Buscar

11 Módulo XI Prescrição

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Módulo XI - Prescrição 
Objetivos 
 
Ao final do Módulo XI, o aluno deverá ser capaz de conhecer a abrangência do 
instituto da prescrição no âmbito do regime administrativo disciplinar. 
Introdução 
De imediato, antes de adentrar na análise do tema, assevera-se que, no regime 
administrativo disciplinar, o instituto da prescrição acarreta a extinção da 
punibilidade. Ou seja, se refere à aplicação da pena, que é matéria da 
autoridade julgadora, não devendo, a princípio, ser objeto de análise da 
comissão. Todavia, se na defesa o acusado provocar a discussão do assunto, 
a comissão pode abordá-lo no relatório apenas de forma condicional, 
reservando a decisão à autoridade julgadora. Ainda, convém à comissão alertar 
a autoridade acerca da possibilidade de ocorrência da prescrição em data 
futura próxima. 
 
Por outro lado, por ser de ordem pública, a prescrição, uma vez configurada, 
deve ser declarada pela autoridade julgadora mesmo que o acusado não a 
alegue. 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 -Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não 
podendo ser relevada pela administração. 
“No Direito Administrativo, a prescrição é de ordem pública -art. 112 da Lei nº 
8.112/90 e, como tal, deve ser conhecida e declarada pelo julgador, 
independentemente de provocação da parte interessada, não podendo ser 
relevada pela administração.” Francisco Xavier da Silva Guimarães, “Regime 
Disciplinar do Servidor Público Civil da União”, pg. 186, Editora Forense, 2ª 
edição, 2006. 
 
A AGU, por meio da Nota Decor/CGU/AGU nº 73/2009-MCL, aprovada pelo 
Despacho-CGU/AGU nº 1.938/2009, do Consultor-Geral da União, entendeu 
que, como o processo disciplinar tem como objetivo esclarecer os fatos, buscar 
a verdade material ou real, e não punir, ainda que a análise quanto ao 
cabimento do processo disciplinar ocorra após o vencimento do prazo de 
prescrição e, portanto, já extinta a punibilidade, a Administração poderá decidir 
pela instauração e apuração das supostas irregularidades: 
 
Nota Decor/CGU/AGU nº 163/2008-PCN: [...] 31. Face ao exposto, conclui-se 
que a prescrição da pretensão punitiva da Administração Pública Federal não 
constitui causa prejudicial à instauração de Processo Administrativo 
Disciplinar para fins de apurar infração funcional imputada a servidor público. 
32. Em que pese não haver obrigatoriedade de instauração de PAD, a 
autoridade não se encontra isenta de apurar os fatos imputados ao servidor a 
fim de que seja constatada a sua existência, autoria e o elemento subjetivo 
da conduta ilícita, o que poderá se dar por meio de mera sindicância, 
assegurando-se o contraditório e ampla defesa quando houver registro nos 
assentamentos funcionais do servidor a respeito da extinção da punibilidade 
pela prescrição (art. 170, da Lei nº 8.112/90). 
33. Caso a infração seja capitulada como crime, deverão os autos ser 
remetidos para o Ministério Público, a fim de que adote as providências 
cabíveis (art. 172, da Lei nº 8.112/90). Constatado dano ao erário ou a 
terceiros, os autos deverão ser encaminhados ao órgão responsável para o 
ajuizamento da competente ação ordinária, face à imprescritibilidade da ação 
de responsabilização do servidor público (art. 37, § 5º, da Constituição 
Federal e art. 122, da Leinº 8.112/90). 
 
Ocorre que o art. 52 da Lei nº 9.784/1999, segundo o qual “O órgão 
competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade 
ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato 
superveniente”, dispõe que a Administração pode deixar de exercer seu direito 
de agir e não instaurar um processo disciplinar cuja punibilidade se encontra 
prescrita. Nesse caso, recomenda-se que fundamente sua decisão nos 
princípios da legalidade, da oficialidade, da busca da verdade material, da 
eficiência e do interesse público. 
 
Em relação a não instauração em razão da prescrição para a aplicação de 
penas expulsivas, a decisão da autoridade poderá encontrar respaldo legal no 
art. 52 da Lei nº 9.784/1999 e no Enunciado nº04, de 04/05/2011, da Comissão 
de Coordenação de Correição, abaixo transcrito: 
 
Enunciado CGU/CCC nº 4, de 04/05/11: Prescrição. Instauração. A 
Administração Pública pode, motivadamente, deixar de deflagrar 
procedimento disciplinar, caso verifique a ocorrência de prescrição antes da 
sua instauração, devendo ponderar a utilidade e a importância de se decidir 
pela instauração em cada caso. 
 
Entretanto, diante de períodos de tempo inferiores e, ou de indícios de 
cometimento de irregularidades menos graves, para as quais é cabível a 
aplicação das penalidades de advertência ou suspensão, recomenda-se 
instaurar o processo disciplinar no caso de prescrição dessas penalidades, 
tendo em vista que a apuração dos fatos poderá resultar no descobrimento de 
outros ilícitos mais graves e que, a princípio, não foram identificados. Além 
disso, esse ilícito poderá ter repercussão criminal, caso em que a prescrição 
deverá ser computada de acordo comas regras estabelecidas na lei penal, ou 
repercussão civil. 
 
Unidade 1 - Termo Inicial da Contagem do Prazo Prescricional 
No regime administrativo disciplinar, a prescrição visa a punir inércia da 
administração que, sabendo de suposto ilícito, não diligencia na exigida 
apuração, embora já tivesse elementos para fazê-lo. Assim, em primeiro 
momento, pode-se dizer que a prescrição decorre da aferição do tempo 
transcorrido entre a ciência de suposto ilícito, por parte da administração, até a 
instauração de processo administrativo disciplinar. 
 
Resulta de expressa determinação legal (art. 142, § 1º da Lei nº 8.112, de 
11/12/90) que esse cômputo da prescrição não se inicia da data do 
cometimento do fato supostamente irregular, mas sim da data em que ele se 
tornou conhecido. A prescrição não pune a administração por inércia ao tempo 
em que ela não tinha condições de promover a apuração, por ainda não saber 
do fato. 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, Art. 142, § 1º 
 
 
 
A Configuração do Conhecimento do Fato 
Todavia, a Lei não foi clara ao estabelecer de quem se requer o conhecimento 
do fato para dar início à prescrição: se de qualquer servidor, se de qualquer 
autoridade ou se apenas da autoridade competente para instaurar o processo. 
 
Primeiramente, se aduz que o instituto da prescrição é voltado à administração, 
ao ente legalmente detentor do poder-dever de apurar e, se for o caso, de 
punir, no objetivo impessoal de restabelecer a sua própria ordem interna, 
institucionalmente. O fato de, na prática, a administração ser conduzida por 
pessoas não se confunde com a impessoalidade com que se trata a 
indisponibilidade do interesse público. Essa introdução leva afastar a tese de 
que se configura o tal “conhecimento” exigido no § 1º do art. 142 da Lei nº 
8.112, de 11/12/90, quando qualquer servidor tem ciência de suposta 
irregularidade. A leitura que se dá ao citado dispositivo legal é de que se exige 
o conhecimento por parte da administração, ou seja, por parte de quem a 
exerce, de quem administra, de quem, enfim, tem cargo ou função de 
confiança. Ao servidor sem poder decisório de conduzir a administração, cabe 
o dever de representar, conforme art. 116, VI e XII do citado Estatuto. 
 
Resta, portanto, definir qual é a autoridade que representa a administração 
para o fim de que aqui se cuida. A primeira abordagem, meramente conceitual 
e teórica, seria de que qualquer detentor de cargo em comissão ou função de 
confiança, em última análise, ainda que em diferentes graus, representa a 
administração. Daí, ter-se-ia configurado o conhecimento por parteda 
administração no momento em que qualquer autoridade, inserida na via 
hierárquica do órgão, desde o chefe imediato do representado até o dirigente 
máximo, mesmo que sem competência estatutária correcional, tivesse 
conhecimento de suposta irregularidade. 
 
Embora não desça à minúcia (e nem poderia mesmo fazê-lo, diante da 
diversidade e das peculiaridades do conjunto de órgãos que integram a 
administração pública federal), a Lei nº 8.112, de 11/12/90, em seu art. 143 e 
também no parágrafo único de seu art. 116, aponta no sentido inespecífico e 
genérico de que a competência disciplinar reside em via hierárquica. Ou seja, 
para a Lei, a princípio, a autoridade em sentido lato é responsável pela 
promoção da imediata apuração. Extrai-se portanto, teleologicamente, que o 
instituto da prescrição repercute na via hierárquica, pois é de uma autoridade 
hierarquicamente superior ao representado que se espera a diligência no 
sentido de deflagrar a apuração, recaindo sobre ela o ônus de cuidar da 
prescrição diante de sua inércia. 
 
Percebe-se que a fria leitura da Lei não afasta a imprecisão do tema. Assim, 
cabe trazer à tona a manifestação exarada pela Advocacia-Geral da União no 
Parecer-AGU nº GQ-55. Antes, porém, é de se dizer que, na verdade, sobre 
matéria de prescrição, tal Parecer aborda a questão da normatização aplicável 
à contagem do prazo prescricional por infração cometida ainda sob a vigência 
da Lei nº 1.711, de 28/11/52, antes da edição da Lei nº 8.112, de 11/12/90, mas 
apurada já depois da entrada em vigor desse atual Estatuto. Ou seja, para este 
assunto, o cerne da discussão do referido Parecer era identificar qual a norma 
aplicável àquele caso específico de transição, não sendo o seu foco interpretar 
o § 1º do art. 142 da Lei nº 8.112, de 11/12/90. Não obstante, após o 
esclarecimento que se intencionava, neste Parecer, vinculante para toda a 
administração pública federal, vez que foi aprovado pelo Presidente da 
República e publicado oficialmente, o órgão de assessoramento manifestou 
entendimento, bastante restritivo, de que o termo inicial da prescrição somente 
se configura com o conhecimento de suposta irregularidade especificamente 
pela autoridade competente para instaurar o feito disciplinar. 
 
Parecer-AGU nº GQ-55, vinculante: “19. A inércia da administração somente 
é suscetível de se configurar em tendo conhecimento da falta disciplinar a 
autoridade administrativa competente para instaurar o processo.” 
 
 
Pág. 3 
Tomando-se em conjunto a interpretação sistemática da Lei nº 8.112, de 
11/12/90, e a leitura vinculante do citado Parecer-AGU, tem-se, de imediato, 
que não é o conhecimento de qualquer autoridade inserida na via hierárquica 
entre o representado e o dirigente máximo do órgão ou unidade que configura 
o termo inicial da prescrição. Ao contrário, embora limitado à via hierárquica 
(pois assim determina a Lei), este momento tem configuração restrita, 
concentrado nas mãos especificamente do superior que detém a competência 
de instaurar o processo administrativo disciplinar (pois assim, em complemento 
à Lei, interpreta o Parecer-AGU). 
 
Advirta-se, todavia, que, para se considerar o fato conhecido pela autoridade 
competente, não se exige o requinte de se ter a ciência pessoal desta 
autoridade. A protocolização do documento noticiador da suposta 
irregularidade ou a sua recepção no gabinete da autoridade, sob presunção de 
bom funcionamento da máquina pública, respeitadas as peculiaridades de cada 
caso em concreto, pode fazer com que se assuma conhecido o fato pela 
autoridade, desde que essa protocolização seja feita especificamente no 
protocolo da unidade ou órgão em que se exerça a competência disciplinar e 
que o documento contenha mínimos elementos que permitam qualificá-lo como 
uma representação ou denúncia válida. 
 
Vale ainda abordar o momento em que se configura tal conhecimento em três 
situações específicas. Na primeira, se a notícia de suposta irregularidade 
advém de trabalho de investigação preliminar ou auditoria, de índole 
inquisitorial, seja disciplinar ou patrimonial, o seu relatório equivale a uma 
representação, configurando-se o conhecimento do fato no recebimento deste 
relatório na unidade da autoridade competente. 
 
Na segunda situação específica, quando a comissão, no curso de sua 
apuração, tem conhecimento de um novo fato que não guarda conexão com o 
fato original que provocou sua designação, este novo fato será objeto de 
representação diretamente apresentada à autoridade instauradora. Nessa 
hipótese, a data em que esta autoridade receber a nova peça será considerada 
como o termo inicial do prazo prescricional a ser verificado até a publicação da 
portaria de instauração do segundo feito disciplinar. Se este novo fato for 
conexo com o fato original, a ser incluído na apuração já em curso, configura-
se o início do seu prazo prescricional específico na data do seu conhecimento 
por parte do colegiado, sem nova interrupção, computando-se a partir da data 
desse conhecimento o prazo em que se deveria ter a decisão definitiva 
(cinqüenta, oitenta, 140 dias) adicionado ao prazo prescricional da pena (180 
dias, dois anos ou cinco anos); ou seja, nesse caso, pode-se cogitar de haver 
diferentes prazos prescricionais para fatos apurados dentro do mesmo 
processo. 
 
E, por fim, no caso de notícia veiculada em mídia de expressão, circulação ou 
divulgação nacional, presume-se o seu conhecimento por todos (em que se 
inclui a autoridade) na data de sua divulgação. Advirta-se, no entanto, que 
divulgação de notícia de suposta irregularidade em meios de comunicação de 
pequeno alcance ou de circulação geograficamente limitada não goza da 
presunção de ostensivo conhecimento, podendo não ser considerada marco 
inicial da prescrição. 
 
“Notícias sobre corrupção e improbidade política e administrativa, caindo assim 
no domínio do conhecimento comum da comunidade nacional, e às vezes 
internacional, chegando a configurar o conceito jurídico de fato notório, não 
deixam margem para que as autoridades administrativas das repartições 
referentes justifiquem as suas omissões com alegação de que desconheciam 
tais denúncias. Já que o notório é público e conhecido de todos, pode-se inferir 
que tais matérias, uma vez veiculadas por jornais, revistas, rádio, televisão e 
outros meios de comunicação social, podem legitimar o início do prazo da 
prescrição disciplinar.” José Armando da Costa, “Controle Judicial do Ato 
Disciplinar”, pgs. 125 e 126, Editora Brasília Jurídica, 1ª edição, 2002. 
 
 
 
Participe do Fórum da Comunidade, clicando no seguinte tópico 
“Protocolização do Documento Noticiador” e faça seus comentários, 
fomentando trocas de conteúdos e vivências entre seus colegas de curso. 
 
 
 
 
 
 
Pág. 4 
Por outro lado, o início do prazo decorre do efetivo conhecimento do suposto 
ilícito por parte da autoridade competente, o que não se confunde com o mero 
conhecimento da existência de documento em que se encontra 
consubstanciado o ilícito, mas sem saber que o documento carrega uma 
ilicitude. O recebimento de um documento fraudulento não permite, 
necessariamente, que se confunda com o conhecimento da fraude. Ou seja, 
não se inicia o prazo prescricional com o mero encaminhamento de documento 
que contenha fraude, presumindo-se o conhecimento desta. A presunção do 
conhecimento da fraude é incompatível com o texto legal e com a finalidade 
das normas informadoras do instituto da prescrição da punibilidade disciplinar. 
 
Assim, a partir da data em que o fato se tornaconhecido, nos moldes acima 
descritos, computam-se os prazos respectivos de cada pena até a instauração 
do processo administrativo disciplinar. 
 
 Lei nº 8.112, de 11/12/90, art. 142, § 2º e 3º 
 
Estes prazos referem-se às penas julgadas cabíveis pela autoridade julgadora, 
não se atrelando ao prazo prescricional da pena referente à conclusão da 
comissão, vez que podem ser diferentes. 
 
Para o caso específico do abandono de cargo, ver anteriormente. 
 
Por fim, releva destacar que, uma vez prescrita a aplicação de penas 
expulsivas, seja pelo inciso I, seja pelo § 2º, ambos do art. 142 da Lei nº 8.112, 
de 11/12/90, antes da instauração do processo administrativo disciplinar, a 
administração não mais deteria direito de agir para responsabilizar o servidor, 
restando prejudicada a finalidade do processo, e se poderia buscar amparo no 
art. 52 da Lei nº 9.784, de 29/01/99, para não se recomendar a instauração, 
sem prejuízo da possível apuração de quem deu causa à prescrição. 
 
Lei nº 9.784, de 29/01/99 - Art. 52. O órgão competente poderá declarar 
extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se 
tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente. 
 
 
Termo Inicial da Contagem do Prazo Prescricional em Razão da 
Competência da Controladoria-Geral da União 
Determinados órgãos da Controladoria-Geral da União, a começar por seu 
dirigente 
máximo, o Ministro de Estado do Controle e da Transparência, em razão do 
que dispõe o art. 20, § 5º, da Lei n° 10.683, de 28/05/03, combinado com o art. 
4°, VIII, do Decreto n° 5.480, de 30/06/06, têm competência para instauração 
de processos administrativos disciplinares, visando a apurar responsabilidades 
por ilícitos praticados no âmbito da administração pública federal. 
 
Portanto, sem prejuízo da competência genérica para instauração, 
competência essa vinculada ao poder hierárquico e prevista no art. 143 da Lei 
n° 8.112, de 11/12/90, existe a competência da Controladoria-Geral da União 
para a instauração de sindicância e de processo administrativo disciplinar. 
 
Por conta dessa coexistência e pela impossibilidade de termos dois prazos de 
prescrição para apenas um fato ilícito, vale consignar que se deve considerar o 
marco inicial da fluência do prazo prescricional a data em que o fato se tornou 
conhecido pela primeira dessas duas entidades competentes, seja ela a 
autoridade competente pela via hierárquica, seja ela a Controladoria-Geral da 
União, por um de seus órgãos componentes do Sistema de Correição do Poder 
Executivo Federal. 
 
Unidade 2 - Interrupção da Contagem do Prazo Prescricional e Retomada da 
Contagem 
Na hipótese de se ter instaurado validamente o processo ainda no curso do 
prazo prescricional, tem-se que esta instauração interrompe a contagem, 
desprezando-se todo o tempo que já havia transcorrido (“zerando” a contagem 
e mantendo-a assim por um determinado período). 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 142. 
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar 
interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade 
competente. 
 
Todavia, no caso de ocorrerem prorrogações ou designação de novas 
comissões, bem como instauração de PAD em decorrência de sindicância 
contraditória (disciplinar), a administração não mais é beneficiada com nova 
contagem do prazo, pois a interrupção somente se dá uma única vez. 
 
Formulação-Dasp nº 279. Prescrição 
A redesignação da comissão de inquérito, ou a designação de outra, para 
prosseguir na apuração dos mesmos fatos não interrompe, de novo, o curso 
da prescrição. 
 
Destaque-se que a Lei nº 8.112, de 11/12/90, determina que a instauração de 
sindicância ou PAD interrompe a prescrição; entende-se que o legislador se 
referiu à sindicância contraditória (ou acusatória), prevista nos arts. 143 e 145 
da Lei, ao amparo da interpretação sistemática da própria Lei (que se referiu 
apenas a essa espécie de sindicância); caso se instaure sindicância 
investigativa inquisitorial, auditoria ou qualquer outro tipo de procedimento de 
investigação prévia, disciplinar ou patrimonial, não contraditório, não se 
configura a interrupção do prazo prescricional, mesmo que se faça com a 
formalidade de haver uma portaria de instauração ou de designação. 
 
 STJ, Recurso Ordinário e Agravo Regimental 
 
Vale como demarcador da interrupção do prazo prescricional apenas a 
instauração válida de sindicância ou PAD. Uma vez declarada nula esta 
instauração, juridicamente, é como se ela nunca tivesse existido. 
 
STJ, Mandado de Segurança nº 8.192: “Ementa: 6. Havendo anulação da 
sindicância, porque sua declaração determina a exclusão do mundo jurídico 
do ato viciado, o prazo prescricional da pretensão punitiva volta a ser 
contado da ciência, pela Administração, da prática do suposto ilícito 
administrativo.” 
 
O fato de a administração ter instaurado validamente o processo administrativo 
disciplinar de forma tempestiva afasta apenas a primeira forma de se aferir a 
prescrição. Mesmo instaurado o feito disciplinar, ainda pode ocorrer prescrição, 
seja no curso da apuração, seja no julgamento, até a aplicação da pena, em 
razão da demora por parte da administração em fazê-lo. Portanto, na verdade, 
como se vê, há dois momentos de se aferir o prazo prescricional. No primeiro, 
a administração perde seu poder/dever de punir o infrator por, sabendo do 
cometimento de suposta irregularidade, não providenciar a tempo a exigida 
apuração. No segundo, após a instauração da apuração, a administração pode 
vir a perder seu poder/dever de punir se não diligenciar para uma célere e 
eficiente apuração, deixando transcorrer longo prazo com o processo em curso, 
o que, por si só, traz repercussões à vida funcional do servidor. 
 
Com a abertura de sindicância ou de PAD, a parte final do § 3º do art. 142 da 
Lei nº 8.112, de 11/12/90, determina a interrupção da prescrição, “até a decisão 
final proferida por autoridade competente”. Como se verá, esta expressão 
requer detida análise e interpretação, pois não se cogita de que bastaria à 
administração determinar a tempestiva instauração e, a partir daí, poder dispor 
de todo o tempo que lhe conviesse para chegar a uma decisão final. Como se 
verá adiante, a Advocacia-Geral da União e a jurisprudência cuidaram de 
corretamente interpretar aquela expressão. 
 
Antes de se prosseguir, reiterem-se os prazos que a Lei nº 8.112, de 
11/12/90, no parágrafo único do art. 145, no art. 152 e no § 7º do art. 133, 
respectivamente, considerou factível para se ter decisão final tempestiva em 
cada rito, somando-se o prazo de julgamento do art. 167 ou do § 4º do art. 
133: 
* sindicância: 30 + 30 + 20 = 80 dias; 
* PAD: 60 + 60 + 20 = 140 dias; 
* e rito sumário: 30 + 15 + 5 = 50 dias. 
 
 
Unidade 3 - Termo Final da Interrupção e Prescrição no Curso da 
Apuração (Depois de Instaurar) 
O Estatuto prossegue, reportando-se, no art. 142, § 3º, à hipótese esperada de 
a conclusão do processo ocorrer tempestivamente. Neste caso, aquela 
interrupção se mantém até o limite máximo da manifestação da decisão final, 
ou seja, até a lavratura desse ato de julgamento, por parte da autoridade 
competente (o que, na hipótese aqui tratada, se daria em menos de oitenta, 
140 ou cinqüenta dias, dependendo do rito). 
 
Mas pode ocorrer de a conclusão do processo extrapolar o prazo legal. Neste 
caso, a expressão “até a decisão final proferida por autoridade competente” é 
interpretada como o prazo original (ou inicial ou previsto)que a Lei estabelece 
para que seja concluída a apuração em cada rito. 
 
Ou seja, a interrupção se mantém até a data do julgamento, se este é 
tempestivo, ou até o prazo legal do rito, se o julgamento é intempestivo. A partir 
desses pontos, cessa a interrupção. 
 
 Parecer-AGU nº GQ-144 
 
A recomendação acima assumiu caráter normativo quando o Parecer-AGU nº 
GQ-144 foi citado e sua tese ratificada pela Advocacia-Geral da União no 
Parecer-AGU nº GQ-159, vinculante: 
 
“9. Assim sendo, torna-se apropriado realçar os fundamentos da juridicidade da 
orientação supra (...). É ilação indutiva do raciocínio de que o término dos 
prazos de averiguação da falta, incluído o dilatório, e de julgamento, destarte, 
carecendo o processo de ´decisão final´, cessa a interrupção do transcurso do 
período prescricional, reiniciando a contagem de novo prazo, por inteiro.” 
 
Este também é o entendimento jurisprudencial e doutrinário: 
 
 
 STF, Mandado de Segurança nº 22.728 
 
A partir daí, como a interrupção havia “zerado” a contagem ocorrida desde o 
conhecimento do fato até a instauração, reinicia-se por inteiro a contagem do 
prazo prescricional (de 180 dias para advertência, ou de dois anos para 
suspensão ou de cinco anos para pena capital), não mais se interrompendo, 
independente de prorrogações e designação de novas comissões e de 
instauração de processo administrativo disciplinar em decorrência de 
sindicância. 
 
 
 
Lei nº 8.112, de 11/12/90 - Art. 142. 
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir 
do dia em que cessar a interrupção. 
 
 
 
 
Pág. 2 
Convém que o presidente comunique à autoridade instauradora a ocorrência 
de suspensão dos trabalhos da comissão, destacando-se que, com exceção de 
ordem judicial, razões tais como licença médica do acusado, falta de recursos 
financeiros para diárias e deslocamentos, aguardo de laudos periciais ou 
técnicos, dentre outros, não têm o condão de suspender o prazo prescricional. 
 
 
Na hipótese de o julgamento ser tempestivo, ou seja, de se ter concluída a 
apuração e a autoridade já ter julgado dentro do prazo legal, a administração 
tem a seu dispor todo o prazo prescricional da pena julgada para as 
providências finais, entre o julgamento e aplicação da pena. No segundo caso, 
em que o julgamento é intempestivo, a administração tem a seu dispor todo o 
prazo prescricional da pena cabível para concluir a apuração, julgar e aplicar a 
pena. Nesse segundo caso, então, na prática, a comissão pode ter para si os 
seguintes prazos, para que não incida a prescrição, extinguindo a punibilidade 
(somando-se o limite máximo dos ritos processuais e o prazo prescricional 
relativo à pena aplicada): 
 
* em caso de advertência, a portaria de punição deve ser publicada: § em 
260 (80 + 180) dias da instauração da sindicância; 
§ ou em 320 (140 + 180) dias da instauração do PAD em rito ordinário; 
§ ou em 230 (50 + 180) dias da instauração do PAD em rito sumário (embora 
excepcional, existe essa possibilidade); 
* em caso de suspensão de até trinta dias, a portaria de punição deve ser 
publicada: § em dois anos e oitenta dias da instauração da sindicância; 
§ ou em dois anos e 140 dias da instauração do PAD em rito ordinário; 
§ ou em dois anos e cinqüenta dias da instauração do PAD em rito sumário 
(embora excepcional, existe essa possibilidade); 
* em caso de suspensão superior a trinta dias, a portaria de punição deve ser 
publicada: § em dois anos e oitenta dias da instauração da sindicância 
posteriormente convertida em PAD (não há nova interrupção e não se conta 
com a franquia de 140 dias do PAD); 
§ ou em dois anos e 140 dias da instauração do PAD ordinário; 
§ ou em dois anos e cinqüenta dias da instauração do PAD em rito sumário 
(embora excepcional, existe essa possibilidade); 
* em caso de pena capital, a portaria de punição deve ser publicada: § em 
cinco anos e oitenta dias da instauração da sindicância posteriormente 
convertida em PAD (não há nova interrupção e não se conta com a franquia 
de 140 dias do PAD); 
§ ou em cinco anos e 140 dias da instauração do PAD em rito ordinário; 
§ ou em cinco anos e cinqüenta dias da instauração do PAD em rito sumário; 
§ ou, em caso de pena capital, decorrente de abandono de cargo, como há 
possibilidade de também se configurar crime de abandono de função: caso 
tenha havido denúncia criminal ou instauração de ação penal, a portaria de 
punição deve ser publicada em dois anos e cinqüenta dias da instauração do 
PAD em rito sumário, pois prevalece o prazo prescricional definido no CP, de 
dois anos. 
 
Na forma de tabela, sintetizam-se os seguintes prazos prescricionais a serem 
computados entre a data da publicação da portaria de instauração do rito e a 
data de publicação da portaria punitiva: 
Penalidade Em sindicância 
Em PAD 
sob rito 
ordinário 
Em PAD 
sob rito sumário 
Advertência 
80 + 180 = 260 
dias 
140 + 180 = 
320 dias 
50 + 180 = 230 
dias 
(excepcional) 
Suspensão 
de até 30 dias 
2 anos e 80 dias 
2 anos e 140 
dias 
2 anos e 50 dias 
(excepcional) 
Suspensão 
de 31 a 90 
dias 
2 anos e 80 dias 
(excepcional) 
2 anos e 140 
dias 
2 anos e 50 dias 
(excepcional) 
Penas 
expulsivas 
5 anos e 80 dias 
(excepcional) 
5 anos e 140 
dias 
5 anos e 50 dias 
 
 
 
Em abordagem bem simples, é como se a Lei concedesse à administração 
uma “franquia”, um período que, a critério do legislador, é o esperado e o 
suficiente para se concluir o apuratório disciplinar, dentro do qual não se cogita 
de cobrar da administração, por meio da prescrição, a sua inércia ou demora. 
Após o esgotamento desse período franqueado, inicia-se, contra a 
administração, a contagem do prazo prescricional. Daí, em reforço a outros 
motivos de ordem prática, tem-se mais uma razão para não se recomendar a 
instauração de sindicância com base na Lei nº 8.112, de 11/12/90: o menor 
prazo prescricional, pois, nela, a “franquia” após a interrupção é de apenas 
oitenta dias, enquanto que no PAD é de 140 dias. Diante de situação fática que 
impõe apuração disciplinar, devendo-se seguir para ambos o mesmo rito 
contraditório, recomendando-se a designação também de um trio processante, 
e ainda se tendo menor prazo prescricional, não resta justificativa para 
instaurar sindicância.

Outros materiais