORÁRIO ELUGAR PARA TESTEMUNHAR – esse rol de testemunhas está no caput do art. 221 do CPP, sendo eles o Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estados, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo.
ORDEM PARA SER OUVIDA AS TESTEMUNHAS -O ofendido e as testemunhas da acusação são ouvidas em primeiro lugar, e depois e uma nova audiência são ouvidas as testemunhas de defesa. Essa ordem integra o direito de defesa e não pode ser invertida, ou seja, enquanto não encerradas as testemunhas de acusação não serão ouvidas as de defesa.
DEPOIMENTO DE UMA CRIANÇA COM MENOS DE 14 ANOS – conforme acima mencionado, os menores de 14 anos são considerados tão-somente declarantes (testemunhas informantes – valor probatório relativo), em face de dificuldade que tem a criança de separar a realidade da fantasia, podendo vir a criar devaneios sobre dado momento do crime. 
TESTEMUNHO POR CARTA PRECATÓRIA – quando a testemunha mora fora da jurisdição onde corre o processo será ouvida por carta precatória. A carta precatória não suspende a instrução criminal. Findo o prazo da carta precatória, o juiz poderá proferir sua decisão, mas poderá deixar de fazê-lo, se demonstrar que a prova deprecada é fundamental ou decisiva.
TESTEMUNHAS VELHAS OU COM QUALQUER ENFERMIDADE – quando uma pessoa não puder comparecer para depor em juízo em razão de velhice ou de enfermidade, o juiz irá inquiri-las onde tiverem.
CLASSIFICAÇÃO:
a)TESTEMUNHA DO JUÍZO – é aquela chamada pelo magistrado, mas não foi arrolada pelas partes.
b)TESTEMUNHA INFORMANTE – é aquela que não assina o compromisso do art. 203 do CPP, ou seja, a obrigação de dizer a verdade. São consideradas testemunhas extranumerárias.
c)TESTEMUNHA DIRETA – é a pessoa que presencia o fato.
d)TESTEMUNHA INDIRETA – são pessoas que tomaram conhecimento sobre os fatos por intermédio de outra pessoa
e)TESTEMUNHA NUMERÁRIA – são aquelas que as partes podem arrolar segundo a lei (rito ordinário – até 8 testemunhas, sumário até 5 testemunhas, etc.). Elas prestaram o compromisso de dizer a verdade.
f)TESTEMUNHA REFERIDA – são as pessoas que foram mencionadas no depoimento de outras testemunhas.
g)TESTEMUNHA INSTRUMENTÁRIA – são as testemunhas impróprias, ou seja, que prestam declarações sobre atos processuais.
QUANDO A TESTEMUNHA NÃO FOR ENCONTRADA??? - o juiz poderá concordar com o pedido de substituição, exceto quando o pedido tiver por fim frustrar o disposto nos arts. 41 e 395 ambos do CPP. Contudo, não sendo encontradas as testemunhas de defesa, se o acusado, dentro do prazo de três dias, não indicar outras em substituição, prosseguir-se-á nos demais termos do processo. 
AS PARTES PODERÃO DESISTIR DO DEPOIMENTO DE QUALQUER DAS TESTEMUNHAS ARROLADAS - quando considerarem suficientes as provas que possam ser ou tenham sido produzidas, salvos os casos em que o juiz julgar necessário ouvi-la.
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