Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SANTOS CAMPUS-RANGEL PEDAGOGIA ALUNOS Andressa Maria de Castro Menezes/RA: D04329-3 Eliege da Conceição Lopes/RA: N1006J-6 Fernanda Barbosa Weyland Vaz/ RA: D06EDD-3 Mayara Lima dos Santos/RA: D1338F-0 Regiane Szalai de Angelo/RA: C91941-1 Rozilda Dias da Rocha/RA: N850ED-5 PSICOLOGIA SÓCIO-INTERACIONISTA RESUMO DA TEORIA DE HENRI WALLON Santos-SP 2017 2 SUMÁRIO 1-INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 3 2-A PSICOGÊNE DA PESSOA COMPLETA. ......................................................................... 4 3-ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ........................................................... 5 4- AFETIVIDADE, EMOÇÃO E MOVIMENTO. ................................................................... 7 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 8 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 9 3 1-INTRODUÇÃO A gênese da inteligência para Wallon e genética organicamente social, ou seja, “o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar” (DANTAS, 1992 p.26). Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon (1975) é centrada na psicogênese da pessoa completa. Em seus estudos, ao invés de separar, integrou os campos da inteligência, da afetividade e da motricidade, levando em consideração a criança e sua atividade a partir das suas reais condições de existência. Buscando compreender o psiquismo humano, ele volta sua atenção para a criança, pois é através dela que se torna possível ter acesso à gênese dos processos psíquicos. Em suma, investiga a criança nos campos de sua atividade e nos diversos momentos de sua evolução psíquica. Enfoca o desenvolvimento em seus domínios afetivo, cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nas diferentes etapas, os vínculos entre cada campo e suas implicações com o todo, representado pela personalidade. O presente trabalho traz como objetivo principal esboçar a teoria do desenvolvimento humano de Henri Wallon (1975), bem como os estágios desse desenvolvimento, baseados em estudos realizados pelo autor concentrados na criança contextualizada, onde o ritmo no qual se sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo e marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas, provocando em cada etapa profundas mudanças nas anteriores. Assim, a ênfase é para a integração entre organismo e meio e entre as dimensões: cognitiva, afetiva e motora na constituição da pessoa. 4 2-A PSICOGÊNE DA PESSOA COMPLETA. Wallon (1975) enfoca o desenvolvimento em seus domínios afetivo, cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nas diferentes etapas, os vínculos entre cada campo e suas implicações com o todo, representado pela personalidade. A perspectiva Walloniana em psicologia contou com a contribuição de sua formação e atuação em Medicina Psiquiátrica. Para ele, nosso psiquismo é uma síntese dialética entre o orgânico e o social, em que os equipamentos orgânicos são condição para as funções mentais, enquanto os objetos das ações mentais provêm do meio exterior, ou seja, do grupo social do indivíduo. No processo de desenvolvimento da pessoa, o autor explica que os fatores orgânicos são mais determinantes no início do desenvolvimento infantil, cedendo lugar aos fatores sociais à medida que o ser humano cresce e é por eles afetado. Pode-se considerar como fatores sociais: cultura, linguagem e conhecimento. Tais fatores são decisivos na aquisição das condutas psicológicas superiores, as quais podem progredir sempre, num processo permanente de especialização e sofisticação. Em suma, na psicogênese da pessoa completa, Wallon (1975) procura explicar os fundamentos da psicologia como ciência, seus aspectos epistemológicos, objetivos e metodológicos. Admite ainda o organismo como condição primeira do pensamento, pois toda a função psíquica supõe um componente orgânico. No entanto, considera que não é condição suficiente, pois o objeto de ação mental vem do ambiente no qual o sujeito está inserido, ou seja, de fora. Enfim, considera que o homem é determinado fisiologia e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações externas. A psicologia genética estuda os processos psíquicos em sua origem, e segundo Wallon (1975) parte dos processos primeiros e mais simples, pelos quais cronologicamente passa o sujeito. Para ele essa é a única forma de não dissolver em elementos separados e abstratos a totalidade da vida psíquica. Por esse motivo ele propõe a psicogênese da pessoa completa, ou seja, o estudo integrado do desenvolvimento. Pois considera que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo). Para ele o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. 5 3-ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO O desenvolvimento, para Wallon (1975), é um processo descontínuo, pois apresenta oscilações tais como rupturas, conflitos, reviravoltas, antecipação de funções, regressões. Esses conflitos são propulsores do desenvolvimento. Tais conflitos ou crises podem ser desencadeados por dois tipos de fontes: as endógenas (que estão no organismo do sujeito) e as exógenas (que estão no meio que o sujeito vive). Apesar de funcionarem como molas propulsoras do desenvolvimento, se os conflitos permanecerem na forma de emoção pura, e terão um efeito desintegrado. Para que isso não aconteça, é necessária a participação da inteligência na resolução deles. Segundo ele o desenvolvimento do ser humano está dividido em 5 estágios que sucedem-se em fases com predominância afetiva e cognitiva. Impulsivo-emocional: Ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico. O desenvolvimento tem seu início na relação do organismo do bebê recém-nascido, essencialmente reflexos e movimentos impulsivos, também chamados descargas motoras, com o meio humano que as interpreta. Nesta fase distingue-se apenas estados de bem-estar ou desconforto. São as reações do ambiente humano, representado pela mãe, motivadas pela interpretação da mímica do bebê que permitem distinguir as emoções básicas. Essa mímica não é casual, mas um recurso biológico da espécie, essencialmente social, que faz do bebê um ser capaz de produzir, no ambiente humano, ainda representado pela mãe, um efeito mobilizador para sobreviver. Desta forma é a dimensão motora que dá a condição inicial ao organismo para o desenvolvimento da dimensão afetiva. Sensório-motor e projetivo: Vai até os três anos de idade. A criança explora o mundo físico manipulando objetos e explorando o espaço, tendo mais autonomia. A criança realiza um extenso e diferenciado acordo entre as percepções e os movimentos. Esta relação em sua forma mais simples é o ato reflexo, ou seja, a uma determinada excitação corresponde umdeterminado movimento. Com a maturação neurológica, os reflexos são inibidos e a criança se torna capaz de realizar exercícios sensório-motores que conduzem a um duplo resultado: ligar o efeito perceptível aos movimentos próprios para produzi-los, e diversificar os movimentos e os efeitos possíveis. É projetivo porque ele usa os gestos para expressar seus pensamentos e se comunicar, ou seja, o ato mental projeta-se em ato motor. Personalismo: Ocorre dos três aos seis anos de idade. É nesse estágio que a criança realmente se diferencia do outro, que toma consciência de sua autonomia em relação aos demais. Ela percebe as relações e os papéis diferentes dentro do universo familiar, ao mesmo tempo que se percebe como um elemento fixo, como ser o filho mais velho ou o mais novo, 6 ser filho e irmão, assim por diante. Nessa idade, a criança também costuma ingressar na escola maternal, inserindo-se numa comunidade de crianças semelhantes a ela, onde as relações serão diferentes das relações familiares. As necessidades dessa faixa etária ainda exigem cuidados do professor de caráter pessoal, diretos, quase como os de mãe. Nessa fase há o predomínio da afetividade sobre a cognição. Categorial: Ocorre dos seis aos onze anos, idade de escolaridade obrigatória na maioria dos países. O desenvolvimento cognitivo da criança está aguçado e a sua sociabilidade ampliada. A criança se vê capaz de participar de vários grupos com graus e classificações diferentes segundo as atividades de que participa. Esta etapa é importante para o desenvolvimento das aptidões intelectuais e sociais da criança. Vivenciar a necessidade de se perceber como indivíduo, e, ao mesmo tempo, de medir sua força em relação ao grupo social a que pertence, faz desta fase um período crítico do processo de socialização, pois segundo Wallon: “Há tomada de consciência pelo indivíduo do grupo de que faz parte, há tomada de consciência pelo grupo da importância que pode ter em relação aos indivíduos.” (1975, p.215) Nessa fase há o predomínio da cognição. Puberdade e adolescência: Dos onze aos dezesseis anos. É marcado por transformações de ordem fisiológica, mudanças corporais impostas pelo amadurecimento sexual, assim como transformações de ordem psíquica com preponderância afetiva. Nesse estágio, os sentimentos se alternam procurando buscar a consciência de si na figura do outro, contrapondo–se a ele, além de incorporar uma nova percepção temporal. O meio social e cultural passam a ser de grande importância. Os adolescentes tornam-se intolerantes em relação às regras e ao controle exercido pelos pais, e necessitam identificar-se com seu grupo de amigos. Na adolescência torna-se bastante visível a forma como o meio social condiciona a existência da pessoa, configurando-se a personalidade de maneiras diversas. Nessa teoria existem três leis reguladoras para a sequência dos estágios: 1ª Lei de alternância funcional, onde o movimento predominante ou é para dentro, para o conhecimento de si, ou para fora, para o conhecimento do mundo exterior. 2ª Lei de predominância funcional, onde fica evidente o qual predomina em um estágio é o motor, afetivo ou cognitivo, embora continuem nutrindo-se mutuamente, e o amadurecimento de um interfere no amadurecimento do outro, sendo que aproximando as duas leis, quando a direção é para si mesmo (centrípeta) o predomínio é do afetivo: quando é para o mundo exterior (centrifuga), o predomínio é do cognitivo. 7 3ª Lei da integração funcional, caracterizando esta sequência de estágio como uma relação hierárquicos sendo os primeiros estágios mais simples evoluindo para os mais complexos, conforme o meio e o sistema nervoso (biológico). Com o desenvolvimento a pessoa torna-se capaz de responder com reações cada vez mais específicas em situações variadas. 4- AFETIVIDADE, EMOÇÃO E MOVIMENTO. Outra tendência apontada por Wallon (1975) manifestada no desenvolvimento da pessoa completa é a de caminhar do sincretismo em direção à diferenciação. Movimentos, sentimentos e ideias são a princípio vividos de uma maneira global, até mesmo confusa, quando a pessoa não tem clareza da situação. Aos poucos, tornam-se mais claros e adequados às necessidades que a situação apresenta. A Teoria das Emoções é de grande importância na obra de Wallon (1975). Segundo o autor, a emoção é a exteriorização da afetividade, um fato fisiológico nos seus componentes humorais e motores e, ao mesmo tempo, um comportamento social na sua função de adaptação do ser humano ao seu meio. A emoção, antes da linguagem, é o meio utilizado pelo recém–nascido para estabelecer uma relação com o mundo humano. Gradativamente, os movimentos de expressão, primeiramente fisiológica, evoluem até se tornarem comportamentos afetivos mais complexos, nos quais a emoção, aos poucos, cede terreno aos sentimentos e depois às atividades intelectuais. As emoções são instantâneas e diretas e podem expressar–se como verdadeiras descargas de energia. Quando isto ocorre, elas têm o poder de se sobrepor ao raciocínio e ao conhecimento. A afetividade evolui conforme as condições de maturação de cada pessoa e com formas de expressões diferenciadas, que se configuram como um conjunto de significados que o indivíduo adquire nas relações com o meio, com a cultura, ao longo da vida. Os significados representam para cada pessoa as diferentes situações e experiências vivenciadas num determinado momento e ambiente social. Por este motivo afetividade não permanece imutável ao longo da trajetória da pessoa. A afetividade corresponde à energia que mobiliza o ser em direção ao ato, enquanto a inteligência corresponde ao poder estruturante que o modela a partir dos esquemas disponíveis naquele momento. Para Wallon (1975), a emoção precede nitidamente o aparecimento das condutas do tipo cognitivo e é um processo corporal que, quando intenso, pode impulsionar a consciência a se voltar para as alterações proprioceptivas, prejudicando a percepção do exterior. Em virtude de seu poder de sobrepor-se à preponderância da razão, é necessário, manter-se uma “baixa temperatura emocional” para que se possa trabalhar as funções cognitivas. A emoção é capaz de preponderar sobre a razão sempre que à última faltem recursos para controlar a 8 primeira. O desenvolvimento deve conduzir à predominância da razão, pois, para ele, “a razão é o destino final do homem”. A integração entre as dimensões motora, afetiva e cognitiva, conceito central da teoria de Wallon (1975). A motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que ele é representado. A escola ao insistir em manter a criança imobilizada acaba por limitar o fluir dos fatores necessários e importantes para o desenvolvimento completo da pessoa. Através da afetividade, da emoção e do movimento é que se dá a construção do “eu”, dependendo essencialmente da existência do outro. Com maior ênfase a partir de quando a criança começa a vivenciar a “crise de oposição”, na qual a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria. CONCLUSÃO Henri Wallon deu uma grande contribuição para a psicologia e para a educação ao desenvolver sua teoria do desenvolvimento voltado para a infância. Sem dúvida conhecendo os estágios desse desenvolvimento é bem mais fácil trabalhar com cada criança da maneira correta. Com certeza a tarefa de educar demanda posturas e conhecimentos diferenciados da parte do professor, pois ele desempenha o papel de mediador do processo escolar de aquisição da cultura pelo aluno, e, portanto, de cultivador de aptidões. Desta forma, apresenta-se a nósuma tarefa complexa, que requer habilidades e conhecimentos específicos, autoconhecimento e conhecimento do universo social do professor e do aluno, para aí então tomar decisões comprometidas com a constituição da pessoa do aluno. O conhecimento do desenvolvimento do aluno, das necessidades específicas de cada etapa, deve pautar a prática pedagógica, que é uma intervenção nesse processo em determinada direção, a ser feita de maneira consciente e responsável, em consonância com valores morais e sociais, objetivos e metas educacionais. Conclui-se, portanto, que para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem. Esta é uma das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento. Ao contrário do que muitos acreditam o desenvolvimento do ser humano não está relacionado apenas ao cognitivo, mas para que o haja a evolução da inteligência é necessário que haja afetividade e emoção, ou seja, a teoria de Wallon (1975) é centrada na psicogênese da pessoa completa que é o estudo integrado do desenvolvimento, sem separá-lo das dimensões afetiva, cognitiva e motora. 9 REFERÊNCIAS DANTAS, Heloysa. A infância da razão: Uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manole, 1990. WALLON, Henri. Psicologia e Educação da Infância. Lisboa: Estampa, 1975.
Compartilhar