Buscar

Psicopedagogia Clínica e Inovação Educacional, uma conexão necessária no processo de aprendizagem

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fundamentos e perspectivas da psicopedagogia clínica e Inovação Educacional, uma conexão necessária no processo de aprendizagem
Vanessa Amaral Leonardo*
Resumo
O trabalho está relacionado com a temática: psicopedagogia clínica, dificuldade de aprendizagem, ensino, recursos tecnológicos e inovação educacional. Tais assuntos atualmente precisam estar conectados de alguma forma e com certa necessidade para benefício para com a sociedade e seu processo de aprendizagem de forma efetiva e eficaz. O fato de haver um grande número de indivíduos com dificuldade no processo de aprendizagem pode estar intimamente relacionado a problemas familiares e/ou ao sistema de ensino em que se encontram. Porém, outro tema importante que vem tomando força é a questão da inovação, é o fazer algo diferente, nunca feito antes de forma que seja aceito pela sociedade e lhe traga benefícios. Entretanto, quando o assunto é inovação, ainda observa-se um “gargalo” muito grande entre professores e psicopedagogos, onde as ferramentas tecnológicas podem ser utilizadas para minimizar os efeitos na dificuldade de aprendizagem. A inovação educacional, que envolve uma série de novidades interativas e formais dentro da comunidade escolar é um dos fatores que podem revolucionar a educação como um todo, além de contribuir para uma melhor formação dos docentes, e psicopedagogos em suas intervenções pedagógicas, pois lida com a criatividade, e aprimoramento na construção do conhecimento. Sendo assim, através da utilização de ferramentas tecnológicas inovadoras, o psicopedagogo pode desenvolver com o seu trabalho a capacidade do aluno de tornar-se mais consciente e ativo no seu próprio processo de aprendizagem, permitindo ao psicopedagogo um olhar diferenciado sobre cada sujeito, cada grupo, e cada contexto.
Palavras-chave: Psicopedagogia clínica; Inovação Educacional; Recursos tecnológicos.
Introdução
A Psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 70, em uma época cujas dificuldades de aprendizagem estavam associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos (Bossa, 2000). É uma área que surge com o intuito de beneficiar as pessoas com problemas relacionados à aprendizagem, incorporando a formação de profissionais e seus ramos de atuação, envolvendo ações preventivas no âmbito institucional e clínico. Quando falamos em “compreensão no processo de ensino aprendizagem”, seja em qualquer área ou formação, é necessária uma metodologia que abranja uma forma de transformação do sujeito que aprende e do sujeito que ensina, para que o processo ocorra de forma significativa. Sendo assim, adotar estratégias e formas de intervenções psicopedagógicas inovadoras se torna fundamental, o que pode propiciar um melhor desempenho no processo de aprendizagem. 
Atualmente, a inovação tem sido referência obrigatória e recorrente no campo educacional, inclusive quando se trata do processo de aprendizagem, que é a base da psicopedagogia, sendo considerada como algo aberto e capaz de adotar formas e significados múltiplos, associados com o contexto no qual se insere, porém visando, a todo o momento, resultado em benefício das pessoas. Entretanto, torna-se de suma importância o entendimento por parte dos diversos profissionais e psicopedagogos que, a inovação é um meio para transformar os sistemas educacionais (Messina, 2001). Com isso, o fato de inserir as diferentes formas de inovar seja na esfera da psicopedagogia institucional ou clínica, torna-se uma conexão imprescindível. 
Diante do cenário atual, podemos observar e encontrar em algumas literaturas, como por exemplo, em: Tuleski & Eidt (2007), relatos que mostram elevados índices de dificuldades e distúrbios de aprendizagem. Com isso, surgem pensamentos relacionados a diagnósticos indevidos, podendo haver conceitos negativos sobre a criança e seu desenvolvimento, desvalorizando a política educacional do país; a qualidade do ensino; a relação professor-aluno; a metodologia de ensino, a adequação de currículo e o sistema de avaliação adotado; a família, etc., responsabilizando a criança pelo não - aprender. Por isso, torna-se importante compreender que as diversas áreas do conhecimento que cercam as práticas psicopedagógicas não devem ser vistas e trabalhadas isoladamente. Pois, o individuo deve ser compreendido como um ser social e complexo (Anjos & Dias, 2015). Portanto, quando associados o contexto da inovação educacional e suas possíveis ferramentas tecnológicas no âmbito das intervenções psicopedagógicas, é questionável se pode haver resultados satisfatórios e eficazes, trazendo uma ampliação nos índices de melhora no que tange as dificuldades de aprendizagem. 
O presente trabalho tem por objetivo avaliar a importância de aspectos fundamentais e norteadores, através de grandes autores que embasam a psicopedagogia clínica, além de avaliar a incorporação dos conceitos e contextos inovadores no campo psicopedagogia clínica, com suas possíveis inserções de ferramentas tecnológicas nas intervenções psicopedagógicas facilitando o fechamento de diagnósticos envolvendo as dificuldades de aprendizagem, de maneira que seja possível identificar suas prováveis origens. Com isso, a referida pesquisa irá: elucidar fundamentos da psicopedagogia clínica; identificar importantes autores teóricos no que tange aos processos de aprendizagem; relacionar à temática Inovação Educacional e a psicopedagogia clínica; compreender se há, de fato, importância na utilização de recursos tecnológicos; mostrar a importância dos assuntos inovadores na formação de psicopedagogos; selecionar aspectos favoráveis no âmbito da Inovação Educacional favorecendo uma importante conexão na esfera da psicopedagogia.
Os casos de dificuldades no processo de aprendizagem vêm crescendo e o papel do psicopedagogo consiste, sobretudo, na identificação dos obstáculos que estão impedindo o sujeito de aprender para que se consiga, assim, criar possíveis meios para intervir adequadamente junto ao problema. Por isso, torna-se importante para o psicopedagogo compreender como acontece a aprendizagem e alguns meios de intervenções, inclusive aqueles considerados inovadores. Os fatores que levam a problemas relacionados à aprendizagem devem ser conhecidos amplamente, por quaisquer áreas de formação dentro da psicopedagogia, sendo de extrema importância para o fechamento correto de um diagnóstico individualizado, uma vez que cada sujeito é um ser cognoscente diferente e deve ser tratado dentro de seu contexto e de suas objeções. Atribuir os recursos tecnológicos durante a prática da psicopedagogia pode agregar e contribuir para um melhor resultado durante as intervenções psicopedagógicas, fazendo com que os sujeitos possam apresentar resultados mais favoráveis. 
Jorge Visca foi o criador da Epistemologia Convergente, uma linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem, onde a construção do ser cognoscente precisa estar articulada em três aspectos e suas respectivas linhas dentro da Psicologia: Cognitivo / Teoria Psicogenética de Piaget; Desiderativo / Escola Psicanalítica (Freud); e Relacional / Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière, onde a dificuldade de aprendizagem é considerada um sintoma de um desequilíbrio na articulação desses aspectos. Sendo assim, é necessária por parte dos psicopedagogos ou de profissionais que utilizam de questões atribuídas a aprendizagens, a percepção de tamanha importância no conhecimento da construção do ser cognoscente.
Este estudo foi realizado através de pesquisa bibliográfica, dentro de uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório, onde os artigos relacionados com a ideia principal do tema foram pesquisados e salvos no computador. Depois de reunida toda a bibliografia encontrada a respeito do tema foi feita uma avaliação e posteriormente uma seleção dos conteúdos mais relevantes. O autor que mais se destacou ao longo dos textos quando o assunto era: psicopedagogia, formação do ser cognoscentee processo de aprendizagem, foi Jorge Visca, conhecido como o pai da psicopedagogia, abordando linhas de pesquisas envolvendo Piaget, Freud e Pichon Rivière, sendo considerados autores marco da pedagogia. Já quando o assunto era Inovação Educacional foram encontrados trabalhos de Fullan, Messina e Tedesco, que elucidaram muito bem aspectos da inovação no âmbito educacional. Após esta etapa, foi definido o tema e os assuntos pertinentes a ele. 
Psicopedagogia Clínica
A psicopedagogia esta relacionada ao processo de aprendizagem humana, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento e suas dificuldades, tendo um caráter preventivo e terapêutico. No que tange ao aspecto terapêutico, a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento. É uma área do conhecimento que abrange diversas áreas como: psicologia, pedagogia, linguagem, psicanálise, dentre outras, para obter uma compreensão do processo de aquisição e construção da aprendizagem humana.
Atualmente, a busca pela compreensão do processo de aprendizagem torna a psicopedagogia uma excelente alternativa para as dificuldades e/ou distúrbios encontrados na construção dos saberes, ampliando a compreensão do fenômeno da aprendizagem. O aprender trabalha com a complexidade humana, significando mudanças, logo não é fácil aprender de forma sistemática, pois exige um equilíbrio entre o aspecto psicológico e o aspecto biológico humano. Quando uns desses aspectos entram em “desordem”, surge o que nomeamos de distúrbios ou dificuldades de aprendizagem, tendo assim que ter um auxílio psicopedagógico para identificar e intervir a algum possível problema, de modo que o indivíduo possa ter sucesso ou melhora na construção dos seus saberes. 
A psicopedagogia nasceu na França, mas foi na Argentina que encontramos nossas maiores referências como, por exemplo, o trabalho de Jorge Visca, através do postulado da epistemologia convergente. E, foi essa influência argentina que leva ao Brasil a psicopedagogia, onde o fracasso escolar a impulsiona, onde o aluno não é o único responsável pelo fracasso escolar, e sim algum fator externo ou um conjunto de fatores que podem estar relacionados à parte psíquica, comportamental, familiar, relacional ou até mesmo orgânica. A psicopedagogia tem como foco o processo terapêutico. Entendemos como processo terapêutico a abordagem individual ou coletiva que tem como objetivo solucionar problemas de aprendizagem. No processo terapêutico o sujeito cognoscente é o foco do trabalho psicopedagógico, e irá aprender através de seu entorno, pois um ser não trás nele mesmo a impossibilidade de aprender, mas de acordo com a realidade uma possibilidade que se constrói ou destrói. 
1.1 O papel do psicopedagogo e contribuição de Jorge Visca.
 
Segundo Bossa (1994) cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. O psicopedagogo precisa detectar situações que possam estar influenciando negativamente o processo de ensino – aprendizagem, ou quais os meios de aprendizagens podem estar dificultando o processo. Sendo de fundamental importância analisar o sistema familiar, escolar e social na qual o ser cognoscente esta inserido, além do seu próprio processo de aprendizagem. Com isso, o trabalho de Jorge Visca (epistemologia convergente) é uma excelente ferramenta para que os psicopedagogos possam ter de fato conhecimento sobre a construção do ser cognoscente no âmbito de três vertentes: cognitiva (epistemologia genética), desiderativa (teoria psicanalítica) e relacional (psicologia social). 
O papel do psicopedagogo fundamenta-se, sobretudo, nas dificuldades que podem acontecer nesse processo, de maneira que o mesmo, provavelmente, possa desvelar os obstáculos que estão impedindo o sujeito de aprender para que consiga, assim, oportunizar possíveis meios para intervir adequadamente junto ao problema. Por isso, torna-se importante para o psicopedagogo compreender como acontece a aprendizagem. Assim que é gerado o individuo inicia-se uma longa trajetória de variadas aprendizagens. O sujeito durante a sua vida acaba se constituindo, aprendendo e reaprendendo. Pela aprendizagem o ser humano passa a se desenvolver, de maneira a constituir sua própria identidade a partir de suas vivências, segundo Martini (1994), “o processo de aprendizagem pode ser positivo, prazeroso e eficaz, mas, por outro lado, o inverso pode ocorrer, e o aprender torna-se uma dificuldade e um desprazer’’. 
Jorge Visca foi o criador da Epistemologia Convergente, uma linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Teoria Psicogenética de Piaget; Escola Psicanalítica (Freud); e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière, propondo um trabalho com a aprendizagem, em que o principal objeto de estudo é o nível de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse. De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (Visca, 1987). 
1.1.1 Jean Piaget
Para Piaget, a criança precisa assimilar e depois pode acomodar ou não, as informações recebidas, modificando seus esquemas com essas construções cognitivas. Quando há interação com o mundo o individuo, cada novo conhecimento ganha mais meios de adaptação ao meio, elevando seu grau de organização. A cada conhecimento que leve a acomodação, o sujeito também alcançará a adaptação e a organização (Moreira, 2009). Piaget é o detentor da epistemologia genética, onde a inteligência é construída por sucessivas adaptações, ou seja, a busca constante em um equilíbrio entre o intelectual e o orgânico. A epistemologia genética de Piaget, é essencialmente baseada na inteligência e na construção do conhecimento, visando responder individualmente ou em conjunto, como o ser cognoscente constrói seus conhecimentos e, por quais processos e por que etapas eles conseguem realizar tal construção (Pádua, 2009). Logo, sua preocupação era pela capacidade do conhecimento humano e pelo seu desenvolvimento, onde o sujeito que não aprende esta com dificuldades em uma de suas adaptações. Tais adaptações vão aparecendo para o sujeito conforme seu cotidiano e de acordo com sua faixa etária. Os estágios de desenvolvimento cognitivo de acordo com Piaget são: Sensório – motor que se refere a crianças de 0 até 2 anos, onde inicia a diferenciação dos objetos e do próprio corpo, desenvolvendo suas coordenações motoras; Pré - operatório inicia a partir dos 2 anos de idade podendo chegar até 6/7 anos, onde a criança realiza a reprodução de imagens mentais, expressa sua linguagem comunicativa e prevalece o egocentrismo; Operatório concreto que inicia-se dos 6/7 anos aos 11/12 anos, onde o sujeito já tem a possibilidade de aceitar o ponto de vista do outro, capacidade de agrupar objetos e a realização de atividades concretas; Operatório formal tem seu inicio dos 11/12 anos de idade até a fase adulta, onde o sujeito já é capaz de raciocinar sobre hipóteses e ideias abstratas e a linguagem passa a conceituar a realidade. 
Para Piaget, não somos produtos do meio, é a falta de estrutura do meio que nos torna um produto. Entretanto, algumas intervenções psicopedagógicas baseadas na epistemologia genética de Piaget, muitas vezes, não conseguem resultados significativos no tratamento relacionados às dificuldades de aprendizagem, o que esta levando os psicopedagogos a recorrerem à psicanálise (Ferreira et. al 2017).
1.1.2 SigmundFreud
Para Freud, o sujeito não é apenas um ser racional, existem impulsos irracionais através do inconsciente, onde se encontra os desejos e os prazeres do sujeito que aprende. Sendo assim, “no modelo freudiano, o inconsciente é o lugar teórico dos impulsos instintivos ou pulsões e das representações reprimidas ou daquelas que nunca puderam chegar à consciência” (Shirahige & Higa, 2004). O sujeito para Freud é visto dentro de um contexto que abrange o plano bio-psico-social (que compreendia toda a realidade humana) e seria impulsionado, sobretudo, a satisfazer certos instintos elementares, que são tão poderosos que obrigam a procurar alcançar, diretamente, ou por caminhos tortuosos, os seus fins (Teles, 2001). Logo, o desenvolvimento da teoria psicanalítica visa à realidade psíquica, constituída pelos desejos inconscientes e pelas fantasias a ela vinculadas, tendo como pano de fundo a sexualidade infantil. Além disso, o conceito de infância passa a ser abordado pelo autor a partir da lógica do inconsciente (Costa, 2007). 
A estrutura da personalidade se constrói com base a três estruturas: Id, Ego e Superego. Essas três partes da construção da personalidade precisam estar relacionadas entre si e interferem um as outras. Onde o ID corresponde o aspecto “desejante”, aquele que nasce com o sujeito, sendo a parte mais primitiva, que desconhece os valores, o bem e o mal. O ego, não nasce pronto, é construído, sendo impulsionado o tempo todo pelo desejo, servindo como mediador e facilitador entre o ID e as circunstâncias do mundo externo e, faz a gestão da personalidade. Já o superego forma a personalidade, sendo a constituição de um ser e é estruturado por processos de identificação, aquele que assimila valores e regras de comportamento ensinado pelos familiares mediante a um modelo social (Sasaki, 2011). Sendo assim, na teoria psicanalítica elucidada por Freud, durante a investigação de sujeito, suas dificuldades e vitórias em termos cognitivos, há que se levarem em consideração inúmeros fatores que norteiam sua vida e que influenciam fortemente em seu desempenho escolar e de aprendizado. Neste sentido, acredita-se que o estudo da Psicanálise é uma forma de lidar com a personalidade inigualável, pois possibilita conhecer o ser humano, o modo como este se conhece, seu objeto de desejo, seus impulsos e seus valores. Enfim, permite conhecer a estrutura do mundo mental e sua organização. Freud também divide o desenvolvimento da personalidade em estágios, sendo elas: fase oral (0-18 meses), que foca a energia na boca; Fase anal (18 meses- 3 anos), onde o foco da energia se encontra no controle dos esfíncteres; Fase fálica (3-6 anos), foca na energia das zonas genitais; Fase latêntica (6 anos até a puberdade), ocorre um foco no grupo e nos amigos do mesmo sexo; Fase genital (13 anos até a fase adulta), neste estágio o foco se dá nas relações interpessoais e baseiam-se no prazer derivado da intenção sexual. A psicopedagogia busca na teoria psicanalítica de Freud um sujeito que deseja e esses desejos são inconscientes, buscando assim aquele ser que aprende. 
Portanto, a Psicanálise é de extrema importância para a Psicopedagogia, uma vez, que ambas servirão de base para fazer com quer o sujeito se descubra enquanto sujeito de desejo de aprender, no sentido, de olhar para o sujeito não apenas como um sujeito pensante, mais também um sujeito de sentimentos e emoções. O papel do psicopedagogo é resgatar o desejo de aprender, eliminando os possíveis obstáculos e a Psicanálise contribuirá na medida em que irá fazer com que o sujeito traga a tona os seus desejos inconscientes desconhecidos e, possivelmente, poderá compreender melhor a si mesmo.
1.1.3 Pichon Rivière
O trabalho de Pichón Rivière ocorreu inicialmente com grupos à medida que observava a influência do grupo familiar em seus pacientes, sob uma perspectiva social. Sob esta perspectiva, afirmou que o sujeito já nasce inserido em grupos, sendo o primeiro deles a família e logo se ampliando aos amigos, escola e sociedade. Por isso, para interpretar o sujeito deve ser levado em consideração seu contexto social, ou a influência do mesmo na constituição de diferentes papéis que se nos assumem diferentes grupos por que passamos. O Grupo para Pichon Rivière é visto como um conjunto de pessoas ligadas no tempo e espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõem explicita ou implicitamente a uma tarefa, interatuando para isto em uma rede de papéis, com o estabelecimento de importância de criar vínculos entre si, onde os vínculos sociais se dão através da relação com o outro (Afonso, 2002). Pichon-Rivière (1982) desenvolveu a noção de vínculo que define como “uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto e sua mútua inter-relação com processos de comunicação e aprendizagem”. O conceito de vínculo do sujeito com o outro permite compreender as relações interpessoais e as patologias delas decorrentes e, é por meio do vínculo que o mundo interno do sujeito se comunica com o mundo externo – o outro.
Além da teoria do vínculo, Pichon tem como marco teórico os chamados: grupos operativos, na qual esta relacionada à construção de uma identidade em um grupo social, sendo um espaço que favorece tanto o aspecto psíquico de um sujeito como o aspecto pedagógico, a favor da aprendizagem. Os grupos operativos buscam promover um processo grupal de aprendizagem, superando os medos básicos. A aprendizagem centrada nos processos grupais coloca em evidência a possibilidade de uma nova elaboração de conhecimento, de integração e de questionamentos acerca de si e dos outros. A aprendizagem é um processo contínuo em que comunicação e interação são indissociáveis, na medida em que aprendemos a partir da relação com os outros. Na concepção de Pichon-Rivière, o grupo apresenta-se como instrumento de transformação da realidade, e seus integrantes passam a estabelecer relações grupais que vão se constituindo, na medida em que começam a partilhar objetivos comuns, a ter uma participação criativa e crítica e a poder perceber como interagem e se vinculam (Bastos, 2010).
Sendo assim, acredito que a técnica de grupos operativos, e o conhecimento sobre a teoria do vínculo possam auxiliar o psicopedagogo no sentido de poder pensar e/ou repensar o papel da aprendizagem numa nova perspectiva, a importância da atuação em grupos em direção à promoção de saúde e, consequentemente, às possibilidades de mudança de seus integrantes diante das respectivas dificuldades e conflitos.
2. Inovação Educacional no âmbito da psicopedagogia clínica
	Podemos considerar que um dos objetivos da psicopedagogia é a intervenção, a fim de "colocar-se no meio", de fazer a mediação entre a criança e seus objetos de conhecimentos. Para Bossa (2000), a ideia do fracasso escolar teve seu surgimento no século XIX com a obrigatoriedade escolar decorridas das mudanças econômicas e estruturais da sociedade. Porém, cabe ressaltar que no período que antecede este século já havia crianças que não aprendiam, mas não eram conhecidas como tal. 
Durante muitos anos o fracasso escolar era visto simplesmente como uma falta de condição do aluno em adquirir conhecimentos, sendo somente de sua responsabilidade, porém, com o passar do tempo constatou-se que este problema também era de responsabilidade da sociedade e principalmente da instituição escolar que não pode contribuir para exclusão social. Com base em todo cenário educacional do país hoje, fica claro afirmar que devemos repensar nossa prática educativa e partirmos do pressuposto que o fracasso escolar não é uma responsabilidade somente do aluno, mas também da escola, família e de todos que estão envolvidos no processo de ensinar-aprender. Renovar as práticas educativas pode estar relacionado à ideia de inovar, onde o profissional da educação ou mesmo o psicopedagogo poderá criar métodos e estratégias próprias e específicas para indivíduos que apresentam alguma dificuldade no processo de aprendizagem, de forma que reflita significativamenteem tal processo. Mediante a este cenário inovador, a inclusão de recursos tecnológicos associados durante uma intervenção pedagógica pode ser um grande aliado para um diagnóstico, além de favorecer o processo de desenvolvimento das atividades concomitantemente com os processos já habituais e manuais já utilizados. 
Atualmente, o termo inovação apresenta diversas definições, no âmbito da educação a inovação representa toda a tentativa visando consciente e deliberadamente introduzir uma mudança no sistema de ensino com a finalidade de melhorá-lo. A inovação, atualmente é algo aberto, capaz de adotar múltiplas formas e significados, associados com o contexto no qual se insere. Destaca-se, igualmente, que a inovação não é um meio para transformar os sistemas educacionais. (Messina, 2001). No âmbito educacional, existe uma quantidade inumerável de propostas inovadoras a serem desenvolvidas, porém segundo Fullan (2000), ao mesmo tempo em que as instituições escolares estão bombardeadas por inovações, o “novo” não tem lugar. Com isso, muitas vezes metodologias tradicionais são empregadas em salas de aula, causando desmotivação e saturação por parte dos discentes, levando consequentemente ao aumento de indivíduos com dificuldade de aprendizagem. No cenário que envolve a proposta de uma aprendizagem significativa, permite a possibilidade dos alunos aprenderem por múltiplos caminhos de forma criativa, motivadora e colaborativa. Nesse contexto, tornar a sala de aula um espaço de aprendizagem significativa requer que incorporemos não só o lado humano, mas também as tecnologias de pesquisa e comunicação simultaneamente (Pereira, et al. 2009).
A formação de docentes e psicopedagogos precisa, cada vez mais, estarem vinculada as novas ferramentas tecnológicas que podem de forma significativa atuar frente ao processo de aprendizagem. Quando se têm profissionais “inovadores” que se utiliza de tais ferramentas, permitem aos indivíduos, com dificuldade de aprendizagem, uma melhor construção na trajetória pessoal de educação, criando possibilidades para sua própria produção ou a sua construção do conhecimento. Sendo assim, os psicopedagogos, em especial, precisam refletir sobre sua própria prática durante as intervenções psicopedagógicas de forma a minimizar o “elo” existente entre os métodos “velhos” e os métodos “novos”, através da utilização de atividades inovadoras como meio de melhoria ao acesso na construção do conhecimento. Pois, nos dias atuais, a formação dos profissionais voltados ao âmbito da educação passou a ser considerado dispositivo central à inserção das reformas de melhoria na educação. 
2.1 Recursos tecnológicos no processo de aprendizagem
As inovações educacionais vêm tomando força e criando um ambiente propício para que os psicopedagogos trabalharem com mais qualidade e seriedade. Pois essas inovações utilizam de ferramentas importantes para auxiliar e facilitar o aprendizado dos alunos, como por exemplo, aplicativos desenvolvidos em computadores, aplicativos estes que dentre outras coisas, pode permitir aos alunos um eficácia e melhoria no desenvolvimento de um trabalho pedagógico. Sem minimizar a importância e os efeitos positivos da utilização de jogos, que propõe atividades lúdicas, onde o indivíduo desenvolve várias capacidades, explorando e refletindo sobre a realidade, a cultura na qual vivemos, incorporando e, ao mesmo tempo, questionando regras e papeis sociais. Jogando a criança experimenta, inventa, descobre, aprende e confere habilidades. Sua inteligência e sua sensibilidade estão sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidades que são oferecidas à criança por meio de jogos garante que suas potencialidades e sua afetividade se harmonizem. Dessa maneira, pode-se dizer que o jogo é importante, não somente para incentivar a imaginação nas crianças, mas também para auxiliar no desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas (Bianchin & Alves, 2010). Sendo assim, associar jogos utilizados em uma intervenção pedagógica com aspectos “inovadores educacionais” parece ser uma conexão necessária e satisfatória.
O Uso das ferramentas tecnológicas assume no nosso dia a dia se dá de uma forma crescente, existem vantagens em prolongar estas aos ambientes de aprendizagem, onde os resultados de uma investigação levada ao âmbito de um projeto de intervenção pedagógica possam ocorrer de forma significativa, que alicerçam a opção pelo uso de instrumentos tecnológicos para promoção da motivação e autonomia na aprendizagem. Assim, o uso das tecnologias escolhidas pode formar a base do ambiente de aprendizagem que se pretende. Destas destaca-se o vídeo como ferramenta cognitiva e reflexiva, aplicações online de trabalho cooperativo e colaborativo, e o uso de smartphones como ferramentas de uma aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar (Casal, 2013). A era tecnológica moldou de alguma maneira, a educação à sua imagem. Na era do Youtube, dos smartphones, dos tablets, das redes sociais, existirem ambientes de aprendizagem que não incluam inovação é obrigar os sujeitos a saírem da imersão tecnológica em que vivem, retirando-os do seu habitat natural e obrigando-os a retroceder no tempo para aprender. Por outro lado, a utilização estratégica de ferramentas tecnológicas em sala de aula e durante intervenções pedagógicas poderá ser um catalisador de motivação e autonomia na aprendizagem, dada a curiosidade que geram em seu torno e o seu potencial inegável. 
De acordo com Freire & Papet (1996), o processo de aprendizagem precisa ser transformado através do uso de novas metodologias, já levando em consideração questões relacionadas à tecnologia: 
A minha questão não é acabar com escola, é mudá-la completamente, é radicalmente fazer que nasça dela um novo ser tão atual quanto à tecnologia. Eu continuo lutando no sentido de pôr a escola à altura do seu tempo. E pôr a escola à altura do seu tempo não é soterrá- la, mas refazê-la” (FREIRE & PAPERT, 1996).
2.2 A conexão necessária entre o psicopedagogo e os recursos tecnológicos
A função da escola não é somente transmitir o conhecimento em si, mas trazer a problematizarão, discussão em grupo, sobre o ritmo desse processo, a utilização dos recursos e os resultados a serem alcançados e principalmente fazer surgir nos alunos uma atitude reflexiva e crítica: assim ensinar é uma questão de trazer a realidade racional e crítica para a sala de aula. Já o psicopedagogo precisa identificar e intervir caso o sujeito apresente alguma dificuldade no processo de aprendizagem, podendo atribuir ferramentas tecnológicas de maneira que consiga uma maior interação por parte do sujeito. No diagnóstico do psicopedagogo no que tange ao fracasso escolar de um aluno, tem que haver a associação das relações entre a escola e as oportunidades reais na qual esse sujeito esta inserido (Weiss, 2012). Pois, muitas vezes, falta para os sujeitos que aprendem oportunidades de crescimento cultural, assim como um possível acesso a ferramentas tecnológicas impostas e incentivadas atualmente pelo próprio Governo para o sucesso da aprendizagem. 
O avanço tecnológico surgiu com a chegada do computador aliado a internet. E a educação pegou carona no mundo digital usando a tecnologia ao seu favor, aperfeiçoando e aplicando os recursos e ferramentas na melhoria de sua qualidade, servindo-se dessa estrutura para facilitar o estudo e aprofundamento das pesquisas de forma a criar conhecimento. A rapidez e aceleração de informações da internet proporcionam prazer, e motiva o aluno a buscar nela uma maneira de absorver o conhecimento. Estudar hoje, sem os recursos tecnológicos, dificulta o estudo pela própria dinâmica das informações, mas utilizando outros recursos comuns e a tecnologia o estudo fica mais acessível (Souza &Souza, 2010). A este avanço tecnológico atual, traz aos psicopedagogos novas formas de relação com a prática e reflexões no campo da área Psicopedagogia, pois como relata Gonçalves (2007): “a psicopedagogia surge da demanda da sociedade, para dar conta da complexidadedo ser que aprende”. O trabalho pedagógico deve ser orientado de tal modo que os conhecimentos transmitidos se transformem em "ferramentas" de ação do educando na vida social, e que de alguma forma o processo de aprendizagem ocorra de forma significativa para que o sujeito possa retificar ou minimizar os efeitos na dificuldade de aprendizagem. Por isso, adotar ferramentas tecnológicas durante uma intervenção psicopedagoga se mostra relevante e importante, de fato, os indivíduos se encontram em uma “era tecnológica” que só tende a crescer e muitos se sentem fora dessa realidade, o que pode refletir em dificuldades durante o processo de aprendizagem. 
Nas salas de aulas, os professores pedem trabalhos com imagens, consultas e até mesmo textos citados pela internet, e muitos mal sabem utilizar tais recursos e quando é levado ao laboratório de informática, por exemplo, se sentem diferenciados e sentem-se inibidos prejudicando uma interação e podendo resultar em dificuldades no processo de aprendizagem. De acordo com Freire (1996), o psicopedagogo pode relacionar-se com os planos educacionais e com atividades lúdicas, atuando em caráter clínico institucional. Porém, o profissional que atua em caráter clínico pode também utilizar de atividades lúdicas utilizando recursos tecnológicos, trabalhando a linguagem e escrita, por exemplo.  Sendo assim, através da associação de ferramentas tecnológicas e as intervenções psicopedagógicas, pode apresentar resultados satisfatórios, onde os estudos psicopedagógicos podem atingir plenamente seus objetivos quanto, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem do aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa (Weiss, 1997).
As dificuldades na aprendizagem de forma geral vêm sendo observadas desde a década de 60 e até hoje é vista como problema grave e que precisa de uma atenção especial não só da escola, entre educadores e alunos, mas também da família, amigos e de toda sociedade. A desatenção dos alunos na sala de aula de certa forma é normal, pois os alunos estão em mudança constante de comportamento e isso acontece devido a sua própria formação física. Acontece que algumas crianças desenvolvem alguns traumas durante a sua vida escolar e social que acabam por prejudicar o seu contínuo aprendizado. Brincadeiras excessivas durante a aula também acarretam sérios prejuízos e intensificam as dificuldades no exercício da aprendizagem e na sua interação com o meio social. A incapacidade de aprender gera frustrações, incômodos e situações para a criança que é taxada como desatenta, quando na realidade esse comportamento se deve a outros fatores além dos que identificamos logo de início (Souza & Souza, 2010). 
As dificuldades são decorrentes de aspectos naturais outras vezes secundários, e são passíveis de mudanças através de recursos de adequação ambiental. Também decorre de aspectos secundários, de alterações estruturais, mentais, emocionais ou neurológicas, que repercutem no processo de aquisição, construção e desenvolvimento das funções cognitivas. As dificuldades de aprendizagem mais comumente observadas são: Dislexia (dificuldade em associar o símbolo gráfico e as letras ao som que eles representam), Disortografia (dificuldade do aprendizado e do desenvolvimento da habilidade da linguagem escrita expressiva) e Discalculia (dificuldade relacionada à capacidade de resolver problemas matemáticos e certas habilidades com cálculos). Caso o diagnóstico da criança confirme a existência da dificuldade cognitiva, a criança deve ser encaminhada para um psicopedagogo que poderá ajudar no desenvolvimento dos processos de aprendizagem. O termo “dificuldade de aprendizagem” na maioria das vezes o seu conteúdo, pode ser confundido por pais e professores como uma simples desatenção em sala de aula. Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio, que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos, emocionais e motivacionais, que pode afetar qualquer área do desempenho escolar. As principais dificuldades de aprendizagem são associadas a algum envolvimento no desempenho de certas áreas do cérebro. Mas, não é por isso que podemos dizer que, as dificuldades na aprendizagem são somente em uma causa biológica. Muitas vezes, os alunos que apresentam sintomas relacionados a problemas de atenção, ansiedade ou agitação desenvolvem os problemas por causa de algum conflito pessoal e/ou familiar, que podem resultar em uma dificuldade no processo de aprendizagem.
Crianças com dificuldades de aprendizagem geralmente apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares gerados por um sentimento de incapacidade, que leva à frustração. Como forma de intervenção por parte do psicopedagogo o uso de tecnologias e podem fazer a diferença, pois introduzir as novas tecnologias diminuindo as dificuldades de aprendizagem da criança ou adolescente, como uma forma alternativa de melhorar as condições da educação no Brasil (Souza & Souza, 2010). 
Suponhamos que uma criança chegue ao consultório de um psicopedagogo cuja queixa por parte dos pais esta relacionada à agitação da criança e isso reflete em seu processo de aprendizagem. Sendo assim, durante as sessões, o psicopedagogo vai analisar se de fato essa criança apresenta alguma dificuldade no processo de aprendizagem utilizando geralmente, recursos como jogos, livros, quadros, brinquedos e etc, com a finalidade de ajudar a criança que “supostamente” não aprende a se encontrar nesse processo, além de ajudá-lo a desenvolver habilidades para isso. Porém, além dos recursos usualmente utilizados, a introdução do uso de ferramentas tecnológicas torna-se muito relevante neste processo de investigação, uma vez que a tecnologia já atinge a maior parte da população. Sem deixar as práticas habituais de lado, porém introduzindo formas de inovação, utilizando métodos e/ou tecnologias que possam tornar a investigação e as possíveis intervenções mais eficazes, torna-se fundamental no ramo da psicopedagogia. Com isso, o psicopedagogo consegue: inovar, usar a criatividade e apresentar ao ser cognoscente novas formas de aprender através de métodos e/ou utilização de recursos que mais os estimulem na aquisição do conhecimento. Pois, as ferramentas tecnológicas além de facilitar o acesso aos novos conhecimentos servem também de base para novas adaptações aos sistemas variados de transmissão de conhecimento de maneira a melhorar, transferir e transformar os fatores complicados em algo mais acessível e sedimentados, transformando a teoria em prática (Souza & Souza, 2010). Sendo assim, os computadores, por exemplo, podem ser utilizados no espaço clínico de um psicopedagogo, contribuindo no processo de ensino/aprendizagem, conseguindo serem trabalhados conteúdos práticos, possibilitando ao ser cognoscente: vivenciar, experimentar e fazer reflexões, desenvolvendo sua capacidade crítica e autonomia. Além disso, auxilia o psicopedagogo nos diagnósticos e nas intervenções de dificuldades de aprendizagem. Encontram-se soluções práticas e eficientes, através de atividades lúdicas e dinâmicas.
Conclusões
A Psicopedagogia contribui significativamente através de práticas adotadas como forma de potencializar o processo de aprendizagem de um indivíduo, sendo considerada uma área do conhecimento que proporciona a estes, a descoberta do estilo de aprendizagem. É essencial que profissionais da psicopedagogia clínica e seus pacientes desenvolvam um trabalho mediado pela confiança, uma vez que estarão juntos, por algum tempo, visando uma melhor forma de sucesso no processo de aprendizagem. 
O trabalho psicopedagógico implica na compreensão da situação de aprendizagem do sujeito, onde o psicopedagogo através de uma análise clínica visa buscar o significado de informações que lhe permitirá dar sentido ao sujeito observado, objetivando a aprendizagem do conteúdo escolar e trabalhando a abordagempreventiva. Sendo assim, o psicopedagogo precisa desenvolver um papel de investigador e interventor, onde irá intermediar o processo de ensino aprendizagem como o propósito de um sucesso no processo de aprendizagem.
No âmbito da inovação, as ferramentas tecnológicas utilizadas por um profissional da psicopedagogia pode ser favorável durante as intervenções e no diagnóstico de uma criança, pois podem estimular o ser cognoscente no processo de aprendizagem, uma vez que cada dia que passa as tecnologias surge e desperta interesse por toda a sociedade desde a faixa etária que se encontra no processo de alfabetização. Quando o psicopedagogo utiliza-se em seu trabalho ferramentas tecnológicas, permite que a criança/adolescente possa ter um maior interesse, fazendo com que haja uma resposta mais favorável na percepção de uma possível dificuldade no processo de aprendizagem. Podendo, observar o desenvolvimento das capacidades da criança, bem como pode contribuir para que os alunos sejam capazes de olhar esse mundo em que vive de saber interpretá-lo e de nele ter condições de interferir com segurança e competência. 
O processo de aprendizagem pode ocorrer de uma forma mais prática, para que a alfabetização através do uso “auxiliar” de tecnologias tenha o resultado satisfatório, onde do ponto de vista Psicopedagógico, conclui-se que o computador pode auxiliar o processo da descoberta de aprender a aprender, onde existe o respeito ao tempo individual do sujeito e a percepção de suas dificuldades. Com isso, o ser cognoscente por si só, sem necessariamente depender do outro para isto, consegue vencer, muitas vezes, suas dificuldades. Pois, o apoio das ferramentas tecnológicas exerce um grande interesse em crianças e jovens, existindo uma forte pelas mesmas. Sendo assim, como psicopedagogos, não podemos deixar, de utilizar e aceitar que as tecnologias e suas utilidades práticas são imprescindíveis no âmbito educacional. Por isso, a importância de inovar as práticas e incorporar novas metodologias com relação ao processo de aprendizagem. 
Referências
AFONSO, Lúcia (Org.). Oficinas em Dinâmica de Grupo: um método de intervenção psicossocial. Belo Horizonte: Edições do Campo Social, 2002.
ANJOS, Elza Karina Oliveira; DIAS, Juliana Rocha. Psicopedagogia: sua história, origem e campo de atuação. 2015. Disponível em: <http://www.fals.com.br/revela18/ed18/elza_anjos.pdf>. Acesso em: 03 de out. 2017.
BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicol inf.,  São Paulo ,  v. 14, n. 14, p. 160-169, out.  2010 .   Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-88092010000100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  16  out.  2017.
ALVES, Luciana; BIANCHIN, Maysa Alahmar. O jogo como recurso de aprendizagem. Rev. Psicopedagogia 2010;27(83):282-287. Disponível em: <http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/210/o-jogo-como-recurso-de-aprendizagem>. Acesso em: 13 set. 2017.
BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas sul, 1994.
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática – 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 
Casal, João Afonso Vieira. Construtivismo tecnológico para promoção de motivação e autonomia na aprendizagem. Atas do XII Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho, 2013. 
COSTA, Teresinha. Psicanálise com crianças. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
FERREIRA, Rafael de Farias; SOUZA, Wilza Borges; SILVA Sinésio Alexandre; SILVA Aristófanes Alexandre. A contribuição da psicanálise para a psicopedagogia. CINTEDI, Congresso Internacional de Educação e Inclusão. 2017. Disponível em:< http://editorarealize.com.br/revistas/cintedi/trabalhos/Modalidade_1datahora_02_11_2014_23_07_57_idinscrito_1090_869ccdc797e78082ff27fbe74c9bec4c.pdf>. Acesso em 24 de set. 2017.
FREIRE, Paulo & PAPERT, Seymour. O futuro da escola. São Paulo: TV PUC, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
FULLAN, M. El Cambio educativo: guía de planeación para maestros. México: Trilhas, 2000.
GONÇALVES, Luciana Santos. Psicopedagogia: Formação, Identidade e Atuação Profissional. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. São Paulo: Dezembro, 2007. Disponível em: <http://bibliotecadigital.puccampinas.edu.br/services/monografias/Luciana%20dos%20Santos%20Goncalves.pdf>. Acesso em: 10 Set. 2017.
MARTINI, Mirella Lopez. Psicopedagogia: Algumas considerações teóricas e práticas. Disponível em: <http://site.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/psicopedagogia-N1-1999.pdf >. Acesso em 04 de Out. 2017.
MESSINA, Graciela. Mudança e inovação educacional: notas para reflexão. Cad. Pesqui., São Paulo , n. 114, p. 225-233, Nov. 2001 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742001000300010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 16 Set. 2017.
MOREIRA, Marco Antônio. Comportamentalismo, Construtivismo e Humanismo.2009. Disponível em: <https://www.if.ufrgs.br/~moreira/Subsidios5.pdf>. Acesso em 04 de Out. 2017.
PEREIRA, Deise Maria Marques Choti; Fialho, Neusa Nogueira; MATOS, Elizete Lucia Moreira. WebQuest: Uma Ferramenta Criativa e Motivadora na Prática Educativa. Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho.2009. Disponível em: < http://www.uff.br/enzimo/arquivos/WEBQUEST%20-%20UMA%20FERRAMENTA%20CRIATIVA%20E%20MOTIVADORA.pdf> Acesso em 10 de Out. 2017. 
PICHON-RIVIÈRE, Enrique. Teoria do Vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1982.
TELES, M. L.S. Psicodinâmica do Desenvolvimento humano: uma introdução à psicologia da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
TULESKI, Silvana Calvo; EIDT, Nadia Mara. Repensando os distúrbios de aprendizagem a partir da psicologia histórico-cultural. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 3, p. 531-540. 2007.
SASAKI, Suziane Cunha Sales. A contribuição da psicanálise na psicopedagogia: investigando o inconsciente pela interpretação do desenho. São Paulo,2011. Disponível em: <http://www.caminhosdoaprender.med.br/pdf/contribuicao-psicanalise.pdf>.Acesso em: 10 de Set. 2017.
SHIRAHIGE, Elena Estuko & HIGA, Marilia Matsuko. A Contribuição da Psicanálise a Educação. In: Kester Carrara (Org.). Introdução à Psicologia da Educação: seis abordagens. São Paulo: Avercamp, 2004.
SOUZA, Isabel Maria Amorim; SOUZA, Luciana Virgília Amorim. O uso da tecnologia como facilitadora da aprendizagem do aluno na escola. Itabaiana: GEPIADDE, Ano 4, Volume 8. 2010. Disponível em: < https://seer.ufs.br/index.php/forumidentidades/article/view/1784/1573>. Acesso em: 14 de Set. 2017.
VISCA, Jorge. Clinica Psicopedagogica – epistemologia convergente. Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.
WEISS, Maria L. L. Psicopedagogia clínica: Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 5. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 14. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lamparina, 2012.
	
* Pós-Graduação em psicopedagogia clínica e institucional da Universidade Estácio de Sá. Professora da Rede estadual de Ensino do Rio de Janeiro, pós-graduada em docência do Ensino Superior pela UCAM, pós- graduada em Ensino de Ciências e Biologia pela UFRJ e Pesquisadora por seis anos na área de Inovação, com bolsa PDI pelo Ministério da Ciência, tecnologia e Inovação- MCTI. Email vanessabiologa@hotmail.com

Outros materiais