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Revisão da literatura empírica v.1 25 de agosto

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Revisão da literatura empírica
Desde meados dos anos 2000, financistas e acadêmicos vêm tentando esclarecer os porquês da tendência ascendente de uso de técnicas quantitativas sofisticadas de Algorithmic Trading, AT, por exemplo, robôs de investimento. Além disso, também tentam localizar possíveis externalidades externalidades positivas ou negativas para o mercado financeiro. 
Nesse sentido, Stein (2009) investiga se há risco de grandes fundos de investimento, por exemplo, fundos de hedge ou fundos de pensão, de negociarem simultaneamente através de AT, com o intuito de afastarem os preços dos ativos dos seus fundamentos, necessitando ser regulado. Já Kirilenko et. al (2011) investigam se a ação de traders de alta frequência, High-frequency traders – HFT, foi responsável pela ocorrência do Flash Crash, em 6 de maio de 2010, que foi um período de extrema volatilidade, em que as ações, índices, opções, swaps cambiais, etc. caíram mais de 5% em menos de 30 minutos, sendo seguido de um rebote. 
O primeiro trabalho é contestado posteriormente por Hendershott, Jones e Menkveld (2011), que apontam o contrário, que o uso de robôs de investimento apenas é benéfico, pois dá mais liquidez aos mercados em que se faz presente, sendo muitas vezes utilizado para market-making. 
Quanto ao Flash Crash, os autores enunciam que os HFTs não dispararam o gatilho para essa quebra, eles apenas saíram do mercado quando as condições se deterioraram, o que pode ter contribuído para a mesma. Desse modo, HFTs diferenciam-se dos market-makers tradicionais, pois buscam negociar ao máximo sobre as oscilações dos preços, sem necessariamente tomar posições de médio-longo prazos e ter de assumir riscos de perdas.
Quanto aos porquês do crescente uso de AT, Biais, Foucault, e Moinas (2011) e Nuti et. al. (2011) sublinham que o uso de robôs de investimento assegura ganhos com a volatilidade nos preços dos ativos, pois antecipa a descoberta dos preços, de modo que, os traders vagarosos passam a incorrer alto custo de seleção adversa. Já Pitluck (2011), arrola que pode-se usar robôs de investimento para pulverizar grandes ordens de compra ou venda, em parcelas simétricas ou não, em tempo igualmente espaçado ou otimizado dinamicamente, reduzindo as distorções nos preços que as mesmas geram, evitando que os preços caíam ou subam drasticamente, assim que seja efetuada a transação. 
Mackenzie et. al. (2012) vão mais além e nomeiam cinco propósitos distintos em que AT é usado: i) market-making, em se busca ganhos de margem pequena com negociações baseadas na volatilidade dos preços; ii) arbitragem entre mercados; iii) arbitragem estatística, por exemplo, a verificação de padrões de preços persistentes entre ações como Coca Cola e Pepsi; iv) estratégias de antecipação de ordens de compra e venda, mediante mudanças de cenário macroeconômico, análises de discursos de agentes políticos, análise sócio emocional de redes sociais, dentre outras; v) ignição de momento, que é uma prática ilegal de manipulação dos preços, singular ou em conluio, que envolve comprar ou vender ações com o intuito de iniciar uma alta ou queda nos preços e lucrar com isso.
De um modo geral, a literatura aponta como positivo o uso de robôs de investimento. Hoffman (2014) inclusive mostra que quaisquer intervenções apenas impediria os ganhos de eficiência no sistema de preços, e que tributação poderia acabar extinguindo as negociações de alta velocidade. Traff (2016) registra que AT já é muito usado por bancos e agentes autônomos de investimento na gestão de riquezas, Wealth Management, tendo como principais vantagens, o menor investimento requerido, menores custos de operação, reorganização da carteira conforme o alvo previamente estabelecido, minimização do pagamento de impostos, ausência de decisões viésadas emocionalmente. Conforme Tertilt, Michael e Scholz (2017), na pior das hipóteses, o resultado da carteira de investimentos feito por AT é similar ao realizado por métodos convencionais, restando ainda como benefícios a disponibilidade de operação em tempo integral e facilidade para reinvestimentos.

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