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Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 1 CONDUTOS LIVRES 1- INTRODUÇÃO O escoamento da água com uma superfície livre sujeita à pressão atmosférica é um dos problemas que os engenheiros enfrentam e que são resolvidos com a aplicação de teorias e métodos da hidráulica dos canais abertos. .O equacionamento dos escoamentos com superfície livre fica mais complicado visto que está presente um grande número de variáveis que caracterizam o escoamento real. Assim é preciso fazer hipóteses simplificadoras de forma a se obter um resultado mais simples e que possa ser compreendido mais facilmente DEFINIÇÃO de CONDUTO LIVRE São considerados condutos livres ou canais todos os condutos que: - conduzem água com uma superfície livre; - possuem seção aberta ou fechada; - possuem escoamentos sujeito à pressão atmosférica. * No escoamento em condutos livres a distribuição da pressão pode ser considerada como hidrostática e o agente que provoca o escoamento é a gravidade. 2- APLICAÇÃO PRÁTICA A compreensão, interpretação e o dimensionamento de condutos livres são importantes nos aspectos econômico, ecológico e social em atividades do desenvolvimento: drenagem, irrigação, contenção e previsão de cheias, diagnósticos e estudos de impacto ambiental, modelagem, navegação, transporte e tratamento de esgoto, proteções, entre outras. São exemplos de condutos livres: canais; coletores de esgoto; galerias de águas pluviais; calhas, sistemas de águas pluviais, rios , córregos etc. Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 2 3- CLASSIFICAÇÃO DOS CONDUTOS LIVRES 4- ANÁLISE DOS CONDUTOS LIVRES 4.1 - PARÂMETROS GEOMÉTRICOS Os parâmetros usualmente empregados na análise e tratamento dos escoamentos livres são: • h ou y= profundidade do escoamento (m); • B= comprimento superficial ou boca (m); • b= comprimento da base do conduto (m); • A= área molhada corresponde à área efetiva de escoamento (m2); • PM= perímetro molhado é a linha de contorno da área molhada sem a superfície livre (m); • RH = raio hidráulico é o quociente entre área e perímetro molhados (m); • ym ou hm = profundidade média é o quociente entre a área molhada e o comprimento superficial (m); • I = declividade do fundo (m/m); • L= comprimento do conduto (m). Canal trapezoidal: Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 3 Outros formatos: 4.2 - DISTRIBUIÇÃO DA VELOCIDADE - É função da resistência (atrito) em relação ao fundo e paredes do canal; - É função da superfície com a atmosfera e ventos; - É função da viscosidade dos fluidos A velocidade adotada será um valor médio, pois, na área molhada, a velocidade varia com a posição e com a profundidade considerada. A determinação das várias velocidades em diferentes pontos de uma secção transversal é feita por via experimental. Exemplos de curvas isotáquicas (linhas de mesma velocidade) → Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 4 Velocidade em função da profundidade → 4.3 - VELOCIDADE E VAZÃO - ESCOAMENTO PERMANENTE E UNIFORME 4.3.1 - Escoamento permanente e uniforme: O escoamento uniforme em canais obedece as seguintes condições: A profundidade da água, a área da seção transversal, a distribuição das velocidades em todas as seções transversais ao longo do canal devem permanecer invariáveis. A linha de energia, a linha do perfil da superfície livre do líquido e a do fundo do canal devem ser paralelas entre si. 4.3.2 Cálculo velocidade e vazão: Existem diversas fórmulas para determinação da velocidade em canais, destacando-se: Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 5 Fórmula de Chézy: onde: Vm = velocidade média; RH = Raio hidráulico; Io = Declividade do fundo do canal C= Coeficiente de Chézy que varia de 40 (parede rugosa) a 100 (parede lisa) Fórmula de Strickler: Para a equação de Strickler foi introduzida a constante de rugosidade de Strickler (K) → valores tabelados Obs: K = 1 / n (unidade: m1/3 / s) Fórmula de Manning (MAIS UTILIZADA) Onde: n = coeficiente de rugosidade de Manning (unidade : s.m –1/3) → Valores tabelados Valores do coeficiente de Manning: Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 6 Cálculo da vazão (Q): Q = velocidade x Área molhada (m3/s) 5. Movimento variado nos canais (situação real) O movimento é dito variado quando o tirante (h) não é constante ao longo do canal, porque a inclinação do fundo não é constante , a forma ou a seção geométrica não são constantes, ou existe uma obstrução / interferência em uma porção do canal. 5.1 - Classificação dos escoamentos: Escoamento permanente e Uniforme: - Vazão constante ao longo do tempo e posição; - Velocidade média e profundidade constantes ao longo do tempo e posição. Escoamento permanente e variado: - Variado gradualmente: Vazão constante; Seção e velocidade média variáveis com o espaço > OS PARÂMETROS MUDAM GRADUALMENTE; - Variado bruscamente: Vazão constante; Seção e velocidade média variáveis com o espaço > OS PARÂMETROS MUDAM BRUSCAMENTE. Escoamento não permanente: Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 7 - Vazão variável (tempo e espaço); - Seção e velocidade média variáveis com o espaço. 5.2 - Efeitos das mudanças nos regimes de escoamento: Ressalto x Remanso: - Remanso hidráulico: é um fenômeno natural que ocorre em um canal quando a velocidade da corrente se reduz bruscamente ao encontrar um tirante (h) maior à jusante. - Ressalto hidráulico: tipo de escoamento em que há variações bruscas das características geométricas e de velocidade do escoamento em um pequeno trecho do canal (forte turbulência e “perda” significativa de energia). Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 8 INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE CONDUTOS LIVRES: 6. SEÇÕES DE MÁXIMA EFICIÊNCIA: - Um conduto é de máxima eficiência quando a vazão é máxima para uma determinada área e declividade. - Utilizando a fórmula de Manning e substituindo Raio Hidráulico pelo A / PM temos: Nesta expressão verifica-se que a vazão será máxima se o perímetro for mínimo, mantendo a área e a declividade constantes. 7. ENERGIA ESPECÍFICA OU CARGA ESPECÍFICA (escoamento real) • Carga total existente numa seção (H): Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 9 Número de Froude Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 10 Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 11 8. VARIAÇÃO DA PRESSÃO A pressão entre a superfícies livre do líquido e o fundo do conduto não são desprezadas, sendo linear e hidrostática: Onde: Θ é o ângulo que define a declividade do fundo do canal y é a profundidade da lâmina líquida medida perpendicularmente ao fundo do canal. 9. PARÂMETROS DE PROJETOS DE CANAIS 9.1 - Velocidades de projeto A velocidade máxima, tendo em conta a natureza do material que constitui o canal, é definida como a velocidade acima da qual ocorre erosão do material. No caso de esgotos deve-se evitar pequenas velocidades que causam a deposição da descarga sólida. Grandes dimensões da seção originam pequenas velocidades em virtude da grande largura do fundo. Neste caso recorre-se ao uso de pequenas caleiras incorporadas no fundo dos canais. Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 12 9.2 - INCLINAÇÃO DOS TALUDES - RECOMENDAÇÃO Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 13 9.3 - Outros parâmetros: Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa AnaKelly Guedes – maio 2017 14 Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 15 Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 16 EXERCÍCIOS PROPOSTOS: Resolução Dados: n=0,012 K=83 h=2,0 m b=4,0 m I = 0,3 / 1000 = 0,0003 m/m Rh = A / P Cálculo Rh A = 2x4 = 8 m2; P = 2x2 + 4 = 8 m; Rh = 8 / 8 = 1m Cálculo v v = (1/0,012) x 1 0,667 x 0,00030,5 v = 1,44 m/s Resolução Dados: n= 0,025 h= 1,6,0 m b= 1,2 m m=1,5 I = 0,4 / 1000 = 0,0004 m/m P= b + 2h 21 m A = (b + mh) h; Rh = A / P Cálculo Rh A= 5,76 m2 P=6,97m Rh = 5,76 / 6,97 = 0,83 m Cálculo v v = (1/0,025) x 0,83 0,667 x 0,00040,5 v = 0,71 m/s Q = v x A = 0,71 x 5,76 = 4,09 m3/s Apostila 2 - Hidráulica – CONDUTOS LIVRES - profa Ana Kelly Guedes – maio 2017 17 Resolução n= 0,013 I = 0,7% = 0,007 m/m A = (∏ x D2) / 8 = 0,981 m2 P = (D x ∏) / 2 = 0,785 m Rh = A / P = 0,125 m V = (1/0,013) x 0,125 0,667 x 0,0070,5 V = 0,156 m/s Exemplo - um canal retangular tem coeficiente de rugosidade “n” de Manning igual a 0,070. A largura do canal e de 2,3m e altura da lamina d’agua de 1,20m. Calcular o raio hidráulico, velocidade da água no canal e o tempo de escoamento sendo a declividade de 0,005m/m e o comprimento do canal de 1.200m. Portanto: S=0,005 m/m Y=1,20m L=2,30m A área molhada é L x Y = 2,30m x 1,20m = 2,76 m2 O perímetro molhado, isto é, a parte do canal que tem contato com a água é L+ 2 x Y= 2,30m + 2x1,20m = 4,7m Como o raio hidráulico é o quociente entre área molhada e o perímetro molhado então teremos: R= área molhada/perímetro molhado = 2,76m2 / 4,7m = 0,59m Portanto, o raio hidráulico é 0,59m. S=0,005m/m; R=0,59m e n=0,070 Usando a Equação Manning temos: V= (1/n) . R 2/3 . S ½) = (1/0,070)x (0,59 2/3)x (0,005 ½)= 0,71m/s Portanto, a velocidade da água no canal é de 0,71m/s. O tempo de trânsito (Travel Time) é T= comprimento do canal/ velocidade = 1200m/ (0,71m/s x 60 s) = 28,17min. Portanto, o tempo de escoamento do canal é de 28,17min. Fontes : Apostila dos professores: Sérgio Nascimento Duarte, Tarlei Arriel Botrel, Raquel Aparecida Furlan – Dpto. de Eng. Rural - Universida de SP Apostila do Prof. Adão Wagner Pêgo Evangelista - escola de agronomia e eng de alimentos - setor de engenharia rural
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