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História da Psicanálise

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UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE – UNIARP
CURSO DE PSICOLOGIA
VIVIAN DE LEMOS ESTROWISPY
“HISTÓRIA E PSICOPATOLOGIAS PSICANALÍTICAS”
CAÇADOR
2014
VIVIAN DE LEMOS ESTROWISPY
“HISTÓRIA E PSICOPATOLOGIAS PSICANALÍTICAS”
Trabalho apresentado para obtenção de nota na disciplina de Teorias e Técnicas Psicoterápicas Psicanalíticas, na UNIARP – Universidade do Alto Vale do Rio do Peixe, sob orientação da professora Adriana Ribas.
CAÇADOR
2014
1 INTRODUÇÃO
A teoria estabelecida por Sigmund Freud no início do século XX é amplíssima. O autor inicia suas pesquisas no fim do século XIX, mas publica sua primeira obra considerada psicanalítica, A Interpretação dos Sonhos, em 1900. Desta forma, o desenvolvimento de tal teoria se relaciona ao próprio contexto de início de século XX, no qual ocorreram diversas transformações no mundo todo. 
Na tentativa de desvendar o sofrimento psíquico de pacientes diagnosticadas com histeria, Freud percebe e constrói diversos conceitos ligados à constituição do psiquismo humano. Conceitos estes que são desenvolvidos ao longo dos quarenta anos de história da Psicanálise, desenvolvida por Freud, e ainda em mais de cem anos de Psicanálise em que outros autores estudam a partir dos constructos freudianos. 
Este trabalho pretende trazer um entendimento básico acerca da história e das psicopatologias psicanalíticas 
 
2 A HISTÓRIA DA PSICANÁLISE
A Psicanálise se constitui como uma teoria desenvolvida por Sigmund Freud, tendo como marco inicial a publicação da obra A Interpretação dos Sonhos, no início de 1900. Os estudos de Freud, que levaram à elaboração da teoria, começaram alguns anos antes, quando ainda eram realizados na área de formação do autor: a medicina (FREUD, 1996b). 
As doenças nervosas não eram respeitadas pelos médicos da época, pois os aspectos psíquicos não eram considerados científicos, mas apenas o que era mensurável ou passível de algum tipo de comprovação material. "Eles não sabiam o que fazer do fator psíquico e não podiam entendê-lo. Deixavam-no aos filósofos, aos místicos e – aos charlatães: e consideravam não científico ter qualquer coisa a ver com ele" (FREUD, 1996b, p. 215). 
O autor se dedicou às investigações do psiquismo com forte influência da biologia, devido a sua formação médica. O pensamento freudiano é fruto de sua época. As explicações teológicas já não satisfaziam e a ciência era o novo modo de entender a realidade. Ele desenvolve uma teoria científica, mesmo que os positivistas critiquem a Psicanálise como sendo filosofia e não ciência. Freud viveu em uma sociedade patriarcal, burguesa capitalista, em que a mulher era muito oprimida. 
Freud nasceu em 1856, na então Morávia e faleceu em 1939. Mudou-se para 
Viena ainda na infância. Destacou-se nos estudos e cursou medicina. Desenvolveu estudos na área médica, inclusive com o alcaloide cocaína e suas propriedades anestésicas. Estudou em Paris com Charcot sobre hipnose em pacientes com histeria. Esses estudos foram mal recebidos pela comunidade científica em Viena, que se apoiava em uma ciência aos moldes positivistas. Aproximou-se de Breuer, um dos médicos de família bem conceituados de Viena, com quem estudou sobre a histeria. Eles utilizavam o método catártico no tratamento de pacientes histéricas por meio da sugestão hipnótica. No estudo com esses primeiros pacientes Freud percebe que há uma outra lógica operando na estrutura psíquica humana, além da consciência: o inconsciente (Ele se questiona: Por que tanto esquecimento? Para onde vão os conteúdos suprimidos da consciência?). Freud (1996a) concluiu, por intermédio desses estudos, que além da consciência outra lógica operava no homem, em que alguns conteúdos permaneciam não revelados ao sujeito: o inconsciente. A Psicanálise considerava tudo de ordem mental como sendo consciente ou inconsciente. O inconsciente é ambivalente, pois o tempo não é linear e contrários coexistem, como o não e o sim. Dessa maneira, o sujeito pode amar e odiar ou querer e não querer ao mesmo tempo, seguindo uma linha dialética. 
Ele desenvolve duas teorias do aparelho psíquico. Na primeira teoria do aparelho psíquico ou primeira tópica freudiana, se divide o psiquismo em inconsciente, pré-consciente e consciente. O inconsciente, para Freud, era uma instancia psíquica em que o paciente sabe, mas não sabe que sabe. O inconsciente não segue uma lógica linear, mas atemporal e dialético, onde contrários coexistem. O inconsciente é estruturado como linguagem e é a fonte de energia do psiquismo humano. O pré-consciente seria responsável por armazenar as informações que não estão na consciência naquele exato momento, mas podem ser acessadas sempre que necessário. Há um fluxo constante entre as três instâncias. Estar consciente é, em primeiro lugar, um termo puramente descritivo, que repousa na percepção do caráter mais imediato e certo. A experiência demonstra que um elemento psíquico (uma ideia, por exemplo) não é, via de regra, consciente por um período de tempo prolongado. Pelo contrário, um estado de consciência é, caracteristicamente, muito transitório; uma ideia que é consciente agora não o é mais um momento depois, embora assim possa tornar-se novamente, em certas condições que são facilmente ocasionadas. (FREUD, 1996c). 
Ainda neste primeiro momento e com base nesses estudos, o autor desenvolve outro conceito importante, a libido. A libido é a energia erótica que possibilita a vida. Utilizar-se desta energia para fins socialmente aceitos (arte, religião, estudo, etc) resulta em sublimação. É também a libido quem une os homens para fins reprodutivos. Posteriormente ele desenvolve a segunda teoria do aparelho psíquico ou segunda tópica ao perceber que o psiquismo era mais complexo do que a divisão em inconsciente, consciente e pré-consciente. Neste segundo momento ele divide a estrutura psíquica em id, ego e superego. O id é a fonte de energia pulsional (libido). Ele é inconsciente e regido pelo Princípio do Prazer. O ego faz a mediação entre os desejos do id, as impossibilidades da realidade externa e as interdições do superego. Está ligado ao Princípio de Realidade, por meio do qual o homem pode se tornar civilizado, tem parte consciente e outra inconsciente. O superego é o herdeiro do complexo de Édipo e acusa os desejos do id, antes mesmo que cheguem à consciência. O superego possui uma maior parte inconsciente e outra pequena consciente.
A Psicanálise é uma abordagem terapêutica baseada na observação de que os indivíduos, geralmente, não têm consciência dos inúmeros fatores que determinam suas emoções e comportamentos. Os fatores inconscientes são essenciais à constituição de uma boa saúde mental, estando presentes nas mais diversas e ricas expressões do ser humano. Encontram-se na gênese das criações artísticas e da formação dos grupos humanos e laços sociais, em estreita inter-relação com as particularidades de cada época e de cada cultura. 
Por outro lado, estes fatores inconscientes costumam ser a fonte de consideráveis sofrimentos e de infelicidade, podendo se manifestar na forma de sintomas reconhecíveis tais como: angústia, fobias, compulsões e sentimentos de vazio. Também estão presentes na raiz das perturbações na estruturação da personalidade, nas dificuldades de relacionamento no trabalho e/ou nos relacionamentos interpessoais e amorosos, assim como nos sintomas psicossomáticos, nas alterações do humor (depressão e euforia) e da autoestima. Exatamente por estas forças serem inconscientes, os conselhos de familiares e amigos, a leitura de livros de autoajuda, ou até a mais determinada força de vontade têm alcance limitado e são insuficientes em proporcionar alívio ao sofrimento psíquico. 
Enquanto processo terapêutico, a Psicanálise é de inestimável ajuda para as pessoas em sofrimento psíquico. No curso de um tratamentopsicanalítico intensivo, investiga-se a natureza das relações originárias da infância de cada indivíduo. Estas são a matriz dos fatores inconscientes que constituem o que chamamos de mundo interno. À medida que este mundo interno fica disponível para experiências e explorações conjuntas entre analisando e analista, os aspectos inconscientes se tornam mais compreensíveis e podem ser trabalhados através da palavra, levando ao alívio dos sintomas e, principalmente, a profundas transformações emocionais.
Ainda que a Psicanálise seja automaticamente relacionada a Freud, a contribuição de muitos outros autores determinou um significativo avanço na teoria e na técnica ao longo desses mais de 100 anos. Psicanalistas como Melanie Klein, Winnicott, Bion, Kohut e Lacan, entre outros, trouxeram novos aportes sobre a formação da mente humana, além de novas abordagens terapêuticas.
Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento de psicoterapia; a psicanálise influenciou muitas outras correntes de pensamento e disciplinas das ciências humanas, gerando uma base teórica para uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura humana.
Em linguagem comum, o termo "psicanálise" é muitas vezes usado como sinônimo de "psicoterapia" ou mesmo de "psicologia". Em linguagem mais própria, no entanto, psicologia refere-se à ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, psicoterapia ao uso clínico do conhecimento obtido por ela, ou seja, ao trabalho terapêutico baseado no corpo teórico da psicologia como um todo, e psicanálise refere-se à forma de psicoterapia baseada nas teorias oriundas do trabalho de Sigmund Freud; psicanálise é, assim, um termo mais específico, sendo uma entre muitas outras formas de psicoterapia.
De acordo com Sigmund Freud, psicanálise é o nome de um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo, um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos, e uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumulou numa "nova" disciplina científica. A essa definição elaborada pelo próprio Freud pode ser acrescentada um tratamento possível da psicose e perversão, considerando o desenvolvimento dessa técnica. 
Ainda segundo o seu criador, a psicanálise cresceu num campo muitíssimo restrito. No início, tinha apenas um único objetivo — o de compreender algo da natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas ‘funcionais’, com vistas a superar a impotência que até então caracterizara seu tratamento médico. Em sua opinião, os neurologistas daquele período haviam sido instruídos a terem um elevado respeito por fatos químico-físicos e patológico-anatômicos e não sabiam o que fazer do fator psíquico e não podiam entendê-lo. Deixavam-no aos filósofos, aos místicos e — aos charlatães; e consideravam não científico ter qualquer coisa a ver com ele.
Muitos colocam a questão de como observar o inconsciente. Se a Freud se deve o mérito do termo "inconsciente", pode-se perguntar como foi possível a ele, Freud, ter tido acesso a seu inconsciente para poder ter tido a oportunidade de verificar seu mecanismo, já que não é justamente o inconsciente que dá as coordenadas da ação do homem na sua vida diária.
Não é possível abordar diretamente o inconsciente, o conhecemos somente por suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no corpo. Nas suas conferências na Clark University (publicadas como Cinco lições de psicanálise) nos recomenda a interpretação como o meio mais simples e a base mais sólida de conhecer o inconsciente.
Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim como receptora de toda significação desde o inconsciente. Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro "eu", e essa é a grande ideia de que temos no inconsciente uma outra personalidade atuante, em conjuntura com a nossa consciência, mas com liberdade de associação e ação.
O modelo psicanalítico da mente considera que a atividade mental é baseada no papel central do inconsciente dinâmico. O contato com a realidade teórica da psicanálise põe em evidência uma multiplicidade de abordagens, com diferentes níveis de abstração, conceituações conflitantes e linguagens distintas. Mas isso deve ser entendido em um contexto histórico cultural e em relação às próprias características do modelo psicanalítico da mente.
A análise é uma parceria entre o analisando e o analista, no curso da qual o primeiro se torna consciente da origem oculta de suas dificuldades. Não é uma tomada de consciência intelectual, mas emocional. Na análise tradicional, o analisando deita-se no divã e procura dizer tudo que vem à cabeça permitindo, dessa forma, que apareçam aspectos da mente não acessíveis a outros métodos.
O analista ajuda a organizar os conteúdos inconscientes conjuntamente com o analisando que, a partir daí, aprimora, corrige, rejeita e adiciona mais pensamentos e sentimentos. Durante o tempo em que uma análise acontece, o analisando entra em contato com esses “insights”, examina-os repetidamente com o analista e os observa na vida diária, nos devaneios e nos sonhos.
Analisando e analista unem-se no esforço não só de modificar padrões de comportamento insatisfatórios e remover sintomas incapacitantes, mas também para ampliar a liberdade de trabalhar e amar.
A pessoa não precisa sentir necessidade de tratamento para obter benefícios com a investigação psicanalítica. O desejo de se conhecer melhor e de funcionar melhor no mundo podem ser motivações suficientes.
Um tratamento psicanalítico envolve sessões regulares de 45 ou 50 minutos, preferencialmente de três a cinco vezes por semana, por tempo indeterminado. A alta frequência e o tempo prolongado da terapia são condições importantes para o acesso ao inconsciente e para a modificação dos seus conteúdos.
Diversos estudos e a experiência clínica têm demonstrado a eficácia da Psicanálise no alívio do sofrimento psíquico e nas transformações emocionais que levam a uma melhor qualidade na vida pessoal e de relacionamentos. Esses ganhos permanecem muito tempo após a conclusão do tratamento devido à capacidade de auto-observação que o indivíduo adquire ao longo de um processo psicanalítico.
Quem entra num tratamento psicanalítico com um analista qualificado tem uma grande chance de realizar os objetivos e o alívio dos problemas que motivaram sua busca do tratamento. Isto demandará tempo e compromisso de sua parte, assim como de seu analista.
Alguns psicanalistas são especializados em análise de crianças e adolescentes. A psicanálise infantil é um ramo da psicanálise de adulto, compartilhando com esta a mesma estrutura teórica para o entendimento da vida psíquica. Utiliza técnicas adicionais e específicas para lidar com a vulnerabilidade e as características especiais da criança como, por exemplo, a utilização de desenhos e jogos como forma de revelar os sentimentos e aflições. No tratamento de crianças e adolescentes também são realizadas entrevistas com os pais para melhor entendimento do ambiente em que vive o jovem. O objetivo da análise de crianças e adolescentes é a compreensão histórica dos sintomas levando à sua dissolução e, dessa forma, possibilitando que os jovens retomem o seu desenvolvimento normal.
A Psicanálise também pode ser aplicada nos tratamentos em grupo e nas abordagens terapêuticas de famílias e casais.
3 PSICOPATOLOGIAS PSICANALÍTICAS
A psicopatologia psicanalítica explica o sofrimento psíquico pela inadequação do sujeito à civilização. Freud colocava muita ênfase na coerção abusiva da sociedade sobre a sexualidade, cujo efeito permanente é o sentimento universal de culpa, fonte dos obstáculos à cura pela análise. Lacan, ao final do seu ensino (2005), considera que esse mal radical é também a fonte de uma satisfaçãopulsional que não serve aos propósitos da civilização, pois o sintoma é para cada sujeito uma maneira de viver e ser feliz.
A dimensão do psicopatológico, no pensamento psicanalítico, ancora-se estreitamente numa posição crítica diante dos obstáculos que a cultura coloca para a felicidade. A psicopatologia psicanalítica não é ingênua, e não naturaliza o sofrimento psíquico. Muito cedo, num artigo onde desponta toda a desconfiança freudiana face à progressiva tendência da civilização ao recalque, encontramos a tese de que o sofrimento neurótico advém do excesso de coerções que pesam sobre a vida sexual do homem civilizado.
3.1 AS QUATRO ESTRUTURAS DA PSICOPATOLOGIA
As chamadas psicopatologias, no contexto da teoria psicanalítica Freudiana, podem ser divididas em quatro estruturas, a saber, a neurose obsessiva, a histeria, a perversão e a psicose.
A neurose por ser brevemente definida como uma desordem mental, consciente pelo sujeito, desordem esta que não atinge as funções essenciais da personalidade, ou ainda, doença nervosa sem causa somática, mas psíquica, não tendo o poder de transformar a personalidade do sujeito. Os neuróticos caracterizam-se pelo sofrimento que sua psicopatologia lhes inflige, sendo este sofrimento a causa mesma da deliberação do sujeito no sentido de procurar um analista na esperança de uma cura. A patologia neurótica não impede o sujeito de possuir uma vida social mais ou menos saudável, e ele mesmo está cônscio de seu sofrimento. O neurótico obsessivo embora não consiga por conta própria se libertar de seus medos, sabe que no fundo são absurdos. Todas as pessoas psiquicamente normais sentem medo diante do perigo, diferentemente, o neurótico é afligido por um medo mórbido, doentio e sem qualquer fundamento. Segundo Freud, a causa da neurose reside na ideia de conflito interno entre duas forças opostas que constituem o nosso psiquismo (1996b). Ao afirmar que os neuróticos sofrem de reminiscências, Freud confere a uma experiência passada a causa da neurose, pelo conflito, existente entre um desejo, ligado às pulsões e ao ID, e o dever moral, que emana do Superego, gerando, por conseguinte, o sentimento de culpa. E como as pulsões precisam ser necessariamente descarregadas acabam por gerar um sintoma neurótico.
A histeria, não obstante ser distinta da neurose obsessiva, apontada precedentemente, também é classificada como uma neurose, com o seguinte distintivo: o sintoma histérico é conversivo, isto é, o sintoma se manifesta no corpo do sujeito na forma de paralisias, coceiras, cegueira, etc. A título de exemplo, pode-se mencionar a paciente de Freud chamada Dora, que apresentava entre outros sintomas uma tosse nervosa. O sintoma desapareceu quando Dora reconheceu, pelo método psicanalítico que a irritação da garganta ligava-se a um desejo inconsciente de sucção da vara pela qual ela se identificava à amante de seu pai (1996c).
As perversões caracterizam-se pelo retorno às atividades, gostos e escolhas característicos de uma etapa anterior do desenvolvimento libidinal; retorno este chamado em psicanálise de regressão. No pervertido o desejo edipiano não deixou de existir e a angústia de castração que a ela está intimamente ligada subsiste em toda a sua intensidade. O prazer do pervertido não pode ser obtido pela simples aproximação das partes sexuais de um homem e de uma mulher, porém, utiliza outros meios e outras vias corporais, por exemplo, o órgão genital do mesmo sexo, via oral ou anal, ou prover aproximação heterossexual normal de condições sem as quais ela não traria para ele realização satisfatória. As perversões manifestam-se, na relação sadismo/masoquismo, voyeurismo/ exibicionismo, no fetichismo e no homossexualismo.
No tocante à psicose, convém compará-la com a neurose para uma melhor compreensão. Conforme visto anteriormente, o neurótico sabe que seus medos e fantasias são absurdos. Ao contrário, um sujeito que sofre de psicose acredita que suas próprias representações fantasiosas são reais. O psicótico não consegue ver o absurdo, por exemplo, da afirmação de ser Napoleão ou Jesus Cristo, pois o psicótico fica estranho à realidade, isto é, torna-se um alienado. A psicose impede que o doente compare o que ele imagina como o que acontece na realidade. Portanto, o psicótico perde totalmente a noção de seu estado (1996a). Esta perda de consciência implica na impossibilidade da cura da psicose através do método psicanalítico. Pois como vimos, o neurótico busca ajuda psicanalítica porque sofre, e através da associação livre, auxiliado pelo psicanalista, alcança a cura de sua neurose simplesmente ao conhecer a causa geradora do sintoma. No entanto, isto não é possível em relação aos psicóticos para quem suas fantasias e representações, são a pura realidade. Quanto aos pervertidos são dificilmente tratáveis pelo método da psicanálise, pois estão tão ligados aos seus objetos de prazer, os quais são assumidos muitas vezes publicamente, que se tornam impedidos de buscarem na clínica o fim de sua patologia.
REFERÊNCIAS 
FREUD, Sigmund. Um estudo autobiográfico. Rio de Janeiro: Imago, 1996a. In CARLONI, Paola. A história e a Constituição da Psicanálise: Introdução aos Principais Conceitos Freudianos para Entender a Subjetividade Humana. 
______________ . Uma breve descrição da Psicanálise. In: ____. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, vol XIX, 1996b p. 215-234. In CARLONI, Paola. A história e a Constituição da Psicanálise: Introdução aos Principais Conceitos Freudianos para Entender a Subjetividade Humana. 
______________. O Ego e o Id. In: ____. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: edição standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, vol XIX, 1996b p.15 – 82. 1996c. In CARLONI, Paola. A história e a Constituição da Psicanálise: Introdução aos Principais Conceitos Freudianos para Entender a Subjetividade Humana. 
SANTOS, Tânia Coelho dos. A Psicopatologia Psicanalítica de Freud à Lacan. São Paulo: Livraria Pulsional, 2005
SANTOS, Moisés do Vale dos. As quatro estruturas da psicopatologia, 2012. Disponível em http://teoriapsicanalitica.blogspot.com.br/2012/05/as-quatro-estruturas-da-psicopatologia.html. Acessado em 12 de junho de 2014
Artigo Científico: Psicanálise. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Psican%C3%A1lise. Acessado em cinco de junho de 2014
Artigo Científico: Sobre a Psicanálise. Tradução adaptada do site da International Psychoanalytical Association (IPA): www.ipa.org.uk. Disponível em http://sbprj.org.br/site/sobre_a_psicanalise.html. Acessado em 10 de junho de 2014
ESTUDO DE CASO DO TEATRO 
	A análise realizada a partir do teatro ensaiado é que Freud valeu-se de sugestionar à paciente uma hipótese, levantada a partir das características da Teoria Psicanalítica, muito bem radicadas em sua mente. Também usou de sua experiência clínica, na qual já registrava alguns anos de bagagem. 
	A partir dessa presunção, Freud lançou para Katharina para anotar suas reações, a qual absorveu como sua realidade, e a partir dali seguiu-se um processo de análise, quando a paciente percebeu que sua repulsa não estava baseada na visão da cena das duas pessoas, mas pela lembrança que esta cena despertara.
	Nesse contexto, o discurso das duas lembranças de tempos mais remotos revelaram-se momentos traumáticas para Katharina, e o momento de ver a cena do casal juntos trancados no quarto apenas como um momento auxiliar, despertando os sintomas conversivos da paciente: vômito, falta de ar, cabeça pesada, zumbido, tontura, sensação de peito sendo esmagado, e sensação de que havia alguém atrás dela.
	A partir do instante que viu a cena do casal, Katharina começou a se isolar, pois não era capaz de lidar com as experiências sexuais percebidas. Ela ainda não era madura nessa área da sua vida, por isso não sabia como reagir.
	Porém, quando atingiu essa “maturidade”, Katharina começou a apresentar os sintomas, pois seu inconsciente tentava expulsaressa pressão. Freud revela esse conceito como um caso típico de Histeria, quando as impressões do período pré-sexual que não produziram nenhum efeito na criança possuem um poder traumático em data posterior, quando a mulher atinge compreensão sexual.

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