Planejamento Educacional -Pedagogia- Dalta Motta

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PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
PEDAGOGIA – DALTA MOTTA
AULA 02
Rio de Janeiro, 09 de Agosto de 2011 
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FAZ SENTIDO PLANEJAR NA ESCOLA?
A importância do planejamento escolar:
Sabemos que, na atualidade, são inúmeras as discussões em torno do tema da qualidade da educação e, de modo mais específico, sobre a qualidade da escola e, até mesmo, sobre o seu futuro.
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Muitos educadores têm desenvolvido suas reflexões apontando as fragilidades da instituição escolar, seu fracasso, para dar conta dos desafios do mundo contemporâneo, chegando até a decretar o seu fim. Para esses educadores, a escola perdeu sua função diante, da acelerada produção de conhecimentos e das várias possibilidades de sua respectiva difusão, levando em conta principalmente o avanço tecnológico dos meios de comunicação.
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Para nós, a escola ainda hoje, é um ponto de referência significativo de toda a ação educativa intencional/ formal e, portanto, uma instituição importante, central na vida das pessoas e da sociedade.
Existem educadores que refutam essa idéia de inutilidade ou o seu anacronismo, e acreditam que ela ainda pode exercer um papel significativo na formação das crianças, dos adolescentes e dos jovens
 (KOFF, 2011).
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Koff (2008) afirma a necessidade da escola, nesses tempos de grandes transformações, ser repensada e recriada, ou seja, ser reinventada, na perspectiva de ser concebida e vivida como um espaço:
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1 – multidimensional, apostando principalmente na dimensão cultural como o centro configurador de suas concepções e práticas;
2 – que valoriza, afirma e incorpora nas suas concepções e práticas as diferenças culturais, reconhecendo portanto, a pluralidade dos sujeitos que dela participam;
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 3 - de circulação e cruzamento de saberes, conhecimentos e culturas, o que significa ser um espaço que não só favorece o acesso aos conhecimentos sistematizados e socialmente relevantes, como também valoriza os saberes construídos no interior das culturas sociais de referência, bem como os conhecimentos que são frutos das experiências e da vida cotidiana de suas crianças e jovens;
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4 - de incentivo à iniciativa, ao diálogo, à descoberta, à pesquisa, à construção coletiva, ao uso de diferentes possibilidades de expressão e de múltiplas linguagens, ao aprender a aprender e à construção da autonomia;
5 - que dialoga com outras práticas sociais e que se enriquece neste diálogo de mão dupla.
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Diante do contexto, acreditamos que o planejamento escolar ganha destaque, podendo ser entendido até mesmo como uma exigência. Em outras palavras, entendemos que o planejamento na escola – nos seus diferentes níveis de abrangência – pode contribuir não só para ajudar a enfrentar os desafios decorrentes da reinvenção da escola na direção aqui proposta, como também a lidar com aqueles desafios apresentados pela própria complexidade do cotidiano escolar.
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Para que esse processo de planejamento e o seu próprio produto (os planos, programas e/ou projetos) possam, de fato, exercer um papel significativo na vida da escola, é preciso ter em mente que, para além de ser um procedimento que visa à organização das atividades e/ou das ações educativo-pedagógicas, o planejamento precisa ser compreendido como possibilidade de explicitação e/ou de resgate da intencionalidade dessas atividades e/ou ações (algo que é próprio da atividade e/ou da ação humana).
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O planejamento precisa ser compreendido como uma oportunidade de dar outro sentido as atividades e/ou ações educativas e, portanto, de ressignificar o próprio trabalho docente.
Além disso, quando fruto de posturas críticas e construções coletivas, o planejamento parece ser uma peça-chave para garantir a coerência do trabalho, das atividades e/ou das ações que acontecem no âmbito escolar, ajudando também a construir consensos (sempre provisórios – realimentado pela própria ação, análise crítica e avaliação).
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Por sua vez, planejar na escola pode ser uma oportunidade para superar a fragmentação e/ou a justaposição das práticas ali vividas, valorizando a integração entre elas, bem como potencializar os esforços, os tempos e os recursos necessários à sua concretização.
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Gandin (1994, p. 34) nos lembra:
“As instituições existem para AGIR no mundo:
– improvisadamente e sem direção;
- planejadamente, intencionalmente – neste caso o planejamento pode ser arbitrário ou participativo:
O planejamento torna a ação: clara, precisa, eficiente, orgânica, direcionada, transformadora.”
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Existem alguns pressupostos para que o planejamento participativo se efetive na escola:
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 Acreditar na escola como veículo de educação crítica, criadora, atuante, politizadora;
 Acreditar no professor como agente facilitador do processo político da educação;
 Acreditar na possibilidade de mudança no atual sistema dualista;
- Acreditar que a escola tem consciência do seu papel na agilização das mudanças;
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Buscar uma ação participativa inteligente, sem oposição contundente ao sistema vigente;
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Ter claro que o trabalho na escola não pode ser predeterminado, estanque;
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Objetivos e características do planejamento escolar: algumas considerações,
Acreditamos que, dependendo do modo como o processo de planejar acontece e como os planos, programas e projetos dele decorrentes são utilizados, o planejamento tem como objetivos:
- Expressar as intenções, configuradoras da proposta da escola, explicitando suas finalidades, indicando os rumos que pretende tomar, bem como o papel e/ou as funções que pretende desempenhar e, nessa perspectiva, ser inclusive um instrumento político significativo;
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- Apontar, de maneira histórica, crítica e contextualizada, a proposta da escola – incluindo não só suas intenções, mas também seus princípios, seus objetivos e sua programação - atividades e/ou ações -, bem como as metodologias e recursos a serem empregados na sua realização, além das estratégias de avaliação que serão implementadas;
- Ser instrumento para socialização e/ou difusão da proposta da escola, inclusive para além dos muros escolares;
- Contribuir para a organização e a integração das atividades/ações;
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- Promover a inter-relação dos sujeitos envolvidos no cotidiano escolar, intercâmbio de experiências, integração e compromisso coletivo;
- Viabilizar a gestão democrática da escola.
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E para que esses objetivos sejam alcançados, acreditamos que é importante formular e buscar responder coletivamente a algumas perguntas consideradas por muitos especialistas nesse assunto (SANTOS, 1997 e 2005; GANDIN 2000; VASCONCELLOS, 2000; LIBÂNEO, 2001), como fundamentais. 
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São elas:
Por quê?
Para quem?
Para quê?
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O quê?
Como?
Com quê?
Como avaliar?
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Para respondê-las, será importante, não só mobilizar a experiência do grupo, como também vários outros elementos necessários à fundamentação das respostas, ou seja, os referenciais filosóficos, sociológicos, antropológicos, psicológicos, pedagógicos, científicos relacionados principalmente às diferentes áreas do conhecimento que serão trabalhadas na escola, bem como os referenciais administrativos e operacionais, entre outros.
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Neste caso Gandin (1994) divide o planejamento em dois níveis:
A) Operacional – é o planejamento do “como” e do “ com quê”, incluindo a pormenorizaçãodo “o quê” – trata dos meios;
B) Político – é o planejamento do “para quem” e “para quê”, incluindo o “o quê” mais abrangente – trata dos fins.
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Sujeitos e/ou atores sociais e o planejamento escolar:
Quem são os protagonistas envolvidos no processo do planejamento escolar?
Essa parece ser uma pergunta relevante quando desejamos construir conhecimento numa perspectiva de planejamento que ultrapasse sua dimensão instrumental.
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Sabendo que sua dimensão instrumental, a que se refere ao “como fazer” as ações, e/ou atividades ou ao como desenvolver a programação da escola ou da sala de aula, não deva ser descartada. Ao contrário, ela vai ser importante, mas sem dúvida precisará ser sempre articulada com as demais dimensões que configuram o ato de planejar tal como refletimos até aqui.
Os responsáveis pela concepção e/ou elaboração do planejamento escolar são todos aqueles que fazem parte da vida escolar – da vida intra e extraescolar.
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Isso significa dizer que entendemos que todos: direção, equipe técnico-pedagógica, professores e mesmo os alunos e suas famílias podem e devem participar da construção do planejamento escolar em seus diferentes níveis.
Esses sujeitos e atores - em diálogo – poderão e deverão articular suas experiências, saberes e objetivos específicos, na perspectiva de construir propostas para a escola e, até mesmo, para as salas de aula que reflitam o que chamamos de consensos (lembrando que sempre provisórios e em constante movimento).
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Esses consensos se constituem em diversos e diferentes caminhos que serão trilhados, coletivamente, pela comunidade escolar.
Vale sublinhar que os sujeitos e os atores de todo esse processo precisarão também “dialogar”, “buscar articulação” e interagir tanto com o contexto político, social e cultural no qual a escola e eles mesmos estão inseridos, como com os demais planejamentos educacionais, elaborados nas esferas municipal, estadual e federal.
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A proposta, nesse caso, é - com a participação de toda a comunidade intra e extraescolar - conceber o planejamento como momento de debate e de trocas produtivas, de confronto e aproximação de ideias, de reflexão crítica sobre a prática educativa em andamento e sobre aquela que se deseja realizar, democratizando as decisões e, de modo colaborativo, traçar as linhas gerais e a programação que juntos vão desenvolver e viver.
Qual é a proposta?
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Segundo Ganzeli (2004, p. 2), “A participação de todos os envolvidos no dia-a-dia da escola e nas decisões sobre os seus rumos, garante a produção de um planejamento no qual estejam contemplados os diferentes “olhares” da realidade escolar, possibilitando assim, a criação de vínculos entre pais, alunos, professores, funcionários, especialistas.
VÍNCULO = COMPROMISSO
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