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Ergonomia: A Importância da Adaptação do Ambiente de Trabalho

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Ergonomia
Introdução
Muitas patologias provenientes das atividades laborais não podem ser solucionadas só com o tratamento médico convencional. Para que o trabalhador possa ter uma recuperação completa, seu posto de trabalho também precisará passar por uma avaliação, tratamento ou até por uma reformulação geral, se for o caso.
A maior parte dos riscos e problemas decorre de instruções não entendidas ou mal elaboradas, de desqualificação ou incapacidade da mão – de – obra para operar equipamentos sofisticados ou modernos, de mobiliários impróprios, de trabalho em horário noturno ou excesso de horas trabalhadas, de armazenagem de produtos ou equipamentos de forma insegura e ou em locais impróprios, de exaustão ou ventilação impropria ou inexistente, de atos inseguros e ou incorretos e de algumas outras razões.
A manutenção do mais alto grau de bem – estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as suas ocupações, conforme recomenda a Organização Internacional do Trabalho – OIT, dependerá fundamentalmente do controle eficaz do riscos existentes nesses locais de trabalho, para que os mesmos não continuem a afetar a saúde do trabalhador.
A Ergonomia contemporânea, que apresenta uma visão mais holística sobre o homem em sua relação com o trabalho, tem se colocado à disposição das empresas para colaborar na solução ou redução dos problemas decorrentes.
Trabalhos ergonômicos bem elaborados têm se mostrado eficazes na redução dos níveis de absenteísmo ocupacional, isto porque, os mesmos direcionam suas ações sobre as causas dos problemas, atuando diretamente sobre os “postos de trabalho doentes”, procurando, além de corrigi-los, humaniza-los.
A ergonomia é uma ciência nova, com meio século de existência, ainda pouco conhecida, mas já considerada nos meios acadêmicos e tecnológicos de vital importância para qualificar os locais de trabalho. Ela pode ser encarada, inclusive, como matéria básica para a manutenção da saúde do trabalhador, vez que sua aplicação tem tornado os ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis.
Tem por objetivo principal a humanização do trabalho, que é buscado por meio da adaptação das condições laborais às características psicofisiológicas dos trabalhadores, tudo de acordo com a natureza do trabalho a ser executado, de modo a proporcionar, ao mesmo tempo, o máximo de conforto, segurança e a possibilidade de um desempenho eficiente.
A Norma Regulamentadora nº 17, de 23/11/90, da Portaria nº 3.214/78 da Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalhador, do Ministério do trabalho e Emprego, determina que, para avaliar a adaptação recomendada, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo, essa análise, abordar, no mínimo, as condições como o trabalho se desenvolve.
Se as empresas, atendendo à legislação, adotarem medidas ergonômicas eficazes dentro de ambientes de trabalho, terão como resultado a redução dos esforços inúteis, cansativos e do desconforto no desempenho da tarefa, culminando com a queda do nível de ausências decorrentes de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais.
Atingindo este objetivo, a consequência será o aumento da rentabilidade, por meio da maior eficácia produtiva e da redução do custo operacional, sem considerar a redução das despesas públicas com a saúde e a seguridade social.
Apesar de sua importância, a Ergonomia carece de melhor divulgação, eis que sua aplicação não se dá só nas “fábricas”, mas em quase todos os segmentos da vida. Com um pequeno exercício de memória, poderão ser lembradas situações vivenciadas no cotidiano, que, sem se dar conta, são soluções ergonômicas e que afetam a população por seus efeitos positivos ou negativos.
As cadeiras escolares quase sempre impropriadas, em especial para estudantes canhotos
As mochilas extremamente pesadas, utilizadas por crianças em idade escolar
A localização dos pinos de travamento das portas de automóveis
Os colchoes demasiadamente moles ou excessivamente duros
As tabuas de passar roupa, sem a devida regulagem de altura
As picas de cozinha, com altura quase sempre inadequadas às usuárias.
Pelos poucos exemplos, nota-se a importância da presença das soluções ergonômicas, em quase todos os momentos da vida, muitas vezes sem que se percebam de imediato seus efeitos positivos ou negativos.
Do pensamento à ciência
O pensamento ergonômico, empiricamente, nasce com o próprio homem, em decorrência do seu empenho em satisfazer suas necessidades. Ao precisar se alimentar, teve que criar suas primeiras armas e ferramentas, dando início ao pensamento ergonômico, pois teve que construir instrumentos que conseguisse carregar e que fossem, ao mesmo tempo, eficazes para o fim pretendido.
Teve que estudar a relação entre a matéria-prima a ser utilizada e o formato do instrumento, a fim de que o mesmo surtisse o efeito pretendido e adequá-lo às suas características e capacidades fisiológicas. E esta é, fundamentalmente, a base do pensamento ergonômico – a integração harmoniosa entre o homem e o seu meio ambiente.
Nesta fase empírica, muitos estudos ocorreram, dos quais podem-se citar alguns.
Na área médica não se pode deixar de lembrar os vários trabalhos de Ramazzini (pai da medicina do trabalho), que descreveu as primeiras doenças profissionais, ou ainda, os de Tissot, relativos a problemas de climatização e os de Patissier, que desenvolveu temas de Ranazzubu e Tissot e trabalhou com dados estatísticos sobre mortalidade e morbidade decorrentes de doenças e acidentes entre operários.
Na área de engenharia e organização do trabalho, os escritos de Vaubam e Belidor; sobre a carga de trabalho físico diário, sugerindo que uma carga demasiadamente elevada provoca esgotamento e doenças e os trabalhos de Taylor, Fayol e seus precursores, que analisaram as melhores formas para o desenvolvimento do trabalho.
Na área de pesquisas físicas e fisiológicas existem os trabalhos de Leonardo da Vinci, que estudou os movimentos dos segmentos corporais, que podem ser considerados precursores da Biomecânica; os de Lavoisier, que descobriu os primeiros elementos da Fisiologia respiratória e da calorimetria; os de Coulomb, que introduziu a noção da duração do esforço e desenvolveu estudos sobre os ritmos de trabalho; os de Chauveau, que definiu as leis do dispêndio energético do trabalho muscular; e os de Marey, que desenvolveu as técnicas de medida (cardiógrafos e pneumógrafos) e as técnicas de registro (fuzil fotográfico), estudando os movimentos e a melhor forma de se andar.
Em 1857, Waitiejch Jastrzebowshi publicou artigo denominado “Esboço da Ergonomia ou Ciência do Trabalho”, onde se vê, aplicado pela primeira vez, o nome e o conceito de Ergonomia, como sendo a ciência da utilização das forças e das capacidades humanas.
No início do século XX, Jules Amar trouxe informações básicas para a Ergonomia, ao estudar os diferentes tipos de contração muscular e os problemas da fadiga, como resultantes de fatores do meio ambiente (temperatura, ruído, claridade). Durante a Primeira Guerra Mundial, passou a reeducar feridos e desenhar próteses, o que o levou a escrever uma obra intitulada O motor humano, onde descreveu técnicas experimentais e forneceu as bases fisiológicas do trabalho muscular, relacionando-as com as atividades profissionais.
A criação dos primeiros institutos, laboratórios e centros de pesquisa e estudos de problemas ocupacionais, no início deste século, na Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra e França (Laville, 1977), podem ser considerados também fatos bastante significativos. Mas efetivamente, a Ergonomia só vem a ser considerada como ciência em 1949, quando da criação do primeiro centro interessado em problemas de adaptação do trabalho ao homem, centro este denominado Ergonomics Research Society, em Oxford, na Inglaterra.
Sendimentando-a como ciência, surgem, na década de 60, em Estocolmo, a Associação Internacional de Ergonomia – AIE e, na França, a Société d’ Ergonomie de Langue Française – SELF.
Entre 1960 e 80, graças à corrida especial, a Ergonomia,que já era utilizada na área militar, passa a ser adotada pela NASA, em todos os seus projetos, e essa tecnologia é repassada às empresas privadas, às quais encomendava equipamentos, propiciando assim sua sedimentação na área civil (Laville, 1977).
Mas não foram apenas os avanços nos conhecimentos científicos que levaram à evolução da ergonomia. A evolução dos problemas relacionada ao trabalho também contribuiu. Exigências técnicas, econômicas e organizacionais cada vez mais intensas e, especialmente, as pressões sociais dos trabalhadores foram os maiores propulsores das inúmeras pesquisas neste sentido.
Com a “revolução dos computadores pessoais”, a partir de 1980, por exemplo, ocorreu um aumento significativo de patologias denominadas de “Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - DORT”, conhecidas naquela ocasião por “Lesões por Esforços Repetitivos - LER”, e um avanço mundial muito grande nas pesquisas desse assunto, avanço que pode ser denominado de “caminho perverso”.
Por fim, a utilização de ergonomistas, como consultores na elaboração de “laudos ergonômicos” ou como peritos ou testemunhas, em litígios sobre a confiabilidade de produtos e a comprovação de nexos causais que propiciou, também, uma nova expansão desta ciência.
Inter-relação com outras matérias
Tal qual a Enfermagem e a Medicina do Trabalho, a Ergonomia está baseada nas ciências biológicas e se relaciona dependentemente e de forma direta com outras disciplinas, tais como a:
Anatomia: estudando, por meio da antropometria e da biomecânica, o corpo humano, suas dimensões e a forma como cada órgão é estruturado e como executa suas funções
Engenharia e Arquitetura: no projeto e construção de edifícios, instalações, equipamento e postos de trabalho, no sentido de propiciar ambientes saudáveis e que tragam conforto e segurança para os trabalhadores. Há, hoje em dia, grande preocupação e estudos para reduzir o crescente número de doenças provenientes do trabalho em edifícios fechados (Sick building síndrome – Síndrome dos edifícios doentes, ou ainda, Indoor air quality – a qualidade do ar, dentro dos ambientes).
Conceitos e suas evoluções
A grande meta da sociedade sempre foi a de buscar o aumento da produção, como elemento principal do desenvolvimento econômico e neste sentido passa por vários momentos.
O primeiro momento tem início após as revoluções industriais, onde a grande prioridade foi o aumento da produção, com a construção dos mais variados tipos de máquinas, às quais o homem deveria se adaptar. É a fase em que a preocupação maior ficou centrada na máquina, como elemento que proporcionaria o buscado aumento da produção e o homem, nestes “tempos modernos”, era apenas uma das muitas engrenagens da máquina.
No segundo momento, acompanhando o desenvolvimento das ciências administrativas, surgem as Teorias Humanísticas da Administração e, em decorrência delas, ocorre uma preocupação maior com o estudo do homem em relação às suas ocupações. Neste período surge a tendência de se repensarem os processos e de se modificarem as máquinas, buscando adaptá-las às capacidades e às limitações do homem, no sentido de se conseguir com isso uma maior produtividade.
A Ergonomia surge exatamente no terceiro momento, o momento centrado no sistema, quando homem e máquina são elementos mutuamente inclusivos e não há porque estuda-los isoladamente, visto que o que se busca é a relação perfeita entre ambos. O “sistema homem-máquina”, adotado quando surgimento da Ergonomia como ciência, foi definido como:
“Combinação dinâmica entre o homem e a máquina que ele opera, que se complementam para a realização de uma determinada tarefa”.
Capitaneando o momento atual, a Ergonomia francesa coloca-se em contraposição à visão sistêmica – homem-máquina – das relações do homem e o seu trabalho.
Alain Wisner (1994), por exemplo, alega que o sistema “homem-máquina” não pode jamais ser visto como uma relação que contenha uma estabilidade. Se os próprios sistemas “máquina” existentes não são idênticos, considerando a diversidade hoje existente, que varia desde operações estritamente manuais até sistemas completamente informatizados, o que poderíamos dizer da complexidade do “homem” e de suas individualidades.
Pelo que Wisner afirma, a luta entre os comportamentos inesperados, quer seja do homem, quer seja da máquina, deve ser o ponto principal das avaliações da ergonomia.
Coerente com esta ideia, Dejours (1992), incorpora a importância da questão do conteúdo significativo do trabalho em relação a uma determinada profissão (noção que para ele contém a ideia de evolução pessoal e de aperfeiçoamento) e o estatuto social (ligado ao posto de trabalho).
Acredita-se que se vive hoje no quarto momento, que poderia ser denominado de momento da Ergonomia Contemporânea, eis que incorpora à sua base anterior estudos mais avançados sobre o homem, sobre a Psicopatologia do Trabalho e sobre a organização do trabalho.
Neste sentido, pode-se observar que os diversos conceitos de Ergonomia acompanharam um pouco essas linhas de pensamento.
Murrell em 1949 (apud Ferreira et alii, in: Rocha et alii, 1993, p. 215), define Ergonomia como sendo o:
“Conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para os engenheiros conceberem ferramentas, maquinas e conjuntos de trabalho que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência”.
A Organização Internacional do Trabalho – OIT, em 1960, a define como:
“Aplicação das ciências biológicas humanas em conjunto com os recursos e técnicas de engenharia para alcançar o ajustamento mútuo ideal entre o homem e o seu trabalho”.
Laville (1977) a define como o “conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do homem em atividade, a fim de aplica-los à concepção das tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção” e alega, na sequência, que a Ergonomia só pode prevalecer se ligada às atividades práticas, justificando a incorporação no seu conceito da expressão “... do homem em atividade, ...” ou seja o conhecimento dinâmico das tarefas.
Uma colocação moderna e especialmente interessante é a que consta no início da Norma Regulamentadora brasileira que trata especificamente de Ergonomia, a NR-17, publicada em 1990, e que tem por objetivo:
“Estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente”.
Essa norma legal é inovadora quando entende que as condições de trabalho devem estar adaptadas às características individuais dos trabalhadores, tanto fisiológicas, quanto psicológicas. E, segundo Sell (in: Vieira, 1995, Vol. II, p. 259):
“’ Condições de trabalho englobam tudo o que influencia o próprio trabalho’. Isso inclui o posto de trabalho, ambiente de trabalho, os meios de trabalho, a tarefa de trabalho, a jornada de trabalho, turnos, pausas, repouso, alimentação, serviço médico, ..., relações entre produção e salário”.
É preciso destacar deste conceito e da NR – 17 como um todo, a ampliação de alguns aspectos. No que tange ao trabalho, a certeza de que o mesmo não está restrito apenas a uma determinada máquina, ferramenta ou equipamento, ou ainda, ao perfeito dimensionamento de um determinado posto de trabalho, mas inclui também questões como organização do trabalho, complexidade da tarefa, monotonia ou repetitividade das tarefas e que ainda propiciem conforto, segurança aos trabalhadores, para que eles possam ter um desempenho eficiente.
No sistema produtivo, que os meios de trabalho utilizados pelo homem, como instrumentos, maquinas ou equipamentos, foram pensados, projetados e construídos com o intuito básico de aliviá-lo na execução de muitas tarefas e que muitas vezes não é isso que ocorre na pratica.
Esses instrumentos deveriam ser compreendidos como extensões ou prolongamentos do organismo humano e visar a busca de melhor rendimento, seja ele quantitativo ou qualitativo, na execução de certas atividades.No que tange ao ambiente, relativamente aos componentes que envolvem e interferem, direta ou indiretamente, nos postos de trabalho, sejam eles físicos, químicos e ainda biológicos, a constatação e o reconhecimento de que este mesmo ambiente influencia especialmente na saúde do trabalhados e decisivamente na produtividade da organização.
E, no que tange ao homem, o reconhecimento de informações individualizadas quanto à capacidade psicofisiológica, que envolve conhecimentos sobre aspectos físicos, biológicos, químicos e especialmente os psicológicos e relacionais de cada trabalhador.
Mais recentemente, Lida (1995) definiu a Ergonomia como “o estudo da adaptação do trabalho ao homem”. E a definiu com um entendimento bastante amplo sobre a acepção do termo “trabalho”, que para ele compreende não só as maquinas e equipamentos, mas “toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho”.
Note-se que na sua conceituação Lida fala em adaptação do trabalho ao homem e não na do homem ao trabalho, o que seria muito mais difícil, segundo seu entendimento.
Pode-se destacar inclusive uma evolução conceitual nas várias definições citadas. Que se inicia com a busca do “conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao homem” (Murrel, 1949), caminhando para que a busca desse conhecimento ocorresse com “desempenho do homem em atividades” (Laville, 1977), a última já objetivando a concepção das tarefas, dos instrumentos, das maquinas e dos sistemas de produção, e não só ferramentas, maquinas e conjunto de trabalhos.
A adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores visada pela NR – 17, é completamente por Itiro Lida (1995), que entende por trabalho não só maquinas e equipamentos, mas toda a situação em que ocorre a relação entre ambos, e por Couto (1995), explicitando que essa adaptação deve ser confortável e produtiva entre o ser humano e o seu trabalho.
Considerações sobre algumas posturas
A postura sentada imprópria pode causar lesões e dores, sendo caracterizada pela parte superior das costas curvada ou corcunda, cabeça direcionada para frente e região lombar curvada. A má postura sentada é um hábito ruim, que pode ser mudado com um pouco de esforço e dedicação. A postura sentada, o ser humano e a ergonomia Conforme tratamos anteriormente, a ergonomia desenvolve métodos e técnicas específicas para aplicar na melhoria do trabalho. Ela também se relaciona com outras áreas científicas como: a antro métrica, biomecânica ocupacional, anatomia, fisiologia do trabalho, psicologia do trabalho, desenho industrial, toxicologia, informática. O estudo ergonômico ajusta as capacidades e limitações do trabalho, adaptando o trabalho para o homem. Ela objetiva sempre a preservação da saúde, a segurança, a satisfação, e a eficiência do trabalhador. Morais (2010, p.194) destaca vários aspectos estudados pela ergonomia como: 
1) postura e movimentos corporais: trabalho sentado, trabalho em pé, movimentação de cargas, levantamento de peso; 
2) informações captadas pela visão e audição;
3) controle (relação de mostradores e controles);
4) cargos e tarefas. Para este artigo, analisaremos o aspecto descrito no item “1” posição sentada. O trabalho sentado proporciona maior eficiência e redução do trabalho estático, responsável pela fadiga muscular, pois reduz o esforço das pernas, diminui o consumo energético, desacelera o sistema circulatório, além de proporcionar maior estabilidade da parte superior do corpo que é suportado pela pele que cobre o osso ísquio, nas nádegas. Moraes (2010, p.202) destaca que o consumo de energia na posição sentada é de 3 a 10% maior em relação à posição horizontal.
Posição deitada - Não há concentração de tensão; - O sangue flui livremente; - Consumo energético assume o valor mínimo; - Recomendada para repouso e recuperação da fadiga.
Posição sentada - Exige atividade muscular do dorso e do ventre; - Praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele que cobre o osso ísquio; - Consumo de energia de 3 a 10 % maior em relação a horizontal; Postura ligeiramente inclinada para frente é mais natural e menos fatigante que a ereta; - O assento deve permitir mudanças frequentes de postura. 
Trabalho sentado - Alterne as posições sentada / em pé / andando; - Ajuste a altura do assento e a posição do encosto; - Limite o número de ajustes possíveis da cadeira; - Ensine a forma correta de regular a cadeira; - Use cadeiras especiais para tarefas específicas; - A altura da superfície de trabalho depende da tarefa; - Compatibilize as alturas da superfície de trabalho e do assento; - Use apoio para os pés;
Posição de pé - Altamente fatigante; - O coração encontra maiores resistências; - Trabalhos dinâmicos em pé apresentam menos fadiga que o estático. Trabalho em pé - Alterne as posições em pé / sentada / andando; - A altura da superfície de trabalho em pé depende da tarefa; - A altura da bancada deve ser ajustável; - Reserve espaço suficiente para pernas e pés; - Evite alcances excessivos; - Coloque uma superfície inclinada para leitura.
Uma postura correta deve ser funcional e esteticamente aceitável, representando equilíbrio entre os músculos e o esqueleto de forma a proteger as estruturas de suporte do corpo contra lesões ou deformidades, além de não causar fadiga ou provocar dor. A boa saúde da coluna depende das atitudes posturais praticadas diariamente. Não é tão difícil manter uma postura adequada, basta observar algumas dicas em relação aos cuidados com o desenvolvimento das atividades do dia a dia no trabalho ou em casa.
Atividades Domésticas
Na realização de atividades domésticas, evite trabalhar com o tronco totalmente inclinado se estiver em pé; no ato de passar roupa, a mesa deve ter uma altura suficiente para que a pessoa não se incline, outra dica é utilizar um apoio para os pés alternando-os sempre que houver algum incômodo. Para calçar os sapatos não incline o corpo até o chão, sente-se e traga o pé até o joelho. Ao se elevar um peso acima da altura da cabeça deve-se apoiar o peso no corpo e subir em uma escada ou banquinho para depositá-lo adequadamente. Ao erguer um peso deve-se abaixar flexionando os joelhos até em baixo sem curvar a coluna, levantar-se transferindo a carga para os músculos das pernas que são mais fortes do que os da coluna, caso seja possível coloque o objeto em um carrinho e empurre.
Ao dormir
Na hora de dormir também são necessários cuidados como escolher um bom colchão semi-rígido ou de espuma para distribuir bem o peso do corpo, um bom travesseiro e adotar algumas posturas corretas na cama. Se você costuma dormir de barriga para cima utilize um travesseiro em baixo dos joelhos, ao dormir de lado, um travesseiro entre as pernas que devem estar dobradas. Dormir de bruços não é recomendado, mas se você não consegue de outro jeito utilize um travesseiro embaixo da barriga e não da cabeça, diminuindo a curvatura lombar.
Ao sentar
Sentar corretamente também é muito importante para uma boa postura. Procure manter os pés apoiados no chão, coxas tocando suavemente maior área possível do assento, evite cruzar as pernas e deixe-as ligeiramente afastadas, coluna ereta de forma a preservar suas curvas naturais, encoste as costas completamente no sofá ou na cadeira, evitando esparramar-se. Manter a coluna ereta é sempre melhor do que deixá-la inclinada em qualquer situação. Adotar uma postura correta para sentar evita dor nas costas e sérias lesões na coluna vertebral. Quando se senta da maneira apropriada há uma distribuição uniforme das pressões sobre os discos intervertebrais e os ligamentos e os músculos trabalham em harmonia, evitando desgastes desnecessários.
Ao trabalhar
No trabalho também é importante adotar posturas menos prejudiciais no dia a dia. Os braços devem ficar pendidos ao longo do corpo ou os antebraços apoiados na mesa de trabalho. Evite torções de corpo inteiro, levante-se ou use uma cadeira apropriada que gire com facilidade para pegar algo, falar com alguémou jogar papel no lixo. Caso trabalhe com computador, procure regular a tela de modo que a borda superior fique na altura do olhar para o horizonte, mantenha o queixo paralelo ao chão. Para ler evite ao máximo ter que baixar a cabeça, se for preciso adquira um suporte de livros. A cabeça pesa em média 5 Kg e se baixar para ler a coluna terá que suportar um peso que pode chegar a 13 Kg, podendo provocar dor de cabeça, nas costas, nos ombros e até hérnia de disco.
Postura e RPG
A boa saúde da coluna depende das posturas adotadas no dia a dia. A prática de exercícios posturais adequados e o combate ao excesso de peso também são de grande importância. A prática de RPG, pilates, natação, equitação e a dança são ótimos exercícios para melhorar a postura corporal, pois fortalecem a musculatura da coluna, peitorais e abdominais que facilitam a manter uma postura adequada.
A Reeducação Postural Global é a atividade mais voltada para a prática da boa postura, contribuindo para um estilo de vida mais saudável. Seu objetivo é corrigir as alterações de postura que causam dor ou desconforto, harmonizar o corpo de uma maneira global, levando em conta as necessidades individuais. Recomendado tanto para pacientes que sofrem dores quanto para os que buscam apenas viver em harmonia com o corpo. A RPG trabalha o desbloqueio da respiração, alongamento muscular e aumento do espaço articular para que se possa chegar a um equilíbrio global do corpo.
Referência bibliográfica
- Carvalho, Geraldo Mota de Enfermagem do Trabalho / Geraldo Mota de Carvalho. São Paulo: EPU,2001.

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