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CONDOMÍNIO EDILÍCIO Aspectos Gerais Condomínio constituído com um ato de edificação. Referências legislativas: arts. 1.331 a 1.358, CC/2002; Lei n° 4.591/64 (dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias); Lei n° 4.864/65 (cria medida de estímulos à construção civil). Natureza Jurídica O condomínio edilício caracteriza-se pela justaposição de propriedades distintas e exclusivas com áreas comuns (art. 1331, caput), tais como o solo em que a edificação é erguida, as fundações, muros, corredores, terraço de cobertura (salvo estipulação contrária na convenção do condomínio (art. 1.331 § 5°) e tudo mais que se destinar ao uso comum. É um condomínio parcial, híbrido. Obs: a garagem em regra pertence a parte exclusiva, podendo o proprietário aliena-la e grava-la livremente, a teor do art. 1.331 § 1°. Porém, se à garagem não tiver sido atribuída específica fração ideal do terreno, não se poderá falar em propriedade exclusiva e, portanto, a alienação terá que ser feita conforme o art. 1.339 § 2° do CC. CONDOMÍNIO EDILÍCIO Personalidade jurídica do condomínio O condomínio não tem personalidade jurídica, mas tão somente capacidade postulatória (ou personalidade judiciária). O entendimento majoritário é de que o condomínio, embora possa compor relação jurídica processual, é entidade jurídica despersonalizada, assim como a massa falida, o espólio e a herança jacente. Essa posição é bastante questionável diante do princípio da operabilidade, uma das diretrizes do atual Código Civil. Enunciado n° 90, I Jornada de Direito Civil, CJF: deve ser reconhecida a personalidade jurídica ao condomínio edilício. CONDOMÍNIO EDILÍCIO Instituição do Condomínio (art. 1.332) O Condomínio edilício pode ser instituído por ato inter vivos ou mortis causa, registrado no cartório imobiliário, devendo conter: discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas umas das outras e das partes comuns (inc. I); determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e às partes comuns (inc. II); o fim a que as unidades se destinam (inc. III). O condomínio é, então, instituído por: a) Destinação do proprietário do edifício; b) Incorporação (proprietário do terreno, promitente comprador do terreno e o cessionário do terreno); c) Testamento. CONDOMÍNIO EDILÍCIO Constituição do Condomínio (art. 1.333) A lei distingue a instituição da constituição do condomínio. A constituição se dá pela convenção do condomínio, feita por escritura pública ou instrumento particular, subscrita por ao menos 2/3 das frações ideais (incluindo os promitentes compradores e os cessionários de direitos a elas relativos) e registrada no Cartório de Registro de Imóveis (oponibilidade erga omnes). A convenção do condomínio é obrigatória tanto aos condôminos quanto aos possuidores e/ou detentores. CONDOMÍNIO EDILÍCIO Convenção do Condomínio A convenção do condomínio edilício é o instrumento no qual são prefixadas as normas adotadas para o condomínio em plano horizontal, inclusive o modo como será administrado. (Carlos Alberto Dabus Maluf) Deve conter na convenção (art. 1.334): - A quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio; - A forma da administração; - A competência das assembléias, bem como a forma de sua convocação e o quorum exigido para as deliberações; - As sanções (condôminos ou possuidores); - Regimento interno (tudo o que não for essencial para a constituição e funcionamento do condomínio, possuindo cunho circunstancial e mutável). CONDOMÍNIO EDILÍCIO São direitos dos condôminos: a) Sobre a unidade autônoma: - Usar conforme sua destinação, embora o uso possa sofrer limitações; - Alienar independente do consentimento dos demais; - Gravar com ônus reais. Obs: o ato de alienação da parte divisa importa em igual transferência de titularidade sobre a parte indivisa. b) Sobre a parte indivisa: - Utilização da área condominial conforme sua destinação (vestíbulo, corredores, escadas, elevadores etc.); - Votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite. Este mesmo direito também assiste aos compossuidores que estiverem em dia com as contribuições condominiais. CONDOMÍNIO EDILÍCIO Deveres dos condôminos: - Contribuir para as despesas do condomínio, na proporção de suas frações ideais (obrigação propter rem). Em alguns casos, esta fixação é feita conforme a área da unidade autônoma do condômino (estipulação expressa na convenção); - Não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; - Não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas; - Dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores ou aos bons costumes; - Responder o adquirente da unidade autônoma pelos débitos condominiais existentes, com os juros e a correção monetária. CONDOMÍNIO EDILÍCIO Efeitos do inadimplemento relativo das contribuições condominiais: - 1% ao mês a título de juros moratórios e multa de até 2% (cláusula penal). Esta multa, à luz do direito anterior (art. 12, § 3°, Lei n° 4.591/64), era de 20% e foi reduzida conforme o parâmetro estabelecido pelo CDC. Efeito do descumprimento dos deveres condominiais: - multa de até 5 vezes o valor das contribuições condominiais, independente das perdas e danos. Esta multa deve estar prevista na convenção do condomínio; caso contrário, a assembléia deliberará, por 2/3 dos demais condôminos, o valor da multa. Infrações reiteradas (incluindo a inadimplência): - multa de até o quíntuplo das contribuições condominiais, aprovada por deliberação de ¾ dos demais condôminos, tomando por parâmetros a reincidência e a gravidade das faltas; Comportamento incompatível com a convivência no condomínio: - multa de até 10 vezes o valor das contribuições condominiais, podendo ser aplicada pelo síndico, independente de deliberação da assembléia, que precisa, apenas, ratificar o ato posteriormente, com votos de ¾ dos demais condôminos. CONDOMÍNIO EDILÍCIO Administração do Condomínio Assembléia geral Órgão deliberativo formado pelos condôminos, equiparados a estes os promitentes-compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônomas (art. 1.334, § 2°). Todos os condôminos devem ser convocados à Assembléia, sob pena de nulidade da mesma (art. 1354). Condômino inadimplente: discussão. Compete à Assembléia geral: - Escolher (art. 1.347) e destituir o síndico (art. 1.349); - Aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos condôminos e a prestação de contas; - Eleger substituto para o síndico; - Alterar a convenção, sob aprovação de 2/3 dos votos dos condôminos; - Alterar a destinação do edifício ou da unidade imobiliária, sob a aprovação unânime dos condôminos (redação dada pela Lei n° 10.931/2004); - Eleger o conselho fiscal. Convocações da Assembléia geral: - Primeira convocação: maioria absoluta dos votos dos condôminos; - Segunda convocação: maioria dos votos dos presentes, salvo quorum especial CONDOMÍNIO EDILÍCIO Síndico É eleito pela Assembléia Geral, que também pode destituí-lo nos casos de irregularidade, não prestação de contas ou má administração, em reunião específica para este fim, sob a aprovação da maioria absoluta de seus membros. Atribuições do síndico (art. 1.348): - Convocar a Assembléia; - Representar, ativa e passivamente o condomínio; - Dar imediato conhecimento à Assembléia da existência de procedimento judicial ou administrativo; - Cumprir e fazer cumprira convenção, o regimento interno e as deliberações da Assembléia; - Diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores; - Elaborar o orçamento anual; - Cobrar as contribuições, impor e cobrar as multas; - Prestar contas à Assembléia, anulamente e quando exigido; - Realizar o seguro da edificação (art. 1.346). Possibilidade de tercerização. Remuneração CONDOMÍNIO EDILÍCIO Extinção do Condomínio O condomínio é extinto por: - Destruição. Neste caso, a Assembléia pode, sob voto da maioria absoluta, optar pela reconstrução ou pela venda. Na hipótese de venda, o valor apurado será dividido entre os condôminos conforme o valor de sua unidade autônoma (art. 1.357, § 2°). - Desapropriação. AVALIAÇÃO Aqua Service Serviços Ltda., em ação de cobrança em que é ré Sônia, pleiteia o pagamento de despesas realizadas na prestação de serviços de captação, tratamento e distribuição de água, esgoto, limpeza das ruas, pavimentação, paisagismo, segurança e demais despesas de conservação do complexo habitacional do qual a ré faz parte. Alega, como fundamento do pedido, que tais despesas devem ser rateadas por todos aqueles que se beneficiam dos serviços oferecidos. Em contestação, a ré sustenta que jamais celebrou contrato com a autora, motivo pelo qual não se vê obrigada a pagar qualquer contraprestação. Aduz não existir condomínio algum no complexo habitacional em que reside, constituído de lotes autônomos, razão pela qual não se pode falar em despesas condominiais. Indaga-se: a) Pode-se afirmar que há, na hipótese, um condomínio? Em caso positivo, de que natureza? Trata-se de condomínio de fato b) Há obrigação de rateio de despesas? Justifique. Sim, vedação ao enriquecimento sem causa. AVALIAÇÃO Em relação ao condomínio edilício, assinale a alternativa correta. a. O condômino pode dar à sua fração ideal destinação outra que não a destinação do condomínio, por sua condição de proprietário. b. O proprietário ou titular de direito à aquisição de unidade poderá fazer obra que modifique a fachada do prédio, na dependência de obtenção de aquiescência de um terço dos votos dos condôminos. c. A participação e voto nas deliberações dos condôminos nas assembleias nunca dependem de estarem quites quanto ao pagamento dos encargos a que estão sujeitos. d. As despesas originadas pelo condomínio edilício, a serem suportadas pelos condôminos, não devem ser consideradas relações de consumo, não se aplicando, portanto, as regras do Código de Defesa do Consumidor.
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