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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS Fichamento de Estudo de Caso Fulano Beltrano Cicrano Trabalho da disciplina Comunicação nas Organizações Tutor: Prof. Jair Bolsonaro Fortaleza - CE 2017 2 Estudo de Caso: COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES Thomas Green: Poder, Política Interna e uma Carreira em Crise REFERÊNCIA: SASSER, W. Earl; BECKAHN, Heather: Thomas Green: Poder, Política Interna e uma Carreira em Crise. Harvard Business School, n. 210-P03, p. 1-13, mai. 2008. O presente estudo de caso conta a trajetória “duplamente” meteórica de um garoto vindo de uma cidadezinha de menos de vinte mil habitantes que se tornou Especialista Sênior de Mercado de uma empresa com atuação internacional. Thomas Green é um talentoso jovem de 28 anos, nascido na pequena cidade de Brunswick, estado da Geórgia onde chegou a trabalhar em um armazém e inclusive lavar carros até graduar-se com honras (summa cum laude – reconhecimento por obter a máxima qualificação possível em uma titulação universitária) como bacharel em Economia pela Universidade da Geórgia. Sua carreira profissional propriamente dita tem início na National Business Solution em Atlanta – GA, onde atuou durante seis anos como gerente de contas na divisão de bancos, concentrando-se na venda de ATM (caixa eletrônico ou caixa de autoatendimento) a bancos regionais do Sudeste americano. Seu brilhantismo fê-lo ser recrutado pela Dynamic Display, empresa que atua como provedora de serviços de autoatendimento para bancos e também no segmento de Viagens e Hospitalidade. Neste ramo, Thomas Green também ocupara o cargo de Gerente de Contas permanecendo a atuar na região Sudeste do país, tal e qual o emprego anterior. Empresa jovem, porém robusta, a Dynamic Display dominava o mercado de Viagens e Hospitalidade, tendo clientes como linhas aéreas regionais, nacionais e internacionais. Possuía mais de 1500 quiosques ativos em mais de setenta aeroportos, além de oferecer o pacote de serviços, como hardware, software, engenharia e suporte na manutenção. Conforme descrita na Figura 1, sua receita em 2007 dividia-se entre companhias aéreas (80%), hotéis (15%) e locadoras de automóveis (5%). 3 Todas essas características faziam da Dynamic Display uma empresa desejada por profissionais ambiciosos como Green, que chegara a confessar a um amigo íntimo o desejo de surpreender a todos naquela organização e que, por saber que no escritório da matriz havia muitas oportunidades para jovens perspicazes, queria ser notado e se tornar muito mais do que um gerente de contas. Todo esse entusiasmo converteu-se em ação, tanto que logo nos primeiros quatro meses o jovem Gerente de Contas fechou uma grande negociação com uma das maiores empresas de transporte aéreo. Tamanha façanha despertou a atenção dos Executivos Seniores e seu desejo de conquistar o comprometimento de Thomas Green com a companhia, isto é, alinhar seus objetivos pessoais aos objetivos organizacionais. Prova disso é que em julho de 2007, Green participou de uma semana de treinamentos na matriz, ocasião em que a vice-presidente da Divisão, Shannon McDonald e a Diretora Nacional de vendas, Mary Jacobs aproveitaram para conhecer melhor e sondar essa “nova promessa”. Entre McDonald e o jovem houve uma sintonia espontânea, talvez pela identificação cultural em razão de serem conterrâneos e de terem frequentado a mesma universidade. O fato é que esta afinidade possibilitou ao rapaz visibilidade e um canal de diálogo, que o permitiu concorrer e facilitou conquistar uma vaga para Especialista Sênior de Mercado. Tendo-o promovido, a vice-presidente salientou ao jovem que sua ascensão fora fruto de seus próprios méritos e que ele possuía atributos necessários ao cargo e desejáveis à empresa, entretanto expôs algumas ressalvas, entre as quais, a despeito de suas habilidades técnicas, faltava-lhe ainda habilidades estratégicas e experiência de gestão, em razão de sua pouca experiência. 80% 15% 5% Figura 1 - Receitas Companhias Aéreas Hotéis Locadoras de automóveis 4 Embora a promoção representasse um expressivo avanço na carreira de Green, não se pode perder de vista o fato de ele ter pulado etapas, uma vez que a progressão hierárquica natural indica que o gerente de contas seja promovido a Especialista de Mercado, e, após alguns anos, Especialista Sênior. Green agora supervisionava cargos que nunca desempenhou – especialistas de mercado – e era subordinado ao Diretor de Marketing, Frank Davis. Este por sua vez ocupava o cargo que agora pertence a Thomas. Essa sucessão foi outro ponto salientado por McDonald, que alertou quanto a delicadeza e dificuldades da situação, haja vista que o próprio Davis esperava indicar seu sucessor. É possível que todo esse contexto tenha alimentado certa medida de preconceito entre superior e subordinado, o que gerou ruídos em sua comunicação. Os eventos que viriam pareciam mostrar que cada um se sentia incompreendido, subestimado e desafiado pelo outro. No novo cargo, Green começou revisando as vendas do biênio anterior, em seguida passou uma semana sendo orientado por Davis, que, entre outras coisas, enfatizou a importância que os dados representam para o mercado no embasamento e respaldo da tomada de decisão. Neste momento Thomas tinha sua atenção roubada por enfrentar dificuldades de conciliar sua nova rotina com sua vida pessoal, a mudança para Boston, o relacionamento com a namorada em Atlanta. Seria o começo de uma série de conflitos comunicacionais protagonizados por Thomas Green. Em outubro, na reunião do Plano de Metas de 2008, ocorreu o primeiro conflito, Green questionou de forma inapropriada e publicamente as projeções feitas por Davis, o qual claramente desaprovou tal comportamento, chegando inclusive a comentar com McDonald. Em seguida, Davis convidou Green para uma reunião de praxe, cuja pauta era o desempenho do recém-promovido. Davis havia feito um levantamento com as falhas cometidas por Green em seu primeiro mês de trabalho na nova posição, entre as quais a falta de informações, o não atendimento de ligações, a falta de registro de compromissos no Outlook para que Davis pudesse localizá-lo, a ausência de relatórios referentes a novas oportunidades de negócios e a falta de entusiasmo. Como forma de orientar, Davis mostrou diversos documentos e e-mails utilizados por outra Especialista Sênior, mas Green achava que toda aquela formalidade (os e-mails, apresentações e planilhas) não passava de 5 “atitudes políticas” que não combinavam com seu estilo pessoal. A reunião foi registrada por Davis e envianda via e-mail para McDonald, tendo sido também copiada ao e-mail de Thomas Green. Nos três meses seguintes Green dedicou-se de forma independente num projeto de software inviável de ser implementado em curto prazo. Um especialista que o acompanhara lhe teceu elogios, disse que era um vendedor genial, simpático, atencioso, de raciocínio rápido, no entanto, alguns clientes estavam exigindo de Green dados que garantissem a redução de custos e os superiores exigiam memorandos e apresentações que justificassem o investimento. Green não havia trabalhado este ponto, e preferia discuti-lo pessoalmente. Neste interim de tempo Green evitava interagir com Davis, além de comentar com outras equipes sobre os pontos de discordância entre ambos e assumindo ter findado seu entusiasmo. Green não mudou sua postura e os problemaspersistiam, então Davis o chamou novamente para discutir sobre sua avaliação de desempenho, e relatou exatamente os mesmos problemas. Desta vez, Davis enviou um e-mail ao McDonald sem copiar Green, relatando as mesmas falhas, a mesma postura e destacou que Green deveria apresentar resultados em 30 dias, do contrário deveria ser substituído. Foi então que McDonald enviou um e-mail para Green copiando Davis, onde exigia mudanças e melhorias imediatas. Green se deu conta de que já não era mais o “protegido” de McDonald e que teria que tomar decisões importantes caso realmente desejasse permanecer na empresa. Conclusão: Green era demasiadamente autoconfiante e por ter obtido sucesso como Gerente de Contas, subestimou as orientações passadas por McDonald e Davis, além de ignorar as atribuições do cargo de Especialista Sênior de Mercado e as políticas internas da empresa. Mesmo sendo muito talentoso, o fato de pular etapas talvez lhe tenha furtado experiência e aprendizado, principalmente na forma de se comunicar – tanto na emissão como na recepção –, seja documentalmente (por meio de dados, memorandos, planilhas), formalmente (atentando ao contexto de como a comunicação se estabelece naquele ambiente empresarial), como informalmente ao difundir conversas e/ou assuntos de forma inapropriada. Estes ruídos estavam custando muito caro a Thomas Green, levando sua precoce carreira do ápice à ruina.
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