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Aula 05 (1)

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EDUCAÇÃO E ECONOMIA POLÍTICA
O PENSAMENTO POLÍTICO E ECONÔMICO NA ÓTICA DO TRABALHO: MARXISMO 
CURSO DE PEDAGOGIA – professora BEATRIZ PINHEIRO
Rio de Janeiro, 08 de setembro de 2011
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A TEORIA ECONÔMICA
A teoria econômica tradicional afirma sua neutralidade e seu objetivo de explicar o funcionamento da sociedade do ponto de vista econômico.
Para a teoria econômica neoclássica, a sociedade, em síntese, funciona da seguinte forma: 
“As pessoas desejam satisfazer, pelo consumo, certas necessidades. A divisão do trabalho e a troca resultam numa maior satisfação para todos. Isto se aplica a qualquer bem, inclusive à capacidade de trabalho do indivíduo. Ninguém é forçado a vender. Se vende deve então ganhar algo. O método mais natural de organização da sociedade, assim, consiste em deixar que cada pessoa faça a troca que deseja. A liberdade é considerada o princípio da organização social”. 
A teoria econômica afirma que a realidade social é, em seus importantes aspectos econômicos, reflexo de gostos e preferências isoladas, que se influenciam mutuamente através de processos livres de escolha e troca.
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PRESSUPOSTOS DA TEORIA ECONÔMICA 
A teoria econômica funda-se em dois importantes pressupostos:
a) A racionalidade da conduta humana -
Diz-se que todo o indivíduo dotado de razão, diante de diferentes linhas de procedimento, tenta escolher a que lhe parece fornecer o máximo de satisfação (ou o mínimo de insatisfação)
b) Os agentes individuais como unidade de análise
O indivíduo e suas atividades econômicas são a base do sistema econômico. São os indivíduos que vão resolver livremente que quantidade e quais os bens ou serviços que vão adquirir, o que vão poupar de sua renda. Os fenômenos econômicos são então deduzidos dos gostos e preferências individuais. Os consumidores é que dirigem a economia. Estes agentes econômicos são indivíduos e firmas. Ambos perseguem um objetivo - o máximo de satisfação (utilidade ou lucro) - e conseguem realizá-lo da maneira mais eficiente possível. 
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PRESSUPOSTOS DA TEORIA ECONÔMICA 
Os agentes individuais (indivíduos e firmas) são considerados o ponto de partida da ciência econômica. A teoria econômica verifica o funcionamento destas unidades e elabora uma teoria de comportamento da economia como um todo mediante a agregação do comportamento dessas unidades
Estes dois pressupostos estão implícitos em todas as formulações teóricas e constituem seus alicerces. Jamais são checados ou testados, isto é, não se verifica a veracidade de tais suposições. Isto porque elas trazem consigo uma visão de homem e uma visão de sociedade que justificam a realidade capitalista. Negar esses pressupostos ou suposições seria, então, colocar em questão o próprio sistema capitalista e desvendar o caráter ideológico da teoria econômica. Por isto são aceitos sem discussão.
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A VISÃO DE HOMEM: TEORIA ECONÔMICA
Para a teoria econômica, as únicas características humanas que interessam são: a racionalidade do comportamento humano e o egoísmo, pois são aquelas que os teóricos julgam necessárias para explicar o funcionamento do sistema. A racionalidade e o egoísmo do homem lhe permitem escolher sempre o melhor. Ele vai empreender atividades econômicas para satisfazer seus desejos. Assim, o homem é visto, em essência, como tendo uma capacidade ilimitada para consumir. Esta noção é fundamental para a produção capitalista porque: 
a) Justifica a apropriação infinita dos capitalistas. É preciso explicar a necessidade incessante de lucro através de uma necessidade infinita de consumo. E esse desejo passa a ser criado pela propaganda, incentivando necessidades de consumo cada vez mais inúteis e sofisticadas. Quem dirige o sistema econômico são, na verdade, os desejos dos capitalistas e não dos consumidores.
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A VISÃO DE HOMEM: TEORIA ECONÔMICA
b) Justifica a existência da desigualdade sócio-econômica. Se o homem tem, por natureza, um desejo insaciável de consumir, os recursos naturais serão sempre escassos em relação a esses desejos. Não é possível produzir tudo de que todos necessitam. Então haverá sempre desigualdade. 
O homem reduz-se a uma abstração. É compreendido a-historicamente. Portanto, não são consideradas as diferenças sociais nem históricas dos homens.
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A VISÃO DE SOCIEDADE: TEORIA ECONÔMICA
A sociedade capitalista é vista como uma soma de indivíduos com comportamentos econômicos semelhantes. Não existe antagonismo nem exploração entre eles, só harmonia.
É a livre atitude destes sujeitos, sua busca de satisfação que, segundo a teoria, explica o funcionamento da economia. Ela é, portanto, regida pelos direitos individuais.
Entender que os homens são livres para decidir sobre sua conduta econômica acaba por justificar a desigualdade social. Vejamos: se todos são “livres” para consumir, trocar e produzir, os “ricos e pobres” só são ricos ou pobres porque tiveram liberdade para decidir se poupariam sua renda ou a consumiriam; foram livres para decidir se esforçar na vida, usar seu talento ou não. Assim, ao ver o indivíduo como unidade autônoma, a teoria obscurece a natureza espoliativa do sistema e dá uma explicação para as diferenças sociais. 
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A VISÃO DE SOCIEDADE: TEORIA ECONÔMICA
Esta noção de liberdade de troca, liberdade econômica, faz o sistema capitalista parecer o mais natural, a forma mais “bem elaborada” de organização social e econômica. 
A teoria reduz todo comportamento econômico ao comportamento no mercado. O próprio ato de produção é um ato de troca. Acredita que o comportamento humano é sempre igual, em qualquer formação social. A teoria assim focaliza apenas os aspecto das relações de troca em diferentes sociedades. Não considera que feudalismo, capitalismo e socialismo são diferentes não porque tenham ou não uma liberdade de troca, mas porque são determinados por diferentes relações de produção.
A teoria econômica estuda apenas as relações de troca. E o faz reunindo suas unidades básicas – os indivíduos – que maximizam utilidade ou lucro. Assim, a teoria reduz o estudo da sociedade às relações de troca e, em seguida, estuda essas relações não como relações entre pessoas, mas entre coisas. 
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A TEORIA ECONÔMICA CRÍTICA
O pensamento econômico marxista, ao contrário, parte de uma visão de homem e sociedade diferenciada. 
Percebe os homens em sua concretude, em suas relações sociais, a partir de suas condições objetivas de existência.
Com a elaboração da categoria modo de produção, Marx busca compreender o funcionamento das sociedades e o modo como elas se transformam. Foca seu olhar na base material das sociedades e as compreende a partir daí.
Partindo do que analisa na esfera da produção das mercadorias (e não na esfera da circulação das mercadorias) ele chega a compreender as contradições sociais e econômicas, o modo como se dá a exploração e a luta de classes.
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A TEORIA ECONÔMICA – CRÍTICA DE MARX
Em uma perspectiva crítica, a ciência conjuga os fatos observáveis, as hipóteses, à ideologia, que reflete a ótica da classe no poder. As ciências sociais não são neutras, expressando a visão de mundo do pesquisador.
Marx no Pósfacio à segunda edição de O Capital, mostra que a Economia Política não poderia se constituir como ciência original, independente, e explicar sem máscaras a sociedade capitalista, tendo em vista o desenvolvimento das relações capitalistas de produção. Uma vez que o capitalismo estivesse implantado e a luta de classes fosse assumindo formas mais radicais, só restaria à Economia Política o caminho da justificativa do capitalismo. 
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A MERCADORIA
Mercadorias são as formas que o produto do trabalho humano assume no capitalismo. 
Mercadoria é um produto do trabalho humano que é colocado à venda. Para que um objeto possa ser considerado uma mercadoria, é necessário que tenha um valor de troca, ou um valor social, e não apenas um valor de uso, uma utilidade.
As mercadorias são vendidas no mercado em troca de outros
objetos ou de dinheiro, ou seja, “para tornar-se mercadoria, é preciso que o produto seja transferido a quem vai servir como valor de uso por meio da troca”. 
Há serviços e bens que são mercadorias e outros que são não-mercadorias. Tudo depende da relação social entre quem produz e quem consome. Se há transação comercial, se há preço e pagamento, trata-se de uma mercadoria.
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VALOR DE USO e VALOR DE TROCA
Valor de uso de um bem é a utilidade de algum objeto, por exemplo, o valor de uso da água é matar a sede do homem. Agora se essa mesma água for vendida num bar, ela terá um valor de uso, matar a sede, e um valor de troca, o quanto ela custa no mercado. 
Toda mercadoria é um objeto que tem uma utilidade, um valor de uso. Pode-se mesmo afirmar que as mercadorias diferenciam-se umas das outras por seu valor de uso, uma vez que cada necessidade corresponde a uma mercadoria com características específicas. 
Entretanto, para que os objetos possam ser mercadorias eles devem ter também valor de troca, ou simplesmente valor. Valor é o que permite que uma mercadoria seja trocada de mãos no mercado 
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VALOR DE USO e VALOR DE TROCA
No capitalismo, todas as mercadorias não possuem valor de uso para seus proprietários e têm valor de uso para seus consumidores. Assim, todas as mercadorias têm que trocar de mãos
O modo de produção capitalista é mercantil. Isso significa que a produção se organiza não em função do valor de uso, da utilidade dos bens para seus produtores, mas em função do valor de troca.
Vale destacar, que um bem pode ter um valor de uso e não de troca, por exemplo, o ar que respiramos, ele é essencial a nossa sobrevivência, mas ainda não está à venda, não tem valor de troca, pois está disponível a todos e não tem trabalho humano agregado. Assim, o ar não é uma mercadoria. Se em algum momento do futuro esse ar for engarrafado e vendido no mercado para atender alguma necessidade, ele passará a ter um valor de troca. 
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O VALOR DE UMA MERCADORIA
O valor é a capacidade de uma mercadoria ser trocada por outra em uma operação de troca. A troca de bens só é possível porque as mercadorias trocadas têm o mesmo valor. 
Quando compramos uma mercadoria pagamos um preço por ela. Trocamos a mercadoria por outra mercadoria, o dinheiro. A moeda, o dinheiro, já foi uma mercadoria que adquiriu o uso social de expressar o valor de todas as demais mercadorias. O dinheiro é uma mercadoria que espelha o valor das demais, ele adquiriu a função de ser o equivalente geral de valor de todas as demais mercadorias. 
O preço de uma mercadoria não é outra coisa que seu valor expresso nesse equivalente geral, isto é, expresso em dinheiro. 
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O VALOR DE UMA MERCADORIA: a teoria 
do valor utilidade
As duas correntes de pensamento econômico entendem o valor de modo diferenciado. 
A teoria econômica clássica entende que o valor se um bem é dado pela relação que os homens estabelecem com as coisas ou com a natureza. Para esta teoria, o homem tem necessidades e é na procura da satisfação delas que ele se engaja na atividade econômica. Logo, o que ele cria na atividade econômica, ou seja, o valor é o grau de satisfação ou a utilidade derivada desta atividade. 
O homem atribui valor aos bens e serviços na medida em que satisfazem suas necessidades. Esse valor é subjetivo, mas se determina, isto é, se torna objetivo e se manifesta concretamente, na esfera da circulação, da troca de mercadorias pela lei da oferta e da procura. Assim, que dá a decisão final sobre o valor das mercadorias são os consumidores 
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O VALOR DE UMA MERCADORIA – 
a teoria do valor trabalho
Para os marxistas, as mercadorias já chegam ao mercado com seu valor, seu preço estabelecido pelas empresas capitalistas. O valor não é dado no mercado ao sabor da lei da oferta e da procura. 
Para Marx, diferentemente, o valor é fruto das relações sociais que se criam entre os homens na atividade econômica. Ele se mede pelo tempo do trabalho produtivo que os homens gastam na atividade produtiva. Marx não parte do comportamento subjetivo para determinar o valor. Parte da idéia de que a atividade econômica é essencialmente social. Assim, ela decorre da divisão social do trabalho, na qual as pessoas desempenham funções diferentes. A função de cada um só ganha sentido na medida em que as outras existem. O valor decorre desta divisão social do trabalho. Numa sociedade sem esta divisão (um náufrago em uma ilha) não haveria atividade econômica e a atividade produtiva não geraria valor.
O valor é o valor do produto social, da atividade coletiva conjunta de todos os membros ativos da sociedade. 
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O VALOR DE UMA MERCADORIA – 
a teoria do valor trabalho
Na medida em que o valor é o valor do produto social, ele resulta de uma atividade coletiva e pode ser medido pelo tempo de trabalho social invertido neste produto. É o tempo de trabalho humano que equaliza todos os componentes do produto social. Assim, é possível dizer que uma sessão de teatro é igual a tantas passagens de ônibus, que por sua vez é igual a tantos copos de água mineral, porque todos estes bens e serviços resultam de uma mesma atividade social: o trabalho realizado mediante a divisão social do trabalho. E nesse sentido o valor é objetivo e pode ser medido objetivamente
Para Marx, é o trabalho despendido na produção da mercadoria que determina o seu valor de troca. Qualquer produto só tem valor porque está materializado na sua produção, o trabalho humano. A forma de medir o valor é a quantidade de tempo de trabalho despendida na elaboração de uma mercadoria. O valor, assim, é dado pelo tempo de trabalho socialmente necessário, gasto, na produção das mercadorias.
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O VALOR DE UMA MERCADORIA – 
a teoria do valor trabalho
O trabalho que constitui a substância do valor das mercadorias é trabalho igual e indistinto, um dispêndio da mesma força de trabalho. A totalidade da força de trabalho da sociedade, que se manifesta no conjunto dos valores, só releva, por conseguinte, como força única, embora se componha de inúmeras forças individuais. Cada força de trabalho individual é igual a qualquer outra, na medida em que possui o caráter de uma força social média e funciona como tal, isto é, emprega na produção de uma mercadoria apenas o tempo de trabalho necessário em média, ou o tempo de trabalho socialmente necessário.
O valor de troca assim, não é determinado pelo trabalho isolado do trabalhador, mas pelo trabalho socialmente necessário. 
A produção para a troca transforma cada trabalhador individual num órgão do trabalho social. O trabalho concreto de cada trabalhador vai se dissolvendo em trabalho social, tornando-se trabalho abstrato 
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O VALOR DE UMA MERCADORIA – a teoria do valor trabalho
O valor de um produto varia de acordo com a produtividade do trabalho, determinada pelo desenvolvimento das forças produtivas. 
Assim, o valor vai se modificar, por exemplo, com as novas tecnologias. Exemplo: um tapete produzido manualmente que demorou 30 dias para ser produzido terá um valor de troca muito maior do que outro tapete que foi produzido em série por máquinas industriais e demorou algumas horas a ser desenvolvido. Ou seja, o trabalho despendido no primeiro tapete foi muito maior do que no segundo 
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A MERCADORIA FORÇA DE TRABALHO
O capitalismo inaugura uma nova forma de relação entre o homem e o produto do seu trabalho, o trabalhador é despossuído de toda forma de bens, restando-lhe a venda da sua força de trabalho para garantir a sua sobrevivência. Essa força de trabalho é trocada por dinheiro, e podemos concluir que a força de trabalho se torna uma mercadoria tendo, assim, um valor de troca. 
O trabalhador no capitalismo perdeu a posse e o conhecimento do processo produtivo de seu trabalho. O trabalhador não é mais o proprietário dos meios de produção e devido à intensa divisão social do trabalho não concebe mais a produção completa de uma mercadoria. Um operário de uma fábrica não consegue mais
reconhecer o seu trabalho no produto final. Além disso, o trabalhador não tem condições de se apropriar do objeto que é fruto do seu trabalho. Esse processo é chamado por Marx de trabalho alienado. O trabalhador produz a riqueza, mas não participa dela.
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A TRANSFORMAÇÃO DO DINHEIRO EM CAPITAL
Com a introdução da moeda, o processo da troca abandona o esquema M - M, para a seguinte equação: M-D-M. O dinheiro (D) passa a ser o intermediário da troca de mercadorias, servindo como meio de circulação.
Os donos dos meios de produção, entretanto, não compram mercadorias para si, mas para vendê-las depois, um esquema D-M-D, que só faz sentido se o resultado for D – M - D’, onde D’ é maior que D.
Esse acréscimo ao valor primitivo investido na produção corresponde à mais-valia. É por este processo de expansão do valor que o dinheiro se transforma em capital. 
É no processo de produção que esse maior valor é criado.
Existe uma mercadoria que tem como característica singular a propriedade de ser criadora de valor: a força de trabalho
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A MAIS VALIA
Como visto, ao operário somente restou a sua força de trabalho que ele vende como mercadoria aos donos dos meios de produção que a compra por um determinado valor para fazê-lo trabalhar um quantum de horas, digamos 08 horas por dia e cinco dias por semana. Nesse momento o burguês é o dono da força de trabalho dispondo da maneira que achar mais lucrativo. É justamente nessa possibilidade de dispor sobre o trabalho humano que se concretiza o que Marx chama de mais-valia, é essa prática que gera lucro para o capitalista. Mais-valia é a diferença entre o valor produzido pela força de trabalho e o custo de sua manutenção.
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EXPLICANDO A MAIS VALIA
Como vimos, para Marx, o valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente gasto para produzi-la. Assim, o valor da mercadoria força de trabalho é o valor necessário para que o trabalhador viva: o seu salário. Mas como o capitalista adquire a força de trabalho, têm o direito de usá-la mesmo após o tempo em que o trabalhador criou um valor igual ao valor de sua força de trabalho. Durante as horas não pagas, o trabalhador cria um valor superior ao valor da sua força de trabalho, um valor a mais, a mais-valia, que corresponderá aos lucros dos capitalistas.
O trabalhador vende sua força de trabalho pelo seu valor (salário), mas o valor que a força de trabalho cria é maior do que esse valor. Essa diferença, esse valor a mais, é apropriado pelo capitalista e constitui a mais valia.
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EXPLICANDO A MAIS VALIA 
Para um dia de trabalho de 8 horas, por exemplo:
4h -- 4 peixes – R$40,00 -- tempo de trabalho necessário para que o trabalhador crie um valor igual ao seu salário
4h -- 4 peixes -- R$40,00 -- tempo de trabalho excedente (ou mais valia)
8h -- 8 peixes -- R$80,00 
Nem sempre é esta proporção. O tempo de trabalho para que um trabalhador crie um valor igual ao de sua força de trabalho pode ser menor. 
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A DIVISÃO DA MAIS VALIA ENTRE A CLASSE PROPRIETÁRIA
Os banqueiros dela usufruem quando recebem os juros dos empréstimos realizados aos industriais para investirem na produção. É óbvio que os industriais pagam estes juros com uma parte da mais valia.
Por sua vez, os produtores industriais (quando não comercializam seus produtos) abrem mão da extração de uma parcela da mais-valia para os comerciantes. Vendem a eles os produtos com preços mais baixos (atacado) de modo que eles possam também lucrar.
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TAXA DE MAIS VALIA
É a relação entre o tempo de trabalho excedente (o que constitui a mais-valia) e tempo de trabalho necessário (aquele que é necessário para criar o valor da mercadoria força de trabalho, ou seja, para criar um valor igual ao salário).
Taxa de mais-valia = t.excedente/t.necessário.
Assim, no exemplo:
4h/4h= 100%. 
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A MAIS VALIA ABSOLUTA 
O objetivo dos capitalistas é aumentar a taxa de mais valia, ou taxa de exploração.
O primeiro caminho é aumentar o tempo de trabalho excedente pelo aumento da jornada de trabalho.
Assim, no caso em que os trabalhadores do nosso exemplo tiverem a jornada de trabalho ampliada para 10 horas, teremos:
4h -- 4 peixes – R$40,00 -- tempo de trabalho necessário para que o trabalhador crie um valor igual ao seu salário
6h -- 6 peixes -- R$60,00 -- tempo de trabalho excedente (ou mais valia)
10h -- 10 peixes -- R$100,00 
A taxa de mais valia é: 6/4=150%
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A MAIS VALIA RELATIVA
Ao longo da história do capitalismo foram sendo criados limites para a ampliação da jornada de trabalho. 
O aumento da taxa de mais valia tem sido mais frequentemente obtido, então pela redução do tempo de trabalho necessário para que o trabalhador crie um valor equivalente ao da sua força de trabalho. Essa forma é a mais-valia relativa, que só é possível graças à introdução de máquinas modernas, desenvolvimento da tecnologia e ampliação da produtividade. Trata-se da mais valia relativa
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A MAIS VALIA RELATIVA
Assim, no nosso exemplo: 
2h -- 4 peixes – R$40,00 -- tempo de trabalho necessário para que o trabalhador crie um valor igual ao seu salário
6h -- 12 peixes -- R$120,00 -- tempo de trabalho excedente (ou mais valia)
8h -- 16 peixes -- R$160,00 
A tecnologia pode dobrar a produtividade. Assim, em 1hora, o trabalhador poderá pescar 2 peixes. Então, em 2 horas o trabalhador cria um valor igual ao seu salário. E, num jornada de 8 horas é capaz de pescar 16 peixes.
A taxa de mais valia é: 6/2=300%
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O EXÉRCITO INDUSTRIAL DE RESERVA
O valor da força de trabalho, isto é, o salário, varia de acordo com as condições históricas e sociais. Os salários, assim, expressam as condições de luta dos trabalhadores em cada momento histórico.
A existência de desempregados, assim, é fundamental para os capitalistas para que os níveis salariais sejam mantidos mais baixos. Por isso, Marx afirmava que no capitalismo o desemprego é desejável. Em muitos casos, recorre-se ao fomento às migrações, ajustando a demanda à oferta de trabalhadores, fazendo com que a primeira seja sempre menor. Trata-se de formar um exército industrial de reserva. 
“A guerra industrial, para produzir resultados, exige grandes exércitos que podem concentrar-se num ponto a ser sacrificado sem restrições. Os soldados deste exército suportam cargas que sobre eles são postas, não por devoção ou por dever, mas apenas para escapar ao duro destino da fome”. 
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CAPITAL CONSTANTE E CAPITAL VARIÁVEL
Em suas análises, Marx reconhece que existem duas formas que o capital assume no processo produtivo. O capital constante é aquele investido na compra de equipamentos, prédios, matérias-primas e outros meios de produção, já o capital variável é o dinheiro investido para a obtenção da força de trabalho. Importa observar, que o capital variável é fonte de valor por se investido na força de trabalho, que é responsável por produzir a mercadoria e agregar valor
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TRABALHO MORTO E TRABALHO VIVO
A produção capitalista envolve tanto trabalho vivo - o trabalho do operário que cria mais-valia - e trabalho morto acumulado nos meios de produção. Esse trabalho morto é o trabalho acumulado pelos trabalhadores que fabricaram os meios de produção em primeiro lugar. Como a maquinaria deteriora-se gradualmente através de seu uso para produzir novas mercadorias, o seu valor é transferido para essas mercadorias. 
 “A articulação entre trabalho vivo e trabalho morto é condição para que o sistema produtivo do capital se mantenha”.
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TRABALHO PRODUTIVO E TRABALHO IMPRODUTIVO 
Outra diferenciação que Marx faz em seus escritos é do trabalho produtivo e do trabalho improdutivo. O trabalho produtivo é aquele que produz mais-valia e transforma o dinheiro em capital, o autor explicita que só em virtude da “conversão direta de trabalho em trabalho materializado pertencente não ao trabalhador e sim ao capitalista é que o dinheiro se converte em capital. Isso quer dizer
que apenas sobre o trabalho que produz as mercadoria é que incide a mais-valia e é ele que transforma o dinheiro em capital. Ele é denominado de trabalho produtivo e, portanto, o trabalho que não está diretamente ligado ao processo produtivo e à mais-valia é chamado de trabalho improdutivo. Frigotto (2006) ressalta que esse trabalho nada tem de improdutivo ele é parte importante para a manutenção e reprodução do capital.
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