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FUNDAMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA AULA 8: EPIDEMIOLOGIA, PREVENÇÃO DE DOENÇAS E PROMOÇÃO DE SAÚDE: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE AÇÕES EM SAÚDE QUALIDADE DE VIDA Em 1992, foi realizado o II Congresso Brasileiro de Epidemiologia, em Belo Horizonte, com o tema “Qualidade de vida: Compromisso histórico da epidemiologia”. Termo que representa uma tentativa de nomear características da experiência humana; Um conceito subjetivo que aborda diferentes dimensões da vida do ser-humano. COMPONENTES DO COMPLEXO DA QUALIDADE DE VIDA - Habitação; - Saneamento e meio ambiente; - Saúde; - Educação; Os indicadores da saúde devem ser capazes de gerar dados epidemiológicos e estatísticas vitais que permitam comparações internacionais e possibilitem o planejamento, gestão, operação e avaliação de políticas públicas, sistemas e serviços de saúde. PROMOÇÃO DA SAÚDE Está relacionada a medidas que não se dirigem a doenças específicas, mas que visam aumentar a saúde e o bem-estar dos indivíduos e da coletividade. PREVENÇÃO DE DOENÇAS Exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural da doença, para impedir que ocorra seu estabelecimento. Há a necessidade do conhecimento epidemiológico para o controle e redução do risco de doenças. EPIDEMIOLOGIA E PLANEJAMENTO EM SAÚDE A partir do final da década de 1990, os desafios da implantação do SUS no Brasil motivaram a reflexão sobre as relações entre Epidemiologia e Planejamento em Saúde. Teixeira (1999) enfatizou o grande dinamismo da produção científica no Brasil e a contribuição da Epidemiologia ao desenvolvimento teórico/metodológico do planejamento em saúde destacando os seguintes usos: - no processo de formulação de políticas; - na definição de critérios para a repartição de recursos; - na realização de diagnósticos e análises de situações de saúde; - na elaboração de planos, programas e projetos; - na organização de ações e serviços; - na avaliação de sistemas, políticas, programas e serviços de saúde. A Epidemiologia e as Ciências Sociais juntamente com o Planejamento e a Gestão constituem um dos pilares disciplinares da Saúde coletiva. Segundo PAIM (2006) o saber planejador e o saber epidemiológico podem ser considerados tecnologias não materiais aplicadas nos processos de trabalho em Saúde Coletiva, especialmente no que se refere à organização, à gestão e à avaliação. O planejamento é um compromisso com a ação: planejar é pensar antecipadamente a ação. A identificação de problemas e necessidades bem como dos meios para superá-los faz com que o planejamento mobilize e eleve a consciência sanitária dos cidadãos e profissionais da saúde. O planejamento em saúde ajuda a pensar a ação coletiva para que organizações públicas de saúde possam agir melhor. O planejamento facilita a organização do trabalho ou das atividades dos profissionais de saúde, possibilitando a articulação dos trabalhos de cada profissional em função dos objetivos estabelecidos pela organização, traduzindo políticas públicas em práticas assistenciais ou ações de saúde. A Epidemiologia destaca os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) e as necessidades de saúde, cujas intervenções vão além da atuação sobre os fatores de risco e proteção. As necessidades de saúde estão relacionadas tanto aos problemas do estado de saúde (doenças, agravos, vulnerabilidades e riscos) quanto às dimensões positivas da saúde (qualidade de vida, bem-estar e autonomia). QUAL É O PAPEL DA EPIDEMIOLOGIA NO PLANEJAMENTO DE AÇÕES EM SAÚDE? Como a disciplina é voltada para a produção de informações sobre a saúde da população, possui os mesmos compromissos sociais do planejamento em ambientes institucionais democráticos do sistema de saúde. A explicitação de propósitos possibilitando aos trabalhadores, gestores e população conhecerem e acompanharem o que precisa ser feito cria condições favoráveis à participação e à interação em torno do conhecimento sobre a situação de saúde, justificando, assim, o planejamento. O estabelecimento de compromissos sociais é essencial na ação visto que sociedades democráticas, interessadas em elevar a consciência sanitária da população e promover o exercício da cidadania, criam o ambiente político e institucional necessário à prática de planejamento em saúde que não se limita à produção de atos burocráticos. A produção de conhecimento sobre a situação de saúde e a orientação de ações para modificá-la no sentido de melhorar a qualidade de vida da população são os interesses em comum da epidemiologia e do planejamento em saúde. A Epidemiologia produz informações necessárias ao planejamento e as ações de vigilância se integram ao conjunto de serviços de saúde para a redução de riscos e da incidência de doenças e óbitos. Antes da criação do SUS, a aproximação entre a Epidemiologia e o planejamento limitava-se às campanhas sanitárias e programas especiais de controle de doenças. Através da Lei 8.080/90 foram apresentadas as diretrizes do SUS, dentre as quais “a utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, alocação de recursos e a orientação programática” (artigo 7o). A implantação do SUS associada à crescente produção científica sobre Epidemiologia; aos Planos Diretores para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil I, II, III e IV elaborados pela ABRASCO e a implementação das políticas de saúde descentralizantes contribuiu para a construção da epidemiologia em serviços de saúde. A criação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) no Ministério da Saúde em 2003 representou outro passo significativo para a incorporação da epidemiologia e do planejamento nos serviços de saúde. A experiência da formulação do Plano Nacional de Saúde 2004-2007 por sua vez estimulou o Ministério da Saúde a desenvolver o Sistema de Planejamento do SUS - PlanejaSUS destacando três objetivos: Propor metodologias e modelos de instrumentos básicos do processo de planejamento, englobando o monitoramento e a avaliação; Apoiar a implementação de processo permanente e sistemático de planejamento nas três esferas de gestão do SUS; Apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação de saúde da população e ao funcionamento do SUS. Antes de se planejar a ação de saúde deve-se fazer a seguinte pergunta: Planejar para quê? Planejar para assegurar assistência à saúde de qualidade e aplicação de recursos e tecnologias em tratamento de doenças é importante. Além de recuperar a saúde individual e reduzir riscos, doenças e agravos evitáveis, deve-se promover mudanças na situação de saúde para melhorar a qualidade de vida da coletividade. O encontro progressivo entre os saberes e práticas da epidemiologia e do planejamento favorece a construção de um projeto assistencial comum a todos os agentes que compõem a equipe de trabalho. Essa construção requer tolerância às adversidades, permeabilidade ao novo e disposição para mudanças e críticas. É necessário que cada profissional conheça o trabalho de cada componente da equipe de saúde. Esta aproximação entre a Epidemiologia e o Planejamento tende a transcender a dimensão técnica ampliando o comprometimento com a prática social. SCHRAIBER et al (1999) citados por PAIM & MOTA (2011)
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