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ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 67 B C P2 VC 0,5 l2 l2 VB HB 8. CÁLCULO DE REAÇÕES EM ESTRUTURAS COM RÓTULAS INTERNAS 8.1 SOLUÇÃO DE PROBLEMAS ROMPENDO AS RÓTULAS O primeiro procedimento que pode ser aplicado para calcular reações em estruturas com rótulas internas é romper as rótulas, que é o mesmo procedimento empregado na análise de máquinas. A grande diferença é que no caso das estruturas as equações de equilíbrio externo sempre colaboram na solução do problema. Como já vimos anteriormente, romper uma rótula (articulação) consiste em substituir o seu efeito por duas forças reativas. Separadas as partes que formam a estrutura deve-se escrever as equações de equilíbrio para cada uma delas. Exemplo 1. Calcular as reações nos vínculos A e C da estrutura ilustrada na Fig. (8.1). Figura 8.1 – Ilustração da estrutura. Solução: Vamos resolver este problema empregando a técnica de romper as rótulas. Inicialmente representa-se as forças externas que atuam no problema, Fig. (8.1), e escreve-se as equações de equilíbrio externo. 00 =→=∑ AX HF (1) ∑ +=+→= 210 PPVVF CAY (2) ( ) ( ) 07,05,00 1112221 =+⋅⋅−+⋅−+→=∑ ACA MPlllPllVM (3) É importante ressaltar que na maioria das vezes é melhor escrever apenas as equações de equilíbrio das partes ao invés das equações de equilíbrio externo. Rompendo-se a rótula B pode-se escrever 00 =→=∑ BX HF (4) ∑ =+→= 20 PVVF CBY (5) 2 05,00 2222 PVPllVM CCB =→=⋅−⋅→=∑ (6) O resultado obtido pela equação (6) em conjunto com as equações (1) a (3) A B C P1 P2 HA VA VC MA 0,7 l1 0,5 l2 l1 l2 ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 68 A B P1 HA VA VB MA 0,7 l1 l1 HB permite resolver o problema. Vamos considerar que as equações de equilíbrio externo não foram escritas. Neste caso, para se resolver o problema deve-se representar o diagrama de corpo livre da outra parte da estrutura. BAX HHF =→=∑ 0 (7) BAY VPVF +=→=∑ 10 (8) 07,00 111 =+⋅⋅−⋅−→=∑ ABA MPlVlM (9) Substituindo-se a equação (6) nas equações (8) e (9) consegue-se resolver o problema. Aplicando-se o procedimento anterior, deve-se tomar cuidado quando houver uma carga aplicada na rótula. Neste caso, deve-se aplicar a carga que atua na rótula em apenas uma das partes ou pode-se dividir a carga. É importante ressaltar que a carga total não pode ser aplicada em ambas as partes. 8.2 SOLUÇÃO DE PROBLEMAS APLICANDO A CONDIÇÃO DE MOMENTO NULO NAS RÓTULAS Outro procedimento para solução do problema anteriormente apresentado é considerar uma equação extra devido à rótula B. Pode-se verificar que a introdução de uma rótula interna acrescenta um grau de liberdade extra à estrutura. Isto pode ser demonstrado pelo exemplo da Fig. (8.2). Sabe-se que uma viga engastada livre, Fig. (8.2.a) é uma estrutura isostática porque as reações do engaste podem ser calculadas com as equações de equilíbrio da Mecânica. Figura (8.2) – Introdução de graus de liberdade extras através de rótulas internas. Por outro lado, se acrescentarmos um apoio simples na extremidade livre, Fig. (8.2b), tem-se uma estrutura hiperestática, que não pode ser resolvida apenas com as equações de equilíbrio. Agora acrescentando-se uma rótula no ponto B, Fig. (8.2.c) sabe-se que o problema pode ser resolvido apenas com as equações de equilíbrio ou seja ele é novamente isostático. O grau de liberdade extra introduzido pela rótula é o giro relativo da parte AB da viga em relação a parte BC. A Fig. (8.3) ilustra um detalhe da rótula B. Admitindo-se que não há A B C P1 P2 A B C P1 P2 A B C P1 P2 (a) (b) (c) ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 69 atrito entre o pino e o furo e também entre os elementos de fixação do pino e as barras, pode- se dizer que o giro em torno do eixo central da rótula é livre. Logo, pode-se afirmar que o momento na rótula é zero, ou seja o momento a esquerda de B (Mesq) não é transmitido para o lado direito e vice versa. Figura (8.3) – Detalhe de uma rótula. Consequentemente pode-se escrever as equações (8.1). 0 0 = = ∑ ∑ dir esq M M (8.1) De modo geral, pode-se dizer que para um corpo rígido, definido no plano, tem-se três equações de equilíbrio externo e uma equação de condição de momento nulo na rótula, para cada uma das rótulas internas que há no corpo. Logo, deve-se escolher apenas uma das equações apresentadas em (8.1) para formar um sistema de equações com as três equações de equilíbrio externo. Exemplo 2. Resolver o mesmo problema apresentado no exemplo 1 aplicando a condição de momento nulo nas rótulas. Solução: Inicialmente escreve-se as equações de equilíbrio externo. 00 =→=∑ AX HF (1) ∑ +=+→= 210 PPVVF CAY (2) ( ) ( ) 07,05,00 1112221 =+⋅⋅−+⋅−+→=∑ ACA MPlllPllVM (3) Para resolver-se o problema necessita-se de uma quarta equação que pode ser qualquer uma das duas apresentadas em (8.1). Escolhendo-se a primeira equação fica 03,00 111 =⋅⋅+⋅−→=∑ PlVlMM AAesqB (4) Optando-se pela segunda equação tem-se 2222 5,005,00 PVPlVlM CCdirB ⋅=→=⋅⋅−⋅→=∑ (5) M = 0 B Mesq Mdir Sem atrito ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 70 Qualquer uma das equações, (4) ou (5), em conjunto com as equações (1) a (3) permite resolver o problema. No entanto, neste problema, ao se escolher a equação (5) tem-se um processo de solução mais simples. A aplicação da condição de momento nulo nas rótulas é vantajosa principalmente em problemas envolvendo estruturas porque o processo de solução é mais direto do que trabalhar rompendo as rótulas. No entanto, em problemas envolvendo máquinas resulta mais conveniente trabalhar rompendo as rótulas. 8.3 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 1) Determine a força na barra BD e as reações em C e D. Solução: Inicialmente escreve-se as equações de equilíbrio externo. CDX HHF =→=∑ 0 (1) ∑ =+→= 3500 CDY VVF (2) 2 0751500 CCCCD H VHVM −=→=+⋅→=∑ (3) Aplicando-se agora a condição de momento nulo na rótula B tem-se DDDD DB B HVHVM ⋅=→=+⋅−→=∑ 75,00751000 (4) O termo ∑ = 0 DB BM indica o somatório das forças que atuam na barra DB em relação ao ponto B. Esta notação é necessária porque, neste problema, não se pode falar em lado esquerdo e direito da rótula. Continuando com a solução deve-se substituir as equações (4) e (3) na equação (2). 3505,075,0 =⋅−⋅ CD HH (5) Substituindo-se (1) em (5) pode-se escrever N 14003505,075,0 =→=⋅−⋅ DDD HHH . HD = 1400 N , VC = -700 N e VC = 1050 N A B C D 100 mm 50 mm 75 m m 350 N VD HD VC HC ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 71 A força na barra BD é calculada fazendo-se N 175022 =+= DDBD VHF Outra solução para o problema é escrever a equação N 7000503501000 −=→=⋅+⋅→=∑ CC ABC B VVM e substituir este resultado nas demais equações. 2) Determine as reações nos vínculos A e B. (Questão extraída da lista de exercícios da disciplina Resistência dos Materiais A – Prof. Segovia). Solução: Inicia-se a solução do problema escrevendo-se as equações de equilíbrio externo. 010 =−+→=∑ BAX HHF (1) ∑ =−+→= 060 BAY VVF (2) tf25,4031216240 =→=⋅+⋅+⋅+−→=∑ AAB VVM e tf75,1=BV Aplicando-se a condição de momento nulo na rótula C tem-se tf10052240 ,=→=⋅+−⋅→=∑ AAA esq C HHVM e tf90,=BH Para se confirmar a resposta obtida pode-se fazer o somatório de momentos em relação a um outro ponto da estrutura, como por exemplo 043321620 =−++⋅+⋅→=∑ ABAD VHHM Substituindo-se os valores calculados tem-se 00025,441,039,032162 =→=⋅−⋅+⋅+⋅+⋅ o que indica solução correta. 2 2 2 3 22 tf 3 tf 1 tf 1 tf A B (m) HA HB VA VB C D ENG 01156 – Mecânica- Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 72 8.4 QUESTÕES INTERESSANTES Com relação à equação que representa a condição de momento nulo na rótula, há algumas questões que valem a pena serem analisadas. Uma pergunta freqüente é porque o sistema de equações representado em (8.2) é linearmente independente (considerar o ponto C como representando uma rótula interna). 0 0 0 0 = = = = ∑ ∑ ∑ ∑ esqC z y x M M F F ou 0 0 0 0 = = = = ∑ ∑ ∑ ∑ dirC z y x M M F F (8.2) O conjunto de equações acima é sempre linearmente independente porque as três primeiras equações de equilíbrio são obtidas diretamente do processo de simplificação de sistemas de forças, logo estas três equações são sempre L.I. A quarta equação representa a condição de momento nulo na rótula, ou seja representa que desejamos impedir o giro relativo entre as partes. A figura (8.4) ilustra esta condição de equilíbrio com a sua correspondente equação. 0=∑ dirCM 0=∑ esqCM Figura (8.4) – Equação de equilíbrio correspondente a condição de momento nulo na rótula (impedimento do giro relativo entre as partes que formam o corpo). Como estas possibilidades de movimento de corpo rígido são independentes, os dois conjuntos de equações representados em (8.2) serão sempre linearmente independentes. Outra pergunta freqüente com relação à condição de momento nulo na rótula é se as equações representadas em (8.1) podem ser aplicadas ao mesmo tempo. Neste caso, a resposta é sim, mas com restrições. É possível se empregar duas equações de equilíbrio, que representam a condição de momento nulo numa mesma rótula, desde que seja eliminada a equação de equilíbrio externo que representa 0=∑ zM . Isto é necessário porque esta equação é equivalente às duas expressões apresentadas em (8.1), quando estas são aplicadas em conjunto. O exemplo a seguir ilustra como aplicar as duas equações que representam a condição de momento nulo na rótula. C ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 73 Exemplo 3. Determinar as reações nos vínculos A e C da estrutura ilustrada na figura (8.5). Figura (8.5) – Ilustração do exemplo 3. Solução: Empregando-se as 3 equações de equilíbrio usuais mais a condição de momento nulo na rótula tem-se 00 =→=∑ Ax HF 15000 =+→=∑ CAy VVF 035,2500110000 =++⋅−⋅−→=∑ ACz MVM A Nm 1500 ,N 1250 ,N 250015,05000 ===→=+⋅−→=∑ MAVVVM ACC BC zB Aplicando-se as duas equações correspondentes à condição de momento nulo na rótula a solução fica 00 =→=∑ Ax HF 15000 =+→=∑ CAy VVF 01100020 =⋅+−→=∑ AA AB z VMM B Nm 1500 ,N 1250 ,N 250015,05000 ===→=+⋅−→=∑ MAVVVM ACC BC zB O próximo exemplo ilustra porque não devemos trabalhar com as duas equações correspondentes a condição de momento nulo na rótula e com 0=∑ zM . 2 m 1 m 1 m 0,5 m 1000 N 500 N A B CHA VA MA VC ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 74 Exemplo 4. Determinar as reações nos vínculos A e C da estrutura ilustrada na figura (8.6). Figura (8.6) – Ilustração do exemplo 4. Solução: Examinando-se o problema nota-se que se trata de uma estrutura hiperestática, já que temos 5 incógnitas e 4 equações (3 equações de equilíbrio externo e uma equação da condição de momento nulo na rótula interna). Portanto, este problema não tem solução apenas com as equações de equilíbrio da Mecânica entretanto, este problema é útil para exemplificar uma montagem errada de um sistema de equações, na tentativa de se resolver o exercício. Inicialmente escreve-se as 3 equações de equilíbrio externo CACAx HHHHF =→=+−→=∑ 00 (1) CACAy VVVVF −=→=+→=∑ 330 (2) 75,46,25,3075,21126,25,30 =++→=+⋅−⋅−+→=∑ ACCACCz MHVMHVM A (3) Escreve-se agora as duas equações correspondentes à condição de momento nulo na rótula B. 242012420 −=++→=⋅+++−→=∑ AAAAAA AB z MHVMHVM B (4) 75,04,15,1075,014,15,10 =−→=⋅−−→=∑ CCCC BC z HVHVM B (5) Colocando-se MA em evidência na equação (4) tem-se AAA VHM 242 +−−= . Substituindo-se este resultado em (3) e operando-se fica 75,6246,25,375,42426,25,3 =+−+→=+−−+ AACCAACC VHHVVHHV (6) Substituindo-se em (6) os resultados obtidos em (1) e (2) tem-se 2 kN 1 kN A B C 4 2 1,5 1, 41 0,75 VA HA MA VC HC ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 75 ( ) 75,05,14,175,63246,25,3 =+−→=−+−+ CCCCCC VHVHHV (7) Pode-se observar que o resultado obtido em (7) é igual à expressão (5), logo conclui-se que o conjunto de equações anteriormente apresentado é linearmente dependente não permitindo, portanto, a solução do exercício. Exemplo 5. Para a estrutura ilustrada na figura (8.7), indique se os quais dos conjuntos de equações abaixo geram um sistema de equações linearmente independentes. a) 0; 0; 0 ; 0 ==== ∑∑∑∑ CDE ABx CMMMF b) 0; 0; 0 ; 0 ==== ∑∑∑∑ CDEABC Bx CC MMMF c) 0; 0; 0 ; 0 ==== ∑∑∑∑ ABC Ayx CMMFF d) 0; 0; 0 ; 0 ==== ∑∑∑∑ CDEABC yx CC MMFF Figura (8.7) – Ilustração do exemplo 5. Justificativa: Na opção a) as equações 0; 0 ; 0 === ∑∑∑ ABx MMF já são L.D. porque a equação 0=∑ xF elimina a componente Rx da força resultante e a reta definida pelos pontos A e B é uma reta vertical, portanto paralela à componente Ry, da força resultante, que deve ser eliminada. Na opção b) a equação 0=∑ xF elimina a componente Rx da força resultante, a equação 0=∑ BM elimina o momento resultante e agindo em conjunto com 0=∑ ABC C M garante que a componente Ry da força resultante é nula já que a reta definida pelos pontos BC não é paralela a Ry. Finalmente a equação 0=∑ CDE C M garante a condição de momento nulo na rótula C. Na opção c) 0; 0 ; 0 === ∑∑∑ Ayx MFF são L.I. porque representam a condição de equilíbrio de um corpo rígido e a equação 0=∑ ABC CM representa a condição de momento nulo na rótula C. . Na opção d) tem-se um conjunto de equações L.I. porque as equações 0 ; 0 == ∑∑ yx FF garantem 0=R � e as equações 0; 0 == ∑∑ CDEABC CC MM garantem a condição de momento resultante nulo na rótula C. 50 35 20 10 40 300 N 500 N A B C D E ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 76 200 250 45 300 360 N (mm) A B C D Figura (2) ENG 1156 – MECÂNICA – TRABALHO 4 Os trabalhos devem ser desenvolvidos em folha A4 branca a caneta e sem rasuras, ou podem ser desenvolvidos em editor de texto. Neste caso, o trabalho pode ser entregue em arquivo (formato .rtf, pdf ou .doc) ou impresso em folha A4 branca. Trabalhos fora destas condições não serão avaliados. 1) Um cilíndro, figura (1), pesa 2 KN e é suspenso por um par de tenazes conforme esquema. Determine as forças exercidas sobre a tenaz BCD nos pontos D e C. 2) A figura (2) apresenta um esquema simplificado de uma prensa. Para este esquema determine as reações nos pontos A e D. Determine também a força que atua na barra BD. A B C D E 2 kN 15 0 m m 30 0 m m 200 mm 250 mm F 37 ,5 ENG 01156 – Mecânica - Aula 08 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 77 3) Para a estrutura representada na figura (3) determine as reações na rótula C e na rótula A, bem como as forças que atuam nas barras DE e GF. Deve-se considerar que estas barras atuam apenas como escoras. 4) O sistema de suspensão da roda dianteira de um automóvel, figura (4), suporta 3750 N. Determine a força exercida pela mola e as componentes das forças que agem sobre os pontos A e D da estrutura. 5) Apresentar uma análise de forças completa de um mecanismo (ferramenta), semelhante ao que foi apresentado para o alicate. Deve ser apresentado um desenho em escala ou foto da ferramenta. 1 m 1m 4 m 1 m 1 m A B C D E F G 1 m 5 kN 300 200 17 5 12 5 225225 50 A B C D F E (mm) Figura (4)
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