Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 84 10. FORÇAS DE ATRITO O material a seguir apresentado deve ser complementado com a leitura do BEER & JOHNSTON (capítulo 8). Todos os temas desta aula tratam de atrito seco. Para que os resultados obtidos aproximem melhor a realidade, todas as superfícies com atrito são consideradas não lubrificadas. 10.1 ATRITO SECO As leis do atrito seco podem ser resumidas na Fig. (10.1). Figura 10.1 – Funcionamento das leis do atrito seco. A Fig. (10.1a) ilustra um bloco apoiado num plano horizontal. Nesta situação, as forças atuantes no bloco são o seu peso e a reação normal do plano horizontal. Já na Fig. (10.1b) aplica-se também uma força horizontal Q. Quando Q é de pequeno valor o bloco não se move porque ele é equilibrado pela força de atrito Fa. Aumentando-se Q a força Fa também aumenta, até que se atinja um valor máximo Fm. Caso a força Q continue a aumentar, a força de atrito não consegue mais equilibrá-la e o bloco inicia o movimento. A partir deste instante o módulo da força de atrito assume um valor mais baixo Fc, que permanece constante enquanto o bloco estiver se deslocando. A força de atrito Fm recebe o nome de força de atrito estático e a força Fc recebe o nome de força de atrito cinético. A Fig. (10.1c) resume o funcionamento de uma força de atrito seco. Prova-se experimentalmente que NF em ⋅= µ (10.1) em que µe é uma constante denominada de coeficiente de atrito estático. Do mesmo modo pode-se escrever NF cc ⋅= µ (10.2) em que µc é uma constante denominada de coeficiente de atrito cinético. Estes coeficientes não dependem da área da superfície de contato, mas dependem da natureza destas superfícies. Estes coeficientes apresentam uma variabilidade considerável. P N a) P N b) Q Fa F Q Equilíbrio Fm Fc c) ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 85 N 500 N F a x y 37° 1500 N 53° Em algumas situações é conveniente substituir a força normal e a força de atrito por sua resultante. A Fig. (10.2) ilustra este procedimento, que permite chegar ao resultado apresentado na equação (10.3). Figura 10.2 – Ângulo de atrito. eem e N N F N µµ φ 1tan = ⋅ == (10.3) O ângulo φe é denominado ângulo de atrito estático. Raciocínio análogo pode ser feito para o caso da força de atrito cinético resultando na equação (10.4), em que φc é o ângulo de atrito cinético. ccc e N N F N µµ φ 1tan = ⋅ == (10.4) Para se resolver problemas com forças de atrito deve-se tomar alguns cuidados. Quando as únicas informações transmitidas pelo texto do problema são os coeficientes de atrito, então as forças de atrito devem ser obtidas através das equações de equilíbrio e as forças de atrito resultantes devem satisfazer a condição NF e⋅≤ µ . Quando o texto indica para considerar a força de atrito máxima ou considerar que o objeto está na iminência de entrar em movimento aplica-se diretamente a (10.1). Quando o objeto está em movimento aplica-se diretamente a (10.2). Exemplo 1. Uma força de 500N age num bloco de 1500 N colocado sobre um plano inclinado. Verificar se o bloco está em equilíbrio e determinar o valor da força de atrito sabendo que µe = 0,25 e µc = 0,2. Solução: Escrever as equações de equilíbrio em relação ao sistema de eixos inclinados. 053cos15005000 =−°−→=∑ aX FF N 7,402−=aF . O sinal negativo indica que a força de atrito deve estar orientada rampa a cima. 053sen15000 =°−→=∑ NFY N 1198=N Caso o bloco estivesse na iminência de entrar em movimento a força de atrito seria dada por (10.1) ou seja N Q Fa φe R P ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 86 N 5,299119825,0 =⋅=mF Como a força de 402,7 N, obtida pelas equações de equilíbrio, é superior a força de atrito estático (299,5 N) conclui-se que o bloco está em movimento. Neste caso, a força de atrito é dada pela (10.2) ou seja N 6,23911982,0 =⋅=cF Logo a soma de forças na direção x resulta em N 1,1636,23953cos1500500 −=+°−→∑ XF que é uma força não equilibrada que indica que o bloco vai descer a rampa com velocidade crescente. Aplicando-se a Segunda Lei de Newton pode-se calcular qual é a aceleração do bloco. Exemplo 2. O suporte móvel representado no esquema pode ser colocado em qualquer altura sobre o tubo de 75 mm de diâmetro. Para µe = 0,25 determine a mínima distância x para a qual a carga P pode ser suportada. Despreze o peso do suporte. Solução: Para encontrar-se a mínima distância x deve-se considerar o valor máximo da força de atrito ou seja BBeBAAeA NNFNNF ⋅=⋅=⋅=⋅= 25,0 e 25,0 µµ Escrevendo-se as equações de equilíbrio para o diagrama de corpo livre acima ilustrado tem-se BAx NNF =→=∑ 0 ( ) PNPNPNNPFFF AABABAy 2225,025,00 =→=⋅→=+⋅→=+→=∑ NB = 2P e FA = FB = 0,5 P ( ) 05,37751500 =−−⋅−⋅→=∑ xPFNM AAB 05,375,37300 =+⋅−−⋅ PxPPP mm 300=x Pelos dois exemplos anteriores pode-se notar que a consideração das forças de atrito não modifica o procedimento utilizado para as soluções dos problemas até aqui. Pela importância da força de atrito em diversos equipamentos analisa-se a seguir alguns problemas particulares. x 15 0 m m 75 mm P A B x - 37,5 15 0 m m 75 mm P A B FA NA NB FB ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 87 10.2 CUNHAS Cunhas são ferramentas simples utilizadas para erguer grandes blocos e para fazer pequenos ajustes na posição de peças pesadas de maquinaria. As cunhas são bastante usadas em processos de montagem e manutenção de equipamentos. Elevação de Blocos. A Fig. (10.3) ilustra o uso de duas cunhas para a elevação de grandes blocos. Nesta análise o peso das duas cunhas é desprezado em comparação com o peso do bloco. O uso das cunhas deve permitir que o bloco seja erguido aplicando-se uma força Q de valor inferior a P. A Fig. (10.3) ilustra também os diagramas de corpo livre do bloco e de uma das cunhas. As forças FBA, FCA, FAC e FDC são forças de atrito que no caso extremo são obtidas aplicando-se a equação (10.1). Pela Terceira Lei de Newton tem-se que FAC = FCA e NCA = NAC. Figura 10.3 – Uso de cunhas para elevação de grandes blocos. Escrevendo-se as equações de equilíbrio para o bloco, e considerando o caso extremo das forças de atrito obtém-se →=∑ 0xF CAeACBA NN ⋅= µ (1) PNNPNNF BAeBACABAeBACAy +⋅=→=−⋅−→=∑ µµ 00 (2) Escrevendo-se agora as equações de equilíbrio para a cunha C tem-se 0sencos0 =⋅−⋅⋅−⋅−→=∑ ααµµ DCDCeDCCAeACx NNNQF ααµµ sencos ⋅+⋅⋅+⋅= DCDCeDCCAeAC NNNQ (3) αµα αµα sencos 0sencos0 ⋅− =→=⋅⋅−⋅+−→=∑ eDC CA DCDCeDCDCCAy NNNNNF (4) P A B C D Q P NCA FCA NBA FBA Q NACFAC FDCNDC α ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 88 Nas equações acima µeAB é o coeficiente de atrito estático entre o bloco A e a parede B; µeAC é o coeficiente de atrito estático entre o bloco A e a cunha C; µeDC é o coeficiente de atrito estático entre as cunhas C e D. Para exemplificar o uso das equações anteriores considera-se que P = 5 kN, µeAB = 0,15, µeAC = µeDC = 0,25 e α = 5°. Substituindo-se (1) em (2) tem-se kN 19,5 25,015,01 5 1 = ⋅− = ⋅− = eACeAB CA PN µµ kN 3,119,525,0 =⋅=BAN kN 33,5 5sen25,05cos 19,5 = °−° =DCN kN 35sen33,55cos33,525,019,525,0 =°⋅+°⋅⋅+⋅=Q 6,0 5 3 == P Q A expressão (5), que é obtida operando-se sobre as equações anteriores, relaciona diretamente as forças Q e P. ⋅− + ⋅− ⋅ + ⋅− = αµα α αµα αµµ µµ sencos sen sencos cos 1 eDCeDC eDC eAC eACeAB PQ (5) Uso de cunhas em ajustes. A Fig. (10.4) ilustra o uso de uma cunhapara nivelar a posição de uma viga com a horizontal. Neste tipo de aplicação podem surgir basicamente duas perguntas. A primeira: “Qual é a força P necessária para mover a cunha a frente?”, e a segunda: “A cunha é autobloqueante?”. Figura 10.4 – Aplicação de cunhas em pequenos ajustes. Na solução a seguir considera-se que o coeficiente de atrito estático entre a cunha e as duas superfícies de contato é de 0,25. Deve ser desprezado o tamanho e o peso da cunha, bem como a espessura da viga. Solução: Escrevendo-se as equações de equilíbrio correspondentes à Fig. (10.4b) tem-se BAx HHF =→=∑ 0 (1) 120 =+→=∑ BAy VVF (2) 3 32 2 kN 2 kN4 kN 4 kN PB A15o (m) 3 32 2 kN 2 kN4 kN 4 kN B A (m) HBVB VA HA -VB -HB P NB FB a) b) c) ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 89 kN 6088254340 =→=⋅+⋅−⋅−⋅−→=∑ AAB VVM (este resultado é obtido diretamente empregando-se a simetria do problema). Como VB = 6 kN e a reação horizontal do apoio em B, HB, é causada por atrito, sabe-se que no pior caso esta força vale kN 5,1625,0 =⋅=BH . Escrevendo-se as equações de equilíbrio para o diagrama de corpo livre da cunha, Fig. (10.4c), e considerando- se os resultados anteriores pode-se escrever 015sen15cos5,10 =°⋅+°⋅++−→=∑ BBx NFPF (4) 015cos15sen60 =°⋅+°⋅−−→=∑ BBy NFF (5) Nas equações acima FB é a força de atrito entre a cunha e o perfil I e NB é a reação do perfil I, normal ao plano inclinado da cunha. No caso limite sabe-se que BB NF ⋅= 25,0 . Substituindo-se este resultado nas equações (4) e (5) obtém-se NB = 6,66 kN, FB = 1,66 kN e P = 4,83 kN. Para responder à segunda pergunta deste exemplo vai-se inverter o sentido da força P, de modo que esta represente uma força que tem a função de remover a cunha. A Fig. (10.5) apresenta o diagrama de corpo livre para este caso. Figura 10.5 – Diagrama de corpo livre para o caso de remoção da cunha. Solução: Escrevendo-se as equações de equilíbrio correspondentes à Fig. (10.5) tem-se 015sen15cos5,10 =°⋅+°⋅−+−→=∑ BBx NFPF (1) 015cos15sen60 =°⋅+°⋅+−→=∑ BBy NFF (2) Considerando-se que BB NF ⋅= 25,0 obtém-se da equação (2) que NB = 5,82 kN e FB = 1,45 kN. Substituindo-se estes resultados em (1) obtém-se P = 1,39 kN. Concluí-se que para remover a cunha da sua posição é necessária uma força externa de 1,39 kN. Considerando-se que esta força não seja aplicada tem-se uma cunha autobloqueante ou seja uma vez posta na sua posição de trabalho ela não sai mais desta. 10.3 PARAFUSOS DE ROSCA QUADRADA Parafusos de rosca quadrada são utilizados para transmissão de movimento principalmente quando são aplicadas grandes forças ao longo do eixo do parafuso. Este tipo de parafuso é bastante usado em macacos mecânicos, válvulas e tornos. A análise de um parafuso de rosca quadrada é feita considerando-se um plano inclinado. Quando um parafuso está submetido a grandes cargas axiais, o conhecimento das forças de atrito que atuam na rosca é importante para se calcular o momento M necessário para girar o parafuso. Considerando como exemplo o parafuso de rosca quadrada do macaco mecânico ilustrado na Fig. (10.6), que deve suportar uma carga vertical W. As forças reativas da estrutura a essa carga são distribuídas sobre as circunferências da rosca do parafuso que estão em contato com o furo rosqueado (ver cota h) na estrutura. 1,5 kN P NB FB 6 kN ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 90 Figura 10.6 – Aplicação de um parafuso de rosca quadrada num macaco mecânico. Para continuarmos o desenvolvimento são necessárias algumas definições. Passo da rosca (p): A distância percorrida pelo parafuso, medida na direção do seu eixo, quando este realiza um rotação completa, ou seja de 360º. Ângulo de avanço (θ): Considerando que o parafuso tenha um raio médio r, o comprimento da rosca correspondente a uma rotação completa do parafuso é de rπ2 . A relação entre este comprimento e o passo da rosca é dado pela Fig. (10.7). Figura 10.7 – Ilustração do passo da rosca e do ângulo da rosca. Define-se o ângulo de avanço como sendo r p π θ 2 arctan= (10.5) W x y Pk - Pk r h l M 2πr p θ ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 91 Para analisarmos o equilíbrio das forças que atuam na rosca vai se representar a rosca por um pequeno bloco apoiado sobre um plano inclinado com um ângulo igual ao ângulo de avanço θ. Este plano inclinado representa o lado interno da rosca de apoio da base do macaco mecânico. Para que o macaco mecânico sustente a carga W é necessário a aplicação de um par, formado pelas forças –Pk e Pk, o qual gera o momento M. Estudando-se apenas o bloco ilustrado na Fig. (10.8) nota-se que três forças atuam sobre o bloco ou parafuso. A força W é o carregamento axial total aplicado ao parafuso. A força S é gerada pelo momento aplicado M, de modo que M = S r, em que r é o raio médio do parafuso. Para equilibrar estas forças o plano inclinado exerce uma força R sobre o bloco, tendo como componentes N, na direção normal, e F na direção tangencial às superfícies de contato. A seguir são analisadas as várias situações possíveis para este diagrama de corpo livre. Figura 10.8 – Diagrama de corpo livre da rosca do parafuso correspondente ao movimento ascendente do parafuso. Movimento ascendente do parafuso. Quando M é grande o suficiente, o parafuso pode ficar na iminência de movimentar-se ou poderá estar se movimentando. Nestas condições, R atua com um ângulo (θ + φ) em relação à vertical. Este ângulo φ é definido pela (10.3) quando o parafuso está na iminência de movimentar-se ou pela (10.2) quando se deseja saber o menor momento M necessário para manter o parafuso em movimento uniforme para cima. Escrevendo-se as equações de equilíbrio correspondentes à Fig. (10.8) tem-se ( ) 0sen0 =+−→=∑ φθRSFx ( ) 0cos0 =−+→=∑ WRFy φθ Eliminando-se R, e fazendo-se rMS /= obtém-se ( )φθ +⋅⋅= tanrWM (10.6) Movimento descendente do parafuso. Quando a superfície do parafuso é muito escorregadia, este pode girar de modo a descer se o módulo do momento for reduzido para MM <' . Neste caso, a força produzida pelo momento vale S’, e é necessário que o ângulo φθ > . A Fig. (10.9) ilustra esta situação e a equação (10.7) apresenta o respectivo cálculo do momento M. θ S W F N R θ φ n ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 92 Figura 10.8 – Diagrama de corpo livre da rosca do parafuso correspondente ao movimento descendente do parafuso. ( )φθ −⋅⋅= tanrWM (10.7) Parafuso autobloqueante. Quando o momento M é removido, o parafuso poderá ficar autobloqueado, isto é ele suportará a carga W apenas com as forças de atrito, desde que θφ ≥ . O caso limite desta situação, ilustrado na Fig. (10.9), se dá quando θφ = . Neste caso a força R equilibra W. Figura 10.9 – Diagrama de corpo livre para o caso de um parafuso autobloqueante na iminência de um movimento descendente. Movimento descendente do parafuso ( )φθ < . Quando a superfície do parafuso é muito rugosa, este não girará de modo a descer conforme estudado anteriormente. Ao contrário, o sentido do momento aplicado deverá ser invertido de modo a causar o movimento. A Fig. (10.10) ilustra este caso e a equação (10.8) permite calcular o momento M”. ( )θφ −⋅⋅= tan" rWM (10.8) θ S' W R θ n φ θ W R θ=φ n ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 93 Figura 10.10 – Diagrama de corpo livre para o caso do movimento descendente (θ < φ). Exemplo 1. Calcule a força compressiva exercida pelo parafuso de rosca quadrada sobre o objeto ilustrado na Fig. (10.11). Considere que as forças P aplicadas na haste valem 100 N cada uma delas. Considere que o passo da rosca é de 2 mm, o raio médiodo parafuso é de 5 mm e o coeficiente de atrito estático entre o parafuso e o restante da estrutura é de 0,3. Calcule também qual a força necessária para afrouxar o parafuso. Figura 10.11 – Ilustração do exemplo 1. Solução: Calcula-se inicialmente o ângulo de avanço conforme (10.5) e o ângulo de atrito estático conforme (10.3). 43,2 52 2arctan = ⋅⋅ = π θ 7,163,0arctan ==eφ O momento em relação ao eixo central do parafuso vale Nm 401002,02 =⋅⋅=M θ S''W R θ n φ Pk - Pk 200 mm 200 mm ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 94 Aplicando-se agora a equação (10.6) tem-se ( ) kN 23N 5,230637,1643,2tan005,040 ≈=→+⋅⋅= WW A força necessária para afrouxar o parafuso é obtida aplicando-se diretamente a equação (10.8). ( ) Nm 3,2943,27,16tan005,05,23063" =−⋅⋅=M N 3,73 2,02 3,29 = ⋅ =P Exemplo 2. O equipamento de elevação de cargas ilustrado consiste num mecanismo formado por um parafuso de rosca quadrada com diâmetro médio de 12 mm, passo de 5 mm e coeficiente de atrito estático 0,4. Determine o torque a ser aplicado ao parafuso para início da elevação da carga de 25 kN atuante na extremidade do elevador. O parafuso empregado neste elevador é autobloqueante? Solução: O primeiro passo é fazer o diagrama de corpo livre da barra ABC. Para tal deve-se considerar que a força exercida pelo parafuso nesta barra tem a direção da barra. Escrevendo-se as equações de equilíbrio para esta barra obtém-se 61,21 631 250tan =→= αα 508 mm 381 mm 250 mm 25 0 19 0 B C D M A 25 kN 508 mm 381 mm 25 0 19 0 A B C FB HA VA 25 kN α ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 95 061,21sen050861,21cos25,0889,0250 =⋅⋅+⋅⋅+⋅−→=∑ BBA FFM kN 98,52=BF O próximo passo é determinar o ângulo de avanço e o ângulo de atrito. 55,7 12 5arctan = ⋅ = π θ 8,214,0arctan ==eφ Aplicando-se agora a equação (10.6) fica ( ) Nm 357,5kNm 3575,08,2155,7tan012,098,52 ==+⋅⋅=M O parafuso é autobloqueante já que θφ >e . 10.4 CORREIAS A formulação a seguir apresentada é bastante usada no dimensionamento de elementos para transmissão de potência, em freios de cinta e em equipamentos de transporte que usem correias. Deseja se analisar a relação existente entre as duas forças que atuam no extremo de uma correia plana, que passa sobre um tambor cilíndrico fixo, quando esta correia está a ponto de deslizar para a direita. A Fig. (10.12) ilustra esta situação. Nesta figura, β é o ângulo de abraçamento ou contato entre a correia e o tambor. Este ângulo deve ser medido em radianos e ele pode ser maior de 2π bastando para isto enrolar a correia várias vezes no tambor. Como a correia está a ponto de deslizar para a direita sabe-se que T2 deve vencer a ação da força T1 e da força de atrito, logo pode-se afirmar que T2 > T1. Figura 10.12 – Análise das forças que atuam numa correia. A análise de equilíbrio é feita sobre um pequeno elemento que está ilustrado na Fig. (10.13). Numa das faces deste elemento atua uma força T e na outra face, distante ∆θ da primeira, atua uma força T+∆T. Além disso, atuam uma componente normal ∆N da reação do tambor e a força de atrito ∆F. Como se considera que o movimento é iminente sabe-se que NF e∆=∆ µ . Nota-se que quando ∆θ tende a zero os módulos de ∆N, ∆F e ∆T também tendem a zero. Escrevendo-se as equações de equilíbrio para os eixos ilustrados na figura tem-se β P1 P2 O T1 T2 ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 96 Figura 10.13 – Análise do equilíbrio de um pequeno elemento da correia. ( ) 0 2 cos 2 cos0 =∆−∆−∆∆+→=∑ NTTTF ex µ θθ (10.9) ( ) 0 2 sen 2 sen0 =∆−∆∆+−∆→=∑ θθ TTTNFy (10.10) Isolando-se ∆N na (10.10) obtém-se ( ) 2 sen2 θ∆∆+=∆ TTN (10.11) e substituindo-se (10.11) na (10.9) fica ( ) 0 2 sen2 2 cos =∆∆+−∆∆ θµθ TTT e (10.12) dividindo-se ambos os membros da (10.12) por ∆θ e operando-se sobre esta obtém-se (10.13). 0 2 sen 22 cos = ∆ ∆ ∆ +− ∆ ∆ ∆ θ θµθ θ TTT e (10.13) Fazendo-se agora o limite da expressão (10.13) quando ∆θ tende a zero fica θµµ θ d T dTT d dT ee =→=− 0 (10.14) Integrando-se ambos os membros da (10.14) tem-se ∫∫ = β θµ 0 2 1 d T dT e T T (10.14) que resulta em O T T+∆ T ∆ N ∆ F ∆ θ x y ∆ θ/2 ∆ θ/2 ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 97 200 N F B A 200 mm 60o βµβµβµ eee eT T T TTT =→=→=− 1 2 1 2 12 lnlnln (10.15) A equação (10.15) pode ser empregada em problemas que envolvam correias passando em tambores fixos, cordas enroladas em cabrestantes e freios de cinta. Neste tipo de problema, é o tambor que está a ponto de girar, enquanto a cinta permanece fixa. Esta fórmula também pode ser aplicada em correias de transmissão de potência. Neste caso, tanto a polia como a correia giram, e o objetivo é verificar se a correia deslizará em relação à polia. Quando há um deslizamento efetivo da correia ou corda deve-se aplicar o coeficiente de atrito cinético µc no lugar de µe na expressão (10.16). Exemplo 3. Determinar a força na amarra que poderia ser suportada por uma força de 200 N, quando a amarra estivesse enrolada 2 voltas completas em torno de um poste. Considere que o coeficiente de atrito estático entre a corda e o poste é de 0,3. Solução: Aplica-se diretamente a equação (10.15). rad 6,1222 =⋅= πβ T1 = 200 N e T2 = F N 8763200 6,123,02 =⋅= ⋅eT Exemplo 4. Uma correia plana liga a polia A, que aciona um equipamento, à polia B, que é acionada por um motor elétrico. Os coeficientes de atrito entre ambas as polias e a correia são µe = 0,25 e µc = 0,2. Sabendo que a maior força de tração na correia é de 3000 N, determine o maior torque que pode ser exercido pela correia na polia A. Solução: Considerando que a força de resistência ao escorregamento entre a correia e a polia depende do coeficiente de atrito estático e do ângulo β, nota-se que o escorregamento ocorrerá antes na polia com menor β ou seja a polia B. A figura na próxima página ilustra como obter o ângulo de abraçamento para cada uma das polias. Considerando-se a polia B tem-se que a força T2 está no ramo tensionado da correia, e a força T1 está no ramo frouxo da correia. Como a maior força de tração vale 3000 N conclui-se que esta é T2. Aplicando-se a equação (10.15) para esta polia tem-se rad 094,2 3 2120 ==°= πβ ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 98 B A 60o 180,0° 90.0° 30o B A 240o 120o T2 T2 T1 T1 Ax Ay MA N 17773000 1 094,225,0 1 =→⋅= ⋅ TeT Fazendo-se o diagrama de corpo livre da polia A tem-se um momento MA que é aplicado à polia pelo equipamento ao qual ela está presa. Este momento é igual, mas com o sentido contrário, ao momento aplicado pela correia. Escrevendo-se as equações de equilíbrio: 0=∑ AM 017772,030002,0 =⋅+⋅−AM Nm 6,244=AM Pode-se verificar se a correia escorrega na polia A, calculando o valor de µe necessário para evitar o escorregamento e confrontando este valor com o que foi dado no problema. 1 2ln T T Ae =⋅ βµ rad 189,4240 =°=Aβ 1777 3000ln189,4 =⋅eµ 25,0125,0 <=eµ Não há escorregamento entre a correia e a polia A. Exemplo 5. Determine a maior massa que pode ser suportada pelo tambor se uma força de P de 20 N é aplicada ao punho da alavanca conforme ilustrado na Fig. (10.12). O coeficiente de atrito estático entre a cinta e a roda é de 0,3. O tambor é fixado em seu centro B através de um pino. Solução: O freio de cinta utilizado neste exemplo é do tipo diferencial. Os dois extremos da cinta sãoligados na própria alavanca, com esta configuração a força T1 auxilia a aplicação do freio. O primeiro passo para solução do problema é fazer o diagrama de corpo livre da alavanca. P C 700 25 60 HC VC T1 T2 ENG 01156 – Mecânica - Aula 10 Prof Inácio Benvegnu Morsch - CEMACOM 99 B 300200 mg T2 T1 HB VB Figura (10.12) – Freio de cinta do tipo diferencial. Escrevendo-se as equações de equilíbrio para o diagrama de corpo livre da alavanca obtém-se 1212 4,2560006,0025,0207,00 TTTTM C +=→=⋅−⋅+⋅−→=∑ (1) Aplicando-se agora a equação (10.15) tem-se 1 2 33,0 12 111,4 TeTT ⋅=⋅= ⋅ π (2) Substituindo-se (2) em (1) obtém-se T1 = 327,29 N e T2 = 1345,5 N. A força de frenagem efetiva ou seja a força que gera o momento contrário ao movimento de rotação da roda vale T2 – T1 = 1018,2 N. Para se determinar a maior massa que pode ser suportada pelo tambor deve-se fazer um diagrama de corpo livre deste. Aplicando-se as correspondentes equações de equilíbrio obtém-se 03,02,10182,003,05,134529,3273,02,00 =⋅−⋅→=⋅−⋅+⋅→=∑ mgmgM B m = 156 kg (valor aproximado) P C B A 700 25 60 300200 (mm)
Compartilhar