Buscar

ADOLESCÊNCIA

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

UNESA
DESENVOLVIMENTO INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
ADOLESCÊNCIA
Prof. Dra. Silvana Bagno
O desenvolvimento emocional do adolescente
Segundo Stone e Church (1972), a adolescência é uma invenção cultural. Em algumas sociedades, como nos grupos tribais, por exemplo, não ocorre um período que separe a integração da criança à vida adulta, considerada pelas características de ser produtivo e reprodutor. 
Geralmente, neste tipo de organização social (como as tribos, por exemplo), o que se observa são rituais de passagem, às vezes precedidos por um período de recolhimento, que indicarão a entrada na vida adulta a partir das manifestações da maturação biológica iniciada na puberdade.
.
Na nossa sociedade, a chegada da puberdade e das modificações fisiológicas que ela acarreta trazem dificuldades para o jovem, que se sentem desengonçados, diferentes, muito estranhos para si mesmos.
Do ponto de vista biológico, estar adolescente implica em modificações corporais pela entrada na puberdade, que se iniciam em torno de doze a catorze anos. Essas mudanças se caracterizam pelas mudanças na altura, peso e pela maturidade das funções reprodutoras.
No plano psicológico, essas mudanças são acompanhadas de emoções intensas, misturadas a sensações de angústia, alegria, tristeza, desamparo e de impulsos desconhecidos e muito fortes.
.
Para a nossa sociedade, ser adulto é ser reconhecido como responsável, já que se pode afirmar e viver de modo independente e autônomo.
A adolescência é uma fase repleta de sentimentos e comportamentos reativos, de rebeldia, ambíguos, de esquiva, cheios de idealizações, racionalizações, fantasias, etc.
 A nossa sociedade coloca a adolescência como um tempo no qual ele recebe um prazo dado pela sociedade para que escolha um caminho, uma personalidade, uma identidade, uma carreira.
Este é um doloroso momento de privação de reconhecimento e independência.
.
Indícios da entrada nesta fase:
Ela se inicia com a mudança do corpo infantil ocasionada pelas alterações produzidas pela puberdade, as quais provocam transformações no corpo; 
surgimento das pulsões sexuais; 
Mudanças na maneira de se perceber e de compreender os outros;
formação de uma identidade social exterior à família.
ECA
Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA –essa fase fica determinada entre 12 e 18 anos, sendo estendida aos 21 anos em casos especiais. Alguns estudiosos dividem a adolescência em dois períodos, um que vai dos 12 aos 14-15 anos e outra que é considerada a adolescência tardia, que vai dos 15 aos 18 anos. Cloutier e Drapeau, 2012)
.
Tabela 5.1 – Baseado na tabela de Cloutier e Drapeau, 2012
.
A adolescência é um período que separa a infância e a idade adulta. 
Do ponto de vista psicológico, esse tempo marca a passagem entre a dependência infantil e a autonomia adulta.
Ser adolescente é estar em um estágio intermediário durante o qual o indivíduo, que já não é mais criança e ainda não é adulto não tem responsabilidades sociais a título pessoal.
Passa a ser-lhe possível explorar situações distintas das tradições familiares, exercer-se e experimentar papéis segundo suas próprias ideias e vontades
Caracteriza-se pela diversidade e intensidade das mudanças que ela traz e por três lutos que o jovem precisa realizar para poder integrar-se à vida adulta: luto pela perda do corpo infantil, luto pela perda da identidade infantil e luto pela perda dos pais da infância.
Há aumento do interesse pelos problemas sociais e suas consequências – como a delinquência, consumo das drogas, violência, separação dos pais, gravidez adolescente, entre outros; 
ao modelo ecológico de Bronfenbrenner
(a) a influência dos contextos familiares, escolares, de formação que grupos exercem no indivíduo e nos quais o desenvolvimento humano ocorre. 
(b) a importância das complexas mudanças biológicas e sociais visivelmente reconhecidas. 
(c) os aspectos psicossociais vivenciados pelo adolescente, também denominados de aspectos culturais, que apontam para a adolescência como um período crítico com relação à ocorrência e adesão a tais circunstâncias e seus consequentes problemas. 
.
(d) as questões relacionais e fundamentais vindas do ambiente familiar. O luto pela perda dos pais da infância retrata conflitos marcados pelo aumento das tensões e de outros confrontos, que provocam um distanciamento entre as duas gerações. A insegurança gerada pela perda da referência parental de proteção e solicitude provoca crises pela falta de reconhecimento deste novo adulto em ascensão diante deles. 
O jovem não é nem mais a criança amada nem um adulto reconhecido. Ele sente-se um nada, um vazio, um ser frágil em sua autoestima, tentado a atitudes de depressão, de uso de drogas, de comportamentos delinquentes e de tentativas de suicídio.
Patologia Normal da adolescência
 Aberastury e Knobel
O jovem padecerá de desequilíbrios constantes e instabilidades extremas, podendo passar de momentos de grande extroversão a momentos de uma extrema introversão; alternando audácia, timidez, descoordenação, uma urgência para que os fatos se deem, desinteresse, às vezes acentuadas apatias, entre outras emoções que vão se manifestando em função das diferentes situações.
À medida que os lutos vão sendo elaborados, desfazendo-se as identificações infantis, os jovens começam a poder contar com um mundo interior mais fortificado, e essa “normal anormalidade” (Knobel, 2008) será menos conflitiva e sem seus incômodos efeitos.
Síndrome da adolescência normal
 Tendência grupal
uma das sintomatologias da Síndrome da Adolescência Normal, uma das manifestações da busca pela identidade é a tendência grupal;
Por meio dela o jovem buscará fazer parte de um grupo pelo qual ele desloca a necessidade de proteção, antes depositada em seus pais, e se defende diante da perda da identidade infantil.
O grupo, de certa forma, torna-se um substituto para a família, proporcionando uma identidade diferente da do meio familiar.
Síndrome da adolescência normal
necessidade de intelectualizar e fantasiar
A fantasia e o pensamento atuam como mecanismos de defesa diante das perdas experimentadas pelos adolescentes. Como eles têm o mecanismo do pensamento abstrato, dado pela inteligência lógica-formal , a possibilidade de “abstrair” ou fugir para o mundo interior, nesse sentido, pode servir como meio de reajuste emocional. O jovem então tece teorias, imagina utopias políticas, como será como futuro pai ou mãe, descreve suas experiências amorosas com jargões filosóficos ou se utilizando de filósofos, mantendo-se distantes de suas emoções. Mas também essa abstração, esse fantasiar e intelectualizar pode lhe auxiliar, como uma forma de sublimação, na escrita de romances, poemas, composições musicais, atuações teatrais, pelos quais o jovem consegue elaborar as emoções em sentimentos.
As crises religiosas
A perda dos pais da infância pode tornar o jovem tanto em um fervoroso crente quanto em um profundo cético, não acreditando em nada. Ambos os casos são diferentes formas de defesa contra as perturbadoras mudanças que ele vivencia. 
A perda da referência paterna como uma figura de autoridade, um modelo a ser imitado, traz uma profunda perturbação para com a questão: quem vai me proteger? Como também surge uma descrença e repúdio com relação aos exemplos de poder e autoridade recebidos. 
A percepção de que seus pais são falhos, que cometem erros, que não aceitam suas críticas desenvolve uma necessidade de buscar algo ou alguém que possa transcender essa constatação. Os pais deixam de ser ídolos e passam a ser vistos como fracos e vulneráveis como ele.
A deslocalização temporal
O tempo, como ordenação de uma cronologia, é estabelecido unicamente pelas motivações emocionais do jovem. Desse modo, o adolescente faz “deslocamento” da temporalidade habitual dos acontecimentos, organizando-os segundo seu estado emocional. 
Assim, diante de uma tarefa urgente, como um exame para o dia seguinte, o jovem age como se tivesse todo o tempo do mundo para estudar, isto
é, adia o estudo.
Ocorre também o oposto, como por exemplo uma jovem poderá querer comprar agora, nesse exato momento, ou o mais rapidamente possível, um vestido, um sapato para a festa de aniversário de uma amiga. Só que o detalhe significativo é que a tal festa só acontecerá daqui a três meses.
do autoerotismo à sexualidade adulta
O adolescente oscila entre a masturbação (autoerotismo) e o exercício da sexualidade genital. 
Na fase da genitalidade, segundo Freud, as primeiras aproximações
para com o exercício genital têm mais a característica de atos exploratórios e preparatórios, como afirma Knobel (2008), do que uma relação genital adulta e procriativa, que só ocorre quando há uma correspondente capacidade para poder ser assumida a função paterna, e a vida adulta como um vínculo afetivo e possível de ser mantido. 
A curiosidade sexual se expressa por meio de revistas pornográficas, exibicionismo e voyeurismo presentes nos modos de se vestir, no cabelo, nas escolhas dos tipos de dança, por exemplo. 
Atitude social reivindicatória
Se os adolescentes sentem uma dificuldade de separar-se dos pais; estes também sofrem diante do crescimento e da autonomia dos filhos. Esta é uma situação de “ambivalência dual”. 
Este conceito refere-se à resistência dos adultos em aceitar que aqueles indivíduos até pouco tempo crianças estão agora começando a atuar na arena social em pé de igualdade com eles.
A atitude social reivindicatória do adolescente costuma estar associada ao sentimento de que o mundo dos adultos não lhe dá espaço para que ele, adolescente, se realize, exponha suas ideias, coloque seus valores, enfrente dificuldades sem a ajuda dos pais.
Contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta
São estados determinados pela instabilidade de comportamento, a identidade transitória ou circunstancial, a confusão de papéis, a dificuldade de poder exercer e defender seus ideais, o sentimento de abandono, de nulidade e vazio, considerados como manifestações normais na adolescência. 
Separação progressiva dos pais
O luto pela perda dos pais da infância é primordial para o estabelecimento da identidade e a vivência da vida adulta.
CONSTANTES FLUTUAÇÕES DO HUMOR E DO ESTADO DE ÂNIMO
jovem passa por flutuações constantes de humor. Da extrema mania e condutas efusivas a comportamentos determinados por sentimentos depressivos e de luto frequentes. Se houver a experiência do fracasso na busca de satisfação,
essa ocorrência pode levar o jovem ao isolamento, ao afastamento do convívio social, podendo trazer a conclusões dolorosas, como a busca pelas drogas e até mesmo o suicídio.
O sentimento de solidão parece ser um dos traços distintivos dessa fase, diante do total desconhecimento de si e da busca incessante por saber quem é e formar o seu self.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Urrutigaray, Maria Cristina. Desenvolvimento da infância e adolescência. Rio de Janeiro: SESES, 2016. 152 p.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais