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Laboratório de Mecanização Agrícola - Lama 1 UNIDADE VI – INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS DE TRATORES AGRÍCOLAS Introdução Infelizmente no Brasil a escolha do trator agrícola a ser comprado se dá na maioria das vezes somente por aspectos econômicos e/ou culturais. Alguns produtores, corretamente, ainda consideram a assistência pós-venda na sua escolha. Em hipótese alguma devemos desconsiderar o comentado, porém um terceiro item deveria ser considerado que são as características técnicas. Para tal deveria-se dimensionar a demanda, ou o que se deseja do trator agrícola a ser adquirido e com este input, considerando as opções de mercado realizar- se a escolha. Para realizar a escolha técnica é necessário que o dimensionamento das características dos tratores concorrentes seja realizado com critérios. Neste caso existem normas técnicas e órgãos, capacitados e idôneos, para a execução dos ensaios dos tratores agrícolas. Em alguns países é possível adquirir uma relação de resultados de ensaios em bancas de revistas. No Brasil até 1990, tais ensaios eram obrigatórios para tratores que seriam submetidos a financiamento bancário estatal, tinham-se dois órgãos que realizavam tais ensaios. A partir desta data os ensaios passaram a ser opcionais, sendo assim, infelizmente, não existem mais estes ensaios no Brasil. Os fabricantes realizam ensaios dos seus produtos, muitas vezes fora do Brasil, pois tais valores são importantes no desenvolvimento do trator. Sendo assim dependendo do poder de barganha do comprador, por exemplo, uma cooperativa que saiba que no ano agrícola XX, que somados existem a intenção dos seus cooperados adquirirem 12 tratores, fica facilitado o acesso aos resultados dos testes. Laboratório de Mecanização Agrícola - Lama 2 Dentre as determinações realizadas e que servem para caracterização técnica de um trator agrícola, pode-se relacionar as características dimensionais, ponderais e os ensaios propriamente ditos. 6.1. Características Dimensionais Como características dimensionais são determinados, largura, comprimento, altura, distância entre eixos, vão livre, raio estático das rodas motrizes, altura da barra de tração e bitolas traseiras e dianteiras. As dimensões de largura, comprimento e altura servem como ponto de planejamento de uso do trator agrícola na propriedade rural. A distância entre eixos é uma característica de engenharia do fabricante que influi direta e indiretamente no desempenho do trator. Por exemplo distâncias maiores o trator terá problemas de dirigibilidade e manobras. A distância entre eixos tem influência direta na distribuição do peso estático o que pode alterar o deslizamento das rodas motoras e a capacidade de tração. Além do comentado a distância entre eixos influi na segurança (empinar) do trator. 6.3. Potência Geralmente, nos catálogos de um trator, o fabricante informa a potência do trator, esta informação é de pouco valor para o agricultor. O que se precisa saber é a potência na TDP (tomada de potência) e na barra de tração, cujos valores variam de trator para trator. A – Potência máxima disponível na TDP à rotação nominal do motor A transmissão da potência do motor para a TDP é feita na maioria dos casos, de forma mecânica, através de um conjunto de engrenagens, portanto sem influência de agentes externos. De acordo com as características dessas engrenagens, as perdas na transmissão Laboratório de Mecanização Agrícola - Lama 3 poderão ser maiores ou menores, sendo que a potência na TDP será sempre menor que a do motor. A eficiência de transmissão da potência do motor para a TDP deve encaixar-se nos intervalos abaixo: Acima de 90% - boa Entre 90 e 85% - razoável Entre 85 e 80% - baixa Abaixo de 80% - inaceitável Quando o valor dessa eficiência é inferior a 80% é praticamente certo que há indicação incorreta de valores de potência nos folhetos. Ainda, a potência disponível na TDP, não é totalmente transformada em trabalho, já que em função do tipo de implemento usado, tem-se mais algumas perdas. No final, menos que 85% da potência do trator é convertida em trabalho útil final. Quando da comparação de tratores é óbvio que valores maiores são mais interessantes. B – Potência à rotação nominal da TDP (540/1000 min-1) Espera-se que a potência medida nestas condições não deve estar abaixo de 10 a 15% da potência máxima encontrada no item anterior. C – Potência disponível na barra de tração Essa é produto da força de tração pela velocidade de deslocamento do trator, sendo inferior à TDP, pois além de sofrer perdas no sistema de transmissão, também perde na interação do rodado com o solo. Laboratório de Mecanização Agrícola - Lama 4 Baseando-se nos ensaios de pista dos tratores pode-se assumir que menos de 50% da potência do motor é transferida para a barra de tração. Isto significa que a metade do combustível gasto serviu apenas para alimentar as deficiências da máquina e não foi convertida em energia disponível. Eficiência de transmissão da potência do motor para a barra de tração (Pista de concreto): Acima de 75% - boa Entre 75 e 65% - razoável Entre 65 e 60% - baixa Abaixo de 60% - inaceitável Quando da comparação de tratores é óbvio que valores maiores são mais interessantes. 6.4. Torque O acréscimo de torque ou reserva de torque é uma medida que define a “versatilidade” de um motor, ou seja, a capacidade de aumentar o torque, à medida em que há uma diminuição no regime do motor. Quanto maior é este acréscimo ou reserva tanto melhor é a adequação deste motor à agricultura. Sendo que reserva de torque é a diferença percentual entre o torque na potência máxima e o torque máximo. Nos tratores agrícolas, não turbinados, estes podem ser avaliados da seguinte forma: Acima de 15% - bom Entre 15 e 10% - razoável Abaixo de 10% - pouco Laboratório de Mecanização Agrícola - Lama 5 Tratores com motores turbinados devem possuir uma reserva de torque maior, normalmente acima de 20%. A curva de torque, de ambos os lados do valor máximo deveria ser levemente inclinada, tomando, no seu todo, a configuração do perfil de um búfalo. Quando da comparação de tratores é óbvio que valores maiores são mais interessantes. 6.5. Consumo de combustível O consumo específico de combustível, comparado com a eficiência de transmissão de potência, é uma medida de avaliação da economicidade de um trator. Ele caracteriza a quantidade de combustível necessária para a produção de uma unidade de trabalho cv em uma hora ou kW em uma hora hora. Um motor bem dimensionado tem uma curva de consumo específico com uma concavidade reduzida, isto é, bem rasa e correspondente à rotação nominal da TDP (540/1000 min -1 ).
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