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DIREITO CIVIL I - CADERNO MAURÍCIO REQUIÃO - PROVA 2

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Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
Ausência 
Apesar de o Código Civil de 1916 contemplar os ausentes como 
absolutamente incapazes, o atual código modificou isso, dizendo que 
“desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não 
houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os 
bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do MP, declarará a 
ausência e normear-lhe-á curador”. 
Ausência = desaparecimento da pessoa sem deixar notícia ou procurador. 
Contudo, mesmo que a pessoa desaparecida deixe mandatário, pode ser 
declarado a ausência se o mandatário não queira, não possa ou seus poderes 
forem insuficientes. 
Há três fases distintas: (I) a curatela dos bens do ausente (23 a 25), (II) a 
sucessão provisória (26 a 36) e (III) a sucessão definitiva (37 a 39). 
I. Tem início por qualquer interessado ou do MP. Comprovado o 
desaparecimento, declara-se a arrecadação dos bens do ausente, 
a publicação de editais durante um ano, reproduzidos de dois em 
dois meses, anunciando o levantamento dos bens e convocando o 
ausente a retomar a posse de seus bens e nomeando um curador 
para os bens do ausente. Não havendo cônjuge ou companheiro, 
a curadoria caberá aos ascendentes, e na falta destes, aos 
descendentes. Entre estes, os mais próximos precedem os mais 
remotos. Ausentes todos esses, a escolha da curadoria caberá ao 
juiz. Passado um ano dessa fase, parte para a segunda. 
II. Poderá se apresentar em duas hipóteses: passado o prazo de um 
ano da arrecadação de bens; passados três anos da arrecadação, 
caso o ausente tenha deixado procurador. Nesta fase, haverá uma 
transmissão precária do patrimônio do ausente para os seus 
herdeiros. De acordo com o art. 27, os interessados são: (i) o 
cônjuge não separado judicialmente; (ii) os herdeiros presumidos, 
legítimos ou testamentários; (iii) os que tiverem sobre os bens do 
ausente direito dependente de sua morte; (iv) os credores de 
obrigações vencidas e não pagas. Vale lembrar que todos os frutos 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
e rendimentos produzidos pelos bens que couberem ao 
descendente, ascendente ou cônjuge a eles pertencem. Os demais 
sucessores deverão capitalizar metade desses frutos e 
rendimentos. Se o ausente aparecer e for confirmado que a sua 
ausência foi voluntária e injustificada, ele perderá a sua parte nos 
frutos e rendimentos em favor do sucessor. Passados dez anos, da 
abertura da sucessão provisória, parte para a terceira fase. 
III. Os herdeiros podem dispor livremente do domínio dos bens com a 
condição resolutiva, ou seja, se o ausente aparecer nos dez anos 
seguintes à abertura da sucessão definitiva, receberá os bens no 
estado em que se encontrem. Com o trânsito em julgado da 
sentença que reconhece a abertura da sucessão definitiva, haverá 
uma presunção de morte do ausente. Se o ausente regressar dez 
anos após da sentença que declarou aberta a sucessão definitiva, 
não terá direito a mais nada. 
Pessoa Jurídica 
É uma unidade de pessoas naturais ou patrimônios, que visa a 
consecução de certos fins, reconhecida essa unidade como sujeito de direitos e 
obrigações. 
Criação 
A pessoa jurídica de direito privado terá o início de sua personalidade 
conferido pelo ordenamento jurídico, mediante o registro do seu ato constitutivo 
no órgão competente que lhe conferirá personalidade jurídica. As de direito 
público, a personalidade é conferida pela norma jurídica (em sentido amplo). 
Nesse sentido, o registro dos estatutos sociais da pessoa jurídica deverá ser 
realizado em Cartório do Registro das Pessoas Jurídicas, quando se tratar de 
fundação, associação ou sociedade simples, ou na Junta Comercial, quando se 
tratar de sociedade empresarial ou microempresa. 
O processo de criação se divide em duas fases: 
I) O momento do ato constitutivo, que traz uma parte material relativa 
aos atos concretos praticados, como, por exemplo, reuniões dos 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
sócios, ajustes entre eles, etc., e uma parte formal, que consiste na 
elaboração, por escrito, do estatuto ou contrato social. 
II) O momento de registro público. 
Elementos caracterizadores 
I) A vontade humana que lhe dá origem (a chamada vontade humana 
criadora); 
II) A organização de pessoas ou destinação de um patrimônio afetado 
a um fim específico; 
III) A licitude de seus propósitos; 
IV) A capacidade jurídica reconhecida pela norma jurídica. 
Características 
I) Personalidade jurídica distinta dos seus instituidores, adquirida a 
partir do registro de seus estatutos; 
II) Patrimônio também distinto dos seus membros (exceto em casos 
excepcionais, como a fraude ou abuso de direito, configurando a 
chamada desconsideração da pessoa jurídica); 
III) Existência jurídica diversa de seus integrantes (é presentada por 
eles, não se confundindo a personalidade de cada um); 
IV) Não pode exercer atos que sejam privativos de pessoas naturais, 
em razão de sua estrutura biopsicológica (verbi gratia, a adoção ou 
o casamento); 
V) Podem ser sujeito passivo ou sujeito ativo em atos civis e criminais. 
Natureza jurídica 
As duas teorias de maior prestígio sobre a natureza jurídica da pessoa 
jurídica são (i) teoria da realidade técnica; (ii) teoria da realidade das instituições 
jurídicas. A primeira entende ser real a pessoa jurídica, porém dentro de uma 
realidade técnica, ou seja, dentro de uma realidade que é distinta das pessoas 
naturais, humanas. A segunda centrou seus fundamentos na ideia de que a 
personalidade humana deriva do direito e também pode ser concedida a certos 
entes – agrupamentos de pessoas ou destinações de patrimônios – para realizar 
fins próprios, a partir do desejo, vontade, das pessoas naturais, que lhe deram 
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vida. Ou seja, a pessoa jurídica como uma realidade jurídica, pendente da 
vontade humana. 
Classificação 
Quanto à nacionalidade 
I. Nacional: Pessoa jurídica na qual a ordem jurídica que lhe 
emprestou personalidade foi o Direito brasileiro. 
II. Estrangeira: Pessoa jurídica na qual a ordem jurídica que lhe 
emprestou personalidade não foi o Direito brasileiro. Nesse 
aspecto, as pessoas jurídicas estrangeiras obedecem à lei que lhe 
deu origem. Contudo, suas agências ou filiais no Brasil devem estar 
sob o império da lei nacional, inclusive no que respeita à 
autorização para funcionamento. 
 Quanto à estrutura interna 
Corporações 
 
 
Sociedades: São pessoas jurídicas que visam o lucro, com o objetivo de 
reparti-lo entre os sócios. A depender de suas finalidades podem ser 
classificadas como sociedade simples (atividade econômica, visando o lucro, 
porém o seu objeto não diz respeito a uma atividade típica de empresário), ou 
sociedade empresarial (quando tende ao exercício de atividade mercantil, 
relacionada com atividade econômica organizada para a produção ou a 
circulação de bens e serviços. 
Associações: São corporações que não têm em mira uma finalidade 
lucrativa. Os lucros adquiridos pelas corporações não podem ser repartidos entre 
os associados, senão reaplicada na própria entidade. 
A CF/88 consagrou a liberdade associativa, em que ninguém pode ser 
obrigado a se associar ou a se manter associado. Reconhece-se: 
Sociedades 
Associações 
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I. O livre direito de criação e manutenção de uma associação, 
independentemente de autorização; 
II. O direito de se associar, não podendoninguém ser obrigado a 
tanto; 
III. O direito de desassociação, que nada mais é senão a liberdade de 
não se manter associado. 
Toda associação é regida, em suas relações internas, pelo estatuto social. 
É um documento de natureza estatutária (e não contratual), de modo a vincular 
todos os associados e os futuros associados. Os estatutos da associação, 
obrigatoriamente, devem atender aos requisitos segundo o art. 54 do Diploma 
Substantivo, sob pena de nulidade do estatuto associativo. Vale lembrar que, em 
regra, a morte de um associado não gera transmissão da sua qualidade 
associativa aos herdeiros como acontece nas sociedades, salvo disposição 
contrária dos estatutos. 
A convocação da assembleia geral deve ser realizada na forma 
estatutária, podendo um quinto dos associados, em situações extraordinárias, 
exercer o direito de convocação. 
No caso de extinção, o patrimônio apurado, depois de deduzidas as 
frações de cada associado, seguirá o destino indicado na conformidade do 
próprio estatuto, ou, no seu silêncio, será dirigido a outra entidade de fins não 
econômicos similar, de acordo com deliberação dos associados. Não havendo, 
será recolhido o patrimônio remanescente pela Fazenda Pública. 
Fundações: São organizações com patrimônio afetado por uma 
finalidade específica determinada pelo instituidor, com personalidade jurídica 
atribuída pela lei, podendo assumir natureza pública ou privada. 
As fundações são criadas através de ato formal, passando por quatro 
diferentes fases: 
I) Fase de dotação ou de instituição, compreendendo a reserva de 
bens, por escritura pública ou testamento. O instituidor, que pode 
ser pessoa física ou jurídica, não pode dispor de mais de metade 
do seu patrimônio, se tiver herdeiros necessários, bem como não 
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pode dispor de volume de patrimônio que comprometa a sua 
própria subsistência. 
II) Fase de elaboração dos estatutos, que poderá se realizar de forma 
direta, quando o instituidor os elabora juntamente como o ato de 
instituição, ou de modo fiduciário, quando a elaboração dos 
estatutos é confiada a terceiro. Se o estatuto não for elaborado no 
prazo assinado pelo instituidor ou, no silêncio, no prazo de 180 
dias, o Ministério Público irá elaborá-los. 
III) Fase de aprovação dos estatutos pelo Ministério Público, salvo 
quando criado por ele mesmo. 
IV) Fase de registro, que será realizado no Cartório de Pessoas 
Jurídicas. 
Extinção da fundação nas seguintes hipóteses: 
I) Quando se tornarem ilícitas ou inúteis à finalidade a que se 
destinam; 
II) Quando impossível de serem mantidas; 
III) Pelo vencimento do prazo de existência, se previsto nos estatutos 
O patrimônio remanescente será incorporado a outra fundação de igual 
ou semelhante finalidade, designada judicialmente, salvo se os estatutos ou o 
ato de dotação indicarem de forma diversa, que deverá ser obedecida. 
Quanto às funções exercidas 
No que tange às funções e capacidades da pessoa jurídica, é possível 
estrutura-las em: (i) pessoas jurídicas de direito público ou (ii) pessoas jurídicas 
de direito privado. 
Pessoas jurídicas de direito público: Subdividem-se em pessoas de direito 
público interno, englobando os entes da administração direta (União, Estados 
federados, DF e Municípios) e da administração indireta (autarquias e fundações 
públicas), ou seja, submetidas à normatividade do Direito Administrativo; e de 
direito público externo, regidas pelo Direito Internacional Público, como, por 
exemplo, UNESCO, UNICEF, OIT e ONU. 
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Pessoas jurídicas de direito privado: Abarcam as fundações, associações, 
sociedades, organizações religiosas, partidos políticos e as EIRELI’s). 
Capacidade e direitos da personalidade da pessoa jurídica 
Ao se reconhecer a personalidade jurídica da pessoa jurídica, a enquadra 
como sujeito de direito pela ordem jurídica. Assim, é reconhecida às pessoas 
jurídicas uma capacidade jurídica geral para as relações patrimoniais. Nesse 
sentido, podem as pessoas jurídicas exercitar direitos potestativos e direitos 
subjetivos, seja patrimonial ou extrapatrimonial, uma vez que dispõem de 
atributos da personalidade como o nome, o domicílio, a nacionalidade, a honra, 
reputação, etc. Ou seja, a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, no que couber. 
Vale ressaltar que as pessoas jurídicas não são titulares de direitos da 
personalidade, até porque eles estão ancorados na dignidade da pessoa 
humana, mas sua proteção é reconhecida, por conta de uma expansão da tutela 
dos direitos da personalidade. 
Domicílio 
O domicílio da pessoa jurídica é a sua sede jurídica. O Código Civil, em 
seu art. 75, indica o domicílio das pessoas jurídicas de direito público: 
I. Da União, o Distrito Federal (representado pelo Presidente da 
República ou pelos advogados da União); 
II. Dos Estados e Territórios, as respectivas capitais (representado 
pelos seus procuradores); 
III. Do Município, o lugar onde funcione a administração municipal 
(representado pelo seu prefeito ou procurador); 
IV. Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as 
respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem 
domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos 
(representado pela pessoa indicada nos seus estatutos ou na lei 
orgânica respectiva). 
Para as pessoas jurídicas do direito privado, a sua sede jurídica pode ser 
natural, legal ou convencional. 
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Natural: domicílio decorrente do funcionamento da diretoria ou 
administração da pessoa jurídica, bem como de suas respectivas filiais, 
sucursais ou agências, ou seja, havendo diversos estabelecimentos será 
domiciliada em qualquer deles. 
Legal: decorre de expressa previsão da norma jurídica, ou seja, o 
domicílio será o lugar da agência que contraiu a obrigação. 
Convencional ou estatutário: aquele estabelecido no ato constitutivo, 
regularmente registrado. 
A pessoa jurídica do direito privado será representada em juízo por quem 
estiver indicado no estatuto ou contrato social. Na ausência de previsão 
específica, qualquer dos sócios representará a pessoa jurídica. 
Extinção da pessoa jurídica 
A pessoa jurídica de direito público, assim como na sua criação, só poderá 
ser extinta mediante norma legal (em sentido amplo). É a chamada simetria das 
formas. Já a pessoa jurídica de direito privado, poderá ser extinta por diferentes 
causas: 
I) Pelo decurso de prazo (se constituída a tempo); 
II) Pela deliberação da unanimidade dos sócios (caso típico de 
distrato), nos termos do art. 1033, II, da Lei Civil; 
III) Pela deliberação da maioria absoluta dos membros, resguardados 
os direitos da minoria vencida, como reza o art. 1033, III, do Código 
de 2002; 
IV) Pela falta de pluralidade de sócios, quando não vier a ser 
reconstituída no prazo de 180 dias, de acordo com o inciso IV, do 
multicitado art. 1033 do Codex. Ou seja, pelo desaparecimento 
(declaração de ausência) ou morte dos sócios, sem que os 
herdeiros deles venham a prosseguir na atividade empresarial; 
V) Pela perda da autorização para funcionar, nas hipóteses em que 
se faz necessária a anuência governamental; 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
VI) Quando, constituída para atingir determinado desiderato, sua 
finalidade já tenha sido atingida ou tenha se tornado ilícita ou 
impossível; 
VII) Pela verificação de ser nociva ou impossível a sua manutenção, 
por decisão judicial, em ação promovida pelo ministérioPúblico ou 
pelo interessado (que poderá ser um dos sócios ou mesmo 
terceiro). 
Vale lembrar que o cancelamento do registro somente será promovido 
depois de encerrada a liquidação. O seu patrimônio terá o destino que lhe 
apontam os estatutos. No silêncio, serão partilhados entre os sócios na 
proporção de suas cotas. 
Desconsideração da personalidade jurídica 
A criação de personalidade autônoma tem, dentre suas consequências, a 
separação entre seus patrimônios, separando o patrimônio das pessoas naturais 
da sociedade que tenham criado. Essa separação serve como proteção à pessoa 
natural, para que não venha a ter sua situação patrimonial devastada decorrente 
de eventual insucesso econômico da pessoa jurídica e, portanto, servindo de 
estímulo para a sua criação. Contudo, existem abusos à proteção conferida por 
esta separação patrimonial, o que acabou gerando a desconsideração da 
personalidade jurídica. 
Nesse sentido, a desconsideração da personalidade jurídica desconsidera 
a separação patrimonial existente entre pessoa jurídica e pessoa natural que 
nela seja sócia ou atue como administradora, com o fim de alcançar o 
adimplemento de determinadas obrigações. Nesse contexto, para que ocorra a 
desconsideração não basta que a separação patrimonial seja empecilho para o 
adimplemento obrigacional, mas também que isso seja consequência de ter 
havido abuso de personalidade, caracterizados no ordenamento como confusão 
patrimonial ou desvio de finalidade. Em resumo, o objetivo da desconsideração 
é atribuir responsabilidade patrimonial aos sócios ou administradores que 
praticaram o ato fraudulento ou abusivo, que passam a responder como o seu 
patrimônio pessoal por uma obrigação constituída, originariamente, pela pessoa 
jurídica. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
Vale lembrar que a desconsideração não extingue a personalidade 
jurídica, mas apenas afasta naquele caso concreto. 
No rol da doutrina e jurisprudência há quatro teorias da desconsideração 
da personalidade jurídica: a desconsideração expansiva, a desconsideração 
indireta, a desconsideração por subcapitalização e a desconsideração inversa. 
Expansiva: surge como tentativa de conseguir atingir o sócio oculto, que 
não seria alcançado pela forma regular da desconsideração; 
Indireta: tem como objetivo alcançar empresas controladoras daquela 
que é devedora da obrigação que a primeira pessoa jurídica não tem condições 
de adimplir. Ou seja, há empresas utilizando da personalidade jurídica da 
empresa controlada para prejuízo de terceiros ou para obtenção de vantagens 
indevidas. Assim, há a desconsideração indireta da personalidade jurídica, na 
qual é permitido o levantamento episódico do véu protetivo da empresa 
controlada para responsabilizar a empresa-controladora por atos praticados com 
aquela de modo abusivo ou fraudulento. 
Subcapitalização: forma de confusão patrimonial. A pessoa jurídica não 
possui capital social suficiente para satisfazer aos seus objetivos sociais. Ou 
seja, capital que deveria ter migrado do patrimônio dos sócios para o da pessoa 
jurídica, mas que efetivamente não foi, gerando assim situação de confusão 
patrimonial e transferindo o risco da atividade empresarial para os credores. 
Nesse sentido, há a desconsideração da personalidade jurídica, por conta de o 
capital social da empresa não ser suficiente e adequado para honrar as suas 
obrigações. Sendo assim, não se pode permitir que a responsabilidade de cada 
sócio esteja limitada à contribuição que efetuou. 
Inversa: quando se afasta o princípio da autonomia patrimonial da pessoa 
jurídica para responsabilizar a sociedade (pessoa jurídica) por obrigações 
assumidas pessoalmente pelos sócios. Ou seja, alcança bens de sócio que se 
valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desvias bens pessoais, com prejuízo a 
terceiro. O campo para tal situação é o Direito de Família, quando um cônjuge 
ou companheiro adquire bens valiosos e registra-os em nome da pessoa jurídica. 
Em casos como esse, é possível responsabilizar a sociedade pelo devido valor 
ao outro cônjuge ou companheiro, a título de meação. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
Os bens jurídicos 
Os bens jurídicos são aqueles suscetíveis de uma valoração jurídica, 
aqueles que podem servir como objeto de relações jurídicas, ou seja, são as 
utilidades materiais ou imateriais que podem ser objeto de direitos subjetivos. 
Bem x Coisa 
Há divergências sobre a abrangência que se dá ao termo coisa e ao termo 
bem. Há doutrinas que consideram a “coisa” como um gênero da qual o “bem” 
se aproxima como espécie, sob a justificativa de que existem coisas que não têm 
valoração econômica e, por isso, não seria possível considera-las bens. Tal 
teoria é corroborada por Maria Helena Diniz, Francisco Amaral e Sílvio 
Rodrigues. Por outro lado, há doutrinas que defendem o conceito de bem como 
gênero da qual a coisa lhe seria espécie, sob a justificativa de que a noção 
conceitual de bem engloba a possibilidade de constituição de direitos sem 
expressão econômica, enquanto coisa é ideia relativa às utilidades patrimoniais, 
sendo sempre corpórea. Dessa forma, coisa apresenta-se como todo objeto 
material suscetível de valor, enquanto bem assume feição mais ampla. Tal teoria 
é defendida por Orlando Gomes e Caio Mário. 
Patrimônio jurídico 
 De uma forma ampla, patrimônio pode ser compreendido como a 
totalidade dos bens dotados de economicidade pertencentes a um titular, sejam 
corpóreos (casa, automóvel, etc) ou incorpóreos (direitos autorais). Refere-se, 
portanto, sempre aos bens apreciáveis economicamente. 
Nesse contexto, há variação da noção de patrimônio, conforme os efeitos 
jurídicos que se pretende dele extrair. Assim, admitem-se diferentes acepções 
para a expressão patrimônio: (i) patrimônio global; (ii) patrimônio ativo, que é 
subdividido em bruto e líquido. 
Patrimônio global: Constitui-se de todas as relações jurídicas de uma 
pessoa de cunho patrimonial. Ou seja, envolvem tanto os direitos, créditos, as 
coisas, quanto as obrigações e débitos. Sempre as relações de apreciação 
econômica. 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
Patrimônio ativo: É uma noção mais estrita, reportando-se somente às 
situações jurídicas em que o titular assume a posição e credor. Subdivide-se em: 
I. Patrimônio bruto: Diz respeito a todas as relações jurídicas em que 
o sujeito está no polo ativo, perfazendo uma verdadeira soma de 
todos os direitos econômicos de uma pessoa. 
II. Patrimônio líquido: Resultante da operação aritmética pela qual se 
subtraem as relações jurídicas passivas do patrimônio bruto. 
O patrimônio admite uma função de garantia dos credores. Ou seja, na 
falta de cumprimento coluntário das obrigações, permite-se que o Poder 
Judiciário penetre no patrimônio do devedor para retirar a quantidade 
necessária. Contudo, há bens que são impenhoráveis, como os que estão 
listados no art. 649 do Código de Processo Civil, como, por exemplo, os retratos 
de família, o anel nupcial, os utensílios necessários ao exercício de qualquer 
profissão, etc. 
Teoria do patrimônio mínimo da pessoa humana 
Historicamente, o Código Civil foi pautado na Revolução Francesa, onde 
o patrimônio era o bem a ser protegido. Contudo, com a adoção da Constituição 
de 1988, o direito brasileiro rompe com essa corrente e assume a necessidade 
da promoção da dignidade da pessoa humana e da solidariedade social, além 
da impositiva igualdade substancial. Ou seja, visa preponderar a pessoa em 
relação ao patrimônio. A partir daí criou-se a teoria do patrimôniomínimo da 
pessoa humana, relacionando-o com o princípio da dignidade da pessoa 
humana, afirmando a necessidade da existência do mínimo existencial. Dessa 
forma, cria-se a ideia de que há bens indispensáveis para as necessidades 
básicas das pessoas. Corroborando com essa ideia, há a previsão da 
impenhorabilidade de determinados bens (CPC, arts. 648 e 649). 
Classificação 
Bens considerados em si mesmos 
Bens móveis e imóveis 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
Imóveis: Os bens imóveis são aqueles que não se podem transportar, 
sem destruição, de um lugar para outro, ou seja, são os que não podem ser 
removidos sem alteração de sua substância. Eles são classificados por sua 
natureza, por acessão artificial, física ou industrial, por acessão natural e 
por disposição legal. Pela natureza refere-se ao solo, com sua superfície, 
subsolo e espaço aéreo; por sucessão aritifical, física ou industrial são 
basicamente as construções e plantações, ou seja, tudo aquilo que o homem 
incorporar permanentemente ao solo; por acessão natural, que compreende as 
árvores e frutos, bem como os acessórios e adjacências naturais; por fim, por 
disposição legal que são os imóveis considerados para efeitos legais, 
englobando os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o 
direito à sucessão aberta. 
OBS: OS BENS IMÓVEIS POR ACESSÃO INTELECTUAL NÃO MAIS 
SÃO REFERENCIADOS NA NOVA CODIFICAÇÃO, OPTANDO POR ACOLHÊ-
LOS NO CONCEITO DE PERTENÇAS. 
Móveis: São aqueles suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção 
por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-
social. São classificados móveis pela própria natureza, móveis por 
disposição legal e móveis por antecipação. Pela natureza, diz respeito aos 
bens que se deslocam de um lugar para outro sem perder sua substância, como, 
por exemplo, navios, automóveis, etc.; por disposição legal são as energias que 
tenham valor econômico, os direitos reais sobre objetos de móveis e as ações 
correspondentes e os direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas 
ações; por fim, os móveis por antecipação são aqueles bens que, embora 
imóveis pela sua natureza, foram mobilizados pela vontade humana, em face de 
sua função econômica. Por exemplo: árvores convertidas em lenhas e dos frutos 
separados antecipadamente. 
Vale ressaltar, ainda, algumas distinções entre eles. Por exemplo: os bens 
imóveis só podem ser adquiridos por escritura pública registrada no Cartório de 
Imóveis, enquanto os móveis os são pela tradição (efetiva entrega da coisa); os 
prazos para a aquisição dos bens imóveis pela usucapião são de 15, 10 ou 5 
Leonardo David – 2º semestre – Direito Civil I – T2AA – 2017.2 
 
 
anos, enquanto que para os bens móveis são 5 ou 3 anos; a hipoteca é garantia 
destinada aos bens imóveis, enquanto a penhora aos bens móveis, etc. 
Bens fungíveis e infungíveis 
Essa distinção diz respeito à possibilidade de sua substituição. 
Fungíveis: São os bens que podem ser substituídos por outro de mesma 
espécie, qualidade e quantidade, determinados por número, peso ou medidas. 
Exemplo: dinheiro. Vale lembrar que a fungibilidade é própria dos móveis. 
Infungíveis: São os bens que não podem ser substituídos por outro de 
igual qualidade, quantidade e espécie, como, por exemplo, um quadro de 
Portinari. A infungibilidade pode se apresentar tanto em bens móveis, quanto nos 
imóveis. 
Bens consumíveis e inconsumíveis 
Consumíveis: São os bens móveis cujo uso importa destruição imediata 
da própria substância. Por exemplo: carro. 
Bens inconsumíveis: São os bens que admitem uso constante, 
possibilitando que se retirem todas as suas utilidades sem atingir sua 
integridade, como, por exemplo, um livro. 
Bens divisíveis e indivisíveis 
Divisíveis: São os bens possíveis de fracionamento em partes 
homogêneas e distintas, sem alteração das qualidades essenciais do todo, sem 
desvalorização, e sem prejuízo do uso a que se destinam, formando um todo 
perfeito. A diminuição considerável do valor da coisa impede a sua divisibilidade. 
Indivisíveis: São aqueles que não se pode fracionar sem alterar a 
substância ou diminuir-lhe consideravelmente o valor, como um livro. A 
indivisibilidade pode ocorrer de três origens: (I) por natureza, (II) por 
determinação legal ou (III) por vontade das partes. 
I. Quando a impossibilidade de fracionamento advém da substância 
da coisa, como no exemplo de um animal; 
II. Quando a lei determina a indivisibilidade; 
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III. Quando as partes pactuam a indivisibilidade, embora a coisa seja, 
por natureza, divisível. Por exemplo: obrigações em dinheiro, 
quando as partes, no contrato, estabelecem o pagamento em uma 
só parcela. 
Bens singulares e coletivos 
Singulares: As coisas que, embora reunidas, devem ser consideradas 
individualmente, independentemente das demais que a compõe. Podem ser (I) 
simples ou (II) compostas. 
I. As simples são aqueles bens que formam um todo homogêneo, 
cujas partes, unidas pela natureza ou pelo engenho humano, não 
precisam de determinação da lei, como, por exemplo, um animal. 
Aqui a coesão é natural; 
II. As compostas são aqueles formados pela conjunção de coisas 
simples que, em consequência, perdem autonomia. Podem ser de 
ordem material (construção civil) ou imaterial (fundo de comércio). 
Aqui a coesão é artificial. 
Coletivos: São aqueles agregados a um conjunto, constituídos por várias 
coisas singulares, passando a formar um todo único, possuidor de 
individualidade própria, distinta de seus componentes. Por exemplo: árvore 
(singular simples) forma uma floresta (coletivo). São subdivididos em: (I) 
universalidades de fato e (II) universalidades de direito. 
I. A primeira refere-se ao conjunto de bens singulares, corpóreos e 
homogêneos, ligados pela vontade humana para a consecução de 
um fim, por exemplo, uma biblioteca; 
II. A segunda refere-se aos bens singulares aos quais a norma 
jurídica dá unidade, por exemplo, o patrimônio, a herança e a 
massa falida. 
Bens reciprocamente considerados 
Bens principais e acessórios 
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Principal: É aquele que tem existência própria, concreta ou abstrata. 
Exerce sua função e finalidade independendo de outro, como, por exemplo, o 
solo e o crédito. 
Acessório: É aquele que não tem existência própria, dependendo de um 
outro bem, o principal. Por exemplo: a árvore, que depende do solo, e os juros, 
que estão subordinados ao crédito. 
Ou seja, o acessório carrega a ideia de subordinação ao principal, 
adotando-se o princípio da gravitação jurídica, onde a coisa acessória segue a 
principal, salvo disposição especial em contrário. 
Como dito anteriormente, a intelecção legal foi tirada do novo Código, 
adotando a ideia de pertenças. Estas são os bens que, não constituindo partes 
integrantes, destinam-se, de modo duradouro, ao uso, ao serviço, ou ao 
aformoseamento de outro. Por exemplo: o ar-condicionado em uma casa ou as 
máquinas utilizadas em uma fábrica. 
Por outro lado, as partes integrantes são os bens que se unem ao 
principal, formando um todo, uma massa única, desprovidas de existência 
material própria, embora mantenham sua utilidade. Por exemplo: a lâmpada de 
um abajur, as telhas de uma casa, ou os pneus de um automóvel. 
Ou seja, as pertenças e as partes integrantes não se confundem, na 
medida que as pertenças estão a serviço da finalidade econômica de outro bem, 
mantendo a sua individualidade e autonomia, e as partes integrantes incorporama uma coisa, completando-a e tornando possível o seu uso. 
Classificação dos bens acessórios: 
1. Frutos: são as utilidades produzidas com periodicidade pela coisa 
principal, cuja percepção mantém intacta a substância do bem. Podem 
ser civis, naturais ou industriais. Os frutos civis são os rendimentos, 
como, por exemplo, o dinheiro do aluguel, os industriais decorrem da 
atuação humana e os frutos naturais proveem da força animal ou 
vegetal da natureza. 
2. Produtos: são as utilidades que podem ser retiradas da coisa 
alterando sua substância, diminuindo a quantidade e levando até o 
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esgotamento de seu conteúdo, como, por exemplo, o petróleo de um 
poço. 
3. Benfeitorias: são as despesas e obras realizadas em determinada 
coisa (móvel ou imóvel) para a sua conservação, melhoramento ou 
para simples deleite, embelezamento. Há três espécies de 
benfeitorias: (I) as necessárias (II) as úteis (III) e as volupturárias. 
I. As necessárias são aquelas indispensáveis à conservação da 
coisa, evitando deterioração ou destruição, como, por exemplo, o 
reforço das fundações de um edifício por andares ou a construção 
de paredes em uma casa; 
II. As úteis tratam daquelas que aumentam ou facilitam o uso da 
coisa, dando maior conforto ao usuário, como a instalação de 
aparelhos hidráulicos em uma casa; 
III. As voluptuárias são aquelas destinadas a tornar a coisa mais 
formosa, bela, servindo para mero deleite. Não aumentam, nem 
melhoram o uso habitual, apenas servido para o seu 
embelezamento. Por exemplo: construção de piscina ou quadra de 
tênis em uma casa particular. 
Vale ressaltar que jamais deverá conceituar algo como benfeitoria 
necessária, útil ou voluptuária, visto que, a depender da destinação e finalidade, 
a mesma coisa poderá ter diferentes classificações. Por exemplo: uma piscina 
em uma casa particular se constitui em benfeitoria voluptuária, ao passo de que 
a construção de uma piscina em um ginásio de natação se constitui uma 
benfeitoria necessária. 
Vale pontuar também que a lei permite que o possuidor de boa-fé tenha 
direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis e quanto às 
voluptuárias, se não pagas, poderá levantá-las, quando puder, sem danificar o 
bem, tendo ainda o direito de retenção pelo valor das necessárias e úteis. Já o 
possuidor de má-fé será ressarcido somente pelas benfeitorias necessárias. 
Bens públicos 
Bens públicos são aqueles, materiais ou imateriais, cujo titular é uma 
pessoa jurídica do direito público ou uma pessoa jurídica de direito privado 
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prestadora de serviço público, quando o referido bem estiver vinculado à 
prestação desse serviço público. Há três espécies: 
I. Bens de uso comum: admite a utilização por qualquer pessoa, a 
título gratuito ou oneroso. Exemplo: praças, mares ou ruas. Há a 
possibilidade de o Poder Público exigir o pagamento de taxa para 
a utilização, o chamado pagamento de retribuição, como os 
pedágios ou a cobrança de ingresso em museus; 
II. Bens de uso especial: categoria integrada pelos bens utilizados 
pelo próprio poder público para instalações do próprio serviço 
público, como os prédios que servem para os tribunais ou escolas; 
III. Dominiais ou dominicais: englobam os bens que integram o 
patrimônio disponível estatal, compondo as relações apreciáveis 
economicamente da União, dos Estados, do DF e Territórios ou dos 
Municípios, como objeto do direito pessoal ou real dessas pessoas 
respectivas e direito público interno. 
OBS: Há a possibilidade de os bens dominicais serem convertidos em de 
uso especial, através do procedimento denominado “afetação”. Por sua vez, os 
bens de uso especial podem sofrer “desafetação” e passarem a integrar a 
categoria dos bens dominicais. O segundo caso ocorre quando o poder público 
quer alienar o bem e, para isso, é preciso que o bem se encaixe na categoria 
dos bens dominicais. Esses procedimentos acontecem por força de lei. 
OBS: Os bens de uso comum e de uso especial são classificados como 
bens do domínio público do Estado, enquanto que os bens dominicais são 
classificados como bens do domínio privado do Estado. Assim, os primeiros são 
inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis. Já o segundo poderá ter seu uso 
concedido a um particular, mediante ato regulado pelo Direito Administrativo, 
através de autorização, permissão ou concessão de uso. Podem, também, ser 
objetos de contratos de direito privado, como a locação. 
Bens de família 
O ordenamento jurídico brasileiro admite duas modalidades de bem de 
família: o bem de família convencional, disciplinado pelo Código Civil, e o bem 
de família legal, tratado na Lei 8.009/90. 
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Bem de família convencional 
Tem como características: 
I. Impossibilidade de ter o prédio destino diferente, nem mesmo 
podendo ser alienado sem o consentimento de todos os 
interessados (inclusive filhos); 
II. Instituição mediante testamento ou escritura publicam constituindo-
se pelo registro de seu título no Cartório de Imóveis; 
III. A fração do patrimônio destinado à instituição do bem de família 
não pode ultrapassar o montante de u terço do patrimônio líquido 
do instituidor, existente ao tempo da instituição. 
Extensão da proteção 
Instituído o bem de família, através de procedimento público no Cartório 
Imobiliário, torna-se impenhorável e inalienável, restringindo sua 
comerciabilidade. Estas características atingem, além do imóvel, suas pertenças 
e acessórios. Contudo, é possível penhorar o bem de família instituído pelos 
titulares para o pagamento de dívidas oriundas de tributos relativos ao próprio 
prédio, como o IPTU ou o ITR, ou ainda de despesas condominiais. 
Duração 
Não há extinção do bem de família pela dissolução da entidade familiar. 
O bem de família extingue-se com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade 
dos filhos, desde que não estejam sujeitos à curatela, apresentando hipótese de 
prorrogação da proteção patrimonial. 
Bem de família legal 
O imóvel residencial próprio do casal ou entidade familiar (união estável) 
é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, 
fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos 
pais e filhos que sejam proprietários e nele residam, salvo previsão específica 
da lei. Se o proprietário possuir mais de um imóvel, vai ser considerado bem de 
família o de menor valor, ainda que esteja residindo em outro mais valioso. 
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Aqui, diferente do bem de família convencional, se vê um alargamento do 
objeto de proteção, na medida em que a impenhorabilidade legal do bem de 
família atinge não apenas o imóvel, mas também suas construções, plantações, 
benfeitorias de qualquer natureza e os equipamentos (inclusive profissionais), 
além de acobertar os móveis que guarnecem o lar, desde que quitados. Apenas 
não estão alcançados os veículos de transporte, obras de arte e adornos 
suntuosos, que poderão ser penhorados para o pagamento das dívidas do titular. 
Características do bem de família legal 
Enquanto o bem de família voluntário decorrem inalienabilidade e 
impenhorabilidade, o bem de família legal gera apenas a impenhorabilidade, não 
respondendo pelas dívidas civis, trabalhistas, comerciais, fiscais, previdenciárias 
e de qualquer outra natureza. 
Exceções à regra da impenhorabilidade do bem de família legal 
A impenhorabilidade não produzirá efeitos quandose tratar de uma 
cobrança de: 
I. Créditos de natureza trabalhista ou previdenciária de trabalhadores 
da própria residência; 
II. Créditos financeiros destinados à construção ou aquisição do 
próprio imóvel, mas não abrangidos os créditos destinados à 
reforma do imóvel; 
III. Pensão alimentícia; 
IV. Impostos, taxas e contribuições devidas em função do imóvel; 
V. Execução de hipoteca que recaia sobre o próprio bem, dado 
voluntariamente em garantia pelos titulares, em prol do núcleo 
familiar; 
VI. Valores decorrentes da aquisição do imóvel com o produto de 
crime ou para execução de sentença criminal condenatória a 
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; 
VII. Dívida de fiança concedida em contrato de locação.

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