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FIV e FeLV

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05/09/2017 – Professor Bruno – Retroviroses 
 
Retrovirores 
Do que estamos falando? 
 
 FeLV (Leucemia Viral Felina); 
 FIV (Imunodeficiência Viral Felina); 
 
São potencialmente patogênicos, Retrovírus é uma família de vírus (Retroviridae) e 
não há em cães. 
Eles se replicam inserindo seu DNA dentro do DNA da célula hospodeira, por isso é 
difícil o sistema imunológico combater. 
 
Não são zoonoses e não ficam no ambiente. 
 
FIV Lentivírus 
Desenvolve mais 
lentamente 
Isolado em 1986 enquanto 
alguns pesquisadores 
estudavam a AIDS 
Mesma subfamília do 
HIV. Com semelhanças 
físicas e bioquímicas. 
FeLV Gamarretovírus 
Deselvove mais 
rapidamente 
Isolado 1964 na Escócia de 
um animal que desenvolveu 
anemia granulocítica 
Subtipos: 
A: Patogênico 
B: Linfoma 
C: Anemia 
T: Imunossupressão 
 
Antigamente era considerado um oncovírus, pois entra na célula, insere o seu DNA e 
ao fazer mitose replica o DNA viral podendo induzir a uma neoplasia. 
 
Quanto mais patogênico o vírus menor é a resistência dele ao ambiente. 
Na FeLV o animal vive dois ou três anos no máximo. Na FIV o animal dura um pouco 
mais e normalmente morrem de infecções secundárias devido a imunossupressão. 
 
 
Transmissão: 
 
 FeLV: A saliva é principal via de transmissão. Só o fato de um lamber o outro 
pode transmitir. Pode ser transmitida por via venérea. Secreção nasal, fomites. 
Transfusão de sangue também pode de uma forma de transmissão. Se a mãe 
estiver contaminada normalmente os filhotes morrem durante o período 
gestacional. 
 
FIV: A saliva também é um meio de transmissão, mas precisa ter uma lesão na 
pele. Só o fato de lamber na pele íntegra dificilmente ocorrerá a transmissão. 
Também pode ser transmitida por via venérea. Transfusão de sangue também 
pode causar a transmissão. Se a mãe estiver contaminada e conseguir fazer o 
pico de viremia os filhotes nascem contaminado. 
 
 
 
 
 
Boatos de que a pulga pode transmitir, porém não ficou comprovado. 
 
 
Fatores de Risco: 
 
 FeLV: 
Gatis/abrigos (exposição continua); 
Imunossuprimidos (fármacos, FIV); 
Jovens (> em animais até 2 anos); 
Sociável (porque se lambem, reconhece pelo cheiro); 
 
 FIV: 
 Machos 3:1 fêmeas disputa de território; 
 Vida livre; 
 Não castrado; 
 
 
 
Estágios da FeLV 
 
Fase I: Vírus apresenta localizado 
Exemplo: as vezes abre a boca do gato e tem umas lesões que muitas vezes confunde 
com granuloma eosinofílico. 
Gato que faz esse tipo de lesão em mucosa oral pode indicar fase 1 de FeLV. O vírus se 
replica nos linfócitos, nos macrofagos locais e começam a fazer algumas manifestações 
orais. 
O macrofago as vezes consegue eliminar as células infectadas conseguindo barrar a 
infecção. 
 
 
Fae II: Conseguiu enganar o macrofago e vai replicar. Invade o tecido linfático 
disseminando em todas as células mononuclares e até mesmo sanguínea transitoria. 
O objetivo dele é chegar no linfonodo. Durante a viremia transitória o animal pode 
apresentar sintomas inexpecíficos (Aumento linfonodo, febre, mal estar). 
Nessa fase o animal já consegue transmitir a doença. 
7/10 de gatos conseguem montar uma resposta imune e limitam a replicação do vírus. 
Não há cura, porém o animal consegue “controlar” a doença. O vírus fica escondido 
(por exemplo no baço), mas a infecção pode regredir a qualquer momento e o vírus 
fica esperando para fazer a infecção regressiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesta fase é possível fazer diagnóstico. 
 
 
Fase III: Ocorre invasão da Medula Óssea e @ pode começar a desenvolver uma 
anemia moderada. A qualquer momento pode fazer uma regress importante e começa 
a fazer alterações importantes. 
Toda sorologia negativa de um gato não é 100% segura porque as vezes pode ter um 
nível de anticorpo baixo e isso não quer dizer que o animal não esteja infectado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fase IV: Em alguns casos pode ter lesão cutânea, pode acontecer no animal 
desenvolver outras doenças cutâneas associadas. Nessa fase tem viremia persistente. 
Animal consegue eliminar o vírus na urina, fezes, amígdalas. 
Quando animal chega na fase 4 o fim pode estar próximo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico: 
 
Sorologia para buscar anticorpo 
PCR para identificar o DNA 
Na forma absortiva não consigo identificar o DNA, mas na forma regressiva e latente 
eu consigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Bruno não gosta muito destes testes. Quando busco anticorpo e tem a viremia baixa 
pode ter um falso negativo. Se eu tenho muito anticorpo (exemplo imunidade 
materna) posso ter um positivo mas não significa que ele adquiriu a doença e posso ter 
um falso positivo. Nos EUA posso ter reação cruzada com a vacina (Não tem no Brasil). 
No caso da FeLV vou buscar antígeno no sangue/soro pode ter falso negativo na fase 
preé-aguda ou de infecção latente ou falso positivo quando paciente tem hemólise ou 
fase de infecção regressiva. Então os testes são bastante controversos. 
Se tiver um determinado resultado o ideal é repetir em 28 dias depois. 
 
Os gatos com FeLV morrem por: 
 
 Doenças Degenerativas: 
A imunossupressão pode causar alterações qualitativas e quantitativas de 
linfócitos e até dos macrofagos; 
Pode causar atrofia do timo, que é um órgão linfóoide importante. 
As anemias são degenerativas, levo a hemólise, posso predispor o animal a 
micoplasmose (antiga hemobartonela) que também causa hemólise. A anemia 
pode ser, inclusive, degenerative. 
 
 Doenças Proliferativas: 
90% dos FeLV com meses até 3 anos pode ter um linfoma. 
Pode ter alguns casos com linfoma multicêntrico. 
Alguns casos (37% dos @ mais velhos) fazem linfoma alimentar. 
Pode ter casos de leucemia granulocítica. 
Pode ter uveítes, glomerulonefrites pela deposição de imunocomplexo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estágios da FIV 
 
Fase I: É uma infecção agúda que dura mais ou menos 6 semanas. O vírus entra na 
célula, vai pros tecidos linfóides e vai pra medula. Ele se replica e vai comecar infectar 
os linfócitos (principalmente os linfócitos T que seria o responsável por combater o 
vírus). A resposta humoral (produção de anticorpos) comeca de 2-4 semanas pós 
infecção só que não consegue combatela. 
 
Ta aí uma diferença da FeLV, pois em alguns casos conseguia resolver a infecção antes 
dela se instalar. 
 
Nessa fase o paciente já começa manifestar sintomas clássicos de virose: febre, 
prostração, aumento de linfonodos, infecções secundárias, estomatites 
 (às vezes confunde com granuloma eosinofílico e inclusive pode ser. Granuloma não é 
doença é padrão lesional de resposta em feline. Quando o gato tem algumas 
inflamações alérgica ou infecciosa ele lota aquilo de eosinófilo fazendo o granuloma 
eosinofílico) Posso ter uma gato com FIV fazendo granuloma eosinofílico, seria 
inclusive uma manifestação clínica da infecção. 
 
Neste momento é um momento interessante para fazer exame sorológico. 
Manifestação clínica e resultado sorológico negativo, provavelmente o @ não é FIV 
positivo, ele pode ser alérgico, ter alguma infecção bacteriana ou até mesmo problema 
de tártaro. 
 
 
 
Fase II: Ele pode ser portador assintomático por até 10 anos. Depois de uma viremia 
importante os linfócitos T conseguem suprimir a reprodução do vírus e manter essa 
atividade inibitória até achar uma brecha que proporcione ao vírus uma oportunidade 
de fazer viremia intensa. Apesar no animal estar assintomático o vírus estará lá, 
destruindo e alterandoo funcionamento da célula CD4. Alguma manifestação clínica 
pode aparecer nesta fase, mas pela dificuldade em examinar a boca do gato pode 
passar despercebido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fase III: Uma fase mais agressiva. Posso ter queda de imunidade repentina. 
Tem início de destruição de linhagem celulares. Animal passa a ter uma anemia 
importante e doenças oportunistas. Vemos leucopenia. Pode ter diarréia por bacteria, 
infecções dermatofíticas, alguns animais podem apresentar sarna demodécica felina. 
As lesões em cavidade oral tendem a piorar bastante. Otites por malassézia e 
pseudomonas são comuns. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fase IV: O vírus chegou numa fase em que o animal não tem mais complement CD8 
dos lifócitos B, não consegue mais montar boa parte da resposta imunológica 
necessária. Nessa fase animal apresenta caquexia, perde massa muscular. 
A perda de peso é importante. 50% tem lesões em cavidade oral, 30% sintomas de 
infecções respiratória, 20% têm diarréias intensas. Alguns animais têm alterações 
neurológicas. 
Pode ser decorrente de toxoplasmose, criptococose, etc. 
A maioria dos pacientes humanos com AIDs morrem de tuberculose, criptococose 
respiratória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nem sempre é igual, cada paciente tem uma resposta diferente que depende do tipo 
de exposição. 
Posso ter exposição e o vírus não conseguir aderir e nem ser absorvido, mas posso ter 
caso ele consiga entrar e multiplicar seu vírus (nestes casos também pode ter um 
animal assintomático), posso ter animal com manifestações brandas que não chamam 
muito atenção. Mas também há animais que podem fazer manifestações graves em 
que o organismo entra em falência. 
 
 FeLV FIV 
Forma de Vida Coletiva Individual 
Viremia Alta (regressiva) Baixa (curso lento) 
Sobrevida Curta Longa 
Evolução Rápida Lenta 
Idade Infecção/Morte Jovens/Jovens Jovens/Adultos 
Gênero Machos e fêmeas Mais machos (brigas) 
Ambiente Fechado/gueto Aberto 
 
 
Quais gatos testar? 
 
 Gatos que serão adotados; 
 Todo gato doente, principalmente os que não melhoram; 
 Gatos de origem desconhecida; 
 Gatos com possível exposição recente; 
 Gatos que sofreram mordidas/ferimentos (sinais de briga); 
 Domiciliados com acesso livre à rua; 
 Gatos que convivem com animal infecctado/não testado 
 
Tratamento: 
 
Há algumas drogas antivirais disponíveis no mercado, mas normalmente a prescrição é 
restrita a médicos humanos. O objetivo é inibir a replicação viral, uma vez que estará 
paralisado será descoberto pelo sistema imunológico e organismo consegue combater. 
 
 Zidovudina (AZT): 
 
Análogo da timina (muda DNA produzido) 
• 5 mg/kg/BID/VO (remanipular – 100 mg/ 200 mg/ 10 mg/mL) 
• Efeitos colaterais: anorexia, êmese, mielossupressão (atenção aos já anêmicos) – 
monitorar semanalmente por 1 mês / mensal 
• Prescrição restrita a médicos no Brasil 
 
Os efeitos colaterais normalmente fazem com que o proprietário desistam da terapia. 
 
Há quem diga que suco de uva sejam bom, mas o Bruno particularmente não acredita 
e acha perigoso uma vez que pode ser tóxico pro animal. Os flavonoides presentes no 
suco concentrado até podem agir impedindo a replicação viral pode ser tóxico em 
alguns casos. 
 
 Imunomoduladores 
 
Intenção é que estimule macrófagos/linfócitos da mucosa oral, que melhorariam resposta 
imune geral (sem comprovação científica, mas há possibilidade) 
 
 
 Roferon / Intron-A (Interferon-2-alfa) 
 
É o mais utilizado na medicina veterinária em casos graves 
 
30U/gato/semanas alternadas 
• Frasco com 3 milhões UI/mL. Diluir 0,25mL em 250ml de sol. fisiol ógica (3.000U/ml). 
Congelar em alíquotas de 1 mL 
• Para administrar, diluir uma alíqüota de 1mL em 100 mL de fisológica (30U/mL). 
Armazenar sob refrigeração 2 meses 
 
Tratar doenças em geral (em especial as oportunistas): 
 
Anemia - Transfusão, eritropoietina (100U/kg/2 x semana? deficiente?) 
Mycoplasma – Doxiciclina (5 mg/kg/BID/3 semanas – 5 mL água prevenção esofagite) 
Linfoma - COP (ciclosfosfamida, oncovin/vincristina, prednisona) 
Estomatite / doença periodontal – ATB, esteróide dose antiinflamatória, 
extração/reabsorção 
 
 
 
 
Manejo: 
 
Evitar que saiam à rua (transmitir/contrair); 
Remoção de positivos da colônia; 
Testar gatos novos; 
Higiene e desinfecção; 
Vacinação FeLV (em condições de risco x predisposição à sarcoma); 
 1 a cada 5 mil têm sarcoma de aplicação 
 3 para 10 ficam persistentemente virêmicos 
 No Brasil não tem vacina pra FelV 
Alimentação, controle dor, vacinação, vermifugação, evitar estresse;

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