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A transição do capitalismo ao feudalismo Vamos ver cada período separadamente. A transição da antiguidade para o feudalismo entre os séculos IV a XI. Assim como ocorreu com o feudalismo, o sistema econômico característico da antiguidade também entrou em colapso, sendo progressivamente substituído pelo modo de produção feudal, Entretanto, como acontece nos processos históricos que levam séculos para se consolidar, não houve um rompimento abrupto, nem aquelas antigas estruturas despareceram por completo. Na antiguidade romana, vigorava o modo de produção escravista e foi justamente a crise do escravismo um dos fatores responsáveis pelo fim deste império. Entretanto, embora o Feudalismo não tenha utilizado mão de obra escrava, ele herdou da antiguidade um outro tipo de mão de obra, o colonato que, no feudalismo, darão origem as relações de servidão. Na relação de colonato, o trabalhador figa lidado a terra, nela permanecendo até o fim de sua vida. No feudalismo, essa é também a definição de servidão. Além disso, o servo terá diversas obrigações para seu senhor como o pagamento de impostos e vínculos de sociabilidade. Porque é importante ressaltarmos essa herança? Porque através dela podemos entender de que forma os sistemas mudam, mas não desaparecem, legando heranças aqueles que o substituem. Isso constitui a própria dinâmica da História e vai acontecer quando falarmos, mais adiante, da transição do feudalismo para o capitalismo. O Renascimento Urbano e a expansão da atividade Mercantil, entre os séculos XI e XIV. Podemos situar neste intervalo as origens do mundo moderno. Conforme a sistema feudal, baseado na agricultura e na posse da terra prosperava, as cidades, que tinham sido o centro da vida política e econômica durante a antiguidade, foram deixadas de lado. Não quer dizer que elas tenham desaparecido, apenas perderam a importância que tinham para as sociedades romana e grega. As cidades italianas foram as primeiras a se destacar no processo de renascimento urbano, como é o caso de Florença, Veneza e Genova. Dentre os diversos motivos para o pioneirismo italiano, podemos destacar a posição geográfica privilegiada de algumas dessas cidades, próximas ao Mediterrâneo. O Mediterrâneo será, neste contexto, uma das principais rotas mercantis da Europa. As cruzadas, as famosas expedições religiosas que ocorreram com o objetivo de retomar a terra santa entre os séculos XI e XII, tiveram um papel crucial no renascimento urbano. A medida que ampliava, a presença europeia no oriente, as cruzadas acabaram por estabelecer novas rotas comerciais Oriente – ocidente. Por estas rotas transitavam, sobretudo, especiarias e produtos de luxo, como a seda oriental. Esses produtos entravam na Europa e eram comercializados através das feiras. Estas feiras ganharam tanta importância social e econômica que em alguns lugares, elas se tornaram permanentes, como foi o caso de Flandres no norte da Bélgica e Champagne, na França. O desenvolvimento comercial em Flandres originou as ligas ou hansas, união de diversas cidades para administrar as relações comerciais. A mais importante ficou conhecida como Liga Hanseática, e reunia dezenas de cidades. É importante frisar que o comércio estava profundamente ligado ao renascimento urbano. Foi o comércio que ampliou as relações econômicas existentes, alterando o panorama medieval. Com a diversidade comercial, o sistema financeiro foi, aos poucos, criando raízes e estabelecendo um padrão de valor monetário. Ou seja, as moedas voltaram a circular e, ainda que não existisse uma única moeda, essa retomada monetária seria fundamental para o nascimento do capitalismo. As cidades medievais eram, inicialmente, fortificadas. Ou seja, por razões de segurança, era comum um muro ser erguido para proteger o pequeno núcleo urbano. Esta estrutura era chamada de burgo e seus habitantes, burgueses. Com a expansão comercial, as cidades ultrapassaram suas muralhas e se expandiram. Seus habitantes dedicavam-se ao artesanato e ao comércio. O artesanato acompanhava o crescimento mercantil. Só para lembrar: quando falamos em artesanato, neste período, estamos nos referindo a artigos feito manualmente. Portanto, os artesãos medievais incluíam diversas profissões como ferreiros, sapateiros e tecelões. Esses profissionais reuniam-se em corporações de ofício, associações que tinham como objetivo garantir o preço e a qualidade dos produtos vendidos, além de garantir o monopólio de seus membros sobre este comércio. Organizações como as ligas e as corporações de ofício exemplificam a mudança econômica que a idade média esta vivendo. A estrutura feudal, aos poucos, não mais dará conta da estrutura econômica criada pela multiplicidade de relações mercantis e o modo de produção feudal entrará em colapso. Por último, falemos da transição do feudalismo para o capitalismo, entre os séculos XIV e XV. Como historiadores, não podemos dissociar as diversas instancias que compõem a vida em sociedade. Dessa forma, todos os aspectos sociais – política, cultura e economia – estão interligados e agem diretamente um sobre o outro. É claro que é possível privilegiar um olhar em detrimento de outro e assim temos a história cultural, a história política e a história econômica. Mas, mesmo nos estudos mais específicos, não é possível ignorar que haja uma interação direta entre todos estes aspectos. Isto posto, é importante que entendamos a transição feudalismo – capitalismo, como sendo fruto de diversos fatores que, relacionados, provocam o desgaste de um sistema e a sua substituição por outro. Durante a Idade Média, a relação de trabalho estava centrado no binômio senhor/servo. O senhor feudal era dono das terras, o servo, sua força de trabalho e a produção do feudo era voltada para sua subsistência. Podemos dizer que o feudo era uma unidade produtiva fechada, o que explica a pouca importância das relações comerciais da alta idade média. Nessa estrutura, não existia o trabalho assalariado, uma das bases fundamentais do capitalismo. Entre os séculos XIV e XV, após a consolidação das cidades e a do comércio, temos a ascensão da burguesia enquanto classe social. Os burgueses substituirão os senhores feudais como donos dos meios de produção e o trabalhador venderá sua força de trabalho, quebrando a relação servo/senhor e acabando com os vínculos de dependência pessoal nas quais esta relação se baseava. Temos, nesta fase de transição, o que chamaremos de pré capitalismo pois, embora já houvesse relações econômicas baseadas na moeda, estas coexistiam com a troca de produtos – característico da economia feudal. O trabalho assalariado ainda não era dominante e os artesãos eram donos de seus próprios meios de produção, como ferramentas e matéria prima. No capitalismo haverá uma separação – enquanto a classe trabalhadora vende sua força de trabalho, os burgueses são donos dos meios de produção. Como essa estrutura ainda esta se esboçando, não podemos chamar esta fase de capitalista.
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