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1 ____________________________________________________ Instituto de Ciências Exatas - Departamento de Matemática Fundamentos de Matemática Elementar - Profª. Maria Julieta V. C. de Araujo Capítulo 1: Conjuntos 1- Definições Um conjunto é uma qualquer coleção de objetos, os quais chamamos de elementos do conjunto. Usualmente representamos um conjunto por letra maiúscula e seus elementos por letras minúsculas. A relação básica entre um elemento e um conjunto é a relação de pertinência. Se x é um dos elementos do conjunto A, dizemos que x pertence a A e escrevemos x A. Se, porém, x não é um dos elementos do conjunto A, dizemos que x não pertence a A e escrevemos x A. Um conjunto A fica definido (ou determinado, ou caracterizado) quando se dá uma regra que permita decidir se um elemento arbitrário x pertence ou não a A. Por exemplo, seja A o conjunto dos triângulos retângulos; o conjunto A está bem definido e x A se x é um triângulo que possui um ângulo reto. Se x não for um triângulo, ou se x for um triângulo que não possui um ângulo reto, então x A. Usa-se a notação A = {a, b, c, ... } para representar o conjunto A cujos elementos são os objetos a, b, c, etc (representação analítica ou por extensão). Exemplos: A = {1, 2} = {1, 2, 3, ... } (conjunto dos números naturais) = {..., -2, -1, 0, 1, 2, ...} (conjunto dos números inteiros) A maioria dos conjuntos em Matemática não é definido especificando-se, um a um, os seus elementos. O método mais freqüente de se definir um conjunto é através de uma propriedade P comum e exclusiva dos seus elementos. Ela define um conjunto A da seguinte maneira: se um objeto x satisfaz a propriedade P então x A; se x não satisfaz P então x A. Escreve-se A = {x; x satisfaz a propriedade P} e lê-se: “A é o conjunto dos elementos x tais que x satisfaz a propriedade P” (representação sintética ou por compreensão). Exemplos: A = {x; x e x 5} ou A = {x ; x 5} B = {x; x é quadrado} X = {x ; x2 – 1 = 0} Q = 0 , , ; qqp q p (conjunto dos números racionais) Indicaremos pelo símbolo o conjunto vazio. Ele pode ser definido assim: “Qualquer que seja x, tem-se x ”, ou seja, o conjunto vazio é aquele que não possui elementos. Exemplos: {x ; x2 + 1 = 0} = {x; x x} = Chama-se conjunto unitário todo conjunto constituído de um único elemento. Exemplos: A = {1} X = {x ; x2 – 9 = 0} Chama-se conjunto universo de uma teoria o conjunto de todos os entes que são sempre considerados como elementos nessa teoria. Assim, por exemplo, em Geometria Plana, o conjunto universo é o conjunto dos pontos de um plano; em Aritmética, o conjunto universo é o conjunto de todos os números inteiros não negativos: {0, 1, 2, 3, ...}. O conjunto universo é também chamado conjunto fundamental da teoria e será indicado pela letra U. O conjunto universo U pode alterar a constituição do conjunto que possui certa propriedade em U. Exemplo: Seja A = {x; x2 – 2 = 0}. Se U = Q então A = {x Q; x2 – 2 = 0} = . Se U = então A = {x ; x2 – 2 = 0} = 2 ,2 . 2 2- Subconjuntos Dados os conjuntos A e B, dizemos que A é subconjunto de B quando todo elemento de A é também elemento de B. Usaremos a notação A B ou B A. Dizemos também que A está contido em B ou que A é parte de B ou que B contém A. Simbolicamente, temos: A B (x A)(x B). A relação A B chama-se relação de inclusão. Exemplo: Sejam A o conjunto dos quadrados e B o conjunto dos retângulos. Então A B. Quando se escreve A B, não está excluída a possibilidade de vir a ser A = B. No caso em que A B e A B dizemos que A é uma parte própria ou um subconjunto próprio de B. A negação de A B indica-se pela notação A B, que se lê: A não é subconjunto de B ou A não está contido em B. Observe que A B se e somente se existe pelo menos um elemento de A que não é elemento de B, isto é, simbolicamente: A B (x A)(x B). Temos assim que A, qualquer que seja o conjunto A, pois caso contrário existiria x tal que x A; mas isto é um absurdo já que o conjunto vazio não possui elemento algum. Dizemos que dois conjuntos A e B são iguais se e somente se possuem os mesmos elementos. Assim, A = B A B e B A. Propriedades da relação de inclusão: 1) A A, qualquer que seja o conjunto A; 2) A B e B A A = B; 3) A B e B C A C. Demonstração: 1) É claro que (x A)(x A); logo A A; 2) Pela definição de igualdade de conjuntos; 3) Hipótese: A B B C Tese: A C Queremos mostrar que todo elemento de A é também elemento de C. Tomemos então um elemento x A. Como A B por hipótese, temos que x B. Como B C por hipótese, então x C. Observação: A fim de facilitar o entendimento de certas definições e demonstrações da Teoria de Conjuntos, é muito útil a representação de um conjunto por um recinto plano delimitado por uma linha fechada qualquer não entrelaçada. Uma tal representação recebe o nome de diagrama de Venn. Num diagrama de Venn, os elementos do conjunto são indicados por pontos internos ao recinto e elementos que não pertencem ao conjunto são representados por pontos externos ao mesmo recinto. Por exemplo, sejam A = {2, 3} e B = {1, 2, 3, 4}: B 3- Conjunto das Partes de um Conjunto Dado um conjunto X, indica-se por P(X) o conjunto cujos elementos são os subconjuntos de X. Em outras palavras, afirmar que A P(X) é o mesmo que dizer que A X. Dizemos que P(X) é o conjunto das partes de X. Simbolicamente, P(X) = {A; A X}. Observe que P(X) nunca é vazio, pois P(X) e X P(X). Exemplos: X = {1, 2}; P(X) = { , {1}, {2}, {1, 2} } P() = {} A . 1 . 4 . 2 . 3 3 Proposição: Se o conjunto X tem n elementos então P(X) tem 2n elementos. Demonstração: Se X tem n elementos então podemos formar 1 n conjuntos unitários, 2 n conjuntos de dois elementos, ... , 1n n conjuntos de n – 1 elementos e n n = 1 conjunto de n elementos. Mas X e portanto equivale a 0 n = 1 conjunto sem elementos. Assim, o número de elementos de P(X) é dado por n n n nnnn 1 ... 210 que, pela Análise Combinatória, sabemos que é igual a 2n. 4- Álgebra dos Conjuntos O estudo das propriedades algébricas das operações de reunião, interseção e complementação constitui a chamada “Álgebra dos Conjuntos”, que possui analogias formais notáveis com a álgebra de certas operações usadas na Lógica das Proposições. 4.1- Reunião ou União de Conjuntos A reunião de dois conjuntos A e B, denotada por A B, é o conjunto A B = {x; x A ou x B}. Convém observar que a palavra ou empregada na propriedade que define A B não tem sentido exclusivo, pois pode acontecer que um elemento x de A B pertença simultaneamente a A e a B. Sejam A, B e C conjuntos quaisquer num universo U. Temos: Propriedades da inclusão e da reunião 1) A A B e B A B 2) A B A B = B 3) A C e B C A B C 4) A B A C B C Propriedadesda reunião 1) A A = A (idempotente) 2) A B = B A (comutativa) 3) A (B C) = (A B) C (associativa) 4) A = A e A U = U 4.2- Interseção de Conjuntos A interseção de dois conjuntos A e B, denotada por A B, é o conjunto A B = {x; x A e x B}. Se A B = então dizemos que A e B são conjuntos disjuntos. 4 Sejam A, B e C conjuntos quaisquer num universo U. Temos: Propriedades da inclusão e da interseção 1) A B A e A B B 2) A B A B = A 3) C A e C B C A B 4) A B A C B C Propriedades da interseção 1) A A = A (idempotente) 2) A B = B A (comutativa) 3) A (B C) = (A B) C (associativa) 4) A = e A U = A Propriedades que envolvem reunião e interseção 1) A (A B) = A (absorção) 2) A (A B) = A (absorção) 3) A (B C) = (A B) (A C) (distributiva) 4) A (B C) = (A B) (A C) (distributiva) 4.3- Diferença de Conjuntos – Complementar A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto A – B formado pelos elementos de A que não pertençam a B, isto é, A – B = {x; x A e x B}. Se A B = então A – B = A; em qualquer caso tem-se A – B = A – (A B). (Verifique) Quando B A, a diferença A – B chama-se complementar de B em relação a A e escreve-se A – B = CAB. Em relação ao conjunto universo U, a diferença U – X chama-se simplesmente complementar de X e indica-se por CX . Assim, x CX x X. Sejam A, B e C conjuntos quaisquer num universo U. Temos: Propriedades 1) C = U 2) CU = 3) C(CA) = A 4) A = CA = U 5) A B CB CA 6) A – B = A CB 7) A CA = e A CA = U 8) A (B – C) = (A B) – (A C) 9) C(AB) = CA CB 10) C(AB) = CA CB 5 Exercícios 1- Consideremos os seguintes subconjuntos de : A = {x; x é múltiplo de 2} C = {x; -3 x < 5} B = {x; x é múltiplo de 3} D = {x; x < 1} Determine A B, C – D, D – C, CD, C D, C D. 2- Seja A = { {} , }. Verifique quais das seguintes sentenças são verdadeiras ou falsas: a) { {} } A c) { } A e) A b) A d) { {} } A f) {} A 3- Mostre que: a) os conjuntos A B e A – B são disjuntos b) A = (A B) (A – B) c) A – (B C) = (A – B) (A – C) d) A – (B C) = (A – B) (A – C) 4- Sejam A, B e C conjuntos quaisquer num universo U. Demonstre as afirmativas verdadeiras e dê contra-exemplos para as falsas: a) A – B = B – A f) A – (B – C) = (A – B) - C b) A – (B – C) = A – (B C) g) A – (B – A) = A c) C(A-B) = CA B h) A – (B – C) = (A – B) (A C) d) A (B – C) = (A B) – (A C) i) (A – C) (B – C) = (A B) – C e) A B = A C B = C j) (A – B) C = (A C) – (B C) 5- Seja E = {a}. Determine P(P(E)). 6- Determine P(P(P())). 7- Prove: A B P(A) P(B). 8- Dados os conjuntos A e B, seja X um conjunto com as seguintes propriedades: a) X A e X B b) Se Y A e Y B então Y X. Prove que X = A B. 9- Sejam A, B U. Prove que: a) A B = A CB b) A B = U CA B c) A B A CB = 10- Dê exemplo de conjuntos A, B e C tais que (A B) C A (B C). 11- Se A, X U são tais que A X = e A X = U, prove que X = CA. 12- Prove que A = B se e somente se (A CB) (CA B) = . 13- Chama-se diferença simétrica dos conjuntos A e B e indica-se por A B ao conjunto de todos os elementos que pertencem a um e somente a um dos conjuntos A e B, isto é, A B = (A – B) (B – A). Mostre que: a) A B = (A B) – (A B) d) A CA = U g) C(AB) = (A B) (CA CB) b) A = A e) A A = c) A U = CA f) A B = B A 6 14- Dados os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, B = {2, 4, 6, 8, 10, 12} e C = {3, 6, 9, 12, 15}, calcular: A B, A C, B C, A (B C), (A B) (A C) e (A B) C. 15- Mostre que: a) Se A B então B (A C) = (B C) A, para todo conjunto C. b) Se existir um conjunto C tal que B (A C) = (B C) A, então A B. 16- Sejam A um conjunto com m elementos e B um conjunto com n elementos. Suponha que A B tenha p elementos. Quantos elementos tem A B, A – B e B – A ? 17- Os sócios dos clubes A e B perfazem o total de 140. Qual é o número de sócios de A, se B tem 60 e há 40 que pertencem aos dois clubes? 18- Numa classe de 200 estudantes, 80 estudam Física, 90 Biologia, 55 Química, 32 Biologia e Física, 23 Química e Física, 16 Biologia e Química e 8 estudam as três. A relação de matrículas está correta? 19- Numa cidade há 1000 famílias: 470 assinam O Globo, 420 assinam Jornal do Brasil, 315 assinam Estado de Minas, 140 assinam Estado de Minas e Jornal do Brasil, 220 assinam Estado de Minas e O Globo, 110 assinam Jornal do Brasil e O Globo e 75 assinam os três. Pergunta-se: a) Quantas famílias não assinam jornal? b) Quantas famílias assinam um dos jornais? c) Quantas famílias assinam dois jornais? 20- Uma população consome três marcas de sabão em pó: A, B e C. Feita uma pesquisa de mercado, colheram-se os resultados tabelados abaixo: Marca A B C A e B B e C C e A A, B e C --- Número de consumidores 109 203 162 25 41 28 5 115 Pede-se: a) número de pessoas consultadas; b) número de pessoas que só consomem a marca A; c) número de pessoas que não consomem as marcas A ou C; d) número de pessoas que consomem pelo menos duas marcas. 7 ____________________________________________________ Instituto de Ciências Exatas - Departamento de Matemática Fundamentos de Matemática Elementar - Profª. Maria Julieta V. C. de Araujo Capítulo 2: Relações 1- Par Ordenado 1.1- Definições Dados dois elementos a e b, chama-se par ordenado um terceiro elemento que se indica por (a, b). O elemento a chama-se o primeiro elemento ou a primeira coordenada ou a primeira projeção do par ordenado (a, b); o elemento b chama-se o segundo elemento ou a segunda coordenada ou a segunda projeção do par ordenado (a, b). Dizemos que dois pares ordenados (a, b) e (c, d) são iguais se e somente se a = c e b = d. Assim, (a, b) = (c, d) a = c e b = d. Observação: Não se deve confundir o par ordenado (a, b) com o conjunto {a, b}. De fato, como dois conjuntos que possuem os mesmos elementos são iguais, temos {a, b} = {b, a}, sejam quais forem a e b. Por outro lado, (a, b) = (b, a) se e somente a = b. 2- Produto Cartesiano 2.1- Definição Dados dois conjuntos A e B, chama-se produto cartesiano de A por B e indica-se por A x B ao conjunto formado por todos os pares ordenados (a, b) cuja primeira coordenada pertence a A e a segunda a B. Simbolicamente, escrevemos: A x B = { (a, b); a A e b B }. Por exemplo, se A = {a, b} e B = {c, d}, temos que: A x B = {(a, c), (a, d), (b, c), (b, d)} e B x A = {(c, a), (c, b), (d, a), (d, b)}. Note que, em geral, temos A x B B x A. Temos também que A x B = se e somente se A = ou B = . 2.2- Propriedades do produto cartesiano 1) A x (B C) = (A x B) (A x C) (A B) x C = (A x C) (B x C) 2) A x (B C) = (A x B) (A x C) (A B) x C = (A x C) (B x C) 3) A x (B - C) = (A x B) - (A x C) (A - B) x C = (A x C) - (B x C) 3- Relações Binárias 3.1- Definições Dados dois conjuntos A e B, chama-se relação binária ou relação de A em B a todo subconjunto R do produto cartesiano A x B. Assim, R é relação de A em B R A x B. Observação: A definição deixa claro que toda relação é um conjunto de pares ordenados. Para indicar que (a, b) R usamos a notação a R b e lemos “a erre b” ou “a relaciona-se com b segundo R”. Se (a, b) R escrevemos a R b e lemos “a não erre b” ou “a não relaciona-se com b segundo R”. Assim, (a, b) R a R b e (a, b) R a R b. Os conjuntos A e B são denominados, respectivamente, conjunto de partida e conjunto de chegada da relação R. 8 Exemplos: 1) A = {0, 1, 2} e B = {-2, -1} A x B = {(0, -2), (0, -1), (1, -2), (1, -1), (2, -2), (2, -1)} R1 = , R2 = {(0, -2)}, R3 = {(1, -2), (2, -1), (1, -1)} são relações de A em B. 2) R = {(x, y) x ; x = y} é uma relação de em . 3) R = ((x, y) x ; y 0} é uma relação de em . 3.2- Domínio e Imagem de uma relação Seja R uma relação de A em B. Chama-se domínio de R o subconjunto de A constituído pelos elementos x para cada um dos quais existe algum y em B tal que x R y. Simbolicamente, temos: D(R) = {x A; y B: x R y} = {x A; y B: (x, y) R}. Chama-se imagem de R o subconjunto de B constituído pelos elementos y para cada um dos quais existe algum x em A tal que x R y. Simbolicamente, temos: Im(R) = {y B; x A: x R y} = {y B; x A: (x, y) R}. Em outros termos, D(R) é o conjunto formado pelos primeiros termos dos pares ordenados que constituem R e Im(R) é o conjunto formado pelos segundos termos dos pares de R. Exemplo: R = {(x, y) x ; y 0}; D(R) = ; Im(R) = +. 3.3- Representação de uma relação a) Gráfico Cartesiano Grande parte das relações de que se trata em Matemática são relações em que os conjuntos de partida e de chegada são subconjuntos de . Nesses casos, o gráfico da relação é o conjunto dos pontos de um plano dotado de um sistema de coordenadas cartesianas ortogonais, cujas abscissas são os primeiros termos e as ordenadas os segundos termos dos pares que constituem a relação. Exemplos: 1) R1 = {(0, 0), (1, -1), (1, 1)} 2) R2 = {(x, y) x ; y 0} b) Esquema de flechas Quando A e B são conjuntos finitos com “poucos” elementos, podemos representar uma relação R de A em B da seguinte forma: representamos A e B por meio de diagramas de Venn e indicamos cada (x, y) R por uma flecha com origem x e extremidade y. Exemplo: A = {0, 1, 2}; B = {-2, -1, 0, 1, 2}; R = {(0, 0), (1, -1), (1, 1)} 3.4- Relação Inversa Seja R uma relação de A em B. Chama-se relação inversa de R, e indica-se por R-1, a seguinte relação de B em A: R-1 = {(y, x) B x A; (x, y) R}. Note que: D(R-1) = Im(R), Im(R-1) = D(R) e (R-1)-1 = R. 9 Exemplos: a) A = {a, b, c}; B = {d, e} b) R = {(x, y) 2; y = 2x} R = {(a, d), (b, e), (c, e)} R-1 = {(y, x) 2; y = 2x} = {(x, y) 2; x = 2y} R-1 = {(d, a), (e, b), (e, c)} 3.5- Relação Composta Sejam A, B e C conjuntos quaisquer, R A x B e S B x C duas relações tais que o conjunto de chegada da primeira e o conjunto de partida da segunda coincidem. Podemos definir a partir de R e S uma relação T de A em C da seguinte maneira: T é o conjunto dos pares ordenados (x, z) A x C e existe y B tal que (x, y) R e (y, z) S; simbolicamente, T = {(x, z) A x C/ y B: (x, y) R e (y, z) S}. A relação T é denotada por SoR e se chama relação composta de S e R. Exemplos: a) b) 3.6- Propriedades das relações num conjunto A Uma relação R num conjunto A, isto é, de A em A, pode apresentar as propriedades fundamentais que se seguem e que devem sempre ser examinadas. Tais propriedades são: a) Reflexiva: (x A) (x R x) Exemplo: A = {a, b, c}; R = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, c)} A x A é reflexiva. Contra-exemplo: A = {a, b, c}; R = {(a, a), (b, b), (a, b)} A x A não é reflexiva. b) Simétrica: (x A)(y A)(x R y y R x) Exemplo: A = {a, b, c}; R = {(a, a), (a, b), (b, a)} A x A é simétrica. Contra-exemplo: A = {a, b, c}; R = {(b, b), (c, a)} A x A não é simétrica. c) Transitiva: (x A)(y A)(z A)(x R y e y R z x R z) Exemplo: A = {a, b, c}; R = {(a, a), (a, b), (b, c), (a, c)} A x A é transitiva. Contra-exemplo: A = {a, b, c}; R = {(a, a), (a, b), (b, c)} A x A não é transitiva. d) Anti-simétrica: (x A)(y A)(x R y e y R x x = y) Exemplo: A = {a, b, c}; R = {(a, a), (b, b), (a, b), (a, c)} A x A é anti-simétrica. Contra-exemplo: A = {a, b, c}; R = {(a, a), (a, b), (b, a)} A x A não é anti-simétrica. Exercícios 1- Sejam A e B dois conjuntos com m e n elementos, respectivamente. Determine o número de elementos de A x B e o número de relações de A em B. 2- Pode uma relação sobre um conjunto A ser simétrica e anti-simétrica? Pode uma relação sobre A não ser simétrica e nem anti-simétrica? Justifique suas respostas. 3- Quais propriedades que a relação de paralelismo definida para as retas de um plano verifica? 10 4- Relação de Equivalência 4.1- Definição Uma relação R sobre um conjunto A é chamada relação de equivalência sobre A se R é reflexiva, simétrica e transitiva, isto é, se são verdadeiras as sentenças: a) (x A)(x R x) b) (x A) (y A)(x R y y R x) c) (x A) (y A) (z A) (x R y e y R z x R z) 4.2- Notação Quando R é uma relação de equivalência sobre A, para exprimirmos que (x, y) R ou x R y costuma-se escrever: x y (mod R) ou x y (R) ou x y (mod R) ou x y (R) que se lê: “x é equivalente a y módulo R” ou “x é equivalente a y segundo R”. Se (x, y) R ou x R y escreve-se: x y (mod R) ou x y (R) ou x y (mod R) ou x y (R) que se lê: “x não é equivalente a y módulo R” ou “x não é equivalente a y segundo R”. 4.3- Exemplos a) R = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, c), (c, a)} é uma relação de equivalência sobre A = {a, b, c}. b) A relação de igualdade sobre , x R y x = y, é uma relação de equivalência. c) A relação de paralelismo definida para as retas de um plano , x R y x // y, é uma relação de equivalência. 4.4- Classes de equivalência – Conjunto Quociente Seja R uma relação de equivalência sobre A. Dado a A chama-se classe de equivalência determinada por a módulo R o subconjunto a ( ou Cl(a) ) de A constituído pelos elementos x tais que x R a. Simbolicamente, temos: a = {x A; x R a} = {x A; x a (R). O conjunto das classes de equivalência módulo R será indicado por A/R e chamado conjunto quociente de A por R. Em símbolos, A/R = { a ; a A}. Observações: 1) Cada classe de equivalência é um elemento de P(A), conjunto das partes de A, isto é, a P(A), a A. 2) A/R P(A). 3) a , para todo a A. Exemplos: a) Na relação de equivalência R = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, c), (c, a)} em A = {a, b, c} temos: a = {a, c}; b = {b}; c = {c, a}; A/R = { {a, c}, {b} }. b) Na relação de equivalência R = {(a, b) 2; a = b} temos: a = {x ; x R a} = {x ; x = a} = { a };/R = {{a}; a }. c) Seja A = {a, b, c, d, e, f} o conjunto das retas da figura abaixo: 11 Para a relação de equivalência R em A definida por x R y x // y, as classes de equivalência são: O conjunto quociente A/R é igual a: Teorema 1: Seja R uma relação de equivalência sobre A e sejam a, b A. As seguintes proposições são equivalentes: 1) a R b 2) a b 3) b a 4) a = b . Demonstração: Observação: O elemento a a é chamado representante da classe a . Se b a então b = a pelo teorema 1 e como b é representante da classe b temos que b é representante da classe a . Portanto todo elemento de uma classe de equivalência é um representante desta classe. 4.5- Partição de um conjunto Seja A um conjunto não vazio. Dizemos que o conjunto P de subconjuntos não vazios de A é uma partição de A se: 1) dois elementos de P ou são iguais ou são disjuntos; 2) a união dos elementos de P é igual a A. Exemplos: a) P = { {1}, {2, 3}, {4} } é uma partição do conjunto A = {1, 2, 3, 4}. b) Sejam X = {x ; x é par} e Y = {x ; x é ímpar}. Então P = {X, Y} é uma partição de . Provaremos a seguir, pelos teoremas 2 e 3, que através de uma relação de equivalência sobre um conjunto A fica determinada uma partição de A e vice-versa. Teorema 2: Se R é uma relação de equivalência sobre um conjunto A então A/R é uma partição de A. Demonstração: Como A/R = { a ; a A}, temos que mostrar que toda classe de equivalência a é não vazia, a A, duas classes são ou iguais ou disjuntas e a união de todas as classes de equivalência é o conjunto A. a) Já sabemos que se a A/R então a e a A. b) Sejam a , b A/R. Desejo mostrar que ou a = b ou a b = . 12 Suponhamos que a b e seja x a b . Então, obtemos: baaRb xRbbx aRxxRaax . c) Provaremos que Aa Aa . Temos: axax Aa para algum a A x A, pois a A; Aa axxxAx , pois Aa ax . Logo, Aa Aa . Teorema 3: Se P é uma partição de A, então existe uma relação R de equivalência sobre A de modo que A/R = P. Demonstração: Seja R a relação sobre A definida por: x R y B P; x B e y B, isto é, x está em relação com y quando existe um conjunto B da partição P que contém x e y. Vamos mostrar que R é uma relação de equivalência sobre ª a) Como P é uma partição de A temos que para todo x A, existe Bx P tal que x Bx. Logo x R x, para todo x A, e assim R é reflexiva. b) Sejam x, y A. Se x R y então B P tal que x, y B. Assim y, x B e y R x. Logo R é simétrica. c) Sejam x, y, z A. Se x R y e y R z então B P tal que x, y B e B1 P tal que y, z B1. Como y B B1, B P, B1 P e P é uma partição de A temos que B = B1. Portanto x, z B = B1 e, assim, x R z. Logo R é transitiva. Vamos mostrar, agora, que A/R = P. Seja a A/R, a A. Como a R a, B P tal que a B. Se x a = {x A; x R a} então B1 P tal que x, a B1. Como B B1 então B = B1 e x B. Assim a B. Se y B temos y A e como a B temos y R a; portanto y a . Assim B a . Sendo a B e B a , então a = B e a P. Logo, A/R P. Seja B P. Como P é partição de A então B e assim a A tal que a B. Analogamente temos B = a e, portanto, B A/R. Logo, P A/R. Como A/R P e P A/R concluímos que A/R = P. 13 Exercícios 1) Quais das relações abaixo são de equivalência sobre A = {a, b, c}? R1 = {(a, a), (a, b), (b, a), (b, b), (c, c)} R2 = {(a, a), (a, b), (b, a), (b, b), (b, c)} R3 = {(a, a), (b, b), (b, c), (c, b), (a, c), (c, a)} R4 = A x A R5= 2) Mostrar que a relação R sobre N x N definida por: (a, b) R (c, d) a + d = b + c, é uma relação de equivalência. 3) Quais das seguintes sentenças definem uma relação de equivalência em N = {1, 2, 3, ...}? a) x R y k tal que x – y = 3k b) xy k N tal que y = kx c) x y d) mdc(x, y) = 1 e) x + y = 10 14 5- Congruências (uma introdução) 5.1- Definições Seja m > 0 um número inteiro. Dados x, y , dizemos que x é congruente a y módulo m se a diferença x – y é múltiplo de m, ou seja, m é divisor de x – y. Se x – y não é múltiplo de m, dizemos que x não é congruente a y módulo m. Notações: x y (mod m), que se lê “x é congruente a y módulo m” x y (mod m), que se lê “x não é congruente a y módulo m” Simbolicamente temos: x y (mod m) m x – y k tal que x – y = km. Exemplos: a) 21 1 (mod 5) pois 21 – 1 = 20 = 4 . 5 b) 16 -4 (mod 10) pois 16 – (-4) = 20 = 2 . 10 c) –1 1 (mod 2) pois (-1) – 1 = - 2 = (-1) . 2 d) 20 3 (mod 7) pois 20 – 3 = 17 não é múltiplo de 7 e) – 3 - 4 (mod 3) pois (-3) – (-4) = 1 não é múltiplo de 3 Observação: A relação R = {(x, y) Z x Z; x y (mod m)} é chamada relação de congruência módulo m sobre o conjunto Z. Proposição 1: A relação de congruência módulo m sobre o conjunto Z é uma relação de equivalência. Demonstração: 15 5.2- Classe de Equivalência e Conjunto Quociente relativos à Congruência módulo m Considere a relação de equivalência R = {(x, y) Z x Z; x y (mod m)} sobre Z e seja a Z. Então, temos: a = {x Z; x R a} = {x Z; x a (mod m)} = {x Z; x – a = km, k Z} = = {a + km; k Z}. O conjunto quociente Z/R (conjunto das classes de equivalência da congruência módulo m) será indicado por Zm e seus elementos chamados classes de restos módulo m. Proposição 2: Zm tem exatamente m elementos. Demonstração: Exemplos: a) Z2 = { 1 ,0 }, onde 0 = {2k; k Z} e 1 = {1 + 2k; k Z}. b) Z5 = { 4,3,2,1,0 }, onde kkkkkkkkkk ;544 e ;533 ,;522 ,;511 ,;50 . 6- Relações de Ordem 6.1- Definições a) Uma relação R sobre um conjunto A não vazio é chamada relação de ordem parcial ou, simplesmente, relação de ordem se R é reflexiva, anti-simétrica e transitiva, isto é, se são verdadeiras as sentenças: (x A) (x R x) (x A) (y A) (x R y e y R x x = y) (x A) (y A) (z A) (x R y e y R z x R z) Observações: 1- Quando R é uma relação de ordem parcial sobre A, para exprimirmos que (a, b) R usamos a notação a b (R) e lemos “a precede b na relação R”. 2- Se R é uma relação de ordem parcial sobre A, dizemos que A é um conjunto parcialmente ordenado pela ordem R. b) Seja R uma relação de ordem parcial sobre A onde dois elementos quaisquer de A são compará- 16 veis mediante R, isto é, a b (R) ou b a (R), a, b A. Neste caso, R é chamada relação de ordem total sobre A e o conjunto A é chamado conjunto totalmente ordenado pela ordem R. c) Uma relação R sobre um conjunto A não vazio é chamada relação de ordem estrita se são verdadeiras as sentenças: (x A) ( x R x) (irreflexiva) (x A) (y A) (z A) (x R y e y R z x R z) (transitiva) Observações:1- Uma ordem estrita R num conjunto A possui a seguinte propriedade: (x A) (y A) (x R y y R x) (assimétrica). De fato, se ocorresse x R y e y R x teríamos, pela transitividade de R, x R x e, portanto, R não seria irreflexiva. 2- Se R é uma ordem estrita sobre A, dizemos que A é um conjunto estritamente ordenado pela relação R. d) Uma relação de ordem estrita R num conjunto A é chamada relação de ordem estrita total em A se satisfaz à condição: (x A) (y A) (x y x R y ou y R x) e, neste caso, o conjunto A é chamado conjunto estrita e totalmente ordenado pela R. 6.2- Exemplos a) A relação R = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, b), (b, c), (a, c)} é uma relação de ordem total sobre A = {a, b, c}. b) A relação R sobre definida por x R y x y (menor que ou igual) é uma relação de ordem total sobre , pois: (x )(x x) (x ) (y ) ( x y e y x x = y) (x ) (y ) (z ) (x y e y z x z) (x ) (y ) (x y ou y x) c) A relação R de divisibilidade sobre N = {1, 2, 3, ...} dada por x R y xy (x divide y) é uma relação de ordem parcial, pois: (x N) (xx) (x N) (y N) ( xy e yx x = y) (x N) (y N) (z N) (xy e yz xz) (Verifique estas propriedades e mostre que R não é ordem total em N.) d) A relação de divisibilidade em Z não é uma relação de ordem, pois, em Z, esta relação não possui a propriedade anti-simétrica. (Por exemplo: 2-2, -22 mas 2 -2) e) A relação de inclusão sobre um conjunto E de subconjuntos de um dado conjunto é uma relação de ordem parcial, pois: (X E)(X X) (X E) (Y E) (X Y e Y X X = Y) (X E) (Y E) (Z E) (X Y e Y Z X Z) f) A relação R = {(a, b), (a, c)} é uma relação de ordem estrita (não total) sobre A = {a, b, c}. 17 g) A relação R sobre N = {1, 2, 3, ...} definida por x R y x < y (menor que) é uma relação de ordem estrita total sobre N, pois: (x N)(x < x) (x N) (y N) (z N) (x < y e y < z x < z) (x N) (y N) ( x y x < y ou y < x) 6.3- Elementos notáveis de um conjunto ordenado Seja A um subconjunto não vazio do conjunto E parcialmente ordenado pela relação “ ” (precede). a) Limites (ou cotas) superiores e inferiores de A: Um elemento L E é um limite superior de A se for verdadeira a proposição: (x A) (x L), isto é, qualquer elemento de A precede L. Um elemento l E é um limite inferior de A se for verdadeira a proposição: (x A) (l x), isto é, l precede qualquer elemento de A. b) Máximo e Mínimo de A: Um elemento M A é um máximo de A quando se verifica a seguinte propriedade: (x A) (x M), isto é, quando M é limite superior de A e pertence a A. Um elemento m A é um mínimo de A quando se verifica a seguinte propriedade: (x A) (m x), isto é, quando m é limite inferior de A e pertence a A. Proposição 3: Se existe máximo (ou mínimo) de A, então ele é único. Demonstração: c) Supremo e Ínfimo de A: Chama-se supremo de A o mínimo (caso exista) do conjunto dos limites superiores de A. Chama-se ínfimo de A o máximo (caso exista) do conjunto dos limites inferiores de A. d) Elementos Maximais e Minimais de A: Um elemento m1 A é um elemento maximal de A quando se verifica:(x A) (m1 x m 1 = x), isto é, o único elemento de A precedido por m1 é ele próprio. Um elemento m0 A é um elemento minimal de A quando se verifica: (x A) (x m0 x = m0), isto é, o único elemento de A que precede m0 é ele próprio. Exemplos: Determine os elementos notáveis de A: a) E = , A = (0, 1] e a ordem é menor que ou igual; b) E {1, 2, 3, 4, 6, 9, 12, 18, 36}, A = {2, 4, 6} e a ordem é a divisibilidade. 18 Exercícios 1- Sejam A, B e C conjuntos quaisquer num universo U. Demonstre as afirmativas verdadeiras e dê contra-exemplos para as falsas: a) A (B x C) = (A B) x (A C) b) (A x B) (C x D) = (A C) x (B D) c) (A x B) (C x D) = (A C) x (B D) d) Para C , A B A x C B x C 2- Sejam A = {0, 2, 4, 6, 8} e B = {1, 3, 5, 9}. Enumerar os elementos das seguintes relações: R1 = {(x, y) A x B; y = x + 1} e R2 = {(x, y) A x B; x y}. Dizer qual é o domínio, a imagem e a inversa de cada relação. 3- A é um conjunto com 5 elementos e R = {(0, 1), (1, 2), (2, 3), (3, 4)} é uma relação sobre A. Pede-se obter: a) os elementos de A c) os elementos, domínio e imagem de R-1 b) domínio e imagem de R d) os gráficos de R e R-1 4- Um casal tem 5 filhos: Álvaro, Bruno, Cláudio, Dario e Elizabete. Enumerar os elementos da relação R definida no conjunto E = {a, b, c, d, e} por x R y x é irmão de y. Que propriedades R apresenta? Obs.: a = Álvaro, b = Bruno, c = Cláudio, d = Dario, e = Elizabete x é irmão de y quando x é homem, x y e x e y têm os mesmos pais 5- Provar que se uma relação R sobre A é transitiva então R-1 também o é. 6- Sejam R e S relações no mesmo conjunto A. Provar que: a) R-1 S-1 = (R S)-1 b) R-1 S-1 = (R S)-1 c) R R-1 é simétrica d) Se R e S são transitivas então R S é transitiva. e) Se R e S são simétricas então R S e R S são simétricas. 7- Seja R uma relação de A em B e S uma relação de B em C. A relação composta de R e S é SoR = {(x, z) A x C; y B: (x, y) R e (y, z) S}. Mostrar que: a) (SoR)-1 = R-1 o S-1 b) Se R é reflexiva sobre A então RoR-1 e R-1oR também o são. c) Se R é uma relação sobre A então RoR-1 e R-1oR são simétricas. d) Se R e S são simétricas sobre A então: SoR é simétrica SoR = RoS. 8- Mostrar que a relação R sobre x tal que (a, b) R (c, d) a + b = c + d é uma relação de equivalência. 9- Mostrar que a relação S sobre Z x Z* tal que (a, b) S (c, d) ad = bc é uma relação de equivalência. 10- Dizer se cada um dos seguintes subconjuntos de = {1, 2, 3, ...} é ou não totalmente ordenado pela relação de divisibilidade: a) {24, 2, 6} b) {3, 15, 5} c) {15, 5, 30} d) 11- Seja C o conjunto dos números complexos e sejam x = a + bi e y = c + di dois elementos de C. Mostrar que R é relação de ordem parcial em C: x R y a c e b d. ( = menor que ou igual) 12- Seja E = {2, 3, 5, 6, 10, 15, 30} e a ordem é a divisibilidade. Determinar os elementos notáveis de A = {6, 10}. 19 13- Seja E = { {a}, {b}, {a, b, c}, {a, b, d}, {a, b, c, d}, {a, b, c, d, e} } e a ordem é a inclusão. Determinar os elementos notáveis de A = { {a, b, c}, {a, b, d}, {a, b, c d} }. 14- Em x define-se (a, b) (c, d) ac e b d, onde = {1, 2, 3, ...}. a) Mostrar que essa relação () é uma relação de ordem parcial em x . b) Sendo A = { (2, 1), (1, 2) }, determinar os elementos notáveis de ª 15- Mostrar que R é uma relação de ordem total no conjunto C: R = { (a + bi, c + di) C x C; a < c ou (a = c e b d) }. Obs.: Esta relação é denominada ordem lexicográfica. 16- Mostrar que: a) Se a b (mod m) e c d (mod m) então a + c b + d (mod m). b) Se a b (mod m) e c d (mod m) então ac bd (mod m). 17- Seja R a relação sobre Q definida por x R y x – y Z. Provar que R é uma relação de equivalência e descrever a classe 1 . 18- Seja A = {x Q; 0 x2 2} um subconjunto de Q, onde está definida a relação de ordem habitual . Determinaros elementos notáveis de A. 19- Provar que se R é uma relação de equivalência sobre A, então R-1 também é. 20- Provar que se R é uma relação de ordem sobre A então R-1 também é. 21- Mostrar que se R e S são relações de equivalência em A, então R S é uma relação de equivalência em A. 22- Demonstrar que se a e b são elementos minimais de um conjunto totalmente ordenado A então a = b. 23- Abaixo está o diagrama simplificado da relação de ordem R sobre E = {a, b, c, d, e, f, g, h, i, j}. Determinar os elementos notáveis de A = {d, e}. Obs.: No diagrama omitimos as propriedades reflexiva e transitiva. h i j f g d e a b c 20 ____________________________________________________ Instituto de Ciências Exatas - Departamento de Matemática Fundamentos de Matemática Elementar - Profª. Maria Julieta V. C. de Araujo Capítulo 3: Funções 1- Conceito Sejam A e B conjuntos não vazios e f uma relação de A em B. Dizemos que f é uma função (ou aplicação) de A em B se: a) D(f) = A; b) Dado a D(f), é único o elemento b B tal que (a, b) f. Observações: 1- Se f é uma função de A em B, escrevemos b = f(a) para significar que (a, b) f e lemos b é imagem de a pela f. 2- Simbolicamente escrevemos f: A B para indicar que f é uma função de A em B. 3- O conjunto B é chamado contradomínio de f. 4- Se f: A B e g: A B são funções temos: f = g f(x) = g(x), x A. Exemplos e Contra-exemplos: 1- Se A = {0, 1, 2, 3} e B = {4, 5, 6, 7, 8}, considere as seguintes relações de A em B: R1 = {(0, 5), (1, 6), (2, 7)} R2 = {(0, 4), (1, 5), (1, 6), (2, 7), (3, 8)} R3 = {(0, 4), (1, 5), (2, 7), (3, 8)} R4 = {(0, 5), (1, 5), (2, 6), (3, 7)} A relação R1 não é função de A em B, pois D(R1) = {0, 1, 2} A, isto é, 3 D(R1). A relação R2 não é função de A em B, pois (1, 5) R2 e (1, 6) R2 e, portanto, 1 tem duas imagens em B. As relações R3 e R4 são funções de A em B. 0 4 0 4 0 4 0 4 1 5 1 5 1 5 1 5 2 6 2 6 2 6 2 6 3 7 3 7 3 7 3 7 8 8 8 8 R1 R2 R3 R4 2- Se A = B = , considere as seguintes relações de em : R1 = {(x, y) 2; x2 = y2}, R2 = {(x, y) 2; x2 + y2 = 1} e R3 = {(x, y) 2; y = x2}, cujos gráficos cartesianos são, respectivamente: y y y x x x A relação R1 não é função, pois, por exemplo, x = 1 se relaciona com y = 1 e y = -1. A relação R2 não é função, pois D(R2) = [-1, 1] ou também porque x = 0, por exemplo, se relaciona com y = 1 e y = -1. A relação R3 é função de em . 21 2- Imagem Direta e Imagem Inversa Seja f: A B uma função. Dado X A, chama-se imagem direta de X ou imagem de X, segundo f, e indica-se por f(X), o seguinte subconjunto de B: f(X) = {f(x); x X}, isto é, f(X) é o conjunto das imagens por f dos elementos de X. Dado Y B, chama-se imagem inversa de Y, segundo f, e indica-se por f-1(Y), o seguinte subconjunto de A: f-1(Y) = {x A; f(x) Y}, isto é, f-1(Y) é o conjunto dos elementos de A que têm imagem em Y através de f. Exemplos: 1- A = {1, 3, 5, 7, 9}, B = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10} e f: A B definida por f(x) = x + 1 f ( {3, 5, 7} ) = { f(3), f(5), f(7) } = {4, 6, 8} f(A) = {2, 4, 6, 8, 10} f() = f-1( {2, 4, 10} ) = {x A; f(x) {2, 4, 10} = {1, 3, 9} f-1(B) = A f-1() = f-1( {0, 1, 3} ) = 2- A = B = e f: definida por f(x) = x2 f( {1, 2, 3} ) = {1, 4, 9} f( [0, 2] ) = {f(x); 0 x 2} = {x2; 0 x 2} = [0, 4] f( (-1, 3] ) = {x2; -1 < x 3} = [0, 9] f-1( {0, 4, 16} ) = {x ; x2 {0, 4, 16} } = {0, 2, 4} f-1( [1, 9] ) = {x ; x2 [1, 9] } = [-3, -1] [1, 3] f-1( * - ) = {x ; x2 < 0} = 3- Seja f: definida por Qxse Qxse xf ,1 ,0)( f(Q) = {f(x); x Q} = {0} f( – Q) = {f(x); x – Q} = {1} f( [0, 1] ) = {0, 1} f-1( {0} ) = {x ; f(x) = 0} = Q f-1( [4, 5] ) = {x ; 4 f(x) 5} = Propriedades da Imagem Direta Seja f: A B uma função e sejam X e Y duas partes quaisquer de A ( X A e Y A ). 1) Se X Y então f(X) f(Y). 2) f(X Y) = f(X) f(Y). 3) f(X Y) f(X) f(Y). 4) f(X – Y) f(X) – f(Y). Demonstração: (exercício) Propriedades da Imagem Inversa Seja f: A B uma função e sejam X e Y duas partes quaisquer de B ( X B e Y B ). 1) Se X Y então f-1(X) f-1(Y). 2) f-1(X Y) = f-1(X) f-1(Y). 3) f-1(X Y) = f-1(X) f-1(Y). 4) f-1(X – Y) = f-1(X) – f-1(Y). Demonstração: (exercício) 22 3- Diferentes tipos de funções 3.1- Função Constante Sejam A e B dois conjuntos não vazios e seja b um elemento qualquer de B. Chama-se função constante de A em B, determinada pelo elemento b, a função f: A B definida por f(x) = b, x A. De um modo geral, chama-se função constante toda a função f: A B cuja imagem Im(f) é formada por um único elemento de B, isto é, Im(f) é um conjunto unitário. Exemplos: a) A função f de A = {a, b, c} em B = {1, 2, 3} definida por f = {(a, 2), (b, 2), (c, 2)} é uma função constante determinada pelo elemento 2 pertencente ao conjunto B. b) A função g: definida por g(x) = 1, x , é uma função constante determinada pelo elemento 1 . y 1 0 x 3.2- Função Idêntica Seja A um conjunto não vazio. Chama-se função idêntica de A a função f: A A definida por f(x) = x, x A. A função idêntica de A também é denominada identidade de A e representada por IdA: A A ou iA: A A. Observe que Im(iA) = A. Exemplos: a) A função idêntica de A = {a, b, c} é iA = {(a, a), (b, b), (c, c)}. b) A função idêntica de é a função i: tal que i(x) = x, x , cujo gráfico cartesiano é a reta que contém a bissetriz do 1o quadrante. y i 0 x 3.3- Função de Inclusão Sejam A um conjunto não vazioe X A, X . Chama-se função de inclusão de X em A a função f: X A definida por f(x) = x, x X. Observe que se X = A, a função de inclusão de X em A coincide com a função idêntica de A. Exemplo: A função de inclusão de X = {a, b, c} em A = {a, b, c, d, e} é a função f = {(a, a), (b, b), (c, c)}. 3.4- Funções Monótonas Sejam A e B dois conjuntos não vazios, parcialmente ordenados por relações de ordem indicadas pelo mesmo símbolo . Dizemos que f: A B é uma função crescente se (x A)(y A)(x y f(x) f(y)). Dizemos que f: A B é uma função decrescente se (x A)(y A)(x y f(y) f(x)). Se a função f é crescente ou decrescente dizemos que f é monótona. Dizemos que f: A B é uma função estritamente crescente se (x A)(y A)(x < y f(x) < f(y)). Dizemos que f: A B é uma função estritamente decrescente se (x A) (y A)(x < y f(y) < f(x)). Se a função f é estritamente crescente ou estritamente decrescente dizemos que f é estritamente monótona. 23 Exemplos: a) A função f: definida por f(x) = 1, x , onde é ordenado pela relação (menor ou igual), é uma função crescente, pois se x, y , x y temos f(x) = 1 = f(y) e, portanto, f(x) f(y). (Observe que esta função é também decrescente.) b) A função f: definida por f(x) = x, x , onde é ordenado pela relação (menor ou igual), é uma função estritamente crescente, pois se x, y , x y temos f(x) = x y = f(y) e, portanto, f(x) f(y). c) A função f: P(A) P(A) definida por f(X) = A – X, X P(A), onde A é um conjunto e P(A) é o conjunto das partes de A ordenado pela inclusão, é uma função estritamente decrescente, pois se X, Y P(A), X Y e X Y então A – Y A – X e, portanto, f(Y) f(X) e f(Y) f(X). 4- Funções Injetivas, Sobrejetivas e Bijetivas Consideremos uma função f: A B. Dizemos que f é uma função injetiva (ou injetora) ou uma injeção quando a seguinte condição é verificada: (x A)(y A) (x y f(x) f(y)), isto é, quando elementos distintos de A têm imagens distintas em B. Notemos que a seguinte condição, equivalente à anterior, é outra forma de impor que f seja injetora: (x A)(y A) (f(x) = f(y) x = y). Notemos, ainda, que uma função f: A B não é injetora quando: (xA) (yA)(x y e f(x) = f(y)), isto é, quando existem dois elementos distintos de A que têm imagens iguais em B. Dizemos que f é uma função sobrejetiva (ou sobrejetora) ou uma sobrejeção quando a seguinte condição é verificada: f(A) = Im(f) = B, ou seja, (y B)(x A) (y = f(x)), isto é, quando qualquer elemento de B é imagem de algum elemento de A, segundo f. Notemos que uma função f: A B não é sobrejetora quando: (yB) (xA) (y f(x)), isto é, quando existe um elemento de B que não é imagem de nenhum elemento de A, segundo f. Dizemos que f é uma função bijetiva (ou bijetora) ou uma bijeção se f é injetiva e sobrejetiva. Exemplos: a) A = {a, b, c, d} e B = {1, 2, 3, 4, 5} f = {(a, 1), (b, 2), (c, 3), (d, 4)} de A em B é uma função injetora, mas não sobrejetora. A B a f 1 b 2 c 3 d 4 5 b) A = {a, b, c, d} e B = {1, 2, 3} f = {(a, 1), (b, 2), (c, 2), (d, 3)} de A em B é uma função sobrejetora, mas não injetora. A B a f 1 b 2 c d 3 24 c) A função f: dada pela lei f(x) = 3x + 1 é bijetora. De fato: 1) Se x, y e f(x) = f(y) então 3x + 1 = 3y + 1; assim 3x = 3y e obtemos x = y. Portanto f é injetora. 2) Se y , vamos mostrar que existe x tal que y = f(x). Como y , tome 3 1 y x . Assim x e yyxf 1 3 13)( . Portanto f é sobrejetora. d) A função f: dada pela lei f(x) = x2 não é bijetora, pois 2 –2 e f(2) = 4 = f(–2), e não é sobrejetora, pois –1 e –1 Im(f) = +. 5- Função Inversa de uma Função Bijetiva Considere a função f: A B. Sabemos que f é uma relação de A em B com certas particularidades, a saber: D(f) = A e todo x A tem imagem única f(x) em B. Seja f-1 a relação inversa de f. Pode ocorrer que f-1 não seja uma função de B em A, como os seguintes exemplos: a) f = {(a, 1), (b, 2), (c, 3), (d, 4)} é função de A = {a, b, c, d} em B = {1, 2, 3, 4, 5} f-1 = {(1, a), (2, b), (3, c), (4, d)} não é função de B em A, pois D(f-1) B. b) f = {(a, 1), (b, 2), (c, 2), (d, 3)} é função de A = {a, b, c, d} em B = {1, 2, 3} f-1 = {(1, a), (2, b), (2, c), (3, d)} não é função de B em A, pois (2, b) f-1, (2, c) f-1 e b c. O teorema seguinte estabelece a condição para que f-1 seja uma função. Teorema 1 Seja f: A B uma função. A relação f-1 é uma função se, e somente se, f é uma bijeção. Demonstração: () 1) Sejam x, y A tais que f(x) = f(y). Então (x, f(x)) f e (y, f(x)) f, isto é, (f(x), x) f-1 e (f(x), y) f-1. Como f-1 é uma função temos que x = y. Portanto f é injetora. 2) Seja y B. Como f-1 é uma função de B em A então existe x A tal que (y, x) f-1. Assim (x, y) (f-1)-1 = f; logo y = f(x) e, portanto, f é sobrejetora. De 1) e 2) concluímos que f é uma bijeção. () 1) Vamos mostrar que D(f-1) = B. Como o conjunto de partida da relação f-1 é B temos que D(f-1) B. Seja y B. Como f é sobrejetora, existe x A tal que y = f(x). Assim (x, y) f e (y, x) f-1. Portanto y D(f-1) e temos que B D(f-1). Logo, D(f-1) = B. 2) Vamos mostrar que dado y D(f-1), é único o elemento x A tal que (y, x) f-1. Suponha que existam x1, x2 A tais que (y, x1) f-1 e (y, x2) f-1. Assim (x1, y) f e (x2, y) f, o que implica y = f(x1) = f(x2). Como f é injetora, temos que x1 = x2. De 1) e 2) concluímos que f-1 é uma função. Exemplo: f: tal que f(x) = 3x + 1 é bijetora. f-1 = {(y, x) 2; (x, y) f} = {(y, x) 2; y = 3x + 1} = {(x, y) 2; x = 3y + 1} = = 3 1 ;, 2 xyyx . Logo, f-1: é definida por 3 1)(1 xxf . 25 Observações: 1) Se f é uma bijeção, f-1 é chamada função inversa de f. 2) Se f é uma bijeção então f-1 também é uma bijeção. (Provar!) Sendo f-1 bijetora, a relação inversa de f-1 também é uma função. Como (f-1)-1 = f, temos que f e f-1 são funções inversas entre si. Exercício: Sejam f: A B uma função, X A e Y B. Mostre que: a) f(f-1(Y)) Y b) f(f-1(Y)) = Y f é sobrejetora c) X f-1(f(X)) d) X = f-1(f(X)) f é injetora 6- Composição de Funções Sejam A, B e C três conjuntos não vazios. Consideremos as funções f: A B e g: B C tais que o contradomínio da primeira e o domínio da segunda coincidem. Teorema 2 A relação composta gof = {(x, z) A x C; yB: (x, y) f e (y, z) g} de A em C é uma função de A em C. Demonstração: Devemos mostrar que D(gof) = A e dado xD(gof), é único o elemento y C tal que (x, y) gof. 1) É claro que D(gof) A. Seja, então, xA. Como f e g são funções temos f(x) B e g(f(x)) C. Assim (x, f(x)) f e (f(x), g(f(x)) g, e, portanto, (x, g(f(x)) gof. Logox D(gof) e A D(gof). Portanto D(gof) = A. 2) Seja x D(gof). Suponha que existam y1, y2 C tais que (x, y1) gof e (x, y2) gof. Por ser gof a relação composta de g e f, existem b1, b2 B tais que (x, b1) f, (b1, y1) g, (x, b2) f e (b2, y2)g. Como f é função e (x, b1), (x, b2) f temos que b1 = b2. Como g é função e (b1, y1), (b1, y2) g temos que y1 = y2. Portanto, dado x D(gof), é único o elemento y C tal que (x, y) gof. Observações: 1) A função gof: A C definida por gof(x) = g(f(x)) é chamada função composta de g e f. (x, gof(x)) gof yB tal que (x, y) f e (y, gof(x)) g y = f(x) e (f(x), gof(x)) g gof(x) = g(f(x)) 2) Esta operação, que a todo par de funções f: A B e g: B C associa uma determinada função gof: A C, chama-se composição de funções. Exemplos: a) Sejam A = {a, b, c}, B = {x, y, z} e C = {r, s, t}. Sejam as funções f: A B e g: B C definidas por f = {(a, y), (b, z), (c, y)} e g = {(x, r), (y, t), (z, r)}. Então gof: A C é definida por gof = {(a, t), (b, r), (c, t)}. b) Sendo f: tal que f(x) = 3x e g: tal que g(x) = x2 então gof: é definida por gof(x) = g(f(x)) = g(3x) = (3x)2 = 9x2 e fog: é definida por fog(x) = f(g(x)) = f(x2) = 3x2. Propriedades da composição de funções: 1) Sejam f: A B e g: B C duas funções e gof: A C a função composta de g e f. Quaisquer que sejam X A e Z C tem-se: a) (gof)(X) = g(f(X)) b) (gof)-1(Z) = f-1(g-1(Z)) 26 Demonstração: a) Seja z (gof)(X). Então existe x X tal que z = (gof)(x) = g(f(x)). Como x X temos f(x) f(X) e, assim, z = g(f(x)) g(f(X)). Logo (gof)(X) g(f(X)). Seja z g(f(X)). Então existe y f(X) tal que z = g(y). Como y f(X) temos que existe x X tal que y = f(x). Assim, z = g(y) = g(f(x)) = (gof)(x) gof(X). Logo g(f(X)) gof(X). Portanto (gof)(X) = g(f(X)). b) Temos: x (gof)-1(Z) (gof)(x) Z g(f(x)) Z f(x) g-1(Z) x f-1(g-1(Z)). Logo (gof)-1(Z) = f-1(g-1(Z)). 2) Qualquer que seja a função f: A B, as funções compostas foiA: A B e iBof: A B são iguais à função f, isto é, foiA = f e iBof = f . Demonstração: Temos: f: A B, iA: A A, iB: B B, foiA: A B, iBof: A B (foiA)(x) = f(iA(x)) = f(x), x A (iBof)(x) = iB(f(x)) = f(x), x A Logo, foiA = f e iBof = f. 3) Quaisquer que sejam as funções f: A B, g: B C e h: C D, as funções ho(gof): A D e (hog)of: A D são iguais. Demonstração: Seja x A. Temos: )()())()(())(())(()()( xofhogxfhogxfghxgofhxgofho . Logo, ho(gof) = (hog)of. 4) Se as funções f: A B e g: B C são sobrejetoras, então a função composta gof: A C também é sobrejetora. Demonstração: Seja z C. Como g: B C é sobrejetora então existe y B tal que g(y) = z. Como y B e f: A B é sobrejetora então existe x A tal que f(x) = y. Assim, z = g(y) = g(f(x)) = gof(x) e x A. Logo gof: A C é sobrejetora. 5) Se as funções f: A B e g: B C são injetoras, então a função composta gof: A C também é injetora. Demonstração: Sejam x, y A tais que gof(x) = gof(y). Então g(f(x)) = g(f(y)). Como g: B C é injetora obtemos f(x) = f(y). Sendo f é injetora segue que x = y. Logo gof: A C é injetora. 6) Se as funções f: A B e g: B C são bijetoras, então a função composta gof: A C também é bijetora. Demonstração: Segue de 4) e 5). 7) Sejam f: A B e g: B C duas funções e gof: A C a função composta de g e f. Então: a) Se gof é sobrejetora, g também é sobrejetora. b) Se gof é injetora, f também é injetora. Demonstração: a) Seja z C. Como gof: A C é sobrejetora então existe x A tal que gof(x) = z. Assim g(f(x)) = z e f(x) B. Logo g: B C é sobrejetora. b) Sejam x, y A tais que f(x) = f(y). Então g(f(x)) = g(f(y)), isto é, gof(x) = gof(y). Como gof é injetora temos x = y. Logo f: A B é injetora. 27 8) Se f: A B é bijetora então f-1of = iA e fof-1 = iB. Demonstração: Temos: f: A B, f-1: B A, f-1of: A A, fof-1: B B (x, y) f (y, x) f-1 , isto é, y = f(x) x = f-1(y) Logo, f-1of(x) = f-1(f(x)) = f-1(y) = x = iA(x), xA, e fof-1(y) = f(f-1(y)) = f(x) = y = iB(y), yB. Portanto, f-1of = iA e fof-1 = iB. 9) Se f: A B e g: B A são duas funções tais que gof = iA e fog = iB, então: a) f e g são bijetoras; b) f = g-1 e g = f-1. Demonstração: a) Temos: iA é bijetora gof é bijetora g é sobrejetora e f é injetora, por 7) iB é bijetora fog é bijetora f é sobrejetora e g é injetora, por 7) Logo, f e g são bijetoras. b) Temos: f = foiA = fo(gog-1) = (fog)og-1 = iBog-1 = g-1; g = goiB = go(fof-1) = (gof)of-1 = iAof-1 = f-1 . 10) Se as funções f: A B e g: B C são bijetoras, então a função inversa de gof: A C existe e (gof)-1 = f-1og-1. Demonstração: Se f: A B e g: B C são bijetoras então gof: A C é bijetora por 6); logo a função inversa de gof existe e temos: x = (gof)-1(z) (gof)(x) = z g(f(x)) = z f(x) = g-1(z) x = f-1(g-1(z)) x = f-1og-1(z) Portanto, (gof)-1 = f-1og-1. 7- Restrição e Prolongamento Sejam f: A B e X A, X . A aplicação fX: X B definida por fX(x) = f(x), xX, é chamada restrição de f ao subconjunto X.Considerando-se a inclusão i: X A temos que fX = foi: X B. Sejam f: A B, A’ A e B’ B. Toda aplicação g: A’ B’ tal que g(x) = f(x), xA, é chamada prolongamento de f ao conjunto A’. Exemplos: a) Seja f: * definida por f(x) = 1/x, x*. Se X = {2, 4, 6, 8, ... } então fX = {(2, 1/2), (4, 1/4), (6, 1/6), ...} é a restrição de f ao conjunto dos inteiros pares maiores que zero. A função g: dada por g(0) = 0 e g(x) = f(x), x*, é um prolongamento de f ao conjunto . b) Seja f: C + dada por f(x + yi) = 22 yx . Seja g: + dada por g(x) = x. Neste caso, g = f pois f(x) = f(x + 0i) = 22 0x = = 2x = x = g(x), x. 28 8- Famílias e Operações com Famílias Definições e Exemplos: Seja L um conjunto não vazio, cujos elementos chamaremos de índices e representaremos genericamente por . Dado um conjunto X não vazio, uma família de elementos de X com índices em L é uma função x: L X. O valor da função x no ponto L será indicado com o símbolo x, em vez da notação usual x(). A família x é representada pela notação (x)L. Exemplos: 1) Seja L = {1, 2}. Dado um conjunto X não vazio, uma família de elementos de X com índices em L é uma função x: {1, 2} X. Os valores desta função nos pontos 1 e 2 são representados por x1 e x2. Obtém-se, assim, um par ordenado (x1, x2) de elementos de X. Reciprocamente, todo par ordenado (x1, x2) de elementos de X é uma família (função) x: {1, 2} X. Resumindo, os pares ordenados de elementos de X são as famílias de elementos de X com índices no conjunto L = {1, 2}, ou seja, o produto cartesiano X2 = X x X é o conjunto das funções (famílias) x: {1, 2} X. Mais geralmente, dados os conjuntos X1 e X2, o produto cartesiano X1 x X2 é o conjunto das famílias x: {1, 2} X1 X2 tais que x1 X1 e x2 X2. 2) Seja L = {1, 2, ... , n}. Dado um conjunto X não vazio, uma família de elementos de X com índices em L é uma função x: L X. Os valores desta função nos pontos 1, 2, ... , n são representados por x1, x2, ... , xn. Obtém-se, assim, uma n-upla (x1, x2, ... , xn) de elementos de X e, simbolicamente, x = (xi)iL = (x1, x2, ... , xn). O elemento xi é chamado a i-ésima coordenada da n-upla x = (xi)iL == (x1, x2, ... , xn). O produto cartesiano Xn = X x X x ... x X é o conjunto das funções x: {1, 2, ... , n} X. 3) Uma família com índices no conjunto = {1, 2, 3, ... } chama-se uma seqüência. Assim, uma seqüência x = (xn)n = (x1, x2, ... , xn, ... ) de elementos de um conjunto X não vazio é uma função x: X, onde o valor x(n) é indicado pelo símbolo xn e chama-se o n-ésimo termo da seqüência. Seja (A)L uma família de conjuntos com índices em L; isto quer dizer que a cada L fazemos corresponder um conjunto A. A reunião dessa família é o conjunto dos elementos que pertencem a pelo menos um dos conjuntos A. Simbolicamente, AxLxA L : ; . A interseção dessa família é o conjunto dos elementos que pertencem simultaneamente a todos os A. Simbolicamente, LAxxA L , ; . Observações: 1) Se L = {1, 2, 3, ... , n} escreve-se n n i i Li i AAAAA ...21 1 e n n i i Li i AAAAA ...21 1 . 2) Se L = = {1, 2, 3, ... } escreve-se ......21 1 n n n Nn n AAAAA e ......21 1 n n n Nn n AAAAA . Exemplo: Para cada n= {1, 2, 3, ... }, consideremos o conjunto An = {-n, -n + 1, ... ,-1, 0, 1, ... , n – 1, n}. Então ZA n n 1 e 1,0,1 1 n nA . 29 Proposição 1 Dada uma família (A)L de subconjuntos de um conjunto universo U, tem-se: a) LL ACAC ; b) LL ACAC . Demonstração: (exercício) Proposição 2 Dada uma função f: A B, consideremos uma família (A)L de subconjuntos não vazios de A e uma família (B)M de subconjuntos não vazios de B. Então: a) LL AfAf )( ; c) MM BfBf )(11 ; b) LL AfAf )( ; d) MM BfBf )(11 . Demonstração: (exercício) A noção de família permite considerar produtos cartesianos de uma quantidade arbitrária de conjuntos. Dados os conjuntos A1, A2, ... , An, seu produto cartesiano A = A1 x A2 x ... x An = n i iA 1 é o conjunto formado por todas as n-uplas a = (a1, a2, ... , an) tais que a1 A1, a2 A2, ... , an An. Em outras palavras, A1 x A2 x ... x An é o conjunto de todas as funções a: {1, 2, ... , n} A1 A2 ... An tais que a(i) = ai Ai para i = 1, 2, ... , n. Quando A1 = A2 = ... = An = A, o produto cartesiano A x A x ... x A de n cópias de A é indicado por An. Ele consiste em todas as funções a: {1, 2, ... , n} A, ou seja, de todas as n-uplas de elementos de A. Dada uma família de conjuntos (A)L, seu produto cartesiano A = L A é o conjunto das famílias (a)L tais que, para cada L tem-se a A. Em outras palavras, A é o conjunto de todas as funções a: L L A tais que a() = a A para cada L. No caso particular em que todos os conjuntos A são iguais ao mesmo conjunto A, escreve-se AL em vez de L A . Temos que AL é o conjunto de todas as funções de L em A. Destaca-se, em especial, o produto cartesiano de uma seqüência de conjuntos A1, A2, ... , An, ... , o qual é representado pelas notações 1n n Nn n AA A1 x A2 x ... x An x ... . Os elementos deste conjunto são as seqüências a = (a1, a2, ... , an, ... ) sujeitas à condição de ser an An, para todo n N. 30 Exercícios 1- Sendo A = {a, b, c, d} e B = {1, 2, 3}, decida quais das relações abaixo são funções de A em B. a) R1 = {(a, 1), (b, 2), (c, 3)} b) R2 = {(a, 1), (b, 1), (c, 2), (d, 3)} c) R3 = {(a, 1), (a, 2), (b, 1), (c, 2), (d, 3)} d) R4 = {(a, 2), (b, 2), (c, 2), (d, 2)} 2- Se A e B são conjuntos finitos com m e n elementos, respectivamente, quantas são as funções de A em B? 3- Ao lado está o diagrama representativo de uma função f: A B. Determinar: a) f({0, 1}) b) f({3, 4}) A 0 6 B c) f({1, 2, 5}) 1 7 d) f(A) 2 8 e) f-1({7, 8}) 3 f) f-1({9, 10}) 4 10 5 9 4- Seja f: dada por f(x) = x. Determinar: f(1), f(-3), f(1 - 2 ), f([-1, 1]), f((-1, 2]), f(), f-1([-1, 3]) e f-1(* - ). 5- Seja f: dada por f(x) = cosx. Determinar: f([0, /2]), f([0, ]), f(), f-1({1/2}), f-1([1/2, 1]) e f-1( - ). 6- Quais das seguintes funções de A = {a, b, c, d} em B = {0, 1, 2, 3, 4} são injetoras? a) f1 = {(a, 0), (b, 1), (c, 2), (d, 4)} b) f2 = {(a, 1), (b, 2), (c, 3), (d, 1)} c) f3 = {(a, 2), (b, 4), (c, 3), (d, 0)} d) f4 = {(a, 3), (b, 0), (c, 0), (d, 4)} 7- Quais das seguintes funções de A = {a, b, c} em B = {0, 1} são sobrejetoras? a) f1 = {(a, 0), (b, 0), (c, 0)} b) f2 = {(a, 0), (b, 0), (c, 1)} c) f3 = {(a, 1), (b, 0), (c, 1)} d) f4 = {(a, 1), (b, 1), (c, 1)} 8- Mostrar que f: definida por f(x) = ax + b, com a e b constantes reais, a 0, é uma bijeção. Obter f-1. 9- Provar que a função f: (-1, 1) definida pela lei x x xf 1 )( é bijetora. Definir sua inversa. 10- Considere a aplicação f: ZxZ ZxZ tal que f(x, y) = (2x + 3, 4y + 5). Prove que f é injetora. Verifique se f é bijetora. 11- Sejam A = {1, 2, 3}, B = {4, 5, 6, 7} e C = {8, 9, 0}. Seja f: A B dada por f(1) = 4, f(2) = 5 e f(3) = 6. Seja g: B C dada por g(4) = 8, g(5) = 8, g(6) = 9 e g(7) = 0. Quais são os pares ordenados de gof? A função gof é injetora ou sobrejetora? 12- Sejam f, g, h funções reais dadas por f(x) = x – 1, g(x) = x2 + 2 e h(x) = x + 1. Determinar fog, foh, goh, gof, hof, hog. Verificar que (fog)oh = fo(goh). 31 13- Dê exemplos de funções f: e g: tais que fog gof. 14- Seja Xi = [i, i + 1], onde i Z. Determinar: a) X1 X2 b) X3 X4 c) 18 7i iX d) i iX 15- Considere a seguinte família de subconjuntos de : (Ai)iN, onde i Ai 11 ,0 e = {1, 2, 3, ... }. Determine: Ni iA e Ni iA . 16- Considere a família de retas (Ak)k, onde kxyyxAk ;, 2 . Determine: k kA e k kA . 17- A aplicação f: é tal que 1 ,5 11 ,1 1 ,52 )( 2 xsex xsex xsex xf . Determinar f(0), f(5/3), f(-7/2), f( 2 ) e f(-2/5). 18- Seja a função f: dada pela seguinte lei: 0 , 0 ,)( 3 2 xsex xsex xf . Determinar f([-1, 8]), f( - ), f(+), f-1({1, 16}), f-1([-1, 16]) e f-1(*-). 19- Sejam f: e g: as aplicações assim definidas: 0 ,1 0 ,1)( xsex xsex xf eg(x) = 3x – 2. Determinar as compostas fog e gof. 20- Sejam as funções reais f(x) = 2x + 7 e (fog)(x) = 4x2 –2x + 3. Determinar a lei da função g. 21- Determinar fog e gof quando f: * - {1} é tal que x x xf 2)( e g: - {1} * é tal que 1 2)( x xg . Que se conclui daí? 22- Sejam f: E F, g: E F, h: F G. Supondo h injetora e hog = hof, provar que g = f. 23- Mostrar que a função f: + definida por f(x) = x + x é sobrejetora. 24- Dadas as funções bijetoras f e g de em definidas por f(x) = 3x – 2 e g(x) = 2x + 5, determine a função inversa de gof. 25- Seja f: 2 dada por f(x, y) = xy. a) f é injetora? Justifique. b) f é sobrejetora? Justifique. c) Obter f-1({0}). d) Obter f([0, 1] x [0, 1]). e) Obter f(A), onde A = {(x, y) 2; x = y} 32 26- Considere a família de conjuntos (Ak)k, onde Ak = {(x, y) 2; x2 + y2 = k2}. Descrever os conjuntos k kA e k kA . 27- Seja f: A B é uma função injetiva. Mostre que f(X Y) = f(X) f(Y), para quaisquer conjuntos X e Y contidos em A. 28- Seja f: A B é uma função injetiva. Mostre que f(X – Y) = f(X) – f(Y), para quaisquer conjuntos X e Y contidos em A. 29- Mostre que a função f: A B é injetiva se, e somente se, f(A – X) = f(A) – f(X) para todo X A. 30- Dada uma família de conjuntos (A)L, seja X um conjunto com as seguintes propriedades: a) Para todo L, tem-se X A; b) Se Y A, para todo L, então Y X. Prove que, nestas condições, tem-se X = L A . 33 ____________________________________________________ Instituto de Ciências Exatas - Departamento de Matemática Fundamentos de Matemática Elementar - Profª. Maria Julieta V. C. de Araujo Capítulo 4: Números Racionais 1- Definição Um número racional (ou fração ordinária) é um número que pode ser colocado na forma b a , onde a e b são inteiros e b é diferente de zero. Denotamos o conjunto dos números racionais por Q. Assim, simbolicamente: 0 e , ; bZba b aQ . Observações: 1. Exigimos que b seja diferente de zero. Esta exigência é necessária, pois b é um divisor no sentido do algoritmo da divisão euclidiana para dois inteiros. 2. Enquanto os termos número racional e fração ordinária são usados como sinônimos, a palavra fração é usada para designar qualquer expressão algébrica com um numerador e um denominador, como por exemplo: 22 22 , 17 , 2 3 yx yx x . 3. A definição de número racional contém as palavras “um número que pode ser colocado na forma b a , onde a e b são inteiros e b é diferente de zero”. Por que não dizemos simplesmente “um número da forma b a , onde a e b são inteiros e b é diferente de zero”? O motivo é o seguinte: existem infinitos modos de descrever um dado número racional (por exemplo, 2/3 pode ser escrito como 4/6, 6/9, 2/3 ou 3332 , etc.) e a definição de número racional não pode depender da maneira particular escolhida para representá-lo. Assim, por exemplo: 1 2 3 32 3 3.4 3 12 é um número racional. Ele não teria se qualificado como número racional, se a definição exigisse estar o número na forma certa desde o início. 4. Todo número inteiro z é racional, pois poderá ser escrito na forma 1 z . 2- Representações decimais finitas e infinitas Definição: Uma representação decimal (ou expressão decimal) é um símbolo da forma ...,..., 3210 naaaaa onde a0 Z e a1, a2, a3, ..., an, são dígitos, isto é, números inteiros tais que 0 ai 9, i {1, 2, 3, ..., n, ...}. Para cada n N, tem-se um dígito an, chamado o n-ésimo dígito da representação decimal . As representações decimais dos números racionais podem ser finitas, isto é, terminam, ou infinitas, ou seja, não terminam. Por exemplo: 34 infinitas) decimais ações(represent ...454545,0 11 5 ...;16666,0 6 1 ...;33333,0 3 1 finitas) decimais ações(represent 0125,0 8 1 ;4,0 5 2 ;5,0 2 1 Observações: 1. As representações decimais finitas ou infinitas de números racionais podem ser obtidas a partir das frações, dividindo-se o numerador pelo denominador. Assim, todo número racional admite uma representação decimal. 2. A representação decimal finita (ou infinita) de um número racional é chamada fração decimal finita (ou infinita). Teorema 1 Um número racional, na forma irredutível b a , isto é, mdc(a, b) = 1, tem uma representação decimal finita se, e somente se, b não tiver outros fatores primos diferentes de 2 e de 5. Demonstração: () Se o número racional b a tem uma representação decimal finita naaaaa ..., 3210 , onde ai Z, 0 ai 9 para i {1, 2, 3, ..., n}, então obtemos: 1 ),mdc( pois ,10| 10| )....(.10 10 ... ..., 210 3210 3210 bababaaaaba aaaaa aaaaa b a nn n n n n n . Logo, os fatores primos de b só podem ser 2 ou 5, se existirem, pois os fatores primos de 10n são 2 e 5. () Agora, vamos supor que b tenha, no máximo, os fatores primos 2 e 5, ou seja, b é da forma 2m.5n, onde m e n são inteiros positivos ou nulos. Então, n m ou n > m. Se n m, multiplicamos o numerador e o denominador da fração b a por 5m-n: .0 pois Z,5. onde , 1010 5. 5.2 5. 5.5.2 5. 5.2 nmac caaaa b a nm mm nm mm nm nmnm nm nm Como a divisão do inteiro c por 10m requer apenas que coloquemos a vírgula no lugar correto, obteremos para b a uma representação decimal finita. Se n > m, multiplicamos o numerador e o denominador da fração b a por 2n-m: . pois Z,2. onde , 1010 2. 5.2 2. 2.5.2 2. 5.2 mnaddaaaa b a mn nn mn nn mn mnnm mn nm Assim, novamente teremos, para b a , uma representação decimal finita. Exemplos: Os números racionais 2500 3149 , 200 3 , 4 1 apresentam representações decimais finitas e os números racionais 35 143 195 , 44 226 , 35 4 apresentam representações decimais infinitas. 3- Dízimas Periódicas 3.1. Definição Uma representação decimal ...,..., 3210 naaaaa chama-se uma dízima periódica simples, de período paaaa ...321 , quando os primeiros p dígitos após a vírgula se repetem indefinidamente na mesma ordem. Por exemplo: 0,777... ; 1,353535... . As dízimas periódicas compostas são aquelas que depois da vírgula têm uma parte que não se repete, seguida por uma parte periódica. Por exemplo: 0,35172172... ; 11,4323232... . Para indicar uma dízima periódica usaremos uma barra sobre a parte que se repete. Por exemplo: 324,11 ;17235,0 ;35,1 ;7,0 . Teorema 2 Todo número racional b a possui uma representação decimal finita ou uma representação decimal infinita periódica; reciprocamente, toda representação decimal, finita ou infinita periódica, representa um número racional. Demonstração: Dado o número racional b a , dividindo-se o numerador a pelo denominador b obtemos sua representação decimal, que pode ser finita ou infinita. Caso a representação decimal obtida seja infinita, é claro que ela possui um grupo de algarismos que se repetem indefinidamente, ou seja, é uma dízima periódica, tendo em vista que na divisão de a por b, os únicos restos possíveis serão: 1, 2, 3, ..., b-2, b-1 (o resto zero está fora de
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