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EXAMES Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião - dentista HEMATOLÓGICOS SOROLÓGICOS URINA OUTROS MANUAL PRÁTICO EDITORA MAIO FICHA TÉCNICA Capa Daniel Fleury Projeto Gráfico Ghislaine Bomm Editoração Eletrônica Carlos Dumon Rosa 2a EDIÇÃO Reservados todos os direitos de publicação à EDITORA MAIO Rua Itupava, 932 Fone/ Fax (41) 3029-5000 80040-000 - Curitiba - Paraná E – mail: editoramaio@editoramaio.com.br Tonani, Pedro Carlos Ferreira. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião–dentista – Hematológicos - Sorológicos – Urina - Outros - Manual Prático / Pedro Carlos Ferreira Tonani, Antônio Carrilho Neto. – Curitiba, PR: Editora Maio,2001. 77 páginas, tamanho 140 x 210 1. Odontologia 2. Exames Laboratoriais I Carrilho Neto, Antônio II Título. PEDRO CARLOS FERREIRA TONANI Professor Adjunto Responsável pela Disciplina de Estomatologia do Curso de Odon- tologia da Universidade Estadual de Londrina/UEL Professor Titular da Disciplina de Semiologia Bucal do Curso de Odontologia da Universidade Norte do Paraná/UNOPAR Professor de Cursos de Especialização da Escola de Aperfeiçoamento Profissional na Associação Odontológica do Norte do Paraná ANTÔNIO CARRILHO NETO Professor Auxiliar da Disciplina de Estomatologia do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina/UEL Colaboradores Maria Aparecida Elke MADUREIRA Revisão do Texto e Revisão da Bibliografia Fernando Santos de OLIVEIRA Revisão do Texto e Revisão da Bibliografia Agradecimentos Dr. David José PHILIPSEN Md Hematologista, pela valiosa contribuição, emprestando seu conhecimento e saber. PREFÁCIO A cada ano que passa, a literatura odontológica é agraci- ada com novos lançamentos, direcionados principalmente para a área técnica de Dentística, Periodontia, Cirurgia, Endodontia, Implantodontia e outras, mas ainda há lacunas a serem preenchidas. A área de exames complementares e laboratoriais é uma necessidade imprescindível a todas as especialidades, inclusive aos Clínicos gerais. Um problema bastante comum entre os profissionais, ao receberem um exame complementar do paciente, é não conseguir chegar a um diagnóstico após a análise deste exa- me. Quando o laboratório não coloca os valores normais ao lado do resultado obtido, a complicação é mais séria, e en- tão começa o drama de como se deve proceder para realizar o diagnóstico. Tonani e Carrilho, dois professores dedicados, vêm agora preencher essa lacuna na literatura odontológica, con- feccionando um manual prático de exames complementares e laboratoriais, simplificado e de fácil consulta para os pro- fissionais da área odontológica. Os exames são aqui comen- tados em linguagem simples e direta, e visam orientar o profissional no momento de solicitar e ler os resultados dos exames hematológicos, sorológicos, de urina e outros, faci- litando ao profissional a conclusão de um diagnóstico. Aos autores, nossas felicitações por esta obra simples, descomplicada e de linguagem acessível, que irá contribuir muito para a Odontologia brasileira. Sérgio Luiz Guandalini SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................... 09 CAPÍTULO 1 EXAMES COMPLEMENTARES RELACIONADOS COM A HEMOSTASIA ....................................................... 11 Tempo de Sangramento ..................................................... 16 Prova de Fragilidade Capilar ................................................ 16 Plaquetometria .................................................................. 17 Retração do Coágulo .......................................................... 18 Tempo de Coagulação ........................................................ 19 Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado ............................. 20 Tempo de Protrombina ....................................................... 20 Tempo de Trombina ........................................................... 21 Manifestação Clínicas das Doenças Hemorrágicas ................... 22 Tratamento das Hemorragias Bucais ..................................... 33 Hemograma na Clínica Odontológica .................................... 35 Série Vermelha ................................................................. 37 Série Branca ..................................................................... 42 Indicações e Interpretações do Hemograma ......................... 49 Neutropenia Cíclica ............................................................ 50 Agranulocitose ................................................................... 51 Anemias ........................................................................... 53 Leucemias ........................................................................ 54 Trombopatias .................................................................... 56 Infecções ......................................................................... 57 CAPÍTULO 2 TESTES REUMATÓIDES - PROVAS BIOQUÍMICAS DO SANGUE ...................................................................... 59 Diabéticos .......................................................................... 61 Lesões Ósseas ................................................................... 62 CAPÍTULO 3 EXAME DE URINA .............................................................. 67 CAPÍTULO 4 OUTROS EXAMES DE INTERESSE PARA A ODONTOLOGIA ................................................................ 72 BIBLIOGRAFIA .............................................................. 75 INTRODUÇÃO É comum e freqüente nós, Cirurgiões-dentistas, nos de- pararmos com situações curiosas e intrincadas durante o exercício de nossa atividade profissional, quando não nos vemos embaraçados e constrangidos após examinarmos o paciente e do mesmo solicitarmos um determinado exame de laboratório, por não entendermos e até mesmo não sa- bermos interpretar aquilo que solicitamos. Durante muitos anos, vimos observando este tipo de acon- tecimento e, numa tentativa de adequar um pouco mais o aprendizado, ampliando nossa condição técnica, para quan- do solicitarmos os exames laboratoriais mais comuns e mais freqüentes, sabermos realmente: • O que estamos solicitando; • Por que o estamos fazendo; • Como conduziremos o paciente. Nosso manual pretende ser de leitura clara, objetiva, e, sem nenhuma pretensão de esgotar o assunto, atender de maneira prática o Cirurgião-dentista Clínico geral e especi- alizado, quando a necessidade de recorrer a exames com- plementares de laboratório se fizer presente. Nota: Não abordaremos o tema BIÓPSIA. O mesmo é também um exame complementar, e é executado pelo profissional em seu consultório. Realizaremos a explanação juntamente com o Manual de Lesões Bucais, oportunamente. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 11 EXAMES COMPLEMENTARES RELACIONADOS COM A HEMOSTASIA Para o profissional de Odontologia executar qualquer ato cruento, é indispensável que a hemostasia esteja den- tro dos limites considerados normais. É absolutamente ne- cessário um conhecimento sobre sinais e sintomas que pos- sam levar à suposição de presença de uma coagulopatia e informações suficientes para indicar e interpretar os exa- mes complementares em cada caso. História hemorrágica ausente nos antecedentes pessoais ou familiares, atuais ou remotos, não significa, necessaria- mente, que o paciente não apresente alguma alteração sangüínea. TOMMASI et al. (1997) são de opinião que o ideal deva ser a realização pré-operatória do coagulograma, tendo como principais metas: tempo de sangramento (TS), tempo de coagulação (TC), tempo de atividade de protrombina (PT), tempode tromboplastina parcial ativado (TTPa), prova do laço ou fragilidade capilar, contagem de plaquetas, retração do coágulo e tempo de trombina (TT). O sistema básico de defesa do organismo contra a he- 1 C a p ít u lo Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 12 morragia é a hemostasia – o termo significa o conjunto de fenômenos que ocorrem nos tecidos (vasos), nas células sanguíneas (plaquetas) e no plasma (proteínas), objetivando bloquear a perda de sangue após uma lesão vascular. Seu mecanismo envolve três processos dinâmi- cos: vasoconstrição, formação de um tampão hemostático temporário e formação de um coágulo ou tampão hemostático permanente. As artérias e arteríolas, quando suas paredes são lesa- das, sofrem contração em suas camadas musculares, re- sultando numa diminuição do fluxo sanguíneo. Por não possuírem túnica muscular que seja capaz de sofrer tal contração. De modo geral, nos capilares não ocorre este tipo de vasoconstrição. Por isso, após a vasoconstrição de artéria e arteríolas, o sangramento voltaria a ocorrer se, simultaneamente, outro tipo de mecanismo hemostático não se desencadeasse: a formação de um coágulo tempo- rário resultante da aglutinação de plaquetas no local, em decorrência do contato do sangue com as fibras colágenas, conseqüente à ruptura da parede vascular. Desta maneira, forma-se uma espécie de tampão de emergência, representado por esse agregado plaquetário nas bordas do tecido vascular lesado. Entretanto, esse coágulo também tem caráter reversível, e poderia ser desfeito pela corrente sanguínea se, concomitantemente, não ocorresse o fenômeno da formação do coágulo estável. O mecanismo da coagulação sanguínea é considerado na atualidade ainda muito complicado, quando analisado em pormenores; de modo muito simplista, pode ser resumido da seguinte forma: a desintegração de algumas plaquetas e a própria lesão celular liberam uma substância que vai agir na gênese da tromboplastina; a qual converte a protrombina em trombina, que por sua vez reage com o fibrinogênio a fim de formar a fibrina, que é irreversível, insolúvel e repre- senta a fase final da coagulação. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 13 Depois de formado o coágulo permanente, ele sofre o fenômeno de retração, que ajuda ainda a sua estabilização no local da lesão, estancando definitivamente, desta forma, o sangramento. Além disso, a rede de fibrina servirá de suporte à prolife- ração celular subseqüente, durante a formação do tecido cicatricial, no ponto lesado. Todos os fatores que intervêm na coagula- ção sanguínea estão normalmente presentes no plasma, inativos, naturalmente inibidos para evi- tar a coagulação intravascular, mas prontos para a ação quando solicitados. A presença de subs- tâncias estranhas aos vasos sanguíneos pode atuar como elemento ativador desses fatores, desencadeando o processo até a formação de coágulos, a não ser que haja inibição ou defici- ência de qualquer dos fatores do plasma. Desse modo, ao considerar o problema hemorrágico, o Cirurgião-dentista deve ter sempre em mente a multiplicidade desses fatores, lembrando que a causa da hemorragia pode- rá estar relacionada com alterações, que tanto podem estar localizadas nas paredes dos vasos como nas plaquetas, ou em qualquer dos fatores plasmáticos que intervêm na coa- gulação do sangue. Na avaliação de história clínica do paciente, o Odontólogo deve inteirar-se da ocorrência pregressa de hemorragias, analisando fatores importantes, como o lo- cal, a duração e a gravidade da perda de sangue, a causa aparente da hemorragia e o surgimento de hematomas, além dos antecedentes familiares. O exame clínico, por sua vez, deve concentrar-se na in- vestigação e observação de petéquias e equimoses nas pele, e também de vestígios de hemorragias espontâneas nas ...o Odontólogo deve inteirar-se da ocorrência pregressa de hemorragias... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 14 mucosas nasais e das gengivas. Informações sobre perda de sangue pelas gengivas ao escovar os dentes, além de he- morragias por avulsões dentárias, são sempre úteis. A avaliação dos dados obtidos norteará a decisão do profissional no sentido de solicitar ou não os exames ade- quados ao laboratório clínico. Não confirmada a suspeita da condição hemorrágica, o Odontólogo processará nor- malmente a cirurgia prevista, evitando, assim, que o pa- ciente seja submetido a gastos desnecessários com pro- vas laboratoriais. Entretanto, se os mesmos revelarem alterações na nor- malidade, o paciente deverá ser encaminhado, juntamente com os exames, a um Hematologista, para que o diag- nóstico final e possível correção do problema sejam efetuados. As alterações detectadas pelos testes de tempo de sangramento (TS), da prova do laço (PL) e da contagem de plaquetas indicam problemas relacionados com dis- túrbios plaquetários e capilares (hemostasia primá- ria). O tempo de coagulação (TC), a tromboplastina parcial ativada (TTPa), o tempo de protrombina (TP) e o tempo de trombina (TT), indicam alterações relacionadas com a coagulação sangüínea (hemostasia secundária) - Anexo II. As provas de laboratório permitem estudos detalhados dos estados patológicos, oferecendo dados para um diag- nostico seguro e específico das discrasias sangüíneas. Os sinais das alterações patológicas eram primariamente detectados por meio de testes simples e de fácil execução, como o tempo de coagulação, o tempo de sangramento e a contagem de plaquetas. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 15 Entretanto, convém ressaltar que esses testes não são seguros, uma vez que, mesmo em certas coagulopatias consideradas graves, podem apresentar resultados normais. O conhecimento desse pormenor assume grande impor- tância clínica, pois, se uma doença desse tipo não for reco- nhecida em tempo hábil, a hemorragia, uma vez estabelecida, pode ser grave e também fatal. Um exemplo de caso patológico no qual aqueles exa- mes podem apresentar valores normais é a doença de Von Willebrand, cuja primeira manifestação pode ser jus- tamente a ocorrência de hemorragias após extrações dentárias. O comportamento dessa doença é desconcertante, uma vez que, nos mesmos pacientes, traumatismos semelhantes, às vezes, não provocam qualquer perda de san- gue, ao passo que, em outras oportunida- des, a hemorragia surge e é tão intensa que coloca a vida do paciente em risco. A doença de Von Willebrand pode ser diagnosticada pela presença da tríade clássi- ca de resultados: prolongamento do tempo de sangramento, escassa adesividade das plaquetas e ausência do fator VIII (proteína da coagulação). Em temos práticos, para triagem de pacientes com suspeita de coagulopatias, o Odontólogo deverá solicitar ao laboratório clínico um conjunto de provas, a saber: (TTPa), tempo de tromboplastina parcial ativado; (TP ou TAP), tempo de atividade de protrombina; (TT), tempo de trombina; (TS), tempo de sangramento e contagem de plaquetas, com as quais estará apto a saber se a anor- malidade está na hemostasia primária ou secundária (Anexo II). ...para triagem de pacientes com suspeita de coagulopatias, o Odontólogo de verá solicitar ao laboratório clínico um con- junto de pro- vas... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 16 TEMPO DE SANGRAMENTO (TS) É o tempo necessário paraestancar a hemorragia da fe- rida não maior que 4mm de profundidade, feita, geralmen- te, no lóbulo da orelha. Este tipo de exame avalia, simulta- neamente, as funções capilares e plaquetárias, não sendo considerado um método seguro. O valor do tempo de sangramento (TS) varia entre 2 e 8 minutos. • O TS aumentado é verificado, principalmente, na púr- pura trombocitopênica e na pseudo-hemofilia. • O TS aumentado é quase sempre sinônimo de púrpu- ra, entretanto, o surgimento desta nem sempre é sinônimo de TS aumentado. • O TS pode estar aumentado nos estados infecciosos. As conclusões a que se pode chegar são as seguintes: • O TS sempre está relacionado com plaquetas e pro- blemas vasculares e as conseqüências são, na grande maio- ria dos casos, as púrpuras. PROVA DE FRAGILIDADE CAPILAR (PROVA DO LAÇO OU PROVA DE RUMPEL – LEEDE) É um teste no qual o profissional pode estudar a resis- tência dos capilares. O resultado normal do teste de fragili- dade capilar é negativo. A prova de fragilidade capilar é po- sitiva nos casos das púrpuras plaquetopênicas e vasculares (no escorbuto, por exemplo), secundários à hipotensão, à Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 17 diabetes, às nefropatias, aos estados infecciosos ou alérgi- cos, e também na deficiência de fibrinogênio. É realizada pelo garroteamento do braço do paciente, verificando-se, depois de um certo tempo (3 a 5 minutos), se houve formação de petéquias. As petéquias são pontos hemorrágicos na pele, de até 2mm de tamanho, que não desaparecem pela pressão dos dedos e/ ou vitropressão, formadas pela difusão do sangue a partir de capilares sanguíneos lesados. Esta prova está em desuso e tem pouco significado clínico, indicando geralmente uma fra- gilidade da parede endotelial dos capilares sanguí- neos, quando as petéquias são numerosas. PLAQUETOMETRIA (Contagem de plaquetas) É o estudo do número de plaquetas. As plaquetas se constituem no segundo mais impor- tante fator da hemostasia. São também denomi- nadas de trombócitos. As plaquetas exercem vários e importantes papéis na hemostasia. Aderem às regiões lesadas dos vasos sanguí- neos, produzindo um “trombo branco” que reveste e tampona a parede vascular. A taxa normal de plaquetas está compreendida entre 150.000 a 450.000 por mm3 de sangue. O aumento do número de plaquetas ou trombócitos é denominado plaquetose ou trombocitose. O número de plaquetas aumenta após a perda hemática, e também na policitemia primária, após a menstruação, es- A taxa nornal de plaquetas está compreendida entre 150.000 e 450.000 por mm3 de sangue. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 18 forços corporais intensos, cardiopatias valvulares e/ou do- enças com mecanismos imunológicos, como por exemplo, a artrite reumatóide. A diminuição do número de plaquetas, trombocitopenia, pode resultar de um aumento da destruição mediada por doença imunológica. Exemplo: - Colagenoses; diminuição da produção, em caso de depleção da medula óssea, desencadeada por drogas, tais como: Álcool, quimioterápicos, analgésicos, cloranfenicol, estreptomicina e diuréticos tiazídicos ou, ainda, por doen- ças como linfossarcoma, tuberculose, mieloma múltiplo, anemia aplástica e o hiperesplenismo acarretando em au- mento da sequestração das plaquetas. RETRAÇÃO DO COÁGULO É uma prova funcional importante e de grande exatidão. Está relacionada ao metabolismo correto das plaquetas e ao perfeito mecanismo de formação plaquetária. Para a sua determinação, é necessário que o hematócrito e a concen- tração de fibrinogênio estejam normais. É uma prova relaci- onada com a bioquímica das plaquetas. A retração do coá- gulo em condições normais inicia-se aos 20 minutos, e apre- senta 50% de retração após 3 horas. O tempo de retração do coágulo diminui nas plaquetopenias, em certas trombopatias, nas poliglobulias e hiperfibrinemias, e aumenta nas anemias, fibrinogeniopenias e trombocitose. A prova de retração do coágulo deve ser interpretada juntamente com os outros elementos constituintes do coagulograma, e nunca isola- damente. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 19 TEMPO DE COAGULAÇÃO (TC) O tempo de coagulação é o espaço de tempo decorrido para que o sangue do paciente se coagule fora do vaso. Os valores normais variam de 5 a 10’ (minutos), podendo ser considerados patológicos quando acima de 12’ (minutos). O tempo de coagulação permite a avaliação global dos fatores de coagulação. A determinação do TC é feita comumente pelo método de punção digital ou do lóbulo da orelha, verificando a coagulação do sangue em tubo capilar ou sobre lâmina. É uma técnica simples e não requer ne- nhum cuidado por parte do paciente. O aumento do tempo de coagulação pode representar deficiência de fibrinogênio nos fa- tores tromboplastínicos e protrombínicos e também nas síndromes por anticoagulantes. Na hemofilia o TC pode estar aumentado. De acordo com JANNINI & JANNINI FILHO (1976), cerca de um terço dos pacientes hemofílicos A e B, inclusive aque- les com manifestações clínicas graves, apresentam o tem- po de coagulação normal, que poderá estar prolongado quando as concentrações dos fatores VIII e IX estiverem abaixo de 3% respectivamente, o que caracteriza a pouca especificidade deste exame. Frente à suspeita de hemofilia, devem-se solicitar os se- guintes exames: - Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa); ... cerca de um terço dos pacientes hemofílicos A e B, inclusive aqueles com manifestações clínicas graves, apresentam o tempo de coagulação normal, que poderá ... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 20 - Tempo e atividade de protrombina (TAP); - Tempo de trombina (TT), como valiosos auxiliares diante da hipótese levantada. A pesquisa dos fatores VIII e IX são, na realidade, os elementos clínicos e laboratoriais representativos das hemofilias A e B, sendo de competência do Hematologista o diagnóstico final. Ressalta-se que ambos os tipos de hemofilia incidem em pacientes do sexo masculino, e são transmitidos hereditari- amente, por genes ligados ao sexo. TEMPO DE TROMBOPLASTINA PARCIAL ATIVADO Este teste tem como objetivo a eficiência da via intrínse- ca do mecanismo da coagulação. É realizado através da adi- ção de um substituto do fator plaquetário denominado de cefalina (fosfolipídeo) e de um ativador de superfície, caulim, ao plasma humano. A deficiência de um dos fatores desta via, em concentrações abaixo de 30% do seu valor de normalidade, poderá acarretar um prolongamento no TTPa significativo, devendo ser conside- rados patológicos os valores compreendidos entre 2 e 3 referi- dos acima do normal (TTPa normal é de 35 a 50 segundos). TEMPO DE PROTROMBINA Detecta o tempo de coagulação mediante a conversão da protrombina em trombina, por ativação do mecanismo extrínseco da coagulação variando de 10 a 12 segundos, Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 21 que representa 100% de atividade protrombínica. Este tempo estará prolongado nas deficiências dos fato- res de coagulação I (fibrinogênio), II (protrombina), V (proacelerina), X (fator Stuart, fator Stuart-Power), quando há excesso de heparina e, principalmente, o fator VII (proconvertina). A deficiência de vitamina K e as hepatopatias graves podem interferir na produção dos fatoresII, VII e X e na administração de medicamentos cumarínicos. O tempo de consumo de protrombina e o tem- po utilizado para a conversão da protrombina em trombina está ao redor de 20 segundos. Isto ocorre na dependência da potencialidade da ativação do fator plaquetário 3 e dos fatores intrínsecos da coagulação. Portanto, o consumo anormal de protrombina determina alterações no componente plaquetário (trombocitopenia) e, geralmente, sobre a ação dos fatores V (proacelerina), VIII (globulina anti-hemofílica A), IX (fator Christmas, globulina anti-hemofílica B), X (fator Stuart, Power), XI (globulina anti-hemofílica C,PT.A) e fator XII (fa- tor contato ou fator Hageman). O tempo de protrombina é um elemento importante na avaliação da crase sanguínea. TEMPO DE TROMBINA É um teste semiquantitativo, de fácil e rápida execução, o qual indica alterações relativas à quantidade e à reatividade O exame clínico, minucioso e completo, é importante em pacientes com doenças hemorrágicas. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 22 do fibrinogênio, durante o processo de formação da fibrina. O teste é feito adicionando-se ao plasma uma quantida- de padronizada de trombina, anotando-se o tempo de trans- formação do fibrinogênio em fibrina. O tempo normal é de 18 +/- 2 segundos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS DOENÇAS HEMORRÁGICAS O exame clínico, minucioso e completo, é importante em pacientes com doenças hemorrágicas. O mesmo coloca em evidência sinais e sintomas, possibilitando a elaboração de um diagnóstico de probabilidade que deverá ser confir- mado por exames complementares específicos. Estes, em muitos casos, definirão a causa da doença, ou seja, qual deficiência está ocorrendo no processo de hemostasia (Anexo I). a) História dos antecedentes hemorrágicos: Na anamnese deve ser levantada uma série de questões tentando detectar possíveis antecedentes hemorrágicos do paciente. Solicitam-se informações sobre pequenos cortes, extra- ções dentárias realizadas ou surgimentos de hematoma submucoso ou subcutâneo, após pequenos acidentes. b) História familiar: Muitas doenças hemorrágicas têm caráter genético e são transmitidas através das gerações. O conhecimento de doenças hemorrágicas entre os mem- bros da família do paciente exige maior atenção do Clínico, no sentido de pesquisar afecção no mesmo, ainda que na Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 23 história pessoal não tenham sido detectados sinais e sinto- mas significativos. Isto porque existem várias formas de apresentação da mesma doença genética, dependendo do grau de penetrância do gene que determina a alteração, podendo, deste modo, ocorrer diferenciações em nível subclínico. Um paciente hemofílico que possua 15% de um fator VIII, por exemplo, pode chegar à idade adulta sem sofrer hemorragia, desde que não seja exposto a traumatismos mais intensos. Um paciente nessas condições pode procurar um Cirurgião- dentista, e somente um interrogatório consciente e responsá- vel poderá evitar o transtorno de colocar sua vida em risco. c) Púrpuras, hematomas e sangramentos: As manifestações clínicas das doenças hemorrágicas cons- tituem sinais e sintomas bem característicos. Em geral, sur- gem sob a forma de púrpuras, manchas violáceas, que ocor- rem devido à infiltração de sangue no tecido submucoso ou subcutâneo, conseqüentes ao rompimento de capilares. Estas manchas recebem a denominação de petéquias, quando se mostram de pequeno tamanho, com um diâme- tro de até 2mm, ou equimoses, quando mais extensas. Outras vezes, ocorre o aparecimento de hematomas, que são coleções de sangue contidas no tecido subcutâneo ou submucoso. É bastante significativa a presença de hematomas es- pontâneos, ou ainda relacionados a traumatismos leves, não condizentes com a intensidade da lesão, tais como extensos hematomas na mucosa bucal, ocasionados por meio de aci- dentes que ocorrem na mastigação. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 24 Igualmente importantes, são as hemorragias gengivais espontâneas ou provocadas por simples escovação dentária, particularmente na ausência de fatores irritantes locais. d) Outros sinais e sintomas gerais: Histórias clínicas envolvendo relatos de epistaxes, mele- na, hematúria e menstruações prolongadas, com grande perda de sangue, devem ser consideradas no diagnóstico de probabilidade da doença hemorrágica. As hemartroses, afecções inflamatórias das grandes articulações (joelho, coxofemoral), de- vido a hemorragias intra-articulares, são fre- qüentes na hemofilia e constituem a causa mais comum de incapacidade no paciente hemofílico. Consideração especial deve ser dispensada ao sinal de palidez da pele e/ou mucosas, associado à anorexia, fadiga fácil, dispnéia e intensa debilida- de física, além da diminuição da atividade mental, constituindo assim o quadro clínico de anemia. Ao surgir este quadro clínico, uma investiga- ção mais profunda faz-se necessária com a finalidade de evi- denciar afecções mais graves, como leucemias ou tumores ma- lignos, que podem estar mascarados pela anemia. As causas determinantes da alteração da eritropoese podem, igualmente, provocar alteração paralela na forma- ção das plaquetas, influindo assim na hemostasia. Por outro lado, a própria hipoxia causada por anemias graves pode determinar hipoplasia medular, agravando as- sim a anemia e, ao mesmo tempo, diminuindo o número de plaquetas. Os exames complementares indicados na sus- peita de uma doença hemorrágica são os seguintes • Tempo de coagulação (TC); • Tempo de sangramento (TS); • Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa); • Tempo de atividade de protrombina (TAP ou TP); É bastante significativa a presença de hematomas espontâneos, ou ainda relacionados a traumatismos leves... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 25 • Tempo de trombina (TT); • Contagem de plaquetas/teste de fragilidade capilar (FC). São exames simples, de fácil interpretação, suficientes para evidenciar a presença ou não de alteração importante na hemostasia (Anexo II). Se os resultados dos exames apresentarem alterações, o profissional deverá proceder como rotina o encaminha- mento do paciente ao Hematologista. Ao mesmo, caberá o diagnóstico final e tratamento e re- torno para a terapêutica odontológica. ANEXO I ANÁLISE SIMPLIFICADA DA HEMOSTASIA Área hemostática Prova (s) Item (itens) analisado(s) Integridade vascular Suturas (1º MOMENTO) Fraturas ósseas Integridade vascular Inspeção Remanescentes de raízes Processos infecciosos Corpos estranhos Contagem de plaquetas Número de plaquetas normais 150 – 450 (2º MOMENTO) mil/m3 Plaquetas Tempo de Quantidade e função Sangramento 1-4 das plaquetas (3º MOMENTO) Deficiência de/ou Cascata da coagulação inibidores de: Via intrínseca XII, XI, IX, VIII (colágeno) (X,V,I e II) via comum TTPa –35-50” VII TP – 11-12” (X,V,II,I) via comum Via extrínseca TT –20+/- 2” lla, I (tecidual) Estágio final Determinação do Deficiência e/ou fibrinogênio anormalidade do fibrinogênio (4º MOMENTO) Produtos da Degradação, degradação produtos de fibrina da fibrina e fibrinogênio TC 5-10` Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 26 • Tempo de coagulação (TC); • Tempo de sangramento (TS); • Tempo de trombina (TT); • Tempo de protrombina (TP);• Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa). Os tempos mencionados acima são para valores normais, podendo ser diferentes conforme o tipo de técnica laboratorial utilizada. ANEXO I – MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS EM PACIENTES COM ANORMALIDADES DE HEMOSTASIA SECUNDÁRIA E/OU PRIMÁRIA RESPECTIVAMENTE ACHADO DISTÚRBIO DE DISTÚRBIO DE COAGULAÇÃO PLAQUETAS OU VASOS Petéquias Raro Característico Hematomas Profundos Característico Raro Equimoses Comum (geralmente Característico superficiais grandes, solitárias (geralmente pequenas, e profundas) múltiplas e superficiais) Hemartroses Característico Raro Sangramentos Comum (4 horas Raro, início imediato, tardios Após exodontia) Resposta à pressão local Sangramentos Mínimo, cessa de cortes normalmente Persiste, pode ser superficiais e dependendo do profuso arranhões grau de deficiência dos fatores Sexo do Formas hereditárias Mais comum em mulheres paciente somente em homens (80-90%) Sangramento Mínimo, dependendo do Quadro clínico típico de mucosa grau de deficiência (epistaxe, gengivorragia e dos fatores menorragia) Sangramento aumenta com Sim Sim AAS e outros História familiar positiva Comum Incomum Cicatrização de Atrasada feridas (sangramentos repetidos) Usualmente normal Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 27 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS – ANEXO II EXAMES LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO DE COAGULOPATIAS EXAME VARIAÇÃO SISTEMA DOENÇA NORMAL TESTADO DETECTADA (AS MAIS COMUNS) Contagem de 150– Plaquetas Trombocitopenia plaquetas 450.000/mm3 Trombocitose Tempo de sangramento 2 a 8 minutos Plaquetas Trombocipatia capilares Trombocitopenia Doença de Von Willebrand Anomalia vascular Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) Valores Deficiência dos fatores menores de Intrínseco VIII, IX,XI,XII 50 segundos Doença de Von Willebrand Terapia com heparina Inibidores fator especifico Tempo de 10 a 12 Deficiência de fator VII protrombina segundos Extrínseco e vitamina K Terapia com cumarínicos Tempo de Valores Conversão de Hipodisfibrinogenemia trombina menores de fibrinogênio Produto da 20 segundos fibrina degradação da fibrina Presença de heparina • Os tempos mencionados acima são para valores nor- mais, podendo ser diferentes, conforme os tipos de reagentes e técnicas laboratoriais. 1 – TTPA E TP AUMENTADOS, TS, TT, FC NORMAIS (ANEXO II) Este tipo de quadro determina a necessidade de outros exames complementares, objetivando encontrar quais fato- res da coagulação estão deficientes. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 28 Sabe-se que o TTPa aumentado mostra alteração na via intrínseca da coagulação e o TAP aumentado, na extrínseca. Também aqui o procedimento rotineiro é encaminhar o paciente para o Hematologista, onde o mesmo realizará a conduta terapêutica adequada. São descritos, para uso normativo, treze fatores relaci- onados à coagulação, em acordo com a classificação inter- nacional e com a nomenclatura mais comum usada: Fator I - Fibrinogênio Fator II - Protrombina Fator III - Tromboplastina Fator IV - Ca Fator V - Fator acelerador lábil Fator VI - Não se descreve atualmente Fator VII - Fator acelerador estável Fator VIII - Globulina anto-hemofílica (Anti- hemofílica A) Fator IX - Fator Christmas (Anti-hemofílico B Fator X - Fator Stuart Fator XI - Fator Rosenthal (Anti-hemofílico C) Fator XII - Fator Hageman Fator XIII - Fator Lock- Lorand As deficiências congênitas dos Fatores I, IV, VII, X, XII e XIII constituem afecções consideradas raras, surgin- do como caráter hereditário, em pequeno número de famíli- as, conhecidas e seguidas de modo constante pelos pesqui- sadores. A ocorrência de um paciente portador de uma dessas deficiências no consultório odontológico, sem o devido diag- nóstico, é uma condição praticamente improvável. As deficiências, também congênitas, dos Fatores VIII, IX e XI, responsáveis respectivamente pelas hemofilias A, B e C, são menos raras. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 29 A deficiência adquirida do Fator I ocorre principalmente quando existe doença hepática grave, como cirrose avança- da e câncer do fígado. Estas promovem aumento no (TT). Nestas condições, de modo geral, o estado do paciente é bastante grave e suas necessidades odontológicas, salvo nas situações emergenciais, são secundarizadas até seu equilíbrio. As deficiências adquiridas do Fator II – protrombina – ocorrem em situações diversas em que há deficiência de vitamina K, a partir da qual é sintetizada a protrombina no fígado. A vitamina K encontra-se largamente distribuí- da em quase todos os alimentos e é sintetizada pela microbiota intestinal. Admite-se que pode ocorrer deficiência da vi- tamina K quando a microbiota intestinal é altera- da por antibioticoterapia prolongada ou várias síndromes de diarréias crônicas. Na ocorrência de obstrução do colédoco e canal excretor da vesícula biliar, a vitamina K pode ser ingerida e sintetizada, entretanto, por falta do suco biliar no trato intestinal, não pode ser ab- sorvida neste nível, pois o suco é indispensável à sua absorção. Consideram-se aqui, também, as situações em que a vi- tamina K é absorvida, porém não metabolizada, pelo fígado, pois o mesmo sofre alterações graves. Quanto ao Fator IV, íon cálcio no plasma, é suficiente uma quantidade mínima do mesmo para que, nas fases de coagulação, sua ação catalisadora se mostre efetiva. Procedimento inútil é a utilização do cálcio para estancar sangramento, por exemplo, pulpar, pois sua concentração necessária para a ocorrência da coagulação está disponível no organismo. Admite-se que pode ocorrer deficiência da vitamina K quando a microbiota intestinal é alterada por antibio- ticoterapia prolongada... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 30 É indispensável ter registrado, de modo permanente, que a realização de intervenção cruenta em paciente portador de coagulopatia não diagnosticada claramente, coloca em risco a vida do mesmo. 2 – TTPa E TAP NORMAIS, TS AUMENTADO, TT E FC NORMAIS (ANEXO II) Trombocitopenia ou tromboastenia Os índices mencionados representam alterações das plaquetas, que podem se apresentar com número insufici- ente na corrente circulatória (trombocitopenia) ou com alte- ração funcional (tromboastenia), motivos que determinam dificuldades na formação do trombo branco. Nessas condições, estarão indicados outros exames com- plementares, como prova de retração do coágulo, adesividade plaquetária e determinação do numero de plaquetas através de hemograma com estudo plaquetário. A interpretação dos valores fornecidos pelo hemograma e sua comparação com os dados obtidos pelo exame clínico possibilitam o diagnóstico de púrpura trombocitopênica pri- mária ou secundária. A associação dos dados do exame clínico e do hemograma permite o relacionamento de alguns casos de trombocitopenia com alterações mais graves do sistema hematopoético, como anemias e leucemias. Constatada a diminuição do número de plaquetas abaixo dos níveis normais, qualquer ato cruento está contra-indica- do, devendo o paciente ser encaminhado ao Hematologista. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 31 Nessas circunstâncias, pode-se suspeitar de doenças cujas manifestações podem surgir sob a forma de sangramentopro- longado após exodontias ou mesmo escovação dentária, além da presença de petéquias ou equimoses na cavidade bucal. 3 - TTPa NORMAL – TAP NORMAL – TT NORMAL – TS NORMAL E FC ALTERADO Diversas doenças hemorrágicas estão relacionadas a al- terações vasculares e, apesar de apresentarem coagulação e plaquetas normais, seus portadores estão sujeitos a he- morragias e mostram resultados positivos no tes- te de fragilidade capilar. Incluem-se neste grupo: Doenças degenerativas por degeneração do colágeno das paredes vasculares, como diabetes. Hipovitaminose C por má-formação do cemento intercelular dos vasos, onde o ácido ascórbico de- sempenha importante função. Doenças hereditárias como Epistaxe Familial e a Síndrome de Rendu-Osler Weber ou Teleangiectasia Hemorrágica He- reditária, mais freqüentes em anglo-saxões. Reações alérgicas como a “púrpura vascular alérgica” ou púrpura de “Henoch”. Neste caso, o hemograma mostra-se útil para seu diagnóstico, revelando o numero de plaquetas normais e significativa eosinofilia. Estados fisiológicos senis em que ocorre igualmente de- generação de colágeno, que toma parte na constituição das Diversas doenças hemorrágicas estão relacionadas a alterações vasculares... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 32 paredes vasculares (púrpura senil). 4 – TTPa ALTERADO, TP NORMAL, TT NORMAL, TS ALTERADO E FC ALTERADO (ANEXO II) Inúmeras referências têm sido feitas recentemente à do- ença de Von Willebrand ou hemofilia vascular, doença hemorrágica hereditária que atinge homens e mulheres, por depender de um gene não ligado ao sexo. Esta doença é resultado da deficiência do fator VIII, globulina anti-hemofílica A, associada a alterações vasculares e à presença de um fator antiaglutinante circulante, impedindo as plaquetas de executarem sua função. Na maioria dos casos, estão afetados três setores da hemostasia: • Via intrínseca – com TTPa prolongado; • Agregação plaquetária – com TS prolongado (função); • Fragilidade capilar – alterada. 5 – TTPa, TP, TT, TS E FC NORMAIS (ANEXO II) Existem casos em que ocorrem deficiências não signi- ficativas de um ou mais fatores da coagulação e os exa- mes mostram resultados negativos, apesar de a doença hemorrágica estar presente. Se o profissional fixar-se ex- clusivamente nos resultados obtidos, a vida do paciente pode estar em risco. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 33 Quando houver resultado negativo não condizente com os dados evidenciados no exame clínico, devem-se repetir os exames e, se os resultados persistirem, solicitar avalia- ção do Hematologista. A maioria das hemorragias cirúrgicas decorre de fatores locais, acontecendo quando a intervenção cruenta é realiza- da em áreas com alterações como: hemangiomas, aneurismas, regiões sujeitas à vasodilatação e rompimento de vasos de grosso calibre, onde os fenômenos fisiológicos de hemostasia não são suficientes para conter a perda sanguínea em grande volume. As hemorragias na cavidade bucal rece- bem a denominação de estomatorragias e, em sua maioria, surgem de fatores locais: Ruptura de artérias: hemorragia arterial cuja característica está no volume e pressão com que o sangue flui para fora do vaso lesado; Ruptura de veias: hemorragia venosa e he- morragia capilar caracterizada pelo pequeno vo- lume de sangue. As hemorragias de fatores gerais apresentam maior gravidade e são produzidas por diáteses hemorrágicas e por doenças. TRATAMENTO DAS HEMORRAGIAS BUCAIS Os métodos utilizados para o tratamento dos sangramentos bucais dependem do diagnóstico dos fatores desencadeadores; é importante e fundamental o conheci- mento do mecanismo da hemostasia. O primeiro método utilizado é a compressão, em que o local hemorrágico é fortemente comprimido com uma com- pressa de gaze com os dedos durante 5 a 10 minutos, repe- tindo-se a ação, se necessário. A maioria das hemorragias cirúrgicas decorre de fatores locais, acontecendo quando a intervenção cruenta é realizada em áreas com alterações... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 34 Nos casos das hemorragias alveolares após exodontias, as suturas devem ser rotina, conduta que, em geral, contro- la a maioria dessas hemorragias. O uso de gaze embebida em soluções hemostáticas também produz bons resultados. Sempre que houver sangramento persistente, utilizar hemostáticos de uso local, absorvíveis, sendo indispensá- vel realizar suturas oclusivas. As esponjas de fibrina (ex. Fibrinol) mostram melhores resultados quando embebidas em solução de trombina e aplicadas diretamente no local da ferida hemorrágica. A celulose oxidada é outra substância hemostática absorvível obtida pela transformação da celulose em ácido polianidroglicurônico, com excelente ação hemostática, co- nhecida comercialmente como Surgicel, quando associada à solução de trombina, obtêm-se resultados satisfatórios, de- vendo ser aplicada diretamente sobre o local do sangramento. Uma terceira substância hemostática, também absorvível (denominada Gelfoan), em forma de esponja de gelatina, possui indicação variada, sendo que a mais importante está nas hemorragias pós-extrações. Sua ação hemostática é comprovada, bem como a aplica- ção em discrasias sanguíneas e também no controle de he- morragia difícil, funcionando como meio auxiliar no tratamento. É correto afirmar que o melhor tampão hemostático é o coágulo sanguíneo obtido através da via fisiológica, além de ser considerado poderoso protetor contra hemorragias e in- fecções, facilitando o processo de cicatrização. Devemos considerar que os agentes hemostáticos são importantes no controle das hemorragias bucais, quando in- dicados sob critérios adequados (diagnóstico da causa da hemorragia). Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 35 • Paciente não apresenta história familiar, nenhum sinal ou sintoma clínico de doença hemorrágica, e os exames com- plementares não são realizados por fallta de indicação; • A prevenção de hemorragias, nestes casos, depende exclusivamente de cuidados pré e pós-operatórios, além de uma perfeita técnica cirúrgica. HEMOGRAMA NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA O hemograma consiste na contagem de glóbulos vermelhos e brancos, dosagem de hemoglobina, determinação do valor globular, contagem específica dos leucócitos e, eventual- mente, na contagem das plaquetas. O hemograma, na realidade, não é um exa- me complementar, mas uma bateria de exames complementares, realizados com a finalidade de fornecer um conjunto de dados que permita uma visão panorâmica, quantitativa e qualitativa dos elementos figurados do sangue. Deveria ser solicitado com maior freqüência no pré-opera- tório cirúrgico quando houver indicação (história de palidez na pele e principalmente nas mucosas, fadiga, sonolência e infec- ções recorrentes sem justificativa). Devemos deixar claro que: Somos de opinião que a indicação do hemograma e sua interpretação têm uso restrito na Odontologia, devi- do à sua complexidade e à pouca ação clínica desempe- nhada pelo profissional. O mais lógico, adequado, opor- tuno e sobretudo ético, quando em presença de suspeita clínica de uma doença do sistema hematopoético, é o encaminhamento do paciente ao Médico Hematologista. O hemograma, na realidade, não é um exame complementar, mas uma bateria de exames complementares... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista- Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 36 Para a interpretação clínica do hemograma, segundo JANNINI & JANNINI FILHO (1978), é necessário o conheci- mento de alguns termos usuais e de seus respectivos signi- ficados: Leucocitose – Aumento do número de leucócitos ou glóbulos brancos. Leucopenia – Diminuição destes elementos. Valor relativo R – É a quantidade de cada elemento em 100 células. Seu valor na interpretação do hemograma é pequeno, pois seu aumento ou diminuição está condiciona- do ao aumento ou à diminuição de outros glóbulos sangüíneos. Valor absoluto (A) – É a quantidade de cada elemento por mm³ de sangue. Reação escalonada (RE) – Termo utilizado para de- monstrar a proporção escalonada entre células imaturas e maturas no sangue periférico. As células diferenciadas ou maturas devem estar sempre em maior número; uma inver- são nesta relação poderá demonstrar alteração grave na hematopoese. Desvio à direita (DD) – Significa uma quantidade mai- or de neutrófilos segmentados (células diferenciadas ou maturas) no sangue periférico, representando uma infecção crônica. Desvio à esquerda (DE) – Significa uma quantidade maior de neutrófilos jovens (células imaturas) no sangue periférico, representando uma infecção aguda. Quadro leucêmico – Tem conotação com moléstias do órgão hematopoético. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 37 Nota: Se há ausência de reação escalonada, número des- proporcional de grupos de células, presença de células displásicas, alteração na série vermelha com diminuição de células diferen- ciadas, além da presença de blastos no sangue periférico. Principais indicações do hemograma em Odontologia - Quando os sinais e sintomas clínicos forem indicativos de uma doença e/ou uma alteração do sistema hematopoético. - Também para avaliação da hematopoese durante terapêutica medicamentosa prolongada, além de analisar a gravidade dos processos in- fecciosos e alérgicos. Constituem o hemograma os seguintes exames complementares: SÉRIE VERMELHA Hematometria É a contagem do numero de hemácias por mililitro de sangue circulante. Em termos médios, este valor situa-se em torno de 4.500.000/ml nas mulheres e 5.000.000/ ml nos homens. Dosagem de hemoglobina ou hemoglobinometria Medida da quantidade de hemoglobina existente em 100ml de sangue e expressa em gramas. São valores nor- mais aqueles entre 12,5 e 16,5 g/dl. Volume globular ou hematócrito Valor obtido pela centrifugação do sangue não coagula- do, representando a proporção entre a parte sólida e a parte liquida do sangue. Em termos médios, este valor situa-se em torno de 4.500.000/ml nas mulheres e 5.000.000/ml nos homens. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 38 Em adultos sob condições normais, este valor é, em mé- dia 40 a 45, significando que, do volume total do sangue, 40 a 50% são constituídos pela parte celular e 55 a 60% pela parte líquida (plasma). Em crianças, por ocasião do nascimento – 56%, diminu- indo progressivamente no 1º mês, atingindo níveis de 35% até o final do 1º ano. Volume globular médio – VGM Determina a média do volume de hemácias e é expresso em femtolitros ou micra cúbicos. Os valores de 80 a 94 são considerados normais. Com valores acima de 94 as hemácias são chamadas macrocíticas e abaixo de 80 são chamadas microcíticas. Hemoglobina corpuscular média – HCM Representa a proporção real de hemoglobina existente, em termos médios, em cada hemácia, em cifras absolutas. É expressa em picogramas (micro microgramas), com valo- res normais que vão de 27 a 32. Concentração de hemoglobina corpuscular média – CHCM É a determinação da concentração de hemoglobina por eritrócito, em percentagens. Sabe-se que as hemácias têm seu citoplasma saturado de hemoglobina com concentração normal, aproximadamente em 35%, as anemias em que este valor é situado abaixo de 30 são hipocrômicas. Não existem concentrações superiores porque o normal é a saturação. No estudo microscópico das hemácias, além das medidas quantitativas relacionadas anteriormente, são também registradas no hemograma as alterações qualitativas, obser- vadas microscopicamente, a partir do esfregaço do sangue. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 39 A anisocitose representa o tamanho da hemácia, que pode ser normocítica, macrocítica e microcítica. A poiquilocitose (sua forma) é representada por esferócitos, microcíticos, eliptócitos, ovalócitos, falciforme, em raquete, sendo a forma normal parecida com um disco achatado bicôncavo. A semiologia morfológica destas células está relacionada com determinados tipos de anemias ou ainda concentrações de hemoglobina. A avaliação ou análise da série vermelha ou dos eritrócitos é denominada de eritrograma. Para o Clínico, os principais elementos do eritrograma são os seguintes: As hemácias, a hemoglobina e o hematócrito. Hemácias Número superior a 7.000.000 de hemácias por mm³ é denominado de policitemia e pode ocorrer nos processos cardiopulmonares, em altitudes elevadas, nos casos de desidratação, na policitemia severa. A anemia pode resultar da diminuição do número de hemácias ou da baixa de hemoglobina, podendo ocorrer quando houver déficit na ingesta de ferro, na aplasia da medula óssea, nas hemorragias, nas neoplasias, etc. O número de hemácias inferior a 4.500.000 é também denominando de oligocitemia. A avaliação do número de hemácias durante o período pré-operatório torna-se imprescindível quando o paciente é portador de qualquer dos tipos de anemia, de policitemia, quando a intervenção cirúrgica tiver de ser executada sob anestesia geral, ou ainda, estiver calculada perda de sangue razoavelmente elevada. A avaliação do número de hemácias durante o período pré- operatório torna-se imprescindível quando o paciente é portador de qualquer dos tipos de anemia... Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 40 HEMOGLOBINA A hemoglobina tem função do transporte de oxigênio. Seus valores normais são: homens – de 13 a 17g/100ml, mulheres – de 11 a 16g/100ml, e crianças – de 13 a 15g/ 100ml. A avaliação da taxa ou percentual de hemoglobina no paciente a ser submetido a cirurgia bucal sob anestesia ge- ral é importante: Durante a anestesia geral as crianças precisam, ge- ralmente, de 10 a 12% de oxigênio e os pacientes anê- micos de 12 a 20% de oxigênio, em virtude da baixa taxa de hemoglobina no sangue. A diminuição da taxa de hemoglobina pode ocasio- nar anoxia, durante o ato sob anestesia geral, e tam- bém dificultar a cicatrização da ferida, em virtude da baixa provisão de oxigênio circulante e nos tecidos traumatizados. Pode ser observada diminuição da quantidade global de hemoglobina em variadas condições patológicas, em parti- cular nos casos de hemorragias abundantes e nas anemias. A hipoglobulinemia ou globulinemia pode estar presente quando houver ingesta deficiente de ferro, diarréia, hemor- ragia, infecções, envenenamento, nefrite, uremia e em pa- cientes com neoplasias malignas. Uma diminuição acentuada na taxa de hemoglobina sig- nifica anemia; níveis de hemoglobina inferiores a 10% foram encontrados em crianças portadoras de ane- mia ferroprivas. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 41 Hematócrito É a percentagem do volume ocupado pela hemácia no sangue total,variando normalmente entre 42 a 45ml/%. O valor do hematócrito ou volume globular reflete a mas- sa total de glóbulos vermelhos por unidade de volume de sangue, importando na análise de todos os tipos de anemi- as (é importante saber que nas anemias o valor do hematócrito está reduzido). A elevação do valor do hematócrito pode significar desidratação, estado de choque, queimaduras, diminuição do volume plasmático do sangue e poliglobulia. O conhecimento do hematócrito é importante naqueles pacientes que vão submeter-se a cirurgia bucal de maior porte, sob anestesia local ou geral. A variação do hematócrito pode contra-indicar esta intervenção. Hemossedimentação A hemossedimentação ou eritrossedimentação é a velocidade de sedimentação dos eritrócitos. É considerada útil quando bem interpretada e pode vari- ar frente aos diversos processos patológicos, embora não se mostre específica em nenhum deles. Em virtude da alteração de proteínas e a conseqüente modificação do estado do plasma, é freqüente a observa- ção de níveis muito elevados de hemossedimentação na síndrome nefrótica. O índice de sedimentação dos eritrócitos está relacionado com o fibrinogênio, ou aumento ou anormalidade das globulinas. Os métodos mais usados para determinar a velocidade de hemossedimentação são os de Westergreen e Wintrobe. O conhecimento do hematócrito é importante naqueles pacientes que vão submeter-se a cirurgia bucal de maior porte Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 42 A hemossedimentação normal para os homens na primeira hora é de 0 a 15mm, e nas mulheres e crianças de 0 a 20mm. A hemossedimentação aumenta quando a temperatura ambiente está elevada no período de convalescença de pro- cesso infeccioso, no pós-operatório, durante a menstrua- ção, durante a gestação normal, nas infecções agudas e crônicas (reumatismo e tuberculose), em doenças acom- panhadas de necrose ou degradação tissular; também au- menta após a aplicação de radioterapia, ultravioleta e proteinoterapia não específica, no mieloma múltiplo, nas colagenoses, nas anemias. A hemossedimentação diminui na policitemia, na insu- ficiência cardíaca congestiva, na cianose, na tosse com- prida não complicada, na doença de Niemann-Pic, se hou- ver hipocolesterinemia, quando se faz uso de muito anticoagulante, se houver demora entre o tempo de reti- rada do material e a realização do exame e no tratamento com os corticóides. • Valor prognóstico: permite, por meio de observa- ções repetidas, acompanhar objetivamente a evolução fa- vorável da doença. A hemossedimentação é de pouco significado e de valor limitado e, absolutamente, não é específica, pois a sedi- mentação normal não exclui moléstia orgânica, havendo casos de tuberculose e carcinoma grave sem hemossedimentação elevada. SÉRIE BRANCA Leucocitometria é a contagem global do número de leucócitos contidos em 1ml de sangue. Seu valor referencial médio está entre 4.000 e 10.000/mm3. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 43 Seu aumento denomina-se leucocitose, e a diminuição, leucopenia. Contagem diferencial dos leucócitos Na contagem diferencial, estima-se o número dos diver- sos tipos de leucócitos isoladamente. De modo geral, é ex- pressa no hemograma em valores relativos, isto é, o percentual de um determinado tipo de leucócito, e em valo- res absolutos, que são o mais importante. Assim, eosinófilos 2 ou 2% significa que em cada 100 leucócitos há 2 eosinófilos. Os valores absolutos devem ser calculados tendo-se em conta o número global de leucócitos e o percentual do elemento determinado. Exemplo: Número global de leucócitos 4.000 a 10.000/mm3 – monócitos – 4 a 8% - valores absolutos 100 a 500 monócitos/mm3. O estudo microscópico dos leucócitos realizado pelo exa- me de esfregaço objetiva o estudo diferencial, a avaliação de formas anômalas e os caracteres específicos dos leucócitos. Média de Valores (adultos) Leucócitos Valores relativos Valores absolutos Eosinófilos Até 4% 20 a 350/mm3 Basófilos 0 a 1% 10 a 60/mm3 Linfócitos 25 a 35% 1.500 a 4.000/mm3 Monócitos 4 a 8% 100 a 500/mm3 Blastos 0 0 Promielócitos 0 0 Mielócitos 0 0 Metamielócitos 0 0 Bastonetes (neutrófilos) 3 a 5% 150 a 400/mm3 Segmentados (neutrófilos) 55 a 65% 3.000 a 5.000/mm3 Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 44 Leucograma O leucograma estuda e/ou analisa os valores normais e anormais dos glóbulos brancos ou leucócitos. O leucograma compreende duas partes: 1 – Leucometria – que é a contagem global dos leucócitos. 2 – O estudo dos granulócitos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos), dos linfócitos e dos monócitos. A leucometria compreende a contagem global dos leucócitos, que tem como valor referencial, no paciente adul- to, a variação entre 4.000 e 10.000mm3. Números inferiores a 4.000 leucócitos por mm3 podem representar estado patológico, denominado leucopenia ou leucocitopenia, sendo as principais causas: infecções, pe- ríodos pós-irradiações, choque anafilático, colagenoses, estresse, doenças hematológicas, efei- tos de drogas, entre outras. Números superiores a 10.000 leucócitos por mm3 podem constituir estado mórbido, denominado leucocitose, sendo as causas principais: intoxicações, hemorragias agudas, infecções agudas, estresse, menstruação, parto, enfarte, queimaduras, necroses tumorais, hiperplasia medular, tumores malignos, entre outras. O aumento do número de leucócitos (leucocitose) ou sua diminuição (leucopenia), podem ser notados em um, dois, três, ou em todos os tipos de glóbulos brancos. Esses alertas são importantes, pois os profissionais te- rão oportunidade de observar a especificidade do quadro patológico, a partir do aumento ou diminuição de tal ou tais, qual ou quais tipos de leucócitos, arregimentando recursos clínicos para a correta interpretação do quadro laboratorial Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 45 apresentado. O quadro de leucopenia pode ocorrer como conseqüência do uso (efeito colateral) de medicamentos citostáticos. Neutrófilos Os neutrófilos representam cerca de 55 a 70% dos leucócitos e estão assim divididos: segmentados de 55 a 65%, bastonetes de 3 a 5%, metamielócitos de 0%. Para JANNINI (1976), a fagocitose nos neutrófilos é carac- teristicamente orientada contra as bactérias e as pequenas partículas. Os neutrófilos apresentam tendência a se dirigirem para focos de infecção. Os mielócitos e metamielócitos estão pre- sentes na medula, os segmentados circulam no sangue peri fér ico. Os mielócitos, metamielócitos, promielócitos e demais com- ponentes, quando surgem no sangue perifé- rico, promovem uma situação denominada desvio à esquerda. O aumento do número de segmentados no sangue peri- férico é denominado desvio à direita. Essas noções são importantes diante de certos casos patológicos: a diminuição do número de neutrófilos é de- nominada de neutropenia e pode ocorrer em alguns esta- dos mórbidos como: gripe, mononucleose, hepatite aguda, processos inflamatórios graves, processos tó- xicos, amigdalites, septicemias, bacteremias, colecistites, infecções crônicas, entre outros. O numero de neutrófilos acima do normal, é denomina- do de neutrofilia e pode aparecer nos seguintes casos. In- fecções agudas, intoxicações, pós-operatórios, hemorragias de grande porte, choque traumático, queimaduras externas, O quadro de leucopenia pode ocorrer como conseqüência do uso (efeito colateral)de medicamentos citostáticos. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 46 supurações, infecções a vírus, neutrofilia de causa iatrogênica e na corticoterapia. Os neutrófilos que mais aparecem no sangue periférico são os segmentos e os bastonetes. Mielócitos e metamielócitos, quando presentes no sangue periférico, re- cebem a denominação de desvios à esquerda, e repre- sentam um prognóstico desfavorável. Basófilos Muito pouco se conhece a respeito dos basófilos. Ao que parece, deve haver alguma relação dos basófilos com a pro- dução de histamina. O valor de referência dos basófilos no sangue periférico varia de 0 a 1%. Aumento no numero de basófilos é denominado basofilia e pode ocorrer nas seguintes situações: leucemia mielóide crônica, eritremia, anemia hemolítica crônica, doença de Hodgkin, varíola, varicela após esplenectomia, após injeção de proteína heteróloga (proteinoterapia). Eosinófilos Os eosinófilos estão presentes no sangue periférico numa proporção que varia entre 2 e 4%. Seu aumento numérico é denominado de eosinofilia e a sua diminuição eosinopenia. A eosinofilia pode ocorrer nos seguintes estados patoló- gicos: processos alérgicos, agudização e reagudização de processos específicos, verminoses, viroses, tumo- res malignos, fases de cura de processos infecciosos agudos, períodos pós-esplenectomia, período pós-ir- radiação, em anomalia familiar, certas dermatoses (pênfigo, eritema multiforme, dermatite herpetiforme), granuloma eosinófilo, sarcoidose, anemia perniciosa, Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 47 doença de Hodgkin, leucemia mielóide aguda e crôni- ca, eosinofilia tropical, tumores ósseos, periartrite nodosa, entre outros. Linfócitos Os linfócitos são encontrados no sangue periférico, numa proporção de 25 a 30% e estão relacionados, principalmen- te, aos fenômenos imunológicos. O aumento do seu numero é denominado de linfocitose e suas causas mais comuns são: infecções agudas (gripe) e crônicas (tu- berculose, sífilis), leucemias linfáticas, convalescença de infecções agudas, des- nutrição, linfocitose da agranulocitose, linfocitose do linfossarcoma entre outras, variadas. É atribuída linfopenia ou linfocitopenia à sua diminuição em número. A linfopenia leva sempre a um prognóstico des- favorável e pode ser verificada nos seguintes ca- sos: fase final da moléstia de Hodgkin, no linfossarcoma, na cirrose hepática, na tuberculose ganglionar, nos processos infecciosos graves, na caquexia, nas gripes, na febre tifóide, na desnutrição do tecido linfopoético, na administração de drogas citostáticas, entre outros. Valores abaixo de 1.200 linfócitos/mm3 em paciente adul- to e 2.000 linfócitos/mm3 em pacientes com idade de até 3 anos, representam um prognóstico desfavorável e são co- nhecidos por linfocitopenia absoluta. Há duas grandes populações de linfócitos, designados pelas letras T e B. Os linfócitos são encontrados no sangue periférico, numa proporção de 25 a 30% e estão relacionados, principalmente, aos fenômenos imunológicos. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 48 Concentram-se depois nos órgãos linfóides, como baço e gânglios, entretanto, permanecem em locais separados. Além desses verdadeiros depósitos, os linfócitos T são encontrados abundantemente no sangue, no canal torácico que conduz à linfa do intestino para o sistema circulatório e no timo; porém são raros na medula óssea. Os linfócitos B são raros no timo, no sangue e no canal torácico, porém abundantes na medula óssea. Do ponto de vista morfológico, não é possível sua distinção, que é obtida por outros caracteres. Suas funções (B e T), entretanto, são distintas. Quando se defrontam com um antígeno, os B dão ori- gem a plasmócitos, células formadoras de anticorpos, que são substâncias químicas específicas capazes de destruir e/ ou neutralizar o antígeno (imunidade humoral). Os T, frente a um antígeno, transformam-se em células de ataque capazes de destruir, direta ou indiretamente, o mesmo, sem produção de anticorpos; promovendo, dessa maneira, imunidade celular. Monócitos Monócitos ou histiócitos atuam praticamente na limpeza do foco de infecção. São macrófagos, participam nos fenômenos da formação de anticorpos e na cura de processos inflamatórios. Sua função, de modo geral, é sem dúvida a defesa do organismo, pois, nas fases de luta nos processos infeccio- sos, seu aumento significa, muitas vezes, indício de boa reação por parte do mesmo. O aumento no seu número, no sangue periférico, denomina-se monocitose e sua diminui- ção, monocitopenia. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 49 As causas da monocitose são: Certas infecções bacterianas (tuberculose, endocardite bacteriana subaguda, brucelose, tifo exantemático, raramente na febre tifóide), durante a permanência de infecção aguda e fase de melhora da agranulocitose, muitas infecções por protozoários (malária, febre maculosa das Montanhas Rocho- sas, calazar, tripanossomíase, botão do oriente), moléstia de Hodgkin, moléstia de Gaucher (metabolismo lipóide perturba- do), leucemia monocítica, envenenamento por tetracloretano, em alguns casos de tumores cerebrais e, de um modo geral, nos processos que atingem órgãos ricos em S.R.E (Sistema reticuloendotelial). Monocitopenia é verificada em fase aguda de processo infeccioso e, na falta de reação por parte do S.R.E, caquexia, desnutrição, entre outros. INDICAÇÕES E INTERPRETAÇÕES DO HEMOGRAMA Como já foi referido, o hemograma representa na verdade uma bateria de exames complementares, que propicia ao Clínico uma visão panorâmica, quantitativa e qualitativa da parte celular do sangue. Desta forma, está indicado quando sinais e sintomas clíni- cos indicarem suspeitas de doenças relacionadas com altera- ções da hematopoese, ou de estados mórbidos que determi- nem alterações na parte celular do sangue, de modo a tornar os dados do hemograma úteis ao diagnóstico diferencial. Podem ser consideradas como de interesse odontológico, as seguintes afecções: Podem ser consideradas como de interesse odontológico, as seguintes afeccções: Neutropenia cíclica; agranulocitose; Anemias; Leucemias; Trombopatias; Infecções. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 50 • Neutropenia cíclica; • Agranulocitose; • Anemias; • Leucemias; • Trombopatias; • Infecções. NEUTROPENIA CÍCLICA É uma forma de leucopenia, em que os neutrófilos em particular estão sensivelmente diminuídos e ocorrem a in- tervalos periódicos. É caracterizada clinicamente por febre, calafrios, dor de garganta, mal-estar e fraqueza geral, além de adenopatia, que surgem com intervalos regulares. É importante notar que, em geral, após o aparecimento desses sintomas, surgem na boca gengivite e ulcerações nas mucosas. O quadro de gengivite é generalizado, sem a necessida- de de irritantes locais; acompanhado de ulcerações pelas mucosas, semelhantes a úlceras aftosas recorrentes; e cíclico, com três semanas de intervalo. Sugerem neutropenia, se as ulcerações ocorrem na gen- giva e/ou no palato duro, o que irá auxiliar na diferencia- ção das duas situações, de vez que a UAR ocorre, preferentemente, na mucosa de revestimento e não tem períodos de aparecimento com intervalos regulares. O hemograma mostra grande redução no número dos neutrófilos; entretanto, a contagemtotal dos leucócitos ra- ramente fica abaixo de 2.500/mm3. A história de afecção repetitiva com intervalos regula- res de três semanas, o quadro sintomatológico sistêmico Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 51 mais as lesões bucais fecham o diagnóstico de neutropenia cíclica. Sua etiologia é obscura e possui tratamento específico. Têm sido utilizados, com discreto sucesso, complexo B, corticóides e riboflavina. É importante recomendar repouso e ingestão abundan- te de líquidos. Nas lesões bucais estão indicados bochechos e embrocações com substâncias anti-sépticas suaves e oxigenantes. AGRANULOCITOSE É considerada afecção grave e caracteriza- se por granulocitopenia, ou seja, diminuição ou desaparecimento dos granulócitos (neutrófi los, basófi los e eosinófi los) circulantes. Esse quadro pode levar à septice- mia generalizada e à morte. Clinicamente, a doença apresenta: febre súbita, calafri- os intensos, dor de garganta, dor de cabeça forte, mal-estar e fraqueza, com prostração. O quadro sistêmico é mais intenso do que a neutropenia cíclica, cujas manifestações bucais precedem as sistêmicas ou são a elas concomitantes. Freqüentemente as lesões bucais são os primeiros si- nais da doença. Mostram-se, via de regra, ulcerativas, não possuindo halo eritematoso inflamatório, com predominância para a mucosa do palato mole e recobertas por pseudomembrana esbranquiçada, resultante de infecção secundária por cândida. Sua etiologia está quase sempre sempre associada ao uso de medicamentos, como: Freqüente- mente as lesões bucais são os primeiros sinais da agranulocitose. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 52 Analgésicos em geral, cloranfenicol barbitúricos, aminopirina e sulfonamidas. Antes de suprir o medi- camento, encaminhar o paciente ao Médico responsá- vel pelo tratamento. O relato do paciente de estar fazendo uso por longo tempo de tais medicamentos, somado à diminuição da resistência a infecções e o surgimento de úlceras na mucosa bucal, levam ao diagnóstico cl ínico de agranulocitose, exigindo, pois, a real ização de hemograma. É interessante notar que a agranulocitose ocorre freqüentemente em adultos, acima de trinta anos, prefe- rencialmente mulheres, e raramente é observada em cri- anças. A hipótese diagnóstica será ratificada se, no hemograma, surgirem alterações significativas na série branca, como leucopenia, diminuição ou ausência de granulócitos e linfocitose relativa aparente, uma vez que em números ab- solutos não há aumento de linfócitos. Os leucócitos situam-se abaixo de 2.000/mm3 com dimi- nuição (caindo de 70% para 10%) ou ausência de granulócitos (0%). Deve ser instituído imediatamente o tratamento com antibióticos (penicilina, ampicilina ou cefalosporina), na au- sência de defesa celular. Diagnóstico precoce, seguido de terapia maciça e inten- siva, é essencial para se evitar a morte; indispensável tam- bém é a supressão da substância responsável. A terapia das lesões bucais é a mesma preconizada na neutropenia. Reafirmamos que o tratamento desta do- ença é de competência médica. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 53 ANEMIAS O diagnóstico clínico da anemia é realizado baseando-se em quadro clínico característico. Pacientes anêmicos podem apresentar os seguintes sinais e sintomas: Palidez da pele e das mucosas Observada em geral com muita facilidade, a palidez da face, da mucosa bucal, notoriamente das gengivas e mucosa da pálpebra inferior, representam os sinais mais evidentes e induzem a questões destinadas a com- plementar informações relativas à anemia. A pa- lidez nas mucosas tem, para nós, maior significa- do do que a palidez na pele. Pode ocorrer palidez na pele sem anemia, e anemia sem palidez na mesma; entretanto, pode-se suspeitar que há anemia sempre que houver palidez da mucosa. Língua Lisa A língua apresenta-se despapilada ou inflamada e a queilose biangular está presente. É considerada manifestação atrófica, comumente obser- vada nos quadros anêmicos, de modo geral consequentes à grande sensibilidade da mucosa bucal, em decorrência das carências vitamínicas do complexo B e Ferro. Sintomas Gerais Em pacientes anêmicos são muito freqüentes relatos de anorexias, fadiga, dispnéia após pequenos esforços (subir escada), prostração física e mental, desnutrição, entre ou- tros. ...pode-se suspeitar que há anemia sempre que houver palidez da mucosa. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 54 É relevante levantar questões direcionadas ao estabele- cimento de hipótese de anemia. É importante considerar informações sobre adminis- tração prolongada de medicamentos, exposições à radio- terapia, comprometimento intestinal parasitário, história de perda sanguínea, procedência do paciente e, é claro, história familiar. A interpretação do hemograma, mesmo que alterações na série branca e plaquetas possam estar relacionadas com a anemia, seus dados específicos refletem nas alterações quantitativas e/ou qualitativas da série vermelha. Alterações nos valores relativos e hematimetrias, no vo- lume globular e dosagem de hemácias, podem ser suficien- tes para a interpretação de quadro anêmico. É o momento de o paciente, com todas as informações, ser encaminhado ao Hematologista para maiores esclareci- mentos e cuidados necessários, realizando, portanto, o tra- tamento odontológico somente após a cura do processo, salvo emergências. LEUCEMIAS É grande o número de casos em que as primeiras ma- nifestações clínicas das leucemias ocorrem na boca, assim o Cirurgião-dentista pode com freqüência ser o pri- meiro profissional da saúde a suspeitar da doença sistêmica ou mesmo diagnosticá-la. Nas leucemias, é comum o surgimento de crescimentos gengivais exagerados, devido à infiltração de células leucêmicas, sendo boa norma clínica a realização de hemograma completo, sempre que o crescimento gengival não puder ser esclarecido por outra patologia mais evidente. Exames Complementares Laboratoriais de Interesse para o Cirurgião- dentista - Hematológicos - Sorológicos - Urina - Outros - Manual Prático 55 A associação da manifestação bucal, presença de adenopatia, anemia e história de sangramentos espontâne- os, leva à hipótese diagnóstica de leucemia. O fato ocorre porque nas leucemias a invasão da medula por células leucêmicas determina hipoplasia medular, tendo como consequência trombocitopenia e anemia. O hemograma demonstrará alterações nas plaquetas na série vermelha e profundas alterações na série branca. É sabido que, em condições normais, no san- gue circulante, 35% em média dos leucócitos são neutrófilos segmentados na forma adulta e 2% são bastonetes na forma jovem. Inexistem as formas mais jovens: metamielócitos, mielócitos, promielócitos e blastos. Quando há uma solicitação mais enérgica à medula, como acontece nas infecções mais gra- ves, podem ser enviadas à corrente circulatória formas jo- vens de neutrófilos, o que é chamado de “desvio à esquer- da” (desvio E), significando presença em maior numero de neutrófilos mononucleares na circulação. A presença dessas células mais jovens na circulação, en- tretanto, deve obedecer à “reação escalonada”. O termo refle- te a situação de presença sempre em maior número de células mais diferenciadas, ou seja, mais segmentadas que bastonetes, mais bastonetes que metamielócitos, mais metamielócitos que mielócitos, mais mielócitos que promielócitos.
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