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10 Módulo X Penalidades

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Módulo X - Penalidades 
 
Objetivos 
 
Ao final do Módulo X, o aluno deverá ser capaz de diferenciar as penalidades 
impostas às infrações disciplinares ocorridas na administração pública. 
 
Introdução 
Estando a comissão convicta da responsabilização do indiciado, 
obrigatoriamente constam do relatório a descrição e o enquadramento legal da 
infração apurada e, conforme se recomenda ao longo deste texto, a pena 
proposta para aquela infração, visto que há uma vinculação entre esses dois 
institutos na sede disciplinar. Nesse caso, a competência para julgar depende 
da pena proposta (ou da pena mais grave, em caso de diversidade de penas 
para mais de um indiciado). 
 
Daí porque, nesse ponto do texto, após ter abordado a parte inicial do 
julgamento (referente à análise de forma e de nulidade), convém abrir um 
parêntese na explanação sobre o ato de julgar para antes expor as penas 
previstas em Lei e as respectivas autoridades competentes para aplicá-las, a 
fim de que se retome a descrição do julgamento, já no que diz respeito à 
análise de mérito. 
 
A lista expressa e enumerada das penas administrativas previstas na Lei nº 
8.112, de 11/12/90, é a seguinte: 
 
advertência; 
suspensão; 
demissão; 
cassação de aposentadoria ou de disponibilidade; 
destituição de cargo em comissão ou de função comissionada. 
Pelo princípio da prévia cominação legal, não se admitem no processo 
administrativo disciplinar outras penas. 
 
 Art. 5º, XXXIX 
 
Embora incluída no inciso VI do art. 127 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, a pena 
de destituição de função comissionada (função de confiança) restou inaplicável, 
pois a Lei, nos artigos seguintes, não cuidou de expressar hipóteses de sua 
aplicação. O devido processo legal exige não só a previsão da pena mas 
também o estabelecimento de suas hipóteses de aplicação. 
 
“O art. 127 da Lei do Regime Jurídico único, no seu inciso VI, trata, ainda, de 
uma penalidade que não é disciplinada nos artigos específicos da Lei, a 
saber: VI -destituição de função comissionada.” Antônio Carlos Palhares 
Moreira Reis, “Processo Disciplinar”, pgs. 302 e 303, Editora Consulex, 2ª 
edição, 1999. 
 
 
Em exercício de interpretação sistemática do Estatuto, pode-se inferir que a 
intenção do legislador talvez fosse de que essa pena se aplicasse a atos 
praticados exclusivamente associados ao exercício da função de confiança, 
dissociados de seu cargo efetivo. Assim, ela recairia somente sobre essa 
função de confiança, fazendo com que o servidor a perdesse em decorrência 
de decisão administrativa disciplinar, sem repercutir em seu cargo efetivo. Tal 
pena teria, então, natureza diversa da dispensa ad nutum da função, em 
caráter discricionário, a cargo da autoridade nomeante. Todavia, sem a devida 
previsão legal das hipóteses em que seria aplicada, a pena resta inaplicável em 
sede disciplinar. Não obstante, pode servidor detentor de cargo efetivo e 
também ocupante de função de confiança cometer determinado ato irregular 
que lhe acarrete pena estatutária sobre o cargo efetivo e simultânea quebra da 
relação de confiança, de forma que a autoridade nomeante o dispense da 
função de confiança, mediante mero ato discricionário de gestão, independente 
da repercussão disciplinar. 
 
Unidade 1 - Vinculação da Aplicação da Pena 
A princípio, a Lei nº 8.112, de 11/12/90, vincula uma única pena para cada 
infração, sem conceder à autoridade julgadora discricionariedade para decidir 
de forma diferente. Ou seja, em regra, uma vez configurado o ilícito, a pena é 
vinculada. Assim já se manifestou a Advocacia-Geral da União, no Parecer-
AGU nº GQ-183, vinculante: 
 
“7. Apurada a falta a que a Lei nº 8.112, de 1990, arts. 129, 130, 132, 134 e 
135, comina a aplicação de penalidade, esta medida passa a constituir dever 
indeclinável, em decorrência do caráter de norma imperativa de que se 
revestem esses dispositivos. Impõe-se a apenação sem qualquer margem de 
discricionariedade de que possa valer-se a autoridade administrativa para 
omitir-se nesse mister. (...) 
8. Esse poder é obrigatoriamente desempenhado pela autoridade julgadora 
do processo disciplinar (...).” Parecer-Dasp. Desqualificação de penalidade 
As infrações disciplinares são específicas, não comportando desqualificação 
da respectiva penalidade. 
 
Os arts. 129, 130, 132, 134 e 135 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, estabelecem, 
respectivamente, que as penas de advertência, suspensão, demissão, 
cassação de aposentadoria e destituição de cargo em comissão serão 
aplicadas às hipóteses elencadas. Nesse aspecto, não é dado à autoridade o 
poder de perdoar, de compor ou de transigir, aplicando algum tipo de pena 
alternativa. 
 
STF, Mandado de Segurança n° 22.656: “Ementa: A circunstância de 
encontrar-se o impetrante no gozo de licença para tratamento de saúde e em 
vias de aposentar-se por invalidez não constituía óbice à demissão, como 
não constituiria a própria aposentadoria que, para tanto, estaria sujeita à 
cassação, na forma do art. 134 da Lei nº 8.112/90.” 
STF, Mandado de Segurança nº 23.310: “Ementa: O fato de encontrar-se o 
servidor em gozo de licença médica para tratamento de saúde não constitui 
óbice à demissão.” 
 
 
 
Esta vinculação é absolutamente inafastável para as penas capitais. Como 
penas capitais (ou expulsivas), aqui se refere à demissão, à cassação de 
aposentadoria, à cassação de disponibilidade e à destituição de cargo em 
comissão. Ou seja, uma vez configurada hipótese de aplicação de pena capital, 
não há previsão legal para que a autoridade julgadora atenue para suspensão 
ou advertência, em que pese a todos os atenuantes ou bons antecedentes que 
o servidor possa ter para o fato. Assim se manifestou a Advocacia-Geral da 
União, no Parecer-AGU nº GQ-177, vinculante: 
 
 
 
 Parecer-AGU nº GQ-177, vinculante 
 
Também, uma vez configurada hipótese de aplicação de advertência ou de 
suspensão, não há previsão legal para que se agrave para pena capital, em 
que pese a todos os agravantes ou maus antecedentes que o servidor possa 
ter para o fato. Da mesma forma, não se pode arquivar processo em que se 
configurou ilícito punível, ainda que com advertência, e não cabe aplicar-se 
advertência nas hipóteses de aplicação originária de suspensão (art. 117, XVII 
e XVIII da Lei nº 8.112, de 11/12/90). 
 
Unidade 2 - A Aplicação dos Parâmetros de Dosimetria de Pena (Natureza 
e Gravidade da Infração, Dano, Atenuantes, Agravantes e Antecedentes) 
As definições propriamente ditas dos parâmetros elencados no art. 128 da Lei 
nº 8.112, de 11/12/90 (natureza e gravidade da infração, dano decorrente da 
conduta, agravantes, atenuantes, bons ou maus antecedentes), bem como 
alguns exemplos diferenciadores de cada um, de desnecessária repetição. No 
presente ponto, busca-se apresentar as formas de aplicação daqueles 
parâmetros por parte da autoridade julgadora -primeiramente dentro do sentido 
estrito da literalidade da Lei; e, em segundo momento, com um sentido mais 
abrangente que o texto legal. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 
 
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a 
gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço 
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes 
funcionais. 
 
Sem necessidade de se ir além da literalidade da Lei, como exceção à estrita 
vinculação da pena cabível para cada irregularidade, na primeira forma de 
aplicação daqueles parâmetros elencados no art. 128,em combinação com a 
parte final do art. 129 e com o art. 130, todos da Lei nº 8.112, de 11/12/90, 
pode a autoridade julgadora decidir pela imediata aplicação de suspensão (sem 
se cogitar de reincidência) em todos os ilícitos originalmente puníveis com 
advertência. Assim, à vista da leitura conjunta daqueles parâmetros, mitigando 
e ponderando a vinculação da pena ao enquadramento, pode a autoridade 
julgadora, absolutamente amparada na Lei nº 8.112, de 11/12/90: 
primeiramente, graduar entre aplicação de advertência ou suspensão (parte 
final do seu art. 129) para os ilícitos cuja pena base é a advertência; e ainda na 
seqüência, uma vez tendo se decidido pela aplicação da suspensão, graduar a 
quantidade de dias a suspender o infrator (art. 130 da mesma Lei). 
 
Relembre-se que aquele conjunto de parâmetros apenas atua horizontalmente 
na dosimetria da pena aplicável à conduta, naquelas duas situações descritas 
acima em que cabe certa discricionariedade, não sendo capazes de 
desconfigurar o fato em si, ou seja, de alterar verticalmente o enquadramento 
e, por conseguinte, fazer a pena cabível migrar de advertência ou suspensão 
para pena capital ou vice-versa. Ademais, restam tão-somente essas duas 
aplicações previstas expressamente na Lei nº 8.112, de 11/12/90, já que a 
advertência e as penas expulsivas não comportam nenhum tipo de gradação 
ou quantificação. 
 
A autoridade julgadora deve empregar aqueles parâmetros de forma dinâmica 
e não estática ou estanque, uma vez que não há uma escala prévia de valores 
entre eles; cabe ao julgador ponderá-los com as peculiaridades de cada caso 
em concreto. Por exemplo, um parâmetro negativo pode ser compensado por 
outro parâmetro positivo de similar relevância, mantendo-se a pena básica de 
advertência; ou um parâmetro negativo de relevância pode indicar o 
agravamento da pena básica de advertência para suspensão; e a existência de 
mais outro parâmetro negativo pode indicar a apenação por uma quantidade 
razoável de dias. Por outro lado, um parâmetro positivo e um outro negativo 
podem ponderar pela manutenção da pena básica ou pelo agravamento, 
dependendo se um é de maior relevância que o outro ou vice-versa. Em outra 
linha de análise, um determinado parâmetro pode ser mais ou menos relevante 
em função da localidade de ocorrência do fato ilícito ou de características 
pessoais e funcionais do infrator. 
 
Ao abordar esse emprego previsto na Lei nº 8.112, de 11/12/90, dos 
parâmetros de dosimetria, por parte da autoridade julgadora, assim se 
manifestou a Advocacia-Geral da União, novamente no Parecer-AGU nº GQ-
183, vinculante (de teor repetido nos Pareceres-AGU nº GQ140 e GQ-167): 
 
 Pareceres-AGU nº GQ-140 e GQ-167 
 
E, quando se estimulou, extensivamente, a comissão a refletir sobre aqueles 
parâmetros do art. 128 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, antes de concluir seu 
relatório, defende-se também para a autoridade instauradora uma segunda 
forma de aplicação desse conjunto, agora além da estrita previsão legal. A 
rigor, pela literalidade do dispositivo legal, os parâmetros ali elencados seriam 
considerados apenas na aplicação das penalidades, ou, seja, após a definição 
do enquadramento, visto que a definição da pena requer o pré-requisito de já 
se saber qual o enquadramento adotado para o fato ilícito. Assim, esses 
parâmetros atuariam limitadamente de forma horizontal, apenas quantificando 
a pena, não possuindo o condão de atuar verticalmente na definição do 
menquadramento. Todavia, como aquela Lei contempla degraus de 
escalonamento de gravidade para fatos similares e vincula a pena a ser 
aplicada ao enquadramento julgado cabível e esses dois fatores causam 
natural senso de responsabilidade no aplicador, deve a autoridade julgadora 
aplicar estes parâmetros como indicadores de, dentre os enquadramentos 
possíveis para o fato apurado, qual o mais razoável e qual tem a pena 
vinculada mais proporcional e nesse rumo julgar da maneira mais justa e 
equilibrada. 
 
A solução para evitar injustiças é, ou não abrir o processo -se for possível 
sustentar a inexistência do ilícito -ou não enquadrar o servidor em uma das 
hipóteses do art. 132, mas em outro dispositivo legal cuja conseqüência seja 
uma pena mais branda. Isto é, para que um servidor não seja demitido a 
solução não é atenuar sua pena, mas sim, se for possível, enquadrar sua 
conduta num dispositivo da Lei 8.112/90 que não gere demissão, caso 
contrário não haverá discricionariedade para atenuar a pena. 
 
 Assim, o princípio da proporcionalidade só pode ser utilizado para evitar a 
pena de demissão se ele não for invocado para atenuar a pena, mas para 
mudar o enquadramento para um tipo legal que não gere demissão. Vinícius de 
Carvalho Madeira, “Lições de Processo Disciplinar”, pg. 137, Fortium Editora, 
1ª edição, 2008. 
 
Ademais, no momento de concluir seu relatório, claramente que aqui se exige 
da autoridade julgadora bom senso e razoabilidade, ao se deparar com 
conduta caracterizada como um equívoco meramente voluntário ou eventual e 
escusável, de ínfimo poder ofensivo às normas e aos princípios ou 
caracterizada como incapaz de afrontar materialmente o bem jurídico tutelado, 
embora o faça formalmente, bem como se pode, ainda, com as devidas 
cautelas, atentar para os princípios da intervenção mínima e da insignificância. 
Ao se abordar o enfoque mais complexo com que deve ser compreendido o 
princípio da legalidade, a atuação da administração tanto deve atender à lei, 
mas sem se afastar do bom Direito. Mas, por outro lado, mesmo pequeno 
prejuízo, desde que em atitude comprovadamente dolosa, pode caracterizar 
infração grave, pois não há autorização na lei para aplicar análise quantitativa 
(legalmente, não há “parâmetro de corte”). 
 
 
 
Unidade 3 - Advertência 
Descrita pelo art. 129 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, a advertência é pena de 
menor gravidade e de menor repercussão no trabalho. Em geral, resulta de 
condutas comportamentais associadas a valores básicos para o funcionamento 
da administração, tais como zelo, dedicação, lealdade, hierarquia, discrição, 
presteza, assiduidade, pontualidade, urbanidade, desde que não sejam 
reincidentes. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 
 
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de 
proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de 
dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não 
justifique imposição de penalidade mais grave. (Redação dada pela Lei nº 
9.527, de 10/12/97). 
 
Cabe a aplicação de advertência nas hipóteses de descumprimento de 
qualquer dos deveres funcionais elencados no art. 116 da Lei nº 8.112, de 
11/12/90, e de afronta a proibições do art. 117, I a VIII e XIX. 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Arts 116 e 117 
 
Acrescente-se que a leitura conjunta do art. 129 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, 
na passagem em que menciona “dever funcional previsto em lei, 
regulamentação ou norma interna” com o art. 116, da mesma Lei, dá a clara 
notícia de que a lista de deveres funcionais não se encerra neste último, pois, 
além de outras leis que porventura existam impondo deveres a servidor, pode 
haver, em cada órgão da administração, deveres funcionais internamente 
regulados na normatização infralegal. 
 
Em sede disciplinar, não há advertência verbal. A pena é aplicada por escrito, 
por meio de portaria da autoridade competente, com registro do fato nos 
assentamentos funcionais do servidor, que toma ciência da punição ao final do 
processo ou pela publicação no DOU, caso tenha sido ato ministerial.Em 
síntese, a advertência se incretiza com um registro nos assentamentos e com 
a publicação para conhecimento por parte do apenado, não comportando 
gradação. 
 
Na hipótese de processo aberto contra inativo concluir pelo cometimento de 
ilícito que seria punido com advertência, diante da impossibilidade de 
aplicação, apenas registra-se o fato apurado nos assentamentos funcionais do 
ex-servidor. 
 
 
 
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"Advertência Verbal” e faça seus comentários, fomentando trocas de 
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Unidade 4 - Suspensão 
 
Aplicação Originária Residual 
A suspensão é modalidade punitiva que se dirige à reincidência das faltas 
puníveis com advertência e às faltas de maior intensidade por desrespeito a 
deveres e proibições reveladoras de desvio de comportamento grave que, 
todavia, não implicam demissão. 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas 
punidas com advertência e de violação das demais proibições que não 
tipifiquem infração sujeita à penalidade de demissão, não podendo exceder 
de 90 (noventa) dias. 
 
Excluindo-se a hipótese de injustificada recusa de submissão à inspeção 
médica (para a qual o art. 130, § 1º da Lei nº 8.112, de 11/12/90, impõe 
expressamente pena de suspensão de até quinze dias), a aplicação originária 
da suspensão na citada Lei é de caráter residual, ou seja, a Lei não estabelece, 
de forma expressa e enumerada, a que irregularidades ela se impõe. Nas listas 
de infrações dos arts. 116, 117 e 132, descartando-se as hipóteses expressas 
de aplicação originária de advertência (qualquer inciso do art. 116 e incisos I a 
VIII e XIX do art. 117) e de aplicação de pena capital (incisos IX a XVI do art. 
117 e art. 132), por exclusão, restam originalmente puníveis com suspensão 
apenas os incisos XVII e XVIII do art. 117, todos da Lei nº 8.112, de 11/12/90. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 
Art. 117. Ao servidor é proibido: 
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, 
exceto em situações de emergência e transitórias; 
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício 
do cargo ou função e com o horário de trabalho. 
 
 
 
Participe do Fórum da Comunidade, clicando no seguinte tópico 
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Reincidência e Gradação 
Além disso, aplica-se a suspensão na reincidência das faltas puníveis com 
advertência. A Lei não especificou se considera como reincidência o 
cometimento de uma segunda falta qualquer punível com advertência 
(reincidência genérica), ou se considera apenas o segundo cometimento da 
mesma falta (reincidência específica). Mas, trazendo à tona o conceito penal de 
reincidência, prevalece a interpretação mais ampla, pois naquela sede, não só 
para consideração do reincidente em contravenção penal, mas até mesmo para 
o crime, a lei trata do cometimento de nova infração de forma genérica, não se 
importando com a natureza da infração antecedente. 
 
CP - Reincidência 
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, 
depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o 
tenha condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11/07/84) 
Decreto-Lei nº 3.688, de 03/10/41 - Lei das Contravenções Penais 
Reincidência 
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção 
depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil 
ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de 
contravenção. 
 
Ou seja, configura-se a reincidência quando, do cometimento de uma segunda 
irregularidade, qualquer que seja, punível com advertência, já tenham sido a 
primeira infração definitivamente julgada na esfera administrativa e a 
advertência aplicada, podendo-se valorar contrariamente ao acusado, com 
maior número de dias de suspensão, especificamente quando a reincidência é 
da mesma infração pela qual o servidor já foi punido. Sendo requisito essencial 
que a primeira pena já tenha sido aplicada, a ocorrência de prescrição, por 
exemplo, impede que se cogite de reincidência (nesse caso, configura apenas 
o mau antecedente de ter o fato apurado registrado nos assentamentos). 
 
“Reincidência é a prática reiterada da infração, da mesma natureza ou de 
outra, pela qual o funcionário já tenha sido punido. 
A reincidência pode ser específica ou genérica, conforme se verifique a 
repetição do ato infracional, com a mesma ou com outra modalidade de 
atuação.” Francisco Xavier da Silva Guimarães, “Regime Disciplinar do 
Servidor Público Civil da União”, pg. 58, Editora Forense, 2ª edição, 2006. 
 
Na esteira da consideração acima de que a reincidência é genérica, também, 
se o servidor já foi apenado com suspensão e comete uma segunda 
irregularidade, punível a princípio com advertência, é cabível a interpretação 
por parte da autoridade competente de considerá-lo reincidente e, daí, agravar 
a segunda pena para suspensão, conforme art. 130 da Lei nº 8.112, de 
11/12/90. 
 
O efeito da reincidência não perdura por toda vida funcional do servidor. 
 
Os registros de aplicação de penas de advertência e de suspensão são 
cancelados nos assentamentos funcionais do servidor, respectivamente, após 
três e cinco anos de efetivo exercício sem nova infração disciplinar. Nesta 
hipótese, um novo cometimento não é considerado reincidência ensejadora de 
pena de suspensão. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros 
cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, 
respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova 
infração disciplinar. 
 
A suspensão pode ser de até noventa dias (com exceção da hipótese prevista 
no art. 130, § 1º da Lei nº 8.112, de 11/12/90, de suspensão de até quinze 
dias), sendo a única pena que comporta gradação, de acordo com os 
parâmetros do art. 128 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, em atendimento ao 
princípio da proporcionalidade. Salvo melhor juízo, à luz da vinculação entre 
infração e pena e do princípio da legalidade, a redação deste artigo parece 
inadequada, ao se reportar à aplicação das penas, genericamente no plural, 
visto que natureza e gravidade da infração, danos, agravantes e atenuantes do 
fato e antecedentes funcionais não se aplicam às penas capitais. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a 
gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço 
público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes 
funcionais. 
 
As condições atenuantes ou agravantes de ordem prática da conduta fática 
atuam apenas horizontalmente na gradação da pena aplicada àquela conduta e 
não na desconfiguração do fato em si e também não se confundem com os 
antecedentes funcionais, avaliados pelos assentamentos, abonadores ou não 
de boa conduta profissional pretérita. 
 
Relembre-se que, nos termos do art. 131 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, 
independentemente de haver sido cancelado nos assentamentos ou não, o 
registro de aplicação de pena de advertência ou de suspensão, decorridos 
respectivamente três e cinco anos de efetivo exercício sem nova infração 
disciplinar, não pode ser considerado como antecedente funcional e muito 
menos como ensejadorde reincidência. 
 
 
 
Aplicação da Pena de Suspensão em Hipóteses Originariamente Puníveis 
com Advertência 
A interpretação conjunta dos arts. 128, 129 (em sua parte final) e 130 da Lei nº 
8.112, de 11/12/90, permite entender que, no único caso em que a Lei confere 
à autoridade julgadora certa discricionariedade na aplicação da pena, é 
legalmente cabível a aplicação de pena mais grave que advertência (ou seja, 
suspensão) em hipótese que, a princípio, seria punida com advertência. 
 
Assim, em função sobretudo da natureza ou da gravidade da infração e/ou das 
circunstâncias agravantes e/ou maus antecedentes, pode a autoridade 
competente, a seu critério, aplicar suspensão em caso de afronta a deveres 
funcionais do art. 116 e de proibições dos incisos I a VIII e XIX do art. 117 da 
Lei nº 8.112, de 11/12/90, ainda que na primeira irregularidade cometida pelo 
servidor, sem se cogitar de reincidência. Destaque-se que pode ser 
considerado 
 
negativamente na avaliação da natureza ou da gravidade da infração o fato de 
a conclusão final ter se limitado a apenas um enquadramento ou a mais de um 
enquadramento, seja em concurso de infrações, seja por infrações 
independentes, de forma que, se ambos enquadramentos teria como pena 
básica advertência, o concurso pode justificar o agravamento para suspensão; 
e que, se um dos enquadramentos já teria como pena básica suspensão, o 
concurso pode justificar um agravamento na quantidade de dias da suspensão. 
 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Art. 129 - Parecer-AGU nº GQ-127 - STF, 
Recurso em Mandado de Segurança nº 24.635 e STJ, 
Mandado de Segurança nº 5.935 
 
 
Efetivação da Pena ou Sua Conversão em Multa 
 
Por óbvio que a punição com suspensão não significa para o servidor dispensa 
remunerada de suas atribuições. Os dias de apenação (de um a noventa) não 
são contados como de efetivo exercício para nenhum efeito. O efeito punitivo 
reside, precipuamente, no aspecto patrimonial, com que o servidor tem sua 
remuneração descontada na proporção dos dias sem comparecer ao serviço, 
além de também repercutir em demais direitos associados a tempo de efetivo 
exercício do cargo. 
 
“A modalidade punitiva de suspensão, além do caráter corretivo, tem 
inegáveis efeitos patrimoniais, pecuniários, na medida em que os dias de 
afastamento são descontados dos vencimentos do servidor apenado. 
Reflete, também, negativamente, na aquisição de vantagens e promoções, 
ante a interrupção na contagem do tempo de serviço.” Francisco Xavier da 
Silva Guimarães, “Regime Disciplinar do Servidor Público Civil da União”, pg. 
59, Editora Forense, 2ª edição, 2006. 
 
Não obstante, a administração, à vista exclusivamente do interesse público, 
independentemente da preferência do servidor apenado, pode converter a 
pena de suspensão em multa de 50% por dia do(s) vencimento(s) ou da 
remuneração, a critério da autoridade julgadora, em função imprescindibilidade 
ou não das atividades que o servidor desempenha à época do julgamento e 
também da gravidade do ilícito, devendo o servidor permanecer em serviço. 
Não há previsão legal de consulta ao servidor de acerca de sua preferência, 
mas nada impede que ele espontaneamente se manifeste. A opção pela efetiva 
aplicação da pena de suspensão, com o afastamento não remunerado por 
determinado período, ou pela conversão em multa independe da vontade do 
servidor e atende tão-somente ao interesse público. Formalmente, esta decisão 
é de competência da autoridade julgadora, sem prejuízo de se recomendar que 
esta busque, junto à autoridade local, a melhor forma de se atender ao 
interesse público na unidade onde a pena será cumprida. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 -Art. 130. 
§ 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão 
poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por 
dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a 
permanecer em serviço. 
 
Percebe-se a atecnia do § 2º do art. 130 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, ao definir 
que a multa incide sobre o “vencimento” ou sobre a “remuneração” do servidor, 
uma vez que, para muitos cargos, à luz dos seus arts. 40 e 41, vencimento é a 
parcela fixa integrante da remuneração. A prevalecer o caráter alternativo, a Lei 
teria conferido extrema discricionariedade a esta conversão, permitindo que se 
aplicasse a sanção a toda a remuneração ou apenas a parte dela, no caso de 
cargos que possuem vencimento. Uma vez que não faria sentido interpretar 
aplicação apenas em parte da remuneração, na contrapartida de dias 
efetivamente não trabalhados, aduz-se que a Lei quis se referir à remuneração, 
que pode ter como sinônimo o termo “vencimentos”, ali mal redigido no 
singular. Acrescente-se ainda a possibilidade de ali também se compreender o 
termo “subsídio”, inovado pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98, 
como mais uma espécie remuneratória, mediante parcela única, de servidores 
de determinados cargos, organizados em carreira, sobretudo em funções 
típicas de Estado. 
 
“(...) Essa conversão somente ocorre quando houver ‘conveniência para o 
serviço’, hipótese em que o servidor ficará obrigado a permanecer na 
repartição, exercendo suas tarefas durante todo o expediente, percebendo, 
nos dias fixados, os vencimentos do cargo pela metade. 
A multa, tal como prevista na Lei nº 8.112/90, não constitui modalidade de 
apenação autônoma, mas forma alternativa, substitutiva, aplicada no 
exclusivo interesse da administração, e na consideração única de que o 
afastamento do servidor afetará o serviço.” Francisco Xavier da Silva 
Guimarães, “Regime Disciplinar do Servidor Público Civil da União”, pg. 59, 
Editora Forense, 2ª edição, 2006. 
“Remuneração (...) significa o vencimento acrescido das vantagens 
pecuniárias estabelecidas em lei. Vencimento corresponde ao padrão, sem 
os acréscimos. Vencimentos, no plural, é o mesmo que remuneração, na 
terminologia adotada pela legislação. Pode haver desencontro no uso das 
expressões, seja na Constituição, seja na lei. No entanto, o que vale é o 
conteúdo do conceito.” Regis Fernandes de Oliveira, “Servidores Públicos”, 
pg. 57, Malheiros Editores, 1ª edição, 2004. 
 
Na verdade, é de se entender que, exclusivamente para a suspensão, 
configuram-se dois momentos distintos. A aplicação da pena se dá de imediato, 
com a publicação da portaria, mas a sua efetividade pode ser postergada. Isto 
porque antes da publicação da portaria de punição, recomenda-se que a 
autoridade competente para aplicar pena reporte-se ao titular da unidade de 
lotação do servidor para que esta manifeste, à vista do interesse público, 
quanto à efetivação da pena. Neste caso, cabe à autoridade local informar à 
autoridade julgadora se é interessante para a unidade o cumprimento integral 
da suspensão ou a manutenção do servidor em serviço (convertendo a pena 
em multa), bem como, na hipótese de se efetivar a pena (sem converter em 
multa), indique o período para cumprimento da pena (que pode ser definido de 
três formas: já a partir da data da publicação da portaria; ou posteriormente, a 
partir da ciência do servidor -que parece ser a mais adequada; ou a partir de 
data especificada na portaria). 
 
De se destacar que, caso a administração opte em converter a pena de 
suspensão em multa, este efeito pecuniário não significa uma sanção 
disciplinar autônoma, mas tão-somente uma forma de execução daquela pena, 
mantendo o servidor em serviço com remuneração diminuída. Menos ainda a 
conversão da suspensão em multa pode levar ao entendimento equivocado de 
absolvição do cometimentodo ilícito e nem mesmo abrandamento ou 
nulificação da pena, uma vez que esta subsiste em seus efeitos (exceto o do 
afastamento do serviço), mantendo-se outras repercussões funcionais que a 
Lei prevê para um servidor apenado (de ser considerado reincidente, por 
exemplo). 
 
Da mesma forma como na advertência, na hipótese de processo aberto contra 
inativo concluir pelo cometimento de ilícito que seria punido com suspensão, 
diante da impossibilidade de aplicação, apenas registra-se o fato apurado nos 
assentamentos funcionais do ex-servidor. 
 
 
 
Unidade 5 - Penas Capitais 
Penas Capitais (Demissão, Cassação de Aposentadoria ou de Disponibilidade 
e Destituição de Cargo em Comissão) 
 
A princípio, a expressão “penas capitais” (ou “penas expulsivas”) refere-se à 
demissão, cassação de aposentadoria, cassação de disponibilidade e 
destituição de cargo em comissão, já se desconsiderando a destituição de 
função comissionada (função de confiança). 
 
A demissão, a cassação de aposentadoria e a cassação de disponibilidade têm 
as mesmas hipóteses de aplicação, variando apenas o pólo passivo (servidor 
ativo de cargo efetivo para a primeira e inativo para as duas demais). Essas 
penas são aplicadas nas violações das proibições constantes dos incisos IX a 
XVI do art. 117 e de todos os incisos do art. 132, ambos da Lei nº 8.112, de 
11/12/90, sem comportar redação. 
 
 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Arts 132, 134 e 135 
 
A demissão é a pena expulsiva aplicável ao servidor que comete infração grave 
no exercício de cargo efetivo e que ainda se encontra na ativa quando da 
apuração e da apenação. É, portanto, o caso geral da aplicação de pena 
expulsiva. 
 
Alguns fatos ensejadores de demissão estão descritos no próprio artigo 132, 
junto à previsão da pena, enquanto outros fatos estão descritos nos incisos IX 
a XVI do art. 117 e nos arts. 133, 138 e 139, todos da Lei nº 8.112, de 
11/12/90. Independentemente do fato ensejador, tem-se que todas as 
hipóteses de aplicação de demissão estão exaustivamente listadas no art. 132 
da Lei nº 8.112, de 11/12/90. 
 
Com isso, mesmo nos casos de fatos enquadrados nos incisos IX a XVI do art. 
117 ou nos arts. 133, 138 e 139 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, deve atentar a 
autoridade julgadora para a necessidade de embasar o ato de demissão nos 
incisos XIII, XII, II e III do art. 132 da norma (aqueles primeiros dispositivos 
apenas descrevem fatos, sendo necessária a capitulação nestes últimos para 
se aplicar a pena). 
 
A inclusão da cassação de aposentadoria e da cassação de disponibilidade 
como penas estatutárias decorre de o dever de apurar impor que servidor 
responda por atos cometidos na ativa, quando legalmente investido no cargo, 
em seu pleno exercício, não importando a sua condição à época da apuração. 
A aposentadoria e a disponibilidade são espécies de inatividade, sendo a 
aposentadoria um benefício obtido em função de invalidez permanente ou 
parâmetro temporal (compulsoriamente ou a pedido), enquanto que a 
disponibilidade é aplicada ao servidor nos casos de reorganização ou extinção 
de seu órgão, de extinção de seu cargo ou de declaração de sua 
desnecessidade, até que o servidor seja aproveitado em outra vaga, conforme 
respectivamente o art. 186 e o art. 37, §§ 3º e 4º, ambos da Lei nº 8.112, de 
11/12/90. 
 
Em caso de cassação de aposentadoria ou de disponibilidade, o ato punitivo 
deve combinar o art. 134 com o enquadramento do fato cometido na ativa 
(incisos IX a XVI do art. 117 ou I a XIII do art. 132, todos da Lei nº 8.112, de 
11/12/90). 
 
 
 
Pág. 2 
A Lei nº 8.112, de 11/12/90, não impôs restrição para a natureza da 
aposentadoria a ser cassada, podendo, então, a pena ser aplicada inclusive em 
aposentado por invalidez. Tampouco importa, para a posterior 
responsabilização que, à época do fato, o servidor já tenha tempo para se 
aposentar voluntariamente. A perda da aposentadoria de servidor não impede 
que o apenado leve o tempo de contribuição previdenciária para o regime geral 
de aposentadoria. Da mesma forma, se a aposentadoria se deu por invalidez, 
não prejudica de se alegar a mesma cláusula no regime geral. Por fim, 
encontra-se superada a alegação de inconstitucionalidade da pena. 
 
 STF, Mandados de Segurança nº 23.299 e nº 21.948 
 
De acordo com a imediata literalidade do art. 135 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, 
a pena de destituição de cargo em comissão somente é aplicada ao servidor 
que ocupa apenas o cargo de confiança (ou seja, que não detém cargo 
efetivo). Só que, por expressa vontade do legislador, no art. 135 da Lei nº 
8.112, de 11/12/90, a aplicação da pena expulsiva desse servidor sem vínculo 
efetivo tem um maior alcance que a aplicação da pena expulsiva do servidor 
efetivo. A pena de destituição de cargo em comissão abarca não só as 
infrações que submeteria o ocupante de cargo efetivo à pena de demissão mas 
também as infrações que o submeteria à pena de suspensão. 
 
E uma vez que a pena de suspensão contempla diferentes motivações 
(aplicação originária ou aplicação, seja por reincidência, seja por agravamento, 
em hipóteses que a priori seriam puníveis com advertência), tem-se que a 
exata compreensão do dispositivo legal requer maior detalhamento da 
expressão “infração sujeita à pena de suspensão”. De imediato, caso o servidor 
comissionado tenha cometido fato enquadrável nos incisos XVII ou XVIII do art. 
117 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, para os quais se prevê originariamente a 
pena de suspensão, conforme já se expôs anteriormente, de forma inequívoca, 
sobre ele recairá o mandamento do art. 135 da mesma Lei, impondo-lhe a pena 
expulsiva de destituição do cargo em comissão. 
 
Mas não se esgotam aí as hipóteses de aplicação em comento. Some-se que 
deve a comissão atentar para a possibilidade de o servidor comissionado já ter 
sido apenado com advertência em prazo inferior a três anos do cometimento de 
nova infração também merecedora originariamente de advertência, para a qual, 
obrigatoriamente, se aplicaria a pena de suspensão, conforme determina o art. 
130 da Lei nº 8.112, de 11/12/90. 
 
E tem-se ainda, por fim, que cabe à comissão aquilatar se a infração cometida 
pelo servidor comissionado, embora originariamente seja punível com 
advertência, à luz dos parâmetros do art. 128, em conjunto com a parte final do 
art. 129, ambos da Lei nº 8.112, de 11/12/90, justifica a imposição de 
penalidade mais grave, ou seja, suspensão. Em qualquer das duas hipóteses 
acima, deve a comissão indicar que, por se tratar de servidor sem vínculo, a 
pena que efetivamente será sugerida é a de destituição do cargo em comissão, 
conforme o art. 135 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, determina. 
 
Dessa forma, a lista de enquadramentos com que se pode aplicar ao servidor 
apenas comissionado a destituição de cargo em comissão, além das hipóteses 
de aplicação de demissão de servidor efetivo (art. 117, IX a XVI, e art. 132, em 
todos seus incisos, ambos da Lei nº 8.112, de 11/12/90), é ainda acrescida por 
todas as hipóteses legais de aplicação de suspensão, seja originariamente (art. 
117, XVII e XVIII, e art. 130, § 1º, ambos da mencionada Lei), seja por 
agravamento da advertência (art. 116, em todos os seus incisos, e art. 117, I a 
VIII e XIX, ambos da mesma Lei). Em qualquer desses casos, deve o ato 
punitivo combinar o mencionado art. 135 do Estatuto com algum dos 
enquadramentos acima listados. 
 
Pelo exposto, para o servidor detentor apenas de cargo em comissão e que 
comete irregularidade grave, a quebra da relaçãofuncional com a 
administração se dá simplesmente com a destituição daquele cargo 
comissionado. Mas no caso de servidor que detém cargo efetivo e também 
ocupa cargo em comissão (ou ainda função comissionada) e que comete falta 
grave, não se aplica o art. 135 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, para apenação 
expulsiva, mas sim aplica-se a pena de demissão, nas hipóteses do art. 132 da 
mesma Lei. 
 
Neste caso, a relação comissionada (ou de confiança) pode ser mantida, a 
exclusivo critério discricionário da autoridade que nomeou, bem como pode ser 
por ela mesma rompida a qualquer momento -desde o recebimento da 
representação ou denúncia, ou durante o inquérito administrativo ou ainda 
somente após o julgamento demissório -, por mero ato de gestão de pessoal, 
em nada se confundindo com a esponsabilização disciplinar, que recai 
exclusivamente sobre o cargo efetivo. 
 
 
 
Pág. 3 
A hipótese em que o poder correcional poderia vir a se limitar à relação de 
confiança para servidor detentor de cargo efetivo talvez estivesse contida se a 
Lei nº 8.112, de 11/12/90, tivesse regulado a aplicação da pena prevista no art. 
VI, de destituição de função comissionada, que, todavia, restou sem hipótese 
de aplicação definida na Lei. Não há, portanto, hipótese de aplicação do poder 
correcional expulsivo apenas sobre a relação de confiança no caso de servidor 
detentor de cargo efetivo sem quebrar a relação funcional efetiva, ou seja, sem 
se traduzir em demissão do serviço público federal. 
 
E este entendimento não se altera mesmo se o servidor comete a infração 
grave no exercício de cargo em comissão (ou função de confiança) em órgão 
distinto daquele em que mantém seu cargo efetivo mas inserido em mesmo 
ente federado (União, Estado, Distrito Federal ou Município). Neste caso, a 
única diferença em relação à hipótese de as duas vinculações se darem no 
mesmo órgão é que, o processo disciplinar é instaurado no órgão em que se 
deu o fato irregular, ou seja, onde o servidor exerce o cargo em comissão (ou a 
função de confiança), devendo, ao final, o julgamento (que inclui a apenação) 
migrar para a autoridade competente do órgão em que se situa o cargo efetivo 
do servidor. 
 
De acordo com o parágrafo único do art. 135 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, se o 
servidor ocupante apenas do cargo em comissão tiver sido exonerado deste 
cargo (seja por motivada determinação da autoridade nomeante, seja a pedido) 
antes de ser processado e, posteriormente, vier a ser responsabilizado 
administrativamente com algum dos enquadramentos acima descritos -de 
suspensão ou de demissão, a exoneração (não punitiva) é convertida na pena 
de destituição de cargo em comissão. Assim já se manifestou a Advocacia-
Geral da União, no Parecer-AGU nº GQ-35, vinculante: 
 
“22. (...) a) é compulsória a apuração das irregularidades atribuídas aos 
servidores em geral, inclusive as atribuídas aos titulares somente de cargos 
em comissão, indiciando-os e proporcionando ampla defesa aos ocupantes 
dos últimos, mesmo que tenham sido exonerados, pois a lei admite a 
conversão dessa desvinculação em destituição de cargo em comissão (...).” 
 
Todavia, a rigor, para o caso de servidor ocupante de cargo efetivo, não há 
similar previsão na Lei nº 8.112, de 11/12/90, para converter em demissão a 
exoneração, operada de ofício ou a pedido antes de vir a ser processado 
disciplinarmente. A citada Lei prevê apenas, no art. 172, quando se objetiva a 
exoneração já no curso do processo disciplinar, tal medida deve ser 
sobrestada, até que se tenha a decisão. 
 
Atente-se que, de acordo com o objetivo do processo, que é de apurar atos 
ilícitos cometidos no exercício do cargo ou a ele associados, tem-se que o 
aposentado que retorna à administração como ocupante de cargo em comissão 
e, nesse novo exercício comete irregularidade grave, não é passível de 
cassação de aposentadoria, mas sim de destituição do cargo em comissão. 
 
“(...) pode o servidor, que está aposentado ou posto em disponibilidade num 
cargo, sofrer as sanções do art. 134 por evento praticado em função de outro 
cargo, efetivo ou em comissão? 
Seriam as seguintes, algumas das hipóteses: 
I -servidor com acumulação constitucionalmente autorizada, aposenta-se de 
um cargo e, continuando no outro, comete, no exercício deste, um deslize 
capaz de ser demitido. Não será possível aplicar a sanção do art. 134, pois 
não há relação entre o antigo vínculo e o fato punível. Seria estender a 
mesma punição, ou punição equivalente, a outro vínculo, o que contraria o 
Direito; 
II -servidor já aposentado passa a exercer cargo em comissão, de livre 
nomeação, sem mais ser ocupante de cargo efetivo. Ao proceder 
irregularmente neste, poderá ter sua penalidade aplicada na forma do art. 
135 seguinte, não podendo ser utilizada a disposição contida neste artigo 
[art. 134].” Antônio Carlos Palhares Moreira Reis, “Processo Disciplinar”, pg. 
301, Editora Consulex, 2ª edição, 1999. 
 
 
 
Na prática, tem-se que, dentre as penas expulsivas, as mais comumente 
aplicadas são as de demissão, de cassação de aposentadoria e de destituição 
de cargo em comissão (a cassação de disponibilidade somente se aplica ao 
caso específico de servidor colocado em disponibilidade, podendo-se 
dispensar, de forma geral, suas citações no restante deste texto). E como a 
demissão e a cassação de aposentadoria têm as mesmas hipóteses de 
aplicação, de forma mais sintética neste texto, pode-se usar o termo 
“demissão” como representativo de tudo o que se aplica às penas capitais. 
 
 
 
Para Enquadramentos Graves, Impossibilidade de Atenuação das Penas 
Expulsivas 
Diante da gravidade da pena capital, o enquadramento nas irregularidades 
acima requer a adequação entre o fato configurado e o texto legal e também 
exige que a conduta tenha sido dolosa (com exceção da desídia, hipótese de 
demissão culposa), guardando então certa analogia com os requisitos de 
tipificação penal. Não se aplica para fim punitivo a hipótese de demissão por 
improbidade administrativa culposa, em razão de ato que cause prejuízo ao 
erário (embora prevista no caput e no inciso X do art. 10 da Lei nº 8.429, de 
02/06/92). 
 
Uma vez configurado o cometimento de alguma dessas hipóteses previstas no 
art. 132 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, a autoridade julgadora não dispõe de 
margem de discricionariedade para abrandar a pena. As penas de demissão e 
de cassação de aposentadoria ou de disponibilidade não se comunicam com 
advertência e suspensão, dentre as quais até cabe a aplicação do princípio da 
proporcionalidade, ponderando-se todas as condicionantes para se julgar qual 
das duas penas é mais justa. Se por um lado nenhum ilícito ensejador de 
alguma daquelas duas penas mais brandas pode ser punido com demissão ou 
cassações de aposentadoria ou de disponibilidade, por outro lado nenhum 
ilícito ensejador dessas punições graves pode ter a pena abrandada, 
independentemente dos parâmetros do art. 128 da Lei nº 8.112, de 11/12/90 
(natureza e gravidade da infração, danos dela decorrentes, circunstâncias 
agravantes ou atenuantes e antecedentes funcionais). Assim se manifestou a 
Advocacia-Geral da União, no Parecer-AGU nº GQ-177, vinculante. 
 
 Parecer-AGU nº GQ-177 
 
 
 
 Nova Punição de Servidor já Punido com Pena Capital 
Uma vez que prevalece o interesse público de apurar o fato e não 
necessariamente de punir, pode ex-servidor já punido com pena capital ser 
novamente processado. Pelo Parecer-AGU nº GM-1, vinculante se justificou a 
instauração da sede disciplinar mesmo que o acusado seja ex-servidor, já 
apenadoem outro processo com demissão, cassação de aposentadoria ou 
destituição do cargo em comissão, por outro ato. Ao final desse segundo 
apuratório, tendo-se novamente concluído por grave responsabilização, sem 
ser possível aplicar de forma concreta a correspondente pena expulsiva (no 
caso de o ex-servidor não ter obtido reintegração, administrativa ou judicial), 
deve-se não só registrar o novo fato apurado nos assentamentos funcionais, 
mas sobretudo dar publicidade ao segundo ato punitivo, para o que se 
apresentam duas opções de instrumentalização. 
 
A primeira possibilidade, formalmente mais adequada, é publicar uma segunda 
portaria de punição, descrevendo os novos fatos e enquadramentos, com as 
devidas repercussões, e registrando que, por já ter o indiciado sofrido anterior 
penalização expulsiva, a efetiva aplicabilidade da segunda pena se operará em 
caso de já ter havido ou se vier a ocorrer futura reintegração administrativa ou 
judicial. Na outra solução, em extensão ao conceito administrativo do 
apostilamento, pode a autoridade julgadora republicar a portaria da primeira 
punição, renumerando-a, registrando que não se prejudicam seus efeitos 
jurídicos e acrescentando os novos fatos e enquadramentos, com as devidas 
repercussões. 
 
Embora se recomende, por aspectos formais, a adoção da primeira dentre as 
duas soluções, é de se reconhecer que ambas atingem idênticos efeitos 
práticos e igualmente garantem o interesse maior da administração. Mais do 
que a diferença formal entre as soluções, o que importa destacar é que não 
convém que simplesmente a autoridade julgadora despache para que se 
registre o segundo fato nos assentamentos funcionais do ex-servidor, pois 
assim o ato do julgamento não se configurará perfeito e acabado. 
 
À vista da maior segurança jurídica, ao se assegurar a devida publicidade do 
resultado do julgamento, por alguma das duas opções acima descritas, 
permite-se presumir a necessária ciência do indiciado. A não materialização do 
ato punitivo, por não ter sido publicado, não protege a administração do 
reingresso do ex-servidor, após a prescrição da segunda pena, seja por 
aprovação em concurso público, seja por reversão da primeira punição (por 
revisão administrativa ou reintegração judicial). No caso, por exemplo, de um 
servidor já demitido ou com aposentadoria cassada sofrer nova 
responsabilização capital, devidamente publicada, e que venha a ser 
reintegrado daquela primeira pena, não só terá vedado o retorno como também 
não fará jus à reparação pecuniária por todo o período em que esteve excluído, 
restando-lhe apenas o direito da reparação entre a data da publicação das 
duas penalizações. Além das razões acima, pode ocorrer de a segunda 
responsabilização expulsiva acarretar repercussão diferente e mais gravosa 
que a simples expulsão, tais como indisponibilidade de bens, reparação de 
dano, representação penal ou vedação temporária ou definitiva de retorno. 
 
 
 
Diferenças entre Exoneração, Demissão, Demissão a Bem do Serviço Público 
e Perda do Cargo. 
Embora tanto demissão quanto exoneração sejam espécies do gênero 
vacância, comportam significativa diferença em suas naturezas. Enquanto a 
demissão tem fim punitivo, a exoneração é ato administrativo sem natureza de 
penalidade. 
 
A lei prevê para o servidor estável duas hipóteses de perda punitiva do cargo. 
A primeira, em decorrência de sentença judicial condenatória, transitada em 
julgado, com penalidade superior a um ano de prisão por qualquer crime 
funcional lato sensu ou por mais de quatro anos de prisão por crime comum, se 
assim se manifestar o juiz. A segunda, em função de processo administrativo 
disciplinar, com garantias da ampla defesa e do contraditório. 
 
E o servidor estável tem três hipóteses de exoneração, todas aplicáveis sem 
processo disciplinar, mas sem prejuízo da necessária motivação por parte da 
autoridade. A primeira, obviamente, a pedido. A segunda, em decorrência do 
inciso III do art. 41 da CF, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 
19, de 04/06/98, mediante procedimento de avaliação periódica de 
desempenho, com ampla defesa, na forma de lei complementar ainda não 
existente, em que se garantirá o contraditório. A terceira, nos termos da 
redação dada ao art. 169 da CF pela Emenda Constitucional nº 19, de 
04/06/98, quando for atingido limite com gastos de pessoal, com indenização, 
em que as carreiras típicas de Estado serão atingidas por último, conforme Lei 
Complementar nº 101, de 04/05/00, e Lei nº 9.801, de 14/06/99. 
 
 Constituição Federal, Art. 41 
 
E o servidor efetivo não-estável tem ainda mais três possibilidades de 
exoneração de ofício, não-punitiva, sem processo disciplinar. A primeira, se for 
reprovado no estágio probatório, também carecedora de motivação por parte 
da autoridade; a segunda, se não entrar em exercício no prazo de quinze dias 
da posse, conforme art. 34 da Lei nº 8.112, de 11/12/90; e a terceira, se seu 
cargo for extinto ou declarado desnecessário, por ainda não ter direito à 
disponibilidade, conforme leitura a contrario sensu do art. 41, § 3º da CF, com a 
redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 14/06/98, em conjunto 
com a Súmula nº 22 do Supremo Tribunal Federal (“O estágio probatório não 
protege o funcionário contra a extinção do cargo.”). 
 
A exoneração de servidor, a pedido ou de ofício, que responda a processo 
administrativo disciplinar antes de sua conclusão, em virtude de não ter sido 
aprovado em estágio probatório, conforme determina o art. 34, parágrafo único, 
I da Lei nº 8.112, de 11/12/90, será convertida em demissão, caso seja essa a 
penalidade a ser-lhe aplicada por ocasião do julgamento do processo. 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Art. 22 
 
Quanto à demissão a bem do serviço público, que existia no antigo Estatuto 
(Lei nº 1.711, de 28/10/52) e na Lei nº 8.027, de 12/04/90 (que apenas 
atualizava a lista de ilícitos do antigo 
 
Estatuto, sem alterar o rito processual), a Lei nº 8.112, de 11/12/90, que 
revogou as duas normas acima, não prevê a pena com aquela cláusula. 
 
Atualmente, a cláusula ainda existe na Lei nº 8.429, de 02/06/92, para a 
hipótese de demissão em razão de não-entrega ou entrega fraudulenta de 
declaração de bens para posse, já abordada, e na Lei nº 8.026, de 12/04/90. 
Esta Lei definiu dois ilícitos funcionais contra a Fazenda Nacional e para eles 
previu a pena de demissão, refletindo o contexto histórico muito específico em 
que foi sancionada, com o fim de impor aos agentes bancários e fazendários o 
cumprimento das medidas econômicas de exceção arbitradas por um plano 
econômico da época. 
 
De acordo com o ordenamento então vigente, a Lei nº 8.026, de 12/04/90, 
indicava a aplicação do antigo Estatuto do servidor público civil federal (a Lei nº 
1.711, de 28/10/52). Mesmo tendo sido revogada aquela Lei estatutária, sendo 
a Lei nº 8.026, de 12/04/90, norma genérica, abstrata e sem prazo de vigência, 
teoricamente, seus dispositivos ainda permanecem em vigor e aceita-se que 
hoje seria aplicada adequando-se a remissão para o rito processual da Lei nº 
8.112, de 11/12/90. Na prática, todavia, sua aplicabilidade é remota, tendo em 
vista que os enquadramentos nela definidos foram encampados pela Lei nº 
8.112, de 11/12/90, que lhe é posterior. 
 
Mas nenhuma dessas duas Leis esclarece o sentido da expressão. A doutrina 
entendia que significava vedação do retorno ao serviço público, afastada 
somente por revisão processual ou ato de graça do Presidente da República. 
 
Atualmente, a discussão está superada, pois a Lei nº8.112, de 11/12/90, 
estabelece expressamente repercussões para a demissão, nos arts. 136 e 137. 
 
Por fim, apenas para esgotar o assunto, uma vez que não guarda correlação 
nenhuma com os atos administrativos descritos acima, aborda-se ainda a 
perda de cargo. 
 
Conforme já exposto anteriormente, a perda de cargo é prevista no CP, em seu 
art. 92, ou em leis especiais que definem crime e é um efeito acessório da 
condenação, para determinados crimes -comuns ou funcionais -em que o 
agente criminoso seja servidor. Além dos crimes contra a administração pública 
dos arts. 312 a 326 do CP e do art. 3º da Lei nº 8.137, de 27/12/90, citam-se 
previsões desse instituto nas Leis nº 4.898, de 09/12/65 (que trata de abuso de 
poder), nº 8.666, de 21/06/93 (que trata de licitações), nº 7.716, de 05/01/89 
(que define crimes de discriminação e de preconceito) e nº 9.455, de 07/04/97 
(que define crime de tortura). Esse efeito pode ser automático ou não; ou seja, 
pode ser conseqüência direta da sentença condenatória ou pode depender de 
expressa manifestação do juiz na sentença. 
 
A perda do cargo faz parte da decisão judicial e não se confunde com a pena 
administrativa de demissão e muito menos com o ato de exoneração, tanto que 
se configura como uma exceção de possibilidade de um ato de vida privada 
(um crime comum praticado por servidor, por exemplo) ter repercussão em sua 
vida funcional -mas não como resultado de processo administrativo disciplinar, 
pois a perda de cargo é uma ordem judicial a ser cumprida imediatamente pela 
projeção de recursos humanos e gestão de pessoas, já devidamente amparada 
no rito da apuração criminal. Nesse tema, o ordenamento pátrio mantém 
coerência: quando prevê ato expulsivo de servidor a cargo do Ministro de 
Estado, como resultado do processo administrativo disciplinar regido pela Lei 
nº 8.112, de 11/12/90, dá a essa pena o nome de demissão; quando prevê ato 
expulsivo dos quadros públicos em decorrência da tutela judicial, exarado por 
autoridade do Poder Judiciário, dá a essa ordem o nome de perda do cargo. 
 
 
 
Repercussões das Penas Capitais 
De acordo com o Decreto nº 3.781, de 02/04/01, voltado a toda a administração 
pública federal, tem-se que as penas de demissão, de cassação de 
aposentadoria e de destituição de cargo em comissão, quando enquadradas no 
art. 117, IX a XIV ou XVI ou no art. 132, I, IV, VIII, IX, X, XI ou XII, ambos da Lei 
nº 8.112, de 11/12/90, impõem remessa do processo, após julgamento, para a 
Secretaria da Receita Federal do Brasil, a fim de instruir ação fiscal. 
 
 Decreto nº 3.781, de 02/04/01, Arts 1º ao 3º 
 
A Portaria-RFB nº 11.230, de 09/11/07, regulou esta obrigação, dispondo que o 
órgão de origem encaminhe à Divisão de Fiscalização da Superintendência 
Regional da Receita Federal do Brasil na respectiva Região Fiscal 
(Difis/SRRF), em até trinta dias da publicação da portaria de pena expulsiva, 
cópia integral do processo ou o processo original (e neste caso, a Difis/SRRF 
tem prazo de até trinta para extrair cópias das peças de interesse fiscal e 
devolver os autos). Após isso, a Difis/SRRF deve encaminhar o material de 
interesse fiscal para a unidade de jurisdição do domicílio fiscal do servidor, 
onde será objeto de decisão acerca de sua inclusão ou não no programa de 
fiscalização, segundo os parâmetros gerais daquela sede. 
 
As penas de demissão e destituição de cargo em comissão, quando 
enquadradas no art. 132, IV, VIII, X ou XI da Lei nº 8.112, de 11/12/90, impõem 
a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário. A indisponibilidade 
dos bens não é uma pena em si, mas sim uma medida liminar judicial que visa 
a proteger o interesse público, vedando que o infrator destine seus bens, e o 
ressarcimento ao erário reflete a responsabilização civil de reparar dano, 
decorrente de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, no exercício do 
cargo, a qual, em regra também requer decisão judicial. Sendo medidas que 
requerem decisão judicial, são diligenciadas pela Consultoria Jurídica. 
 
As mesmas penas de demissão e destituição de cargo em comissão, quando 
enquadradas no art. 132, I, IV, VIII, X ou XI da Lei nº 8.112, de 11/12/90, 
impõem a vedação definitiva de retorno ao serviço público federal; e, quando 
enquadradas no art. 117, IX e XI da Lei nº 8.112, de 11/12/90, incompatibilizam 
nova investidura federal por cinco anos. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em 
comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a 
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação 
penal cabível. 
Art. 137. A demissão, ou a destituição de cargo em comissão por infringência 
do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova 
investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. 
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor 
que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 
132, incisos I, IV, VIII, X e XI. 
 
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Há uma linha de entendimento - apoiada em julgado do Superior Tribunal de 
Justiça (Mandado de Segurança nº 1.119), confirmado pelo Supremo Tribunal 
Federal (Recurso Extraordinário nº 154.134), no qual se indicou que a vedação 
constitucional de caráter perpétuo não se restringe à sanções penais, mas 
também às penas administrativas - que defende que o efeito da pena expulsiva 
previsto no parágrafo único do art. 137 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, teria 
caráter perpétuo, o que contrariaria o art. 5º, XLVII, “b” da CF, que veda pena 
com tal caráter. Todavia, diante do silêncio do Supremo Tribunal Federal em 
declarar a insconstitucionalidade, por ora, cabe ao agente administrativo que 
porventura vier a se deparar com esta questão cumprir e executar o dispositivo 
legal, ou seja, impedir nova investidura em cargo público federal de servidor 
que já foi demitido ou destituído do cargo em comissão nos casos do art. 132, I, 
IV, VIII, X e XI da mesma Lei. 
 
Com essas repercussões expressas, a Lei nº 8.112, de 11/12/90, estipulou 
cláusula ainda mais pesada do que a expressão de demissão “a bem do 
serviço público”, atualmente inexistente no Estatuto, mas ainda prevista nas 
Leis nº 8.429, de 02/06/92, e 8.026, de 12/04/90. 
 
 Leis nº 8.429, de 02/06/92 e nº 8.026, de 12/04/90 
 
A vírgula existente no caput do art. 137 da Lei nº 8.112, de 11/12/90, entre as 
penas de demissão e de destituição de cargo em comissão, deve ser 
considerada erro de digitação. Do contrário, se estaria indo contra o tratamento 
similar que sistematicamente a Lei nº 8.112, de 11/12/90, atribuiu às duas 
penas em toda matéria disciplinar. 
 
“A existência de uma vírgula após a palavra ‘demissão’, no ‘caput’ do art. 137 
(...), pode levar à interpretação de que qualquer demissão, em princípio, 
incompatibiliza o ex-servidor com o serviço público federal por cinco anos, e 
que, no caso da destituição de cargos em comissão é que isto ocorreria só 
nas hipóteses do art. 117, IX e XI. 
Preferimos, por ora, a interpretação mais benigna (...), por julgar que o 
legislador não daria tratamento diferente aos institutos da demissão e da 
destituição de cargo em comissão, contrariando o que fez em todo o Capítulo 
V (arts. 127 a 142).” Edmir Netto de Araújo, “O Ilícito Administrativo e seu 
Processo”, pg. 211, Editora Revista dos Tribunais, 1ª edição, 1994. 
 
 Repercussão do Julgamento de Contas por Parte do Tribunal de Contas 
da União 
O Tribunal de Contas da União tem competência constitucional (art. 71, II da 
CF) de julgaras contas dos responsáveis por dinheiros, bens e valores 
públicos e das autoridades que derem causa à perda, extravio ou outra 
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário. Desse julgamento, pode o 
Tribunal de Contas da União aplicar pena de multa, proporcional ao dano (art. 
71, VIII da CF). 
 
Destaque-se que essa responsabilidade imposta pela Corte de Contas, como 
órgão auxiliar do Congresso Nacional na realização do controle externo 
(fiscalização contábil, financeira e orçamentária) em nada se confunde com a 
responsabilização administrativa a ser imposta pelo Poder Executivo. São 
instâncias independentes, consagrando a autonomia dos Poderes. Tanto é 
verdade que cabe ao Tribunal de Contas da União, detectando irregularidade, 
além de aplicar as sanções de sua alçada, representar ao órgão administrativo 
do servidor sobre irregularidades ou abusos que porventura apure quando do 
exercício de sua competência (art. 71, XI da CF). 
 
Guarda-se analogia ao que acima foi exposto, quanto à esfera penal, quando 
se tem julgamento de contas dos gestores públicos por parte do Tribunal de 
Contas da União. A regularidade de contas julgada pelo Tribunal não impede 
repercussão disciplinar, em sede administrativa, contra o gestor, bem como 
não necessariamente o julgamento pela irregularidade impõe tal repercussão, 
pois, em que pese ao seu nome, o órgão não integra o Poder Judiciário e, 
portanto, suas manifestações não têm força de coisa julgada. 
 
Parecer-AGU nº GQ-55, vinculante: “29. A decisão do TCU, adotada em vista 
de sua função institucional, repercute na ação disciplinar dos órgãos e 
entidades integrantes da administração pública na hipótese em que venha 
negar especialmente a existência do fato ou a autoria. 
30. O julgamento da regularidade das contas, por si só, não indica a falta de 
tipificação de infração administrativa (...).” “A aprovação das contas pela 
Corte específica não faz coisa julgada oponível na esfera administrativa.” 
Antônio Carlos Palhares Moreira Reis, “Processo Disciplinar”, pg. 296, 
Editora Consulex, 2ª edição, 1999.

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