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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA NÚCLEO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA GNE 245 - TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS I Sistema de Tratamento de Efluente de um Laticínio Luana Monteiro da Silva Marilane Resende Carvalho 13 de novembro de 2017 Lavras, MG 1- Problema a ser resolvido: A produção anual de leite no Brasil é superior a 15 bilhões de litros, o que corresponde à geração de mais de 40 bilhões de litros de efluentes por ano, isso faz com que a indústria de laticínios seja uma das principais geradoras de efluentes. Estima-se, que, para o beneficiamento de cada dois litros de leite, são gerados cinco litros de efluentes. (CAMPOS, 2007). A utilização de água pela indústria de laticínios pode ocorrer de diversas formas, tais como: incorporação ao produto, lavagens de máquinas, tubulações e pisos, águas de sistemas de resfriamento e geradores de vapor, águas utilizadas diretamente nas etapas do processo industrial ou incorporadas aos produtos e esgotos sanitários gerados pela empresa. Assim, as águas tornam-se contaminadas por resíduos do processo industrial, originando com isso uma considerável quantidade de efluentes líquidos (SILVA, 2011). Esses efluentes apresentam elevados demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO) como consequência da grande quantidade de lipídios, carboidratos e proteínas, que conferem ao sistema uma alta carga orgânica. Quando lançados em corpos d’água sem tratamento adequado, reduzem drasticamente a concentração de oxigênio dissolvido e colocam em risco todo o ecossistema aquático (VILLA; SILVA; NOGUEIRA, 2007). O impacto ambiental gerado pelas indústrias de laticínios pode ser controlado desde que seja feito a otimização e o controle dos processos industriais; pelo consumo adequado de insumos como água, combustível, detergentes e desinfetantes; e pela implantação de uma tecnologia que vise utilizar de forma adequada o soro lácteo para a fabricação de produtos como ricota e bebidas lácteas, ou ainda para alimentação de animais ou fertilizantes de solo (SILVA,2013). O laticínio em análise funciona 16 horas, com capacidade de processar 80.000 L/dia, sendo 50.000 L/dia de leite pasteurizado e 30.000 L/dia de leite para fabricação de queijos. Procurando caracterizar este efluente, encontrou-se os valores citados na Tabela 1. Tabela 1 - Características físico-químicas de efluentes industriais de fábricas de laticínios localizadas no Estado de Minas Gerais, que trabalham com a produção de leite pasteurizado e queijos. Parâmetros Indústria: DBO (mg O2/L) 5127 - 5949 DQO (mg O2/L) 5496 - 7709 DBO/DQO 0,77 - 0,93 Sólidos Suspensos (mg/L) 440 - 1105 Sólidos Totais (mg/L) 3508 - 4498 Sólidos Sedimentáveis (mg/L) 0,4 - 0,6 Nitrogênio Orgânico (mg/L) 52,7 - 142,7 Fósforo Total (mg/L) 12,4 - 29,2 Óleos e Graxas (mg/L) 37 - 359 Fonte: MINAS AMBIENTE/CETEC, 2000 Afim de determinar a vazão, adotou-se os seguintes valores recomendados por von Sperling (2005): ● Para cada 1000 L de leite produzido em um laticínio, o consumo de água é de 1 a 10 m³/dia; ● Para cada 1000 L de leite utilizado na fabricação de derivados (queijo e manteiga), o consumo de água é de 2 a 10 m³/dia. De acordo com Silva (2011), o valor entre a vazão de efluentes líquidos e a vazão de água consumida pelos laticínios costuma situar-se entre 0,75 e 0,95. O fato deste último valor ser muito próximo de 1,0 justifica a opção de muitos projetistas em igualar, por medida de segurança, o volume de efluentes ao volume de água consumido. Neste trabalho, o coeficiente “volume efluente/ volume água” será considerado 1. Logo: ● Vazão média para a produção de leite pasteurizado: QMÉD,1= = 275 m³/dia1000 (L) 50000 (L) × 5,5 (m³/dia) ● Vazão média para a produção de queijo: QMÉD,2= = 180 m³/dia1000 (L) 300000 (L) × 6 (m³/dia) ● Vazão média: QMÉD= 455m³/dia = 28,44 m³/h ● Vazão máxima: Considerando a vazão máxima 25% a mais que a vazão média, temos que: QMÁX= 34,55 m³/h De acordo com os fatores apresentados, este trabalho tem como objetivo, caracterizar o efluente do laticínio, e apresentar uma forma de tratamento adequada para seu efluente, com base na sua produção diária. 2- Memorial Descritivo: A indústria de laticínios Luma, CNPJ nº 123.654.987-00, está localizada na zona rural do município de Lavras – Mg. Possui capacidade de processar 80.000 litros de leite ao dia. Dessa quantidade, 30.000 litros de leite são processados para fabricação de queijo, e 50.000 litros para a produção de leite pasteurizado. A indústria funciona 16 horas por dia. A água utilizada na indústria é oriunda do sistema público de abastecimento da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA). Para tratar o efluente gerado pela indústria, será utilizado um medidor de vazão, uma peneira estática, um tanque de equalização e um flotador. O afluente a ser tratado será encaminhado por uma tubulação de PVC, que deverá ter constante manutenção por causa do baixo pH do fluido a ser escoado por ele, para a primeira etapa do tratamento, que é o medidor de vazão, onde haverá o monitoramento da vazão de entrada no sistema de tratamento, seguindo para a peneira estática. Esta possui como objetivo reter sólidos grosseiros, reduzindo danos e baixas na eficiência de unidades subsequentes. Os sólidos retidos serão coletados e destinados para compostagem ou aterro sanitário. Após a passagem na peneira, o fluido será encaminhado à um tanque de equalização, cuja finalidade é minimizar ou controlar as flutuações das características do efluente, ou seja, manter a mesma vazão de saída para garantir o funcionamento adequado do sistema de tratamento. A unidade seguinte é o flotador, cuja função é remover a gordura presente no afluente, reduzindo o capeamento de flocos bacterianos nas unidades biológicas, reduzindo assim a carga orgânica do mesmo. 3- Memorial de cálculo: 3.1) Tratamento Preliminar - Peneira Utilizou-se como referência a tabela de Capacidade Hidráulica das peneiras estáticas fabricadas pela SanecomFibra (Tabela 2) para selecionar a peneira usada no tratamento. Adotando a vazão máxima igual à 34,55 m³/h, e a abertura de 0,30 mm, concluiu-se que a peneira indicada é a PE03. Tabela 2 - Capacidade Hidráulica com a abertura da peneira para cada tipo de peneira fabricada pela Sanecomfibra Coml Serv Saneam Ltda. Ranhur a (mm) Separação (mm) Vazão Máxima (m³/h) PE 01 PE 02 PE 03 0,30 0,18 15 30 72 0,50 0,30 20 50 90 0,75 0,40 30 55 110 1,00 0,60 35 65 140 1,25 0,75 40 70 170 1,50 0,90 50 75 185 De acordo com a Tabela 3, observa-se que a peneira PE 03 possui largura frontal de 1,2 m, largura lateral de 1,62 m e altura total de 2,4 m. Tabela 3 - Medidas Básicas dos Modelos Padrão para cada tipo de peneira fabricada pela Sanecomfibra Coml Serv Saneam Ltda. Modelos Largura Frontal Largura Lateral Altura Total ∅ da Entrad a ∅ da Saída PE 01 600 mm 1120 mm 1865 mm 4” 6” PE 02 1000 mm 1120 mm 1865 mm 4” 6” PE 03 1200 mm 1620 mm 2400 mm 8” 10” 3.2) Tratamento Primário - Flotador Para selecionar o flotador foi utilizada a tabela de flotadores da SNatural & Naturaltec (Tabela 4). O equipamento foi escolhido com base na sua vazão, sendo a maior do NatFlot 50. Mesmo possuindo a maior vazão, o flotador possui uma vazão de entrada menor que a vazão do laticínio, o que justifica a projeção de um tanque de equalização, precedendo o flotador. Tabela 4 - Modelos de Flotadores fabricados pela SNatural & Naturaltec Equipament o Vazão (m³/h de água) NatFlot 17 0,03 - 0,6 NatFlot 25 0,2 - 0,4 NatFlot 40 0,6 - 10,0 NatFlot 50 1,0 - 17,0 3.3) Equipamentos Suporte 3.3.1) Medidor de Vazão - Calha Parshall A Calha Parshall deve ser escolhida com base no intervalo de vazão que ela oferece. Sendo a vazão máxima de 34.55 m³, encontrou-se através da tabela 5, que a largura da garganta (w), para esta vazão é de 7,6 cm. Logo, pode-se calcular a altura do nível medido na régua de água (h): h = = 1,12 m.( )2,2w QMÁX 2/3 Tabela 5 - Dimensões da Calha Parshall para diferentes vazões Ln w A B C D F G M P QMÍN QMÁX 7 7,6 46,7 45,7 17,8 25,9 15,2 30,5 30, 5 76,8 0,8 53,8 15 15,2 62,1 61,0 39,4 39,7 30,5 61,0 30, 5 90,2 1,4 110,4 22 22,9 88,0 86,4 38,1 57,5 30,5 45,7 30, 5 108, 0 2,5 252,0 Fonte: Normalização E2.150 CETESB 3.3.2) Tanque de Equalização ● Vazão Efluente (QEF) A vazão máxima de entrada do flotador escolhido foi de 17 m³/h, assim, a vazão efluente, deverá ser de 17 m³/h. ● Volume de Equalização (VEQ) QAF = QMÁx = 34,55 m³/h QEF =17 m³/h T = 16 h VEQ= (QAF-QE) = 280,80 m³34, 5 17) 6× T 1 = ( 5 − × 1 ● Volume Total (V T) VEQ= 280,80 m³ QMÉD = 28,44 m³/h VT = (VEQ +VMÍN ) = = = 309,24 m³ V( EQ + T QMÉD ) 280, 0 ( 8 + 128,44) Tomando, por medida de segurança, um adicional de 25%, temos que o volume total do tanque de equalização é de: VT = 386,551m³ 387 m³≈ 4- Planta: Abaixo encontra-se um fluxograma para uma melhor visualização de cada uma das unidades do sistema de tratamento adotado neste projeto: Figura 1: Sequência das unidades do sistema de tratamento do efluente da indústria de laticínios Luma. 5- Referências: 1-SANECOMFIBRA. Catálogo: Peneira Estática. Disponível em: <http://www.sanecomfibra.com.br/sites/default/files/catalogo_-_peneira_estatica.pdf >. Acesso em 07 de novembro de 2017 . 2 - VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade de águas e ao tratamento de esgotos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014. 4 ed. Página: 81. 3 - HERNARES, J. F. CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE DE LATICÍNIO: análise e proposta de tratamento. Trabalho de Conclusão de Curso (Título de Engenheiro de Alimentos). Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 51p, 2015. Disponível em < http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/4899/1/CM_COEAL_2015_1_06. pdf>. Acesso em: 07 de novembro de 2017. 4 -.CONSULTEC PR. Tratamento de Efluentes Líquidos da Indústria de Laticínios. Disponível em: <http://consultecpa.com.br/blog/tratamento-efluentes-liquidos-da-industria-de-laticini os/>. Acesso em 08 de novembro de 2017. 5 - SILVA, A. R. B.Tratamento de Efluentes na Indústria de Laticínios. Trabalho de Conclusão de Curso (Título de Engenheiro Químico). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia MG, 26p, 2013. 6 - SILVA, D. J.P. Resíduos na Indústria de Laticínios. Universidade Federal de Viçosa: Departamento de Tecnologia de Alimentos, 20 p. Viçosa, Minas Gerais, 2011. Disponível em: <https://www2.cead.ufv.br/sgal/files/apoio/saibaMais/saibaMais2.pdf>. Acesso em: 09 de novembro de 2017. 7 - SNATURAL. Catálogo geral: Tratamento de água e efluentes. Disponível em: <http://www.snatural.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Equipamentos-Tratamento -agua-1.pdf>. Acesso em 10 de novembro de 2017. 8 - FIEMG. Guia Técnico Ambiental da Indústria de Laticínios. Disponível em: <http://www7.fiemg.com.br/Cms_Data/Contents/central/Media/Documentos/Bibliotec a/PDFs/FIEMG/MeioAmbiente/2014/CartilhasPublica%C3%A7%C3%B5es/FI-0066- 14-CARTILHA-LATICINIOS3-INTRANET.pdf>. Acesso em 10 de novembro de 2017
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