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Importância dos Direitos Humanos e Fundamentais na formação do constitucionalismo

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Elaboração de um estudo no qual o discente demonstre a importância dos direitos humanos e fundamentais na formação do próprio constitucionalismo. O número mínimo de referências bibliográficas é de cinco.
Os Direitos Humanos guarda fina relação com o desenvolvimento do constitucionalismo moderno e neste sentido, faremos aqui uma breve digressão sobre a sua expansão, passando pelo seu conceito e pelas gerações que o demarcam.
No que tange a conceituação de Direitos Humanos, não encontramos na doutrina um consenso. O tomaremos, pois, como o necessário, o essencial para garantir uma vida digna (PFAFFENSELLER, 2007, p. 2) que tem como características a historicidade, a inalienabilidade, a imprescindibilidade e a irrenunciabilidade (SILVA, 2014, p. 181). 
A definição do seu fundamento encontra ainda maiores dificuldades. Alguns autores assumem a concepção de “Direitos naturais”, outros os denominam como “Direitos públicos subjetivos”, outros ainda os chamam de “Liberdades fundamentais e liberdades públicas” (SILVA, 2014, p. 177-178). Essa discussão não é aqui objeto de análise, e usaremos de agora em diante a expressão “Direitos Fundamentais do Homem”, muito corrente na doutrina.
A sua origem arcaica remota a milênios antes do desenvolvimento do Constitucionalismo moderno, na ocasião do Código de Hamurabi. Na sua roupagem moderna teve como ponto de partida a Magna Carta de João Sem-Terra de 1215 onde pela primeira vez o poder do monarca foi, por ele próprio, limitado (MORAIS, 2009, p. 202). A Bill of Rights de 1689 na Inglaterra é outro marco na medida em que previa uma separação de poderes que, na concepção de Pfaffenseller (2007, p. 4), funciona como uma garantia institucional cujo objetivo é proteger os Direitos Fundamentais do Homem. Mas a universalização dos Direitos Fundamentais ocorreu somente a partir de 1789 com a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão na França revolucionária. Por fim, tomamos como paradigmática a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, que além da universalidade e do reconhecimento, aponta para a necessidade de garantias que devem tornar os Direitos Fundamentais efetivos (PFAFFENSELLER, 2007, p. 4-5). 
A evolução dos Direitos Fundamentais do Homem é dividida pelos doutrinadores em gerações. Para Menezes, Santos e Jesus (2007, p. 7) o constitucionalismo moderno acompanhou estas gerações. Para tanto as autoras o dividem em: Constitucionalismo Liberal ou Clássico, Constitucionalismo Social e Constitucionalismo Democrático, em associação com os Direitos individuais, os Direitos sociais e os Direitos difusos, respectivamente.
A 1ª geração de direitos – os direitos individuais – surge num contexto que justifica a sobreposição dos direitos a liberdade e a propriedade, conquistados por uma burguesia em ascensão que ansiava por um espaço de atuação livre da intervenção estatal. Neste sentido, o constitucionalismo da época afirmava estes anseios como o ideal de justiça. 
A 2ª geração de direitos – os direitos sociais –, por sua vez, emerge de uma sociedade marcada pela exploração do proletariado na conjectura da Revolução Industrial de onde teve como valor precípuo a igualdade. Dessa forma, o constitucionalismo acompanha a nova acepção de justiça, que exige uma participação ativa do Estado na construção de uma sociedade igualitária. 
A 3ª geração de direitos –os direitos difusos- surge logo após a Segunda Guerra Mundial e culmina no surgimento do Estado Democrático de Direito que tem, por isso, um caráter instrumental no sentido de efetivar os Direitos Fundamentais do Homem. Depois das atrocidades cometidas nos regimes Nazifascistas, os Direitos Fundamentais passam por uma reformulação. O Constitucionalismo visa aqui a garantia de direitos difusos, que tem como característica a heterogeneidade e a ausência de um titular ou de uma categoria de titulares específicos.
Podemos concluir, os Direitos Fundamentais do Homem e o Constitucionalismo moderno andam de mãos dadas na persecução da justiça social com um ideal de democracia característico de cada realidade histórica. Nas palavras de Stiger e Lemos Júnior (2011, p. 6) “os Direitos Fundamentais, que, ao lado da democracia, constituem a espinha dorsal do constitucionalismo contemporâneo [...] constituem realidades históricas, advindo de lutas e batalhas travadas no tempo”.
Referências
MENEZES, Carolina Neves; SANTOS, Larissa Rainha Costa; JESUS, Priscila Silva de. A trajetória dos Direitos Humanos e suas formas de concretização. XII SEPA, Salvador, v. 11, n. 1, 2007.
MORAIS, Regis de. Sociologia Jurídica Contemporânea. Campinas: Alínea e Átomo, 2009, p. 191-227. 
PFAFFENSELLER, Michelli. Teoria dos Direitos Fundamentais. Revista Jurídica, Brasília, v. 9, n. 85, jun/jul, 2007.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014, p. 173-189.
STIGER, Ludmila Castro Veado; LEMOS JÚNIOR, Eloy Pereira. O constitucionalismo moderno e a nova perspectiva dos direitos fundamentais. Revista Científica do Departamento de Ciências Jurídicas, Políticas e Gerenciais do Uni-BH, Belo Horizonte, v. 4, n. 1, 2011.

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