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História e política do Ensino Superior Todas as 8 aulas

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1 
2 
AULA 1: DISCUSSÕES SOBRE POLÍTICA 3 
INTRODUÇÃO 3 
CONTEÚDO 4 
USOS DO TERMO POLÍTICA 4 
CONTEXTO HISTÓRICO: NOÇÃO DIFUNDIDA NA GRÉCIA ANTIGA 5 
CONTEXTO HISTÓRICO: NOÇÃO DIFUNDIDA NA ROMA ANTIGA 6 
CONTEXTO HISTÓRICO: NOÇÃO DIFUNDIDA NA IDADE MÉDIA 7 
CONTEXTO HISTÓRICO: NOÇÃO DIFUNDIDA NA MODERNIDADE 7 
PODER DO ESTADO 8 
ESTADO X SOCIEDADE CIVIL 9 
ATIVIDADE PROPOSTA 1 9 
POLÍTICA = CONSENSO OU OPOSIÇÃO DE IDEIAS? 9 
POLÍTICA X POLÍTICO 11 
MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS 13 
ATIVIDADE PROPOSTA 2 14 
REFERÊNCIAS 15 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 16 
CHAVES DE RESPOSTA 23 
AULA 1 23 
ATIVIDADE PROPOSTA 1 23 
ATIVIDADE PROPOSTA 2 23 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 24 
3 
Introdução 
Nesta aula, entenderemos os vários sentidos do termo política. Construído ao 
longo da história, esse conceito assumiu diversos significados, cujas bases 
teóricas mantêm relação com a dimensão da vida em sociedade. Trata-se de 
uma palavra que muito se usa atualmente, talvez até de forma evasiva, 
enfraquecendo, por vezes, os valores da tão sonhada sociedade democrática. 
Antes de discutirmos o projeto das políticas voltadas para o Ensino Superior 
brasileiro, é importante especificarmos, primeiro, de que forma essa 
concepção vem sendo definida. 
Objetivos: 
1. Analisar, historicamente, o conceito de política à luz da complexidade
das relações de poder entre o Estado e a sociedade;
2. Compreender a diferença entre a política e o político na correlação de
forças que configura uma hegemonia.
 
 4 
Conteúdo 
Usos do termo política 
 
Você já percebeu como se fala em política atualmente? 
 
Utilizamos essa palavra para nos referirmos a inúmeras ações, tais como as: 
 
 Estatais – aquelas direcionadas à coisa pública (política PARA o 
Estado) ou originadas desta (política DO Estado), através da 
concretização de atos políticos; 
 
 Coletivas – aquelas realizadas por um grupo de indivíduos que se 
mobilizam para reivindicar algo do governo. 
 
Nesse sentido, entendemos que a ideia de política se articula em torno dos 
papéis do Estado. 
 
Muito ouvimos, também, sobre as várias formas de política, como, por 
exemplo, aquela referente: 
 
 À igreja; 
 À escola; 
 À universidade; 
 Ao hospital; 
 Ao sindicato etc. 
 
Nesse caso, trata-se da maneira pela qual tais instâncias consideram a 
participação dos indivíduos em sua organização. 
 
Como você pode perceber, de um modo ou de outro, nós nos relacionamos 
com essa noção – seja para afirmar nosso interesse em movimentos políticos, 
seja para caracterizar diversas posturas que assumimos no cotidiano. 
 
 
 5 
É possível afirmar que esses diversos significados associados ao termo política 
vêm de um longo processo histórico. Vejamos, a seguir, como ocorreu a 
transformação desse conceito. 
 
Contexto histórico: noção difundida na Grécia antiga 
De acordo com Shiroma, Moraes e Evangelista (2007, p. 7), no período 
conhecido como História Clássica 1 , o significado de política estava 
vinculado à noção de cidade, ou seja, tratava-se de algo “urbano, civil, 
público e social”. 
 
Por exemplo, a atividade desenvolvida pelos homens na polis2 ou cidade-
estado grega era considerada como tal. Em outras palavras, a política 
correspondia àquilo que era de interesse do indivíduo enquanto cidadão. 
 
Logo, na Grécia antiga, essa ideia estava muito mais articulada às práticas 
desenvolvidas pelo social do que a uma forma de governo. Essa concepção 
assumia como referência a noção de coletividade, estabelecendo um sentido 
que diferia daquele apresentado pelas demais civilizações deste tempo. 
 
Desviemos, então, o nosso olhar para analisarmos Roma. Uma outra 
civilização, com uma outra concepção de política no mesmo período histórico. 
 
 
 
1 História Clássica 
Tempo compreendido entre os séculos V e IV a.C. e marcado pelo surgimento da poesia 
grega que assume como eixo condutor da época a cultura das civilizações da Grécia e 
Roma antigas. 
 
Adaptado de: http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-4596-
37067-,00.html. Acesso em: 21 jan. 2014. 
 
2 Polis 
Pequeno território geograficamente situado na parte mais alta de determinada região. 
Suas características equivaliam às de uma cidade. 
 
 
 6 
Contexto histórico: noção difundida na Roma antiga 
A cidade de Roma assumia uma característica imperial. Portanto, seu modelo 
de atividade política era exercido a partir de um Estado forte e centralizador, 
e a disputa pelo poder, pela tutela estatal – a título de interesses privados – 
ganhava relevância. 
 
De acordo com esse posicionamento, a ideia de política estava associada à 
preocupação com a instituição que se ocupava de gerir a coisa pública – 
diferente da noção empregada na Grécia, que tinha como base a atividade 
social humana. 
 
Essas concepções se distanciam no sentido de apontar para o papel 
exercido pelo Estado nas relações de poder que pode concentrar. 
 
Para Maar (1983), foi justamente em função da ênfase ao poder estatal que o 
Império Romano começou a entrar em decadência. 
 
O autor afirma que as causas dessa queda vieram de um simples erro: basear 
a visão de atividade política exclusivamente em uma concepção institucional, 
voltada para a prática do Estado. 
 
O Império deixou de considerar que, fora de seu alcance, as forças de 
oposição podiam adquirir sentido político capaz de destruí-lo. No caso de 
Roma, tais forças vinham dos bárbaros e da atividade religiosa cristã, que 
acabou assumindo esse teor. 
 
 7 
Contexto histórico: noção difundida na Idade Média 
A partir da Idade Média3, as relações de poder foram se evidenciando na 
atividade política. Nesse período, o referido poder político consistia em 
dominar pela força e orientar pela persuasão. 
 
Essa forma de domínio exigia, também, outra concepção de ESTADO: aquela 
cujas bases o caracterizariam como OPRESSOR, DIRIGENTE e ORIENTADOR. 
Em virtude dessa concepção, Estado e governo se separaram. 
 
Desse momento em diante, o governo passou a ser agente da atividade 
política estatal, gerenciando os interesses do Estado. 
 
Quais seriam, então, os sentidos atribuídos ao conceito de política 
hoje em dia? 
 
Já mencionamos alguns deles no início desta aula, mas, agora, vamos definir 
essa noção de forma mais específica! 
 
Contexto histórico: noção difundida na Modernidade 
A ação de sujeitos na história produz rearranjos, dando novos significados aos 
conceitos. Justamente em função disso, a noção de política assumiu outros 
sentidos na Modernidade. 
 
De acordo com Shiroma, Moraes e Evangelista (2007, p. 7), atualmente, esse 
termo reporta-se: 
 
“[...] à atividade ou ao conjunto de atividades que, de alguma 
forma ou de outra, são imputadas ao Estado moderno capitalista 
ou que dele emanam. O conceito de política encadeia-se, assim, ao 
 
3 Idade Média 
Período compreendido entre os séculos V e XV. 
 
 
 8 
poder do Estado – ou sociedade política – em atuar, proibir, 
ordenar, planejar, legislar, intervir, com efeitos vinculadores a um 
grupo social definido bem como ao exercício exclusivo sobre um 
território e a defesa de suas fronteiras”. 
 
Isso significa que, hoje em dia, a política está relacionada às ações de 
determinado tipo de governo e de administração estatal. 
 
Vejamos, a seguir, a que Estado estamos nos referindo... 
 
Poder do Estado 
Para alguns, o Estado possui significados diversos. Vamos conhecer dois deles 
atribuídos pelosseguintes filósofos: 
 
 
Hegel 
Estado = Produto da razão, fundamento da sociedade 
civil e da família. 
 
Marx 
Estado = Expressão de relações contraditórias da 
sociedade civil como resultado dos regimes capitalistas 
de produção 
 
 
Nossa condição de governo está mais próxima da definição de Marx, afinal, 
vivemos sob esse capitalismo, que reforça o abismo entre aqueles que têm 
acesso a bens culturais e usufruem deles e aqueles que não os possuem. 
 
Nessa proposta de governo, os papéis assumidos pelos representantes do 
Estado nem sempre correspondem ao interesse da maioria, ou seja, das 
necessidades sociais. 
 
 9 
Estado X sociedade civil 
Em função da visão apresentada anteriormente, chegamos à conclusão de 
que, nos dias de hoje, o termo política consiste em pensar como se 
estabelecem as relações de poder – entre governo e sociedade – que 
legitimam determinadas ações em detrimento de outras. 
 
Por exemplo, no Brasil – um país que assume caráter democrático 
estruturado pelo consenso do povo –, a sociedade autoriza o presidente a 
exercer seu poder por meio de um documento legal: a Constituição 
Federal, que formaliza esse consenso e dá garantias a ele sob o regime 
capitalista de produção. 
 
E nessa situação descrita, as análises sobre as relações de poder que 
legitimam as ações entre Estado e sociedade, comumente, aparecem de 
forma polarizada: de um lado a figura do Estado e do outro lado a sociedade, 
como se as demandas vindas da sociedade não pudessem articular com 
aquelas do governo. 
 
Atividade proposta 1 
Vamos fazer uma atividade para que você possa exercitar o que aprendeu até 
aqui sobre as relações de poder entre Estado e sociedade. 
 
Como essas relações são apresentadas ao longo da aula? O poder se 
configura de maneira fluida ou aparece de forma polarizada, caracterizando o 
poder único e exclusivo do Estado? 
 
Política = consenso ou oposição de ideias? 
Você percebeu, pela realização do exercício de fixação, como a definição de 
política também nos remete à ideia de oposição? 
 
 
 10 
Esta é a visão defendida por Mouffe (1993 apud MENDONÇA, 2010) sobre a 
noção de democracia atribuída à política: pensá-la sob a forma de um modelo 
agonístico, ou seja, radical. 
 
Esse conceito surge para contrariar a democracia contemporânea, baseada no 
consenso. De acordo com a autora, a tentativa de apagar da dimensão 
política as relações antagônicas – que se opõem – é impossível, até porque 
essa é a lógica de constituição de qualquer política social. Em outras palavras: 
 
A oposição é condição para se fazer política! 
 
Os interesses contraditórios assumidos pelos indivíduos animam as disputas 
pelo poder e não precisam ser eliminados. 
 
 
Atenção 
 A proposta de Mouffe (1993 apud MENDONÇA, 2010) é 
justamente transformar o objetivo da política democrática da 
seguinte forma: 
 
ANTAGONISMO > AGONISMO 
 
 = = 
 
 INIMIGO ADVERSÁRIO NECESSÁRIO 
 
Sendo assim, as lutas travadas nos espaços da política teriam 
o propósito de construir mecanismos capazes de fixar, 
provisoriamente, um projeto hegemônico, a partir da relação 
positiva entre adversários e de formas coletivas de 
identificação, que mobilizam demandas sociais. 
 
 
 
 11 
Política X político 
Como vimos anteriormente, Mouffe (2005) defende a ideia de que as relações 
de oposição e de poder permeiam os espaços da política na articulação com o 
político. 
 
A autora diferencia ambos os conceitos por considerá-los a base para analisar 
o processo hegemônico. 
 
É através dessa distinção que podemos entender as inter-relações entre os 
contextos políticos que atribuem significados a qualquer termo 4 
indiscriminadamente – como é o caso da palavra política, por exemplo 
(LACLAU; MOUFFE, 2004). 
 
Além disso, essa é uma maneira de pensarmos de que forma ocorrem as 
disputas para que algo seja assumido como consenso na sociedade. 
 
Podemos afirmar que a transição do adjetivo político para o substantivo 
política assumiu estes significados: 
 
POLÍTICO > POLÍTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 Termo 
Dentre os termos que recebem significados, podemos citar: 
 Cidadania; 
 Democracia; 
 Qualidade; 
 Educação; 
 Política; 
 Sociedade. 
Qualidade do conjunto de 
relações de ação política – 
aquilo que pertence à 
cidade, à sociedade. 
Nome que designa um 
saber mais ou menos 
organizado sobre tal 
conjunto de relações. 
 
 12 
Não podemos deixar, contudo, de especificar essa íntima ligação e o motivo 
de sua distinção. 
 
Veja, agora, como Mouffe (2005) explica a relação entre as noções de político 
e política: 
 
Político 
Falar sobre o político nos remete à ideia de algo específico, conflituoso. 
 
Nesse contexto, situam-se as disputas sociais, os antagonismos, as diferentes 
posições inerentes às relações humanas, que fazem com que os indivíduos se 
reconheçam como tais em função da produção do outro. 
 
Dessa forma, o político se define pela coexistência dessas distinções, 
construindo um espaço em que se definem as demandas da sociedade – 
aquelas que se pretendem universais na tentativa de uma estruturação 
hegemônica. 
 
Em outras palavras, trata-se de articular aquilo que determinado grupo 
acredita com o que é do senso comum, a fim de firmar seu valor de verdade. 
 
Política 
Para se pensar o político – a escola, a igreja, os partidos, o governo etc. –, a 
política volta-se mais para o campo empírico ou da experiência. 
 
Essa dimensão mantém relação com as muitas práticas da política 
convencional que, de acordo com Mouffe (2005, p. 20), estão inscritas nos: 
 
“[...] discursos e [nas] instituições que procuram estabelecer certa 
ordem e organizar a coexistência humana em condições que são 
sempre conflituais, porque são sempre afetadas pela dimensão do 
político”. 
 
 
 13 
A partir da tensão própria do nível do político, a sociedade se reúne na arena 
política para externar o desejo de tornar suas demandas universais. 
 
Essas disputas ou negociações baseiam-se no que se considera válido 
enquanto valor de verdade, nos sentidos que se fixam em prol de uma 
hegemonia. Veremos um exemplo dessas lutas adiante. 
 
Manifestações políticas 
Como exemplo claro da relação entre o político – o Estado – e a política – as 
ações do povo –, podemos citar as manifestações populares iniciadas no 
Brasil, no mês de junho de 2013. 
 
A sociedade brasileira se organizou em prol de uma demanda comum: a 
revogação do aumento das passagens de ônibus em oposição a uma ação do 
governo, e o resultado foi satisfatório. 
 
Essa mobilização – que assumiu valor de verdade – promoveu rearranjos na 
estrutura política do país. Afinal, para solucionar a disputa pelo poder, houve 
uma mediação entre as intervenções do governo e as posições dos brasileiros 
nesse processo. 
 
 
Atenção 
 Essa análise sobre a relação entre Estado e sociedade não 
pretende desconsiderar o papel privilegiado do Estado na 
produção, fixação e distribuição de sentidos de qualquer 
política, mas indicar que há outras brechas que permitem 
abalar o imposto como hegemônico – conceito que se 
configura na história como resultado de lutas. 
 
 
 
 14 
Atividade proposta 2 
Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade com base no caso 
apresentado para este estudo: Sindicato dos professores defende black 
blocs e avisa que vai criar sua “autodefesa”.No decorrer do conteúdo, discutimos bastante a respeito de política – 
conceito que está presente em nosso cotidiano. Mas será que todos nós 
fazemos política ou conseguimos nos isentar desse tipo de ação? 
 
De acordo com Chauí (1995, p. 371): 
“As pessoas que, desgostosas e decepcionadas, não querem ouvir 
falar em política recusam-se a participar de atividades sociais que 
possam ter finalidade ou cunhos políticos e afastam-se de tudo o 
que as lembre de atividades políticas. Mesmo tais pessoas, com 
seu isolamento e sua recusa, estão fazendo política, pois deixam 
que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política 
continue a ser o que é. A apatia social é, pois, uma forma passiva 
de fazer política”. 
 
Faça um contraponto entre esse trecho e o caso em questão, refletindo sobre 
a importância dos cidadãos na luta política – reafirmada pelo uso recorrente 
da frase “O gigante acordou”. Não se esqueça de considerar a definição de 
política aqui discutida. 
 
Para auxiliá-lo em sua resposta, propomos algumas questões: 
 O fragmento de texto apresentado retrata a atualidade? Por quê? 
 Em termos de articulação política, o que significa dizer “O gigante 
acordou”? 
 Que relações se estabelecem nesse contexto entre os grupos da 
sociedade civil em oposição ao Estado? 
 Que demanda(s) comum(ns) podemos identificar nesses grupos 
sociais? 
 
 15 
 Que papel assume o Estado nessa correlação de forças? 
 
Referências 
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 6. ed. São Paul: Ática, 1995. 
 
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. 3. ed. rev. 
e ampl. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. Não paginado. 
 
LACLAU, E.; MOUFFE, C. Hegemonía y estrategia socialista: hacia una 
radicalización de la democracia. Buenos Aires: Fondo de Cultura 
Económica, 2004. 
 
MAAR, W. L. O que é política. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. 
 
MACEDO, E. Currículo: política cultura e poder. Revista Currículo sem 
fronteiras, v. 6, n. 2, p. 98-113, 2006. 
 
MENDONÇA, D. Teorizando o agonismo: crítica a um modelo incompleto. 
Revista Sociedade e Estado, v. 25, n. 3, set./dez. 2010. 
 
MOUFFE, C. Por um modelo agonístico de democracia. Revista Sociologia 
política, Curitiba, v. 25, p. 11-23, nov. 2005. 
 
SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M. de; EVANGELISTA, O. Política 
educacional. 4. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. 
 
 
 
 16 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
De acordo com o que estudamos ao longo desta aula, do período da 
Antiguidade Clássica até a contemporaneidade, o conceito de política assumiu 
outros contornos. Isso ocorreu devido: 
 
a) A uma determinação própria dessa noção. 
b) A um posicionamento exclusivo do Estado. 
c) A um posicionamento exclusivo da sociedade civil. 
d) À ação dos sujeitos na história, que produzem rearranjos a partir das 
articulações com o social, nas figuras do Estado e da sociedade civil. 
e) N.R.A. 
 
 
Questão 2 
Em sua definição de política, o Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSÚ; 
MARCONDES, 2001, não paginado) pontua que a filosofia política se preocupa 
com: 
 
“[...] a análise filosófica da relação entre os cidadãos e a sociedade, as 
formas de poder e as condições em que estas se exercem [...]”. 
 
A partir dessa conceituação, da leitura do artigo destinado a esta aula, bem 
como deste estudo, é possível afirmar que, na atualidade, o sentido de 
política: 
 
I. Refere-se ao urbano, ao civil, ao público e ao social. 
II. Aproxima-se daquele difundido na Grécia, cujas bases estão 
direcionadas às práticas articuladas pelo social. 
III. Mantém íntima relação com o papel exercido, exclusivamente, pelo 
Estado. 
 
 17 
IV. Articula-se às práticas desenvolvidas pelo social e pelo Estado, bem 
como envolvem complexas relações de poder na disputa por uma 
hegemonia. 
 
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): 
 
a) I e II 
b) Somente II 
c) I, II e III 
d) I, II, III e IV 
e) I, II e IV 
 
 
Questão 3 
A presença de um Estado forte e interventor caracterizou, no Brasil, o período 
da ditadura militar. O mesmo modelo de governo atuou em Roma, 
representando modos de atividade política: 
 
I. Preocupados com a coisa pública. 
II. Centralizadores, que consideravam positivas as ações de controle do 
Estado. 
III. Distantes da ideia de pensar a coisa pública e próximos da valorização 
da instituição que se ocupa de geri-la. 
 
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): 
 
a) I e II 
b) I, II e III 
c) II, III 
d) I e III 
e) Somente II 
 
 
 18 
Questão 4 
A teoria marxista corresponde a uma crítica radical às sociedades capitalistas 
e explicita as condições de exploração das relações de produção. Nesta aula, 
afirmamos que o regime capitalista reforça a distância entre aqueles que têm 
acesso a bens culturais e aqueles que não dispõem deles. Na sociedade 
brasileira, isso significa que: 
 
a) Uma parcela mínima da população não tem acesso à educação, à 
saúde e ao lazer e, por isso, não usufrui desses bens. 
b) Os salários recebidos pela população são justos, o que permite que 
todos usufruam dos bens culturais disponíveis atualmente. 
c) A maioria da população não tem acesso à educação, à saúde e ao lazer 
em oposição a um grupo minoritário que usufrui desses bens. 
d) O analfabetismo foi erradicado no país e os sistemas de saúde pública 
atendem, a contento, os indivíduos que dele precisam – em função 
disso, é comum encontrar pessoas que usufruem dos bens artísticos. 
e) N.R.A. 
 
 
Questão 5 
De acordo com o Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSÚ; MARCONDES, 
2001, não paginado), o termo política corresponde a: 
 
“Tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da cidade, aos 
negócios públicos. A filosofia política é, assim, a análise filosófica da relação 
entre os cidadãos e a sociedade, as formas de poder e as condições em que 
estas se exercem, os sistemas de governo e a natureza, a validade e a 
justificação das decisões políticas. 
 
Segundo Aristóteles, o homem é um animal político que se define por sua 
vida na sociedade organizada politicamente. Em sua concepção e na tradição 
clássica em geral, a política enquanto ciência pertence ao domínio prático e é 
 
 19 
de natureza normativa, estabelecendo os critérios da justiça e do bom 
governo, e examinando as condições sob as quais o homem pode atingir a 
felicidade (o bem-estar) na sociedade, em sua existência coletiva [...]”. 
 
Nesse caso, a categoria de poder que permeia, na atualidade, o Estado e a 
sociedade quanto à luta política é trabalhada da seguinte forma: 
 
I. Polarizada, centrada sempre no Estado. 
II. Polarizada, sempre determinada pelo social. 
III. Fluida, a partir das articulações do social – entre Estado e sociedade 
civil –, buscando produzir uma hegemonia. 
 
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): 
 
a) Somente I 
b) Somente II 
c) Somente III 
d) I e II 
e) I, II e III 
 
 
Questão 6 
Em tempos de eleição, é comum observarmos alianças partidárias que não 
poderiam ser previstas. Para além de um julgamento moral – que auxilia os 
eleitores a compartilharem ou não dessa nova articulação política –, essa 
situação se torna possível quando: 
 
I. Os indivíduos disputam pelo poder político na política. 
II. No terreno da política, demandas comuns são evidenciadas. 
III. As pessoas se unem em torno de um interesse comum, mesmo com 
posições contraditórias, configurando-o como uma demanda da 
sociedade. 
 
 20 
IV. O sujeito – representante da política –se nega a ficar só. 
 
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): 
 
a) Somente I 
b) Somente II 
c) Somente III 
d) I, II e III 
e) I, II, III e IV 
 
 
Questão 7 
Nesta aula, diferenciamos os termos político e política. Para refletirmos sobre 
essa distinção, apresentamos a música de Thiago Corrêa, Brasil em cartaz, 
que aponta o Facebook como um espaço de articulação das manifestações 
populares ocorridas, recentemente, no Brasil. De acordo com este estudo, é 
possível afirmar que esse novo ambiente: 
 
a) Não pode ser definido de forma precisa. 
b) É um espaço virtual que mobilizou, por acaso, um grande número de 
pessoas. 
c) Possibilita a articulação do político, configurando-se como mais uma 
dimensão da política. 
d) Representa apenas um espaço que fomenta boatos e, por isso, não 
colabora para a articulação do político. 
e) Todas as opções estão corretas. 
 
 
 
 
 21 
Questão 8 
As manifestações populares que vêm ocorrendo, no Brasil, desde junho de 
2013 mostram como opera o jogo político. É possível justificar a união entre 
partidos, grupos ou indivíduos divergentes na luta por um mesmo ideal por 
meio das: 
 
a) Relações de poder oriundas do social. 
b) Articulações das demandas do governo. 
c) Relações de poder oriundas do governo. 
d) Articulações de uma demanda comum da sociedade. 
e) N.R.A. 
 
 
Questão 9 
A concepção de política agonística não pretende eliminar a diferença por 
entender que sempre haverá uma oposição ao hegemônico. Pelo contrário: 
essa noção afirma que o outro anima o jogo político. Isso não significa que há 
tolerância quanto às desigualdades sociais. 
 
Sendo assim, atrelado à correlação de forças entre as figuras do Estado e da 
sociedade, o conceito de política permite operar em um mundo desigual e de 
incertezas em termos de distribuição dos bens materiais e simbólicos, porque: 
 
a) Atribui à sociedade a missão redentora de mudança. 
b) A única esperança é encontrar formas de pensar como essa. 
c) Trabalha a realidade, na qual o Estado é detentor único do poder. 
d) A disputa se dá na tensão entre a dimensão do político e da política, o 
que nos permite compreender essa correlação, sem desconsiderar o 
peso da sociedade. 
e) N.R.A. 
 
 
 
 22 
Questão 10 
No artigo destinado a esta aula, os black blocs são relacionados à figura dos 
professores. Essa associação pretende afirmar que os docentes são 
coniventes com atos de violência tão difundidos pela mídia, o que desqualifica 
a luta política. 
 
Os profissionais da educação, por sua vez, aceitam essa analogia e elaboram 
seu grito de guerra: “O black bloc é meu amigo, mexeu com ele, mexeu 
comigo”. 
 
Dessa forma, eles produzem outra articulação em torno do sentido da palavra 
violência, culpando a polícia e o Estado como os responsáveis por atos 
violentos. Essa atitude pôde ser comprovada na letra da canção de Thiago 
Corrêa, Brasil em cartaz, apresentada nesta aula, que afirma: “E olha só, que 
coincidência! Não tem polícia, não tem violência”. 
 
Com base no que estudamos, é possível afirmar que essa relação: 
 
a) É uma artimanha do social. 
b) Faz parte do poder do Estado, e não da sociedade. 
c) Não leva ninguém a lugar algum, pois o valor das passagens de ônibus 
acabou aumentando. 
d) Configura o jogo político e retrata, em certa medida, a tensão inscrita 
nas disputas de poder, para fazer valer como verdade uma ou outra 
ideia. 
e) Todas as opções estão corretas. 
 
 
 
 
 23 
Aula 1 
Atividade proposta 1 
A ideia de poder é desenvolvida, nos textos dessa aula, de forma a pensa-la 
de maneira fluida, e não estática. Em outras palavras, sempre haverá 
disputas entre o Governo e a Scoiedade com a intenção de produzir uma 
hegemonia. 
 
Este é o jogo político: enfatizar determinada visão de mundo como aquela em 
que vale a pena apostar. Por isso, é muito importante compreender como se 
articulam tais lutas nos diferentes espaços. Dessa forma, entenderemos os 
motivos que levam as manifestações de oposição ao governo a assumirem 
legitimidade política. 
 
Atividade proposta 2 
A apatia com relação às atividades políticas vem assumindo outros contornos 
na sociedade. Prova disso é o uso contínuo da frase “O gigante acordou”, na 
qual a palavra gigante representa, metaforicamente, o Brasil. Portanto, essa 
afirmação indica que um grande número de indivíduos vem-se mobilizando 
politicamente no país. 
 
Com base no caso proposto para esta aula e na visão de Chauí (1995), 
identificamos que a demanda por uma educação de qualidade está presente 
em diversos grupos. Esse interesse promove articulações para que conjuntos 
distintos de pessoas sejam colocados lado a lado em favor de um projeto 
maior. 
 
A ideia é criar condições básicas para formar uma política dominante. O fato é 
que esse projeto enfrenta processos de negociação que envolvem sujeitos 
24 
organizados em grupos ou identidades nos diferentes contextos, capazes de 
representar essa hegemonia temporariamente. 
Nessa disputa, um movimento de correlação de forças entre a figura do 
Estado e a sociedade se estabelece. Isso significa que na relação entre a 
POLÍTICA – instituições que representam o Estado – e o POLÍTICO – ação 
dos diversos sujeitos sociais –, essa espécie de política dominante provisória 
vai-se configurando nos processos de luta. 
Exercícios de fixação 
Questão 1 – D 
Justificativa: A ação de sujeitos na história produz rearranjos, dando novos 
significados aos conceitos. Justamente em função disso, a noção de política 
assumiu outros sentidos na Modernidade. 
Questão 2 – E 
Justificativa: A presença de um Estado forte e centralizador caracteriza o 
sentido de política na atualidade. Conforme aponta o artigo sugerido para 
esta aula, trata-se daquilo que é de interesse da sociedade e de suas 
articulações em torno de uma demanda comum. Ainda assim, essas 
articulações configuram relações de poder e as condições em que este se 
exerce, tal como afirma o trecho retirado do Dicionário Básico de Filosofia 
(JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001). 
Questão 3 – C 
Justificativa: A cidade de Roma assumia uma característica imperial. Portanto, 
seu modelo de atividade política era exercido a partir de um Estado forte e 
centralizador, e a disputa pelo poder, pela tutela estatal – a título de 
interesses privados – ganhava relevância. De acordo com esse 
posicionamento, a ideia de política estava associada à preocupação com a 
instituição que se ocupava de gerir a coisa pública. 
 
 25 
Questão 4 – C 
Justificativa: Apenas uma parcela mínima da população usufrui dos bens 
culturais disponíveis em nossa sociedade, sejam estes bens materiais – como 
saúde e educação, por exemplo – ou simbólicos – objetos artísticos ou 
culturais. 
 
Questão 5 – C 
Justificativa: Na definição de política proposta pelo Dicionário Básico de 
Filosofia (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001), a ideia de poder é desenvolvida de 
forma fluida, quando se reflete sobre o jogo político. Enfatizar determinada 
visão de mundo como aquela em que vale a pena apostar significa produzir 
uma hegemonia. Isso resulta da disputa pelo poder, da relação conflituosa 
entre Estado e sociedade civil. Por isso, é muito importante compreender 
como se articulam tais lutas nos diferentes espaços. Somente dessa forma, 
entenderemos os motivos que levam as manifestações de oposição ao 
governo a assumirem legitimidade política. 
 
Questão 6 – C 
Justificativa: As articulações da sociedade serão efetivadas quando os 
indivíduos compartilharem de, pelo menos, uminteresse em comum, no 
desejo de que este assuma valor de verdade, ou seja, torne-se hegemônico. 
 
Questão 7 – C 
Justificativa: O Facebook é parte do resultado dos avanços das Tecnologias 
da Informação e Comunicação (TICs), que ganharam visibilidade, no Brasil, a 
partir da década de 1980. Por fomentar as manifestações ocorridas, em junho 
de 2013, no país, essa ferramenta virtual se configurou como um novo 
espaço da política, ou seja, um terreno que potencializa as articulações da 
sociedade em torno de uma demanda comum. 
 
 
26 
Questão 8 – D 
Justificativa: A união entre partidos, grupos e indivíduos com 
posicionamentos diferentes se justifica na medida em que tais sujeitos se 
articulam em torno de uma demanda comum da sociedade brasileira: a 
diminuição ou a manutenção do valor das passagens de ônibus. 
Questão 9 – D 
Justificativa: A dimensão de poder pode ser compreendida a partir da 
correlação de forças entre o político e a política, o que permite entender que 
demandas do social são capazes de assumir legitimidade e, 
consequentemente, de se tornar hegemônicas. É possível que tais demandas 
estejam associadas à tentativa de diminuir as igualdades materiais e 
simbólicas da sociedade. 
Questão 10 – D 
Justificativa: Na luta política, as disputas por poder ganham relevância. Elas 
não pertencem a um polo ou a outro, mas se caracterizam de modo fluido, na 
medida em que as articulações possibilitam os embates entre os lados que se 
opõem. Entretanto, quando o Estado entra nessa disputa por determinada 
visão de mundo, seu poder sobressai. 
Atualizado em 26 fev. 2014 
1 
2 
AULA 2: UNIVERSIDADE – SÉCULOS XVI-XX 3 
INTRODUÇÃO 3 
CONTEÚDO 4 
INFLUÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS NA EDUCAÇÃO 4 
1º CONTEXTO: BRASIL ENQUANTO COLÔNIA DE PORTUGAL 5 
2º CONTEXTO: ENSINO SUPERIOR EM ÁGUAS MORNAS 7 
3º CONTEXTO: BRASIL = REPÚBLICA 9 
3º CONTEXTO: PRESSÕES SOBRE O GOVERNO FEDERAL 10 
3º CONTEXTO: CRIAÇÃO DAS UNIVERSIDADES 11 
ATIVIDADE PROPOSTA 14 
REFERÊNCIAS 14 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 15 
CHAVES DE RESPOSTA 23 
ATIVIDADE PROPOSTA 23 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 
 
 3 
Introdução 
Nesta aula, vamos caminhar pela linha do tempo de nossa história para que 
você possa compreender como se constituiu o Ensino Superior no Brasil. 
 
Dessa forma, o conteúdo se norteia em três contextos... 
 
O primeiro diz respeito ao Período Colonial, que se inicia a partir de 1572. O 
segundo corresponde ao Império e vai de 1808 até 1889. Já o terceiro é 
marcado pelo surgimento da Primeira República e vai de 1889 até a década 
de 1930. 
 
Cada um deles foi fundamental para a formação da instituição atual 
universitária! 
 
Objetivos: 
 
1. Recordar o processo de construção do Ensino Superior brasileiro, no 
período compreendido entre 1572 e 1930; 
2. Reconhecer os dispositivos legais tomados como base para a educação 
universitária no Brasil, a partir da Primeira República. 
 
 
 
 
 4 
Conteúdo 
Influências sociais e políticas na educação 
Na aula anterior, discutimos sobre os diversos significados de política 
difundidos na sociedade para que você pudesse, a partir de agora, 
compreender como funciona a estrutura do Ensino Superior brasileiro. 
 
Afinal, nosso objeto de estudo – a educação universitária – está diretamente 
relacionado a práticas sociais e de governo, que mobilizam ações e 
posicionamentos políticos. 
 
O fato é que a institucionalização desse ensino tem origem na história do 
Brasil: um período longo marcado pela atuação de diversos personagens que 
assumiram distintos projetos para o país. 
 
Pensando nessas questões, o ponto de partida desta aula não pode ser, 
portanto, o fenômeno universitário. 
 
Antes de criticarmos o Ensino Superior brasileiro, precisamos conhecer seu 
processo de criação e organização. 
 
Esse movimento implica entender as modificações sociais, políticas, 
econômicas e culturais de nossos tempos, para que possamos – quem sabe? 
– propor novas interpretações a essas questões. 
 
Sendo assim, tentaremos resgatar a história da educação universitária 
brasileira a partir da análise de três contextos: 
 1º – Brasil Colônia; 
 2º – Brasil Imperial; 
 3º – Brasil República. 
 
Vamos começar? 
 
 5 
1º contexto: Brasil enquanto Colônia de Portugal 
As tentativas de criação do Ensino Superior no Brasil não são recentes, mas 
remontam o período em que o país era Colônia de Portugal. Tem-se notícia 
de que, no século XVI, o intuito de criar essa instituição já se materializava. 
 
Embora os estudos jesuíticos do Colégio da Bahia1 – mais precisamente 
do curso de Artes – fossem iguais àqueles oferecidos na cidade de Évora, em 
Portugal, o investimento para que esse projeto acontecesse no Brasil foi 
vetado pela coroa portuguesa. 
 
A justificativa era simples: seus membros acreditavam que o melhor para a 
elite do período era cursar o Nível Superior na Europa. 
 
Sendo assim, os alunos que concluíam seus estudos nos colégios jesuíticos 
fundados em terras brasileiras eram obrigados a repeti-los em Portugal, na 
Universidade de Coimbra ou na cidade de Évora, ou a se submeterem a 
exames de equivalência. 
 
Essa situação se configurou por mais de um século. 
 
Como você percebeu, o interesse da coroa portuguesa era manter sua 
Colônia sob seu domínio. Por isso, qualquer iniciativa de independência 
cultural e política – como, por exemplo, a tentativa de fundar uma 
universidade no Brasil – era rejeitada. 
 
No entanto, um fato inusitado aconteceu: por motivos políticos, Portugal se 
viu obrigado a vir para o Brasil. Veja o trecho do documentário VINDA da 
Família Real (1808) – parte 1 que apresenta, brevemente, um pouco dessa 
história: 
 
1 Estudos jesuíticos do Colégio da Bahia 
Aqueles que davam o direito de ingressar diretamente na Universidade de Coimbra, nos 
cursos de Medicina, de Direito, de Cânones e de Teologia. 
 
 6 
Em função dessa transferência, no ano de 1808, o Brasil conseguiu apenas 
que escolas superiores de caráter profissionalizante funcionassem. 
 
Já como sede da monarquia portuguesa, entre 1808 e 1820, o Brasil alcançou 
o status de Estado, quando passou de Colônia a Reino Unido. 
 
Seu território começou a ser governado, também, pelo rei de Portugal, que, 
de acordo com Cunha (2007, p. 71), optou por proclamar a independência do 
país “antes que algum aventureiro o fizesse”. 
 
Nesse sentido, a ideia de Estado Nacional surgiu em 1808, e não em 1822 – 
ano da independência do Brasil. 
 
 
Atenção 
 O primeiro colégio jesuíta brasileiro foi fundado, em 1550, na 
Bahia – sede do governo-geral. Ele oferecia cursos de 
Humanidades, de Artes e de Teologia. 
 
 
 
 7 
 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre a educação oferecida pelos jesuítas 
e sobre as primeiras escolas superiores do Brasil, leia os 
seguintes textos: 
 
 A hegemonia jesuítica; 
 Instituições brasileiras do Ensino Superior 
(1808-1820). 
 
Se for de seu interesse, você ainda pode assistir ao 
seguinte filme: Carlota Joaquina – princesa do Brasil. 
 
2º contexto: Ensino Superior em águas mornas 
Durante o Império, o Brasil passou por um momento de grandes mudanças! 
 
A cultura cafeeira, por exemplo, proliferava, de forma significativa, exigindo a 
construção de estradas de ferro e a crescente procura por engenheiros para a 
realização desse empreendimento. 
 
Apesar disso, o projeto de ampliação do modelo de Ensino Superior não teve 
grandes avanços no país.A independência política de 1822 trouxe modificações nesse sentido somente 
anos depois, com a criação de alguns cursos e de entidades educacionais nos 
seguintes espaços: 
 
 
 8 
 1828 – fundação de cursos jurídicos 2 no Convento de São 
Francisco, em São Paulo, e no Mosteiro de São Bento, em Olinda; 
 1874 – fundação da Escola Politécnica, no Rio de Janeiro, originada da 
Escola Militar; 
 1875 – fundação da Escola de Minas de Ouro Preto, em Minas Gerais. 
 
 
Além das já mencionadas entidades educativas, o imperador do Brasil ainda 
tentou fundar duas universidades que serviriam como centros de organização 
científica e literária – uma ao norte e outra ao sul do território brasileiro –, 
mas não obteve sucesso. 
 
Logo, apenas estabelecimentos de Ensino Superior caracterizaram o período 
do Brasil Imperial, e não a instituição universidade. 
 
Mas, com a queda de D. Pedro II, cai, também, um regime! Vejamos, a 
seguir, que efeitos essas mudanças trouxeram para o país. 
 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre a queda do Império no Brasil, leia o 
texto Era uma vez a velha monarquia. 
 
 
 
2 Cursos jurídicos 
De acordo com Fávero (2007, p. 21), embora se constituíssem como centro de irradiação 
de “novas ideias filosóficas, de movimentos literários, de debates e de discussões culturais 
que interessavam à mentalidade da época”, estes novos cursos seguiam a mesma lógica 
dos demais: preparavam burocratas para atuar no Estado, integrando os quadros para as 
assembleias bem como para os governos central e das províncias. 
 
 9 
3º contexto: Brasil = República 
A partir de agora, vamos analisar o contexto da história do Brasil que tem 
grande valor para o estudo das transformações do Ensino Superior no país – 
o Período Republicano, que se instaurou de 1889 a 1930 e ficou conhecido 
como: 
 
 República Velha; 
 Primeira República; 
 República Oligárquica. 
 
É nos marcos dessa Primeira República que nasce a primeira Constituição 
brasileira de 1891 – documento que já começava a fazer referência ao Ensino 
Superior no Brasil. De acordo com essa lei, a educação relativa a tal nível de 
escolaridade devia ser mantida pelo poder central, sem, no entanto, firmar-se 
como exclusividade deste. 
 
Mas, conforme aponta Cunha (2007), em termos de transformação, surgiram, 
durante esse período, as escolas superiores livres, que não dependiam do 
Estado, mas eram organizadas por particulares. 
 
Esse tipo de Ensino Superior foi instituído pela Reforma Rivadávia Corrêa, em 
1911, e ganhou força por facilitar o acesso a esse grau de educação em 
tempos de grandes mudanças econômicas, em que se tornou necessária a 
demanda por força de trabalho qualificado3. 
 
Até então, nada havia sido regulamentado quanto à instituição universidade! 
 
3 Trabalho qualificado 
De acordo com Cunha (2007, p. 147): 
 
“Os latifundiários queriam filhos ‘doutores’, não só como meio de lhes dar a formação 
desejável para o bom desempenho das atividades políticas e o aumento de prestígio da 
família, como também o expediente para atenuar possíveis situações de destituição. 
 
Os trabalhadores urbanos e os colonos, por sua vez, viam na escolarização dos filhos um 
meio de aumentar as chances de estes ingressarem em uma ocupação burocrática”. 
 
 10 
 
Atenção 
 De acordo com Cunha (2007, p. 133): 
 
“[o] início [do Período Republicano] coincide com a influência 
positivista na política educacional de Benjamin Constant, em 
1890-1891, e seu término, com o início da política educacional 
da Era Vargas, desencadeada em 1930-1931”. 
 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre a influência da corrente positivista 
no Brasil, leia o texto Positivismo. 
 
3º contexto: pressões sobre o Governo Federal 
A oficialização do Ensino Superior no âmbito do Governo Federal foi adiada e, 
a partir desse momento, as pressões da sociedade só aumentaram em favor 
dessa regulamentação. 
 
O movimento em prol da criação das universidades passou, portanto, a 
operar em nível estadual. Sendo assim, foram criadas as seguintes 
instituições: 
 
 Universidade de Manaus (1909); 
 Universidade de São Paulo4 (1911); 
 
4 Universidade de São Paulo 
A Reforma Rivadávia Corrêa (1911) permitiu a cobrança de taxas aos alunos do Ensino 
Superior. Desse modo, na expectativa de recuperar seus investimentos a partir dessa 
arrecadação de valores, um empresário criou a primeira universidade privada no Brasil: 
a Universidade de São Paulo – que não é a atual USP –, com os cursos de Medicina, 
 
 11 
 Universidade do Paraná (1912). 
 
Criada com base Lei Estadual nº 1.284/12, esta última foi, contudo, 
conduzida ao apagamento pelo Decreto nº 11.530/19155. 
 
Quando, então, de fato, a entidade universitária foi fundada? Vamos 
descobrir? 
 
3º contexto: criação das universidades 
Como vimos anteriormente, da época de permanência da Família Real no 
Brasil até o início do Período Republicano, o Ensino Superior se fez presente 
no país, mas somente após muita luta, a universidade foi criada. 
 
Veja, a seguir, os fatos históricos que levaram a essa fundação: 
 
1915 
A partir da Reforma Carlos Maximiliano, em 1915, o governo posicionou-se, 
pela primeira vez, por meio do Decreto nº 11.530, sobre a instituição da 
universidade no Brasil. 
 
1920 
No dia 7 de setembro de 1920, consolidou-se, através do Decreto nº 14.343, 
a Universidade do Rio de Janeiro (URJ) – atual Universidade Federal do Rio 
de Janeiro (UFRJ) –, assegurada por autonomia didática e administrativa. 
 
 
Odontologia, Farmácia, Comércio, Direito e Belas Artes. Mas, ao concorrer com a 
Faculdade de Medicina criada pelo Estado de São Paulo, o curso da mesma área 
oferecido por aquela instituição foi-se esvaziando. Em função disso, a Universidade de 
São Paulo entrou em declínio e foi extinta em 1917. 
 
5 Decreto nº 11.530/1915 
Este Decreto determinava que o Ensino Superior só poderia assumir legitimidade se fosse 
estabelecido em cidade com mais de 100.000 habitantes. Como a cidade de Curitiba não 
atendia a esse nível populacional na época, a Universidade do Paraná – que incluía as 
faculdades de Direito, de Engenharia, de Odontologia, de Farmácia e de Comércio – 
funcionou oficiosamente até o ano de seu reconhecimento, em 1946. 
 
 12 
Essa instituição foi criada durante o governo de Epitácio Pessoa, que resolveu 
executar o Decreto nº 11.530/1915. 
 
Mas, sem um projeto de discussão, que atenderia às necessidades de nossa 
sociedade, a URJ não passou de uma união de três escolas superiores que já 
existiam no Rio de Janeiro – cada qual mantendo suas características: 
 
 A Faculdade de Direito; 
 A Faculdade de Medicina; 
 A Escola Politécnica. 
 
1927 
Em 1927, a Universidade de Minas Gerais foi criada nos mesmos moldes da 
URJ: uma sobreposição dos cursos das Escolas de Direito, de Engenharia e de 
Medicina do Rio de Janeiro. 
 
1931 
Em 11 de abril de 1931, o Decreto nº 19.851 instituiu o Estatuto das 
Universidades Brasileiras, adotando, para o Ensino Superior, o regime 
universitário. 
 
De acordo com Romanelli (2006, p. 132), por meio desse Decreto, a URJ foi 
reestruturada pelo governo, que incluiu dentro da instituição, além dos três 
cursos já existentes: 
 
 “A Escola de Minas Gerais; 
 As Faculdades de Farmácia e Odontologia; 
 A Escolade Belas Artes; 
 O Instituto Nacional de Música; 
 A Faculdade de Educação, Ciências e Letras – que jamais foi 
implantada”. 
 
 
 13 
 
Atenção 
 Para Fávero (2006, p. 22): 
 
“[...] na história da Educação Superior brasileira, a URJ é a 
primeira instituição universitária criada legalmente pelo 
Governo Federal”. 
 
Por meio da atuação da Academia Brasileira de Ciências (ABC), 
o mérito dessa instituição traz à tona o debate sobre: 
 
 A concepção que se propôs para a universidade; 
 As funções inerentes a essa instituição – pesquisa e 
formação profissional; 
 A questão da autonomia universitária; 
 O modelo de universidade a ser implantado no Brasil. 
 
 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre os tópicos estudados nesta aula, 
sugerimos as seguintes leituras: 
 
CUNHA, L. A. Ensino superior e universidade no Brasil. In: 
LOPES, E. M. T.; FARIA FILHO, L. M.; VEIGA, C. G. 500 
anos de educação no Brasil. 2. ed. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2000. 
 
______. Educação, estado e democracia no Brasil. 4. 
ed. São Paulo: Cortez; Niterói: Universidade Federal 
Fluminense; Brasília: FLACSO do Brasil, 2001. 
 
 
 
 14 
Atividade proposta 
Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade! Analise a charge 
a seguir: 
 
 
 
Disponível em: <http://www.cambito.com.br/tiras/charges/charge066.htm>. 
Acesso em: 20 fev. 2014. 
 
Com base no que estudamos, explique a relação entre a imagem e o grande 
medo que Portugal tinha de permitir que as Instituições de Ensino Superior 
(IES) fossem criadas no Brasil Colônia. 
 
 
Referências 
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 6. ed. São Paul: Ática, 1995. 
 
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. 3. ed. rev. 
e ampl. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. Não paginado. 
 
LACLAU, E.; MOUFFE, C. Hegemonía y estrategia socialista: hacia una 
radicalización de la democracia. Buenos Aires: Fondo de Cultura 
Económica, 2004. 
 
MAAR, W. L. O que é política. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. 
 
 15 
 
MACEDO, E. Currículo: política cultura e poder. Revista Currículo sem 
fronteiras, v. 6, n. 2, p. 98-113, 2006. 
 
MENDONÇA, D. Teorizando o agonismo: crítica a um modelo incompleto. 
Revista Sociedade e Estado, v. 25, n. 3, set./dez. 2010. 
 
MOUFFE, C. Por um modelo agonístico de democracia. Revista Sociologia 
política, Curitiba, v. 25, p. 11-23, nov. 2005. 
 
SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M. de; EVANGELISTA, O. Política 
educacional. 4. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. 
 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Os colégios jesuíticos se instalaram no Brasil para servir à elite de então. 
Aqueles que concluíam seus estudos podiam ser encaminhados para Portugal, 
com o objetivo de cursarem o Nível Superior. Nesse sentido, indique se havia 
equivalência nos estudos entre ambos os países: 
 
a) Não, pois nenhum aluno era submetido a exames desse tipo. 
b) Sim, pois os alunos podiam ser encaminhados diretamente para as 
universidades de Portugal. 
c) Não, mas os alunos podiam se submeter a exames para verificar a 
possibilidade de igualdade com relação a seus estudos. 
d) Sim, pois os alunos que detinham conhecimentos de Nível Superior de 
ensino ingressavam em qualquer grau superior oferecido em Portugal. 
e) Sim, pois aqueles que estudavam no Colégio da Bahia, no curso de 
Artes, podiam ingressar diretamente na Universidade de Coimbra, nos 
cursos de Medicina, Direito, Cânones e Teologia. 
 
 
 16 
 
Questão 2 
De acordo com Cunha (2007), o Ensino Superior brasileiro nasceu sob o 
“signo do Estado Nacional”. Isso significa que: 
 
a) O projeto de implantação do Ensino Superior no Brasil assumiu uma 
identidade nacional. 
b) A nação brasileira foi constituída por meio da criação das Instituições 
de Ensino Superior. 
c) Desde a transferência da Metrópole para a Colônia, havia clara 
intenção de consolidar esse projeto. 
d) As necessidades da Colônia foram levadas em consideração para a 
implantação de tal iniciativa. 
e) O surgimento do Ensino Superior no Brasil manteve íntima relação com 
as necessidades de formação de indivíduos para atender os interesses 
da monarquia instalada no país. 
 
 
Questão 3 
Leia as afirmativas a seguir: 
 
I. Com relação aos avanços da Educação Superior brasileira, o Brasil 
Imperial pode ser caracterizado como um período morno. Entretanto, a 
criação dos cursos jurídicos no Convento de São Francisco, em São 
Paulo, e no Mosteiro de São Bento, em Olinda, foram iniciativas 
importantes da época. 
 
II. De acordo com um extrato da revista Veja de 1889: “O Brasil acordou 
monarquista na sexta-feira passada e foi dormir republicano. Jamais 
houve na História do país uma ruptura política tão inesperada. Na 
véspera, ninguém poderia prever que o reinado viria abaixo”. No 
 
 17 
regime desse período, não houve tentativas de implantação do Ensino 
Superior no país. 
 
III. Nos períodos do Brasil Imperial e do Brasil Colônia, as escolas 
superiores preparavam burocratas para atuar no Estado. 
 
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): 
 
a) I, II e III 
b) Apenas I 
c) I e III 
d) Apenas II 
e) I e II 
 
 
Questão 4 
A instituição universitária não surgiu no Brasil Imperial. Entretanto, por meio 
de alguns indícios, é possível afirmar que, nesse período, a necessidade de 
formação em Nível Superior se anunciava, em função do(s) seguinte(s) 
fatore(s): 
 
I. Tentativa de criação de duas universidades por parte do rei – uma ao 
norte e outra ao sul do país. 
 
II. Criação de, pelo menos, uma escola superior – decorrente do desejo 
do imperador. 
 
III. Exigência de mão de obra especializada para a construção de estradas 
de ferro – resultado da cultura cafeeira em crescente expansão. 
 
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): 
a) Apenas I 
 
 18 
b) Apenas II 
c) Apenas III 
d) I, II e III 
e) I e II 
 
 
Questão 5 
Podemos afirmar que, na Primeira República: 
 
I. Surgiram as escolas superiores livres – aquelas que não dependiam do 
Estado e eram organizadas por particulares. 
 
II. A criação das Universidades de Manaus (1909), de São Paulo (1911), 
do Paraná (1912) foi autorizada pelo Governo Federal. 
 
III. O Decreto nº 11.530/1915 lançou um posicionamento oficial do 
governo sobre a instituição de uma universidade no Brasil, mas, 
somente na década de 1920, a URJ – atual UFRJ – foi consolidada no 
país. 
 
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): 
 
a) I e II 
b) II e III 
c) I, II e III 
d) I e III 
e) Apenas I 
 
 
 
 
 
 19 
Questão 6 
De acordo com a primeira Constituição brasileira de 1891, o Ensino Superior 
devia ser mantido pelo poder central, sem, no entanto, firmar-se como 
exclusividade deste. A partir dessa afirmação, é possível dizer que a 
legislação: 
 
a) Não previu a existência do Ensino Superior privado. 
b) Permitiu a criação do Ensino Superior de caráter privado. 
c) Assumiu a responsabilidade de expansão do Ensino Superior público. 
d) Tinha a intenção de partilhar a responsabilidade do Ensino Superior 
quanto à criação e ao controle das instituições desse nível educacional. 
e) N.R.A. 
 
 
Questão 7 
A Reforma Rivadávia Corrêa (1911) permitiu a criação do Ensino Superior 
livre, isto é, de caráter privado. Essas escolas livres trouxeram mudanças para 
a configuração desse nível de ensino no Brasil. O fator que impulsionou a 
expansão dessas instituições: 
 
a) Tem por base o aumentodo ingresso de alunos no Ensino Superior. 
b) Mantém referência com a elevação do poder aquisitivo dos indivíduos. 
c) Não pode ser relacionado às causas que sustentam o Ensino Superior 
privado atual. 
d) É representado por uma demanda de mão de obra especializada, em 
função do quadro econômico do país. 
e) N.R.A. 
 
 
 
 
 
 20 
Questão 8 
Em 1915, o governo se posicionou sobre a instituição de uma universidade no 
Brasil, por meio da Reforma Carlos Maximiliano. Entretanto, somente no ano 
de 1920, através do Decreto nº 14.343, a URJ foi criada. Entre as escolas 
superiores que formaram sua base, estão: 
 
a) As de Direito, Engenharia e Medicina. 
b) As Faculdades de Direito e Medicina e a Escola Politécnica do Rio de 
Janeiro. 
c) As Faculdades de Direito e Medicina, a Escola Politécnica do Rio de 
Janeiro e a Faculdade de Educação, Ciências e Letras. 
d) As Faculdades de Farmácia e Odontologia, a Escola de Belas Artes e o 
Instituto Nacional de Música. 
e) N.R.A. 
 
 
Questão 9 
É possível afirmar que a criação da URJ foi um marco na história da educação 
brasileira, porque: 
 
I. Por meio de sua implantação, surgiu a possibilidade de se debater o 
modelo de Ensino Superior pretendido para o Brasil. 
 
II. Essa instituição permitiu a fundação da Academia Brasileira de Ciências 
(ABC). 
 
III. A partir de seu estabelecimento, enfatizou-se a reflexão sobre as 
funções do Ensino Superior brasileiro. 
 
IV. Essa entidade educacional alimentou a discussão a respeito da 
autonomia universitária. 
 
 
 21 
Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): 
 
a) Apenas I 
b) Apenas III 
c) I e II 
d) I, III e IV 
e) Apenas IV 
 
 
Questão 10 
O lema da bandeira do Brasil foi extraído da máxima do positivismo: “O amor 
por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”. Analise a imagem a 
seguir e indique se é possível confirmar essa sentença: 
 
 
Fonte: OS GÊMEOS. Grafite. São Paulo: [s.n.], [s.d.]. 
 
a) Sim, pois a desigualdade é um fator natural que existe em qualquer 
sociedade. 
b) Não, pois retrata as desigualdades sociais que estão em desacordo 
com o lema da bandeira do Brasil. 
c) Não, pois representa duas gerações da sociedade que não querem 
trabalhar, o que contradiz a máxima positivista. 
 
 22 
d) Sim, pois mostra como a sociedade consegue superar as desigualdades 
sociais, levando em consideração a máxima da bandeira do Brasil. 
e) Nenhuma das opções anteriores explica a relação entre Estado e 
sociedade. 
 
 
 23 
Atividade proposta 
Sabemos que a educação consiste em uma forte ferramenta de 
transformação social. É ela que leva o indivíduo a questionar a ordem 
vigente, provocando rupturas com o que lhe é imposto. 
 
Desse modo, na relação entre Portugal e Brasil, não interessava ao primeiro 
instrumentalizar os indivíduos para contestar o governo do segundo, mas sim 
preservar o estado em que a população brasileira se encontrava: sem acesso 
ao Ensino Superior. 
 
O objetivo da metrópole era manter o domínio sobre sua colônia, seguindo 
um modelo de aceitação passiva do que era oferecido como valor de verdade. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 – C 
Justificativa: A equivalência nos estudos se dava por meio dos exames 
realizados em Portugal. Sendo assim, os alunos que se formavam nos 
colégios jesuíticos fundados em terras brasileiras se submetiam a eles. 
 
Questão 2 – E 
Justificativa: Os cursos superiores pretendiam atender as necessidades da 
monarquia instalada no Brasil, formando especialistas em assunto de guerra, 
médicos e engenheiros. 
 
Questão 3 – E 
Justificativa: Durante o período do Brasil Imperial, o modelo de Ensino 
Superior permaneceu sem grandes alterações. Mas, após a independência 
política do país, ocorrida em 1822, modificações foram realizadas no 
24 
Convento de São Francisco, em São Paulo, e no Mosteiro de São Bento, em 
Olinda, com a criação dos cursos jurídicos, que data do ano de 1828. Já o 
regime monárquico foi marcado pelas tentativas frustradas do imperador de 
implementar a proposta de fundação de duas universidades que serviriam 
como centros de organização científica e literária – uma ao norte e outra ao 
sul do território brasileiro. 
Questão 4 – D 
Justificativa: As demandas pela criação de universidades se anunciavam na 
medida em que a cultura cafeeira, em crescente desenvolvimento, exigia 
trabalho especializado para a construção de acessos às regiões do Brasil e 
para o transporte de mercadorias. Em função disso, o imperador fundou a 
Escola de Minas de Ouro Preto e tentou criar duas universidades no país – 
uma situada ao norte e outra ao sul do território brasileiro. 
Questão 5 – D 
Justificativa: No período da Primeira República, surgiram, no Brasil, as escolas 
superiores livres – aquelas que não dependiam do Estado e eram organizadas 
por particulares. A URJ foi criada na década de 1920, por meio da execução 
do Decreto nº 11.530/1915. 
Questão 6 – B 
A Constituição de 1891 oportunizou a criação do Ensino Superior de caráter 
privado, instituído por meio da Reforma Rivadávia Corrêa, no ano de 1911. 
Questão 7 – D 
Justificativa: No Período Republicano, a Reforma Rivadária Corrêa (1911) 
possibilitou a criação das escolas superiores livres, organizadas por 
particulares. Em função do desenvolvimento econômico daquela época, a 
necessidade de mão de obra qualificada aumentou bastante, e o ensino 
privado ganhou força. Uma situação similar pode ser observada nos dias de 
 
 25 
hoje, já que a demanda por trabalho especializado impulsiona esse caráter de 
nível de educação universitária. 
 
Questão 8 – B 
Justificativa: De acordo com o Decreto nº 11.530/1915, na base da antiga 
URJ, constavam as Faculdades de Direito e Medicina e a Escola Politécnica do 
Rio de Janeiro. No ano de 1920, o Decreto nº 14.343 executou o anterior. 
 
Questão 9 – D 
Justificativa: Como primeira instituição legalmente criada pelo Governo 
Federal brasileiro, a URJ permitiu o debate sobre a concepção e o modelo de 
universidade a ser implantado no Brasil, sobre as funções inerentes a essa 
instituição – aquelas que envolvem pesquisa e formação profissional –, bem 
como sobre a questão da autonomia universitária. Essa possibilidade de 
diálogo se efetivou por meio da Academia Brasileira de Ciências (ABC). 
 
Questão 10 – B 
Justificativa: Embora a máxima positivista tente transmitir a ideia de que cada 
coisa em seu devido lugar conduz a perfeita orientação ética da vida social, 
isso não se verifica na sociedade brasileira. A imagem retrata a contradição 
entre o lema da bandeira do Brasil e a situação de desigualdade social do 
país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atualizado: 19 mar. 14 
1 
 
 
 2 
AULA 3: ENSINO SUPERIOR NO BRASIL – 1930-1960 3 
INTRODUÇÃO 3 
CONTEÚDO 4 
ENTRADA DE GETÚLIO VARGAS NO GOVERNO DO BRASIL 4 
POSSIBILIDADES E LIMITES ATÉ 1945 5 
ATIVIDADE PROPOSTA 1 6 
COM GETÚLIO: ENSINO SUPERIOR NO BRASIL NA DÉCADA DE 1930 7 
ESTATUTO DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS 8 
NOVAS ATUAÇÕES NA ÁREA DE DOCÊNCIA 9 
ORGANIZAÇÃO DE ENSINO NO ESTATUTO DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS 10 
AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA 11 
QUEDA DE GETÚLIO VARGAS: MUDANÇA DE PARADIGMA 12 
SEM GETÚLIO: ENSINO UNIVERSITÁRIO NO BRASIL A PARTIR DE 1945 14 
ATIVIDADE PROPOSTA 2 15 
REFERÊNCIAS 16 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 17 
CHAVES DE RESPOSTA 20 
ATIVIDADE PROPOSTA 1 20 
ATIVIDADE PROPOSTA 2 20 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 21 
 
 
 
 
 
 3 
Introdução 
Nesta aula, trataremos do período dahistória a partir do qual o Ensino Superior 
brasileiro cresceu bastante. 
 
Para darmos início a essa análise, identificaremos que houve uma distinção de 
orientações políticas no governo dos anos 1930 e no período pós-1945. 
 
Na década de 1930, a política governamental voltada para a Educação Superior 
era centralizada e ditava regras para o desenvolvimento das instituições. 
 
Nesse espaço de tempo, houve, também, resistência quanto ao projeto de 
autonomia universitária, mas, após 1945, esse plano foi restaurado. 
 
Em ambos os períodos, a formação profissional ganhou destaque em 
detrimento da pesquisa e da produção do conhecimento. 
 
Vamos conhecer um pouco mais essa história? 
 
Objetivo: 
Identificar as políticas que orientaram o Ensino Superior no Brasil na Era 
Vargas – período compreendido entre os anos 1930 e 1960. 
 
 
 
 
 4 
Conteúdo 
Entrada de Getúlio Vargas no governo do Brasil 
Para darmos continuidade a nosso estudo, vamos remontar, agora, o cenário 
do Brasil que antecede os anos 1930 e entender como se configurava o palco 
da estrutura político-econômica do país nesse período. 
 
Nos anos 1920, o Brasil se desenvolvia a partir de uma economia que dependia 
do capital internacional, da importação de bens industrializados e de 
combustíveis. O país assumia a característica de exportador de alimentos e de 
matérias-primas. 
 
No plano político, o poder estava concentrado nas mãos dos grandes 
proprietários de terra, que determinavam o destino da nação, atendendo a suas 
necessidades e a seus interesses. 
 
Essa política – denominada café-com-leite – visava ao predomínio do poder 
nacional bem como das oligarquias paulista e mineira. 
 
Entretanto, muitos eram contra o fato de o Brasil manter essa dependência 
com relação ao capital de outros países, o que gerou a crise de 1929, que 
produziu efeitos significativos no contexto brasileiro. Como resultado, as 
oligarquias perderam seu poder. 
 
Foi justamente após esse momento de crise que Getúlio Vargas entrou no 
Governo Provisório por meio do golpe da Revolução de 1930, destituindo o 
poder decisório dos coronéis. 
 
 
 
 5 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre esse período da história, leia o texto 
Era Vargas. 
 
Possibilidades e limites até 1945 
Getúlio Vargas retirou de cena o voto aberto ou de cabresto1, e instaurou o 
voto secreto em um regime político que suspendeu, parcialmente, a democracia 
no Brasil. 
 
Diante desse quadro, iniciou-se, a partir da década de 1930, uma nova era na 
história do país. 
 
De acordo com Fávero (2006), neste ano, foi criado o Ministério da Educação 
e Saúde Pública. 
 
Campos ([s.d.] apud FÁVERO, 2006) assumiu a pasta desse ministério e impôs 
reformas em todos os níveis educacionais – Secundário, Superior e Comercial 
–, propondo um ensino de caráter mais moderno, aliado ao objetivo de formar 
a elite brasileira e de capacitar o indivíduo para o trabalho. 
 
 
1 Voto aberto ou de cabresto 
Sistema de controle do poder político por meio do abuso da autoridade, da compra de votos 
ou da utilização da máquina pública. 
 
Disponível em: <http://revistalingua.uol.com.br/textos/66/artigo249089-1.asp>. 
Acesso em: 14 fev. 2014. 
 
 
 6 
 
Atenção 
 Em um movimento de dissolução do Congresso, o então 
presidente, Getúlio Vargas, passou a legislar a partir de 
Decretos-Lei até 1945, salvo o espaço de tempo entre 1934 e 
1937, caracterizado como curto período constitucional. 
 
Se, na Primeira República, o governo do Brasil baseava-se na 
descentralização política, após 1930, ocorria o oposto em 
diversos setores da sociedade. 
 
Atividade proposta 1 
A música O bonde São Januário composta por Wilson Batista e interpretada 
por Ataulfo Alves, em 1937, retrata bem a nova realidade do Brasil voltada para 
o campo trabalhista: 
 
Mas a letra original dessa canção foi censurada. Um trecho de sua primeira 
versão dizia: 
 
“O bonde de São Januário/leva mais um sócio otário/só eu que não vou 
trabalhar”. 
 
Entendendo que a pressão política por um cenário em que o trabalho fosse 
exaltado era muito grande, como a Educação Superior refletia esse 
posicionamento? 
 
 
 
 
 7 
Com Getúlio: Ensino Superior no Brasil na década de 1930 
O caráter autoritário da política educacional 2 do Ensino Superior 
mostrou-se logo desde o início da década de 1930. 
 
O quadro que se desenhava no período assumia como plano central a 
consolidação da Universidade do Rio de Janeiro (URJ) 3como o projeto de 
universidade do Governo Federal. Discutimos a respeito desse assunto na aula 
anterior, vocês se lembram? 
 
Caberia à Faculdade de Educação, Ciências e Letras da URJ a responsabilidade 
de imprimir à universidade seu caráter universitário. Como esse curso não foi 
implantado, o referido projeto permaneceu apenas no papel. 
 
Nesse caminho, sem qualquer plano explícito, foram criados e elaborados os 
seguintes órgãos e documentos: 
 
 Conselho Nacional de Educação, por meio do Decreto-lei, de nº 
19.850/31; 
 Estatuto das Universidades Brasileiras, por meio do Decreto-Lei nº 
19.851/31, vigente por 30 anos; 
 Legislação que dispõe sobre a organização da URJ, por meio do Decreto-
lei nº 19.852/31. 
 
 
2 Caráter autoritário da política educacional 
Como afirma Cunha (2000, p. 252), o papel exercido pela educação em um governo 
autoritário assume que: 
 
“[...] a educação escolar é um dos meios pelos quais os intelectuais fazem ‘irradiar’ sobre 
todo o povo as ideias e aspirações [...]. Trata-se de um dos mecanismos [...], pelo menos 
o mais sistemático, de inculcação da ideologia do Estado autoritário”. 
 
3 Universidade do Rio de Janeiro (URJ) 
Criada em 1920, a URJ foi a primeira instituição superior reconhecida legalmente no Brasil. 
 
 
 
 8 
Estatuto das Universidades Brasileiras 
De acordo com Romanelli (2006, p. 133), o Estatuto das Universidades 
Brasileiras estabeleceu, logo em seu primeiro Artigo, as seguintes finalidades 
para o ensino universitário: 
 
“[...] elevar o nível da cultura geral; estimular a investigação 
científica em quaisquer domínios dos conhecimentos humanos; 
habilitar ao exercício de atividades que requerem preparo 
técnico e científico superior; concorrer, enfim, pela educação 
do indivíduo e da coletividade, pela harmonia de objetivos 
entre professores e estudantes, e pelo aproveitamento de 
todas as atividades universitárias, para a grandeza da Nação e 
para o aperfeiçoamento da Humanidade”. 
 
A partir desses inúmeros objetivos, que extrapolam o limite de atuação de uma 
instituição educativa, Campos ([s.d.] apud FÁVERO, 2006, p. 24) afirma que o 
escopo das universidades: 
 
“[...] transcende ao exclusivo propósito do ensino, envolvendo preocupações 
de pura ciência e de cultura desinteressada”. 
 
Entretanto, desde sua criação, a universidade busca atingir metas relacionadas 
à formação profissional em detrimento da pesquisa, seja por: 
 
 Fatores relativos ao modelo da sociedade do Brasil, de caráter 
estratificado; 
 Motivos da herança cultural do país, que mantém suas bases em uma 
estrutura arcaica de ensino. 
 
Essa estrutura, por sua vez, tem no modelo industrial o projeto de sociedade 
ou, ainda, a omissão das leis quanto às atividades de pesquisa. 
 
 
 
 9 
Novas atuações na área de docência 
No Estatuto das Universidades Brasileiras que se anuncia, pela primeira vez, a 
existência da Reitoria,do Conselho e da Assembleia Universitários, bem como 
a necessidade de direção em cada centro de ensino. 
 
Além disso, de acordo com esse documento, passam a atuar, na área de 
Docência, as seguintes figuras: 
 
Catedrático 
Conforme aponta Fávero (2006, p. 24), trata-se da “unidade operativa do 
ensino e da pesquisa docente entregue a um professor”. 
 
O autor afirma, ainda, que, na história do Ensino Superior brasileiro, os 
professores catedráticos foram considerados a alma mater das instituições – 
ou seja, aqueles que formavam intelectualmente alguém – e possuíam alguns 
privilégios4. 
 
Já para Romanelli (2006), eles traziam para o espaço da universidade as 
relações sociopolíticas que sustentavam o coronelismo5. 
 
 
 
4 Privilégios 
De acordo com Cunha (2000, p. 166): 
 
“Os privilégios do cargo de catedrático compreendiam a vitaliciedade e a inamovibilidade, 
ambas garantidas após 10 anos de exercício de cargo e de aprovação em concurso de 
títulos. Os auxiliares de ensino, indicados pelo catedrático, de quem deveriam gozar a 
confiança, estariam obrigados a se submeter ao concurso de livre-docência, sob pena de 
desligamento”. 
 
5 Coronelismo 
Sistema político-social vigente no Brasil interiorano do fim do Império e da Primeira 
República, com base na oligarquia agrária dos coronéis latifundiários. 
 
Fonte: Dicionário online Aulete. 
 
 
 
 10 
Auxiliar de ensino 
Chefe de clínica ou de laboratório, assistente ou preparador. 
 
Docentes livres 
Título que designava o professor a atuar, eventualmente, no lugar do 
catedrático. 
 
Organização de ensino no Estatuto das Universidades Brasileiras 
Sobre a organização do ensino, Romanelli (2006) 
sustenta que os cursos eram ordenados da seguinte 
forma: 
 
 Cursos do currículo normal; 
 Cursos equiparados, ministrados pelos docentes 
livres; 
 Cursos de aperfeiçoamento e de especialização. 
 
Aqueles que justificariam o título de universidade a uma instituição de ensino 
mantinham relação com o período oligárquico. 
 
Desse modo, pelo menos três dos seguintes cursos garantiam essa 
denominação: 
 
 Direito; 
 Medicina; 
 Engenharia; 
 Educação, Ciências e Letras. 
 
 
 
 
 11 
 
Atenção 
 Com base no Estatuto das Universidades Brasileiras, a 
autonomia de cada escola se mantinha em um movimento de 
descentralização que impossibilitava o projeto de universidade 
na forma de regime universitário. 
 
No entanto, podemos analisar a situação a partir de outra 
visão, que vai de encontro a essa descentralização interna. 
 
Nesse caso, apoiando-nos nas ideias de Fávero (2006), seria 
possível dizer que a dependência da administração superior, na 
figura do Ministério da Educação 6 , tornavam as 
universidades “verdadeiras ilhas dependentes” do Estado. 
 
Autonomia universitária 
Ainda que a característica do governo de Vargas fosse a centralização do poder, 
mesmo no Ensino Superior, em função dos esforços de Anísio Teixeira7, 
outras importantes universidades foram criadas. São elas: 
 
 
6 Ministério da Educação 
Órgão público que assumia a tarefa de nomear até os membros dos Conselhos Técnico-
Administrativos. 
 
7 Anísio Teixeira 
Considerado o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a educação 
brasileira no século XX, Anísio Teixeira foi pioneiro na implantação de escolas públicas de 
todos os níveis, que refletiam seu objetivo de oferecer educação gratuita para todos. O 
educador propôs e executou medidas para democratizar o ensino brasileiro e defendeu a 
experiência do aluno como base do aprendizado. 
 
Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/anisio-teixeira-
306977.shtml>. Acesso em: 14 fev. 2014. 
 
 
 
 12 
 Universidade de São Paulo (USP)8, em 1934; 
 Universidade do Distrito Federal (UDF)9, em 1935; 
 Universidade do Brasil (UB), em 1937, por meio da Lei nº 452. 
 
Referindo-se ao princípio da autonomia universitária, em seus dispositivos, essa 
lei dispunha que o presidente da República deveria escolher, dentre os 
professores catedráticos, aqueles que seriam o Reitor e os diretores das 
faculdades, a partir de sua nomeação em comissão. 
 
Além disso, conforme afirma Fávero (2006), foi essa lei que estabeleceu a 
proibição de atitudes de caráter político-partidário, tanto por parte dos 
estudantes quanto por parte dos professores – inclusive no que se refere ao 
uso de trajes ou camisas que indicassem essa relação. 
 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre a Universidade do Distrito Federal, 
leia o texto Vida curta da UDF. 
 
Queda de Getúlio Vargas: mudança de paradigma 
O Governo Provisório de Vargas se estendeu até 1945, ano em que ele foi 
deposto através de um golpe militar. 
 
 
8 Universidade de São Paulo (USP) 
Maior universidade pública do Brasil. 
 
9 Universidade do Distrito Federal (UDF) 
Universidade com estrutura arrojada oposta àquelas que existiam no Brasil. 
 
 
 13 
A partir desse momento, o Brasil entrou em uma nova fase histórica: o período 
de redemocratização do país, que se formalizou com a promulgação da 
Constituição de 1946, de cunho liberal. 
 
De acordo com Cunha (2000), nessa época, já havia em território brasileiro 
cinco instituições universitárias e outras faculdades isoladas: 
 
 Universidade de Minas Gerais (1927); 
 Universidade de São Paulo (1934); 
 Universidade de Porto Alegre (1934) – resultante da Escola de 
Engenharia de Porto Alegre; 
 Universidade do Brasil10 (1937) – antiga URJ; 
 Faculdades Católicas11 (1940) – reconhecidas pelo Estado em 1946. 
 
Durante essa nova era, foi criado, também, o Decreto-Lei nº 8.393/45. Fávero 
(2006) afirma que, por meio desse dispositivo, o reitor passou a ser eleito a 
partir da lista tríplice e por votação uninominal no Conselho Universitário – de 
professores, catedráticos efetivos ou aposentados – e nomeado pelo Presidente 
da República. 
 
 
Aprenda mais 
 
Para saber mais sobre essa nova fase histórica do Brasil, leia 
o texto O liberalismo. 
 
 
10 Universidade do Brasil 
Por meio do Decreto-Lei nº 8.393/45, a UB ganhou sua autonomia administrativa, 
financeira, didática e disciplinar. 
 
11 Faculdades Católicas 
Entidade educacional que originou a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 
(PUC-RJ): a primeira universidade privada do Brasil. 
 
 
 14 
Sem Getúlio: ensino universitário no Brasil a partir de 1945 
Veja, agora, resumidamente, como se configurou o cenário do Ensino Superior 
no Brasil com a saída de Getúlio Vargas do governo: 
 
1945 até início dos anos 1950 
A luta pela autonomia das universidades ocorreu no final dos anos 1940 e no 
início de 1950. Esse processo foi muito conflituoso, afinal, nem por Decreto 
se efetivava. 
 
O predomínio da formação profissional era a tônica do ensino universitário, que 
se multiplicava no país. A pesquisa e a produção de conhecimento foram 
deixadas de lado, com exceção das atividades realizadas pela USP e pela UDF. 
 
Década de 1950 
A década de 1950 se anunciava a partir de um quadro econômico em 
crescente desenvolvimento no país, por conta do processo de industrialização. 
 
Em paralelo, as discussões sobre o ensino universitário se intensificavam, 
devido à precariedade em que se encontravam as instituições. 
 
Na segunda metade dos anos 1950, tramitava no Congresso o projeto de 
Lei de

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