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www.cers.com.br CARREIRAS JURÍDICAS Direito Penal Rogério Sanches 1 INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: Aprofundando # Admite-se interpretação extensiva contra o réu? 1ª Corrente (Nucci e Luiz Regis Prado): É indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou prejudica o réu. 2ª Corrente (Luiz Flávio Gomes / Defensoria Pública): Socorrendo-se do Princípio do “in dubio pro reo”, não admite interpretação extensiva contra o réu (na dúvida, o juiz de interpretar em seu benefício) - “Estatuto de Roma - Artigo 22.2- A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e não será permitido o recurso à analogia. Em caso de ambiguidade, será interpretada a favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada.” 3ª Corrente (Zaffaroni): Em regra, não cabe interpretação extensiva contra o réu, salvo quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua notória irracionalidade. Exemplo: “Art. 157 CP, § 2º: A pena aumenta- se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;” CUIDADO! Não podemos confundir INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA com INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (INTRALEGEM) O Código, atento ao Princípio da Legalidade, detalha todas as situações que quer regular e, posteriormente, permite que aquilo que a elas seja semelhante, passe também a ser abrangido no dispositivo (exemplos seguidos de fórmula genérica de encerramento). Para Rogério Greco: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; Pena - reclusão, de doze a trinta anos.” ART. 306, C.T.B. “Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) ATENÇÃO! A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA não se confunde com ANALOGIA ANALOGIA - Parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar. PRESSUPOSTOS DA ANALOGIA NO DIREITO PENAL: ART. 181, I C.P. “Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; ART. 155 § 2º C.P. Furto www.cers.com.br CARREIRAS JURÍDICAS Direito Penal Rogério Sanches 2 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL 2º Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE 3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO 4º Princípios relacionados com a PENA 1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL 1.1- Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS CONCEITO DE BEM JURÍDICO: - É um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de titularidade individual ou metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade. # Pergunta de concurso (MP/MG): O que é ESPIRITUALIZAÇÃO DO DIREITO PENAL? Percebe-se uma expansão da tutela penal para abranger bens jurídicos de caráter coletivo, ensejando a denominada “espiritualização / desmaterialização / dinamização / liquefação” do bem jurídico. Ex: 1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL 1.2- Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA 1º Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL 1.2- Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário). IMPORTANTE! O princípio da insignificância é desdobramento lógico de qual característica da intervenção mínima? PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA DE ACORDO COM OS TRIBUNAIS SUPERIORES (STF / STJ): - Requisitos: (para decorar: “prol”) 1- Ausência de periculosidade social da ação www.cers.com.br CARREIRAS JURÍDICAS Direito Penal Rogério Sanches 3 2- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. 3- Mínima ofensividade da conduta do agente 4- Inexpressividade da lesão jurídica causada. OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 1- STF e STJ: para aplicação do princípio da insignificância, consideram a capacidade econômica da vítima (STJ-Resp. 1.224.795). 2- Há julgados no STF e STJ (prevalece) negando o princípio da insignificância para o reincidente, portador de maus antecedentes, ou o criminoso habitual (STF-HC 107.674; STJ- Resp. 1.277.340). 3- Prevalece no STF e no STJ não ser possível o princípio da insignificância no furto qualificado (falta o requisito do reduzido grau de reprovabilidade do comportamento). 4- STF e STJ não admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública, mais precisamente moeda falsa (STF-HC 105.829). OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 5- STF admite o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por funcionário público. STJ não admite. No entanto, STF e STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por particulares. 6- Prevalece que STF e STJ não admitem o princípio da insignificância no porte de drogas para uso próprio. 7- STF e STJ não admitem o princípio da insignificância em nenhuma forma de tráfico. 8- STF e STJ têm decisões admitindo o princípio da insignificância nos crimes ambientais (há importante divergência sobre o assunto). 2º Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE 2.1- Princípio da EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIALIZAÇÃO DO FATO ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor: Consistente na punição do indivíduo baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida. Ex: “Art. 2º CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. ” O nosso ordenamento penal, de forma legítima, adotou o Direito Penal do fato, mas que considera circunstâncias relacionadas ao autor, especificamente quando da análise da pena. Ex: 2º Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE www.cers.com.br CARREIRAS JURÍDICAS Direito Penal Rogério Sanches 4 2.2- Princípio da LEGALIDADE Analisaremos na próxima aula. 2º Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE 2.3- Princípio da OFENSIVIDADE / LESIVIDADE -CRIME DE DANO: -CRIMEDE PERIGO: a) Perigo abstrato: b) Perigo concreto: - Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional. Presumir prévia e abstratamente o perigo significa, em última análise, que o perigo não existe. - Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF. No HC 104.410, o Supremo decidiu que a criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas proteção eficiente do Estado. Ex.: Embriaguez ao volante – STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para configurar o crime – bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato). Ex.: Arma desmuniciada – STF – jurisprudência atual – crime de perigo abstrato – demanda efetiva proteção do Estado. 3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO 3.1- Princípio da RESPONSABILIDADE PESSOAL DESDOBRAMENTOS: a) Obrigatoriedade da individualização da acusação b) Obrigatoriedade da individualização da pena 3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO 3.2- Princípio da RESPONSABILIDADE SUBJETIVA ATENÇÃO: Concurso de delegado da polícia civil / DF – 2ª fase - Temos doutrina anunciando dois casos de responsabilidade penal objetiva (autorizadas por lei) : 1- Embriaguez voluntária Como rebater a tese da resp obj? 2- Rixa Qualificada Como rebater a tese da resp obj.? 3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO 3.3- Princípio da CULPABILIDADE - Postulado limitador do direito de punir. 3.4- Princípio da ISONOMIA “Art. 5º, ‘caput’ CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” Isonomia Substancial (e não formal) - Deve-se tratar de forma igual o que é igual e desigualmente o que é desigual. - O STF, julgando a ADC nº 19 afastou as alegações de que o tratamento especialmente protetivo conferido à mulher pela lei nº 11.340/06 violaria a isonomia. Nesse julgamento foi observado que o princípio constitucional é o da isonomia substancial. 3º Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO 3.5- Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA Convenção Americana de Direitos Humanos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, www.cers.com.br CARREIRAS JURÍDICAS Direito Penal Rogério Sanches 5 toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:” Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;” - Adota o princípio da presunção de inocência ou de não culpa? Concurso da Defensoria Pública: não trabalha com o princípio da presunção de não culpa (só com o princípio da presunção de inocência). Demais concursos: trabalham com os princípios como sinônimos (presunção de inocência ou não culpa). DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 1º) “Art. 312 CPP: A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência (quando imprescindível para) da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).” 2º) 3º) Ex: Súmula vinculante 11- “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” 4º Princípios relacionados com a PENA 4.1- Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 4.2- Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 4.3- Princípio da PROPORCIONALIDADE 4.4- Princípio da PESSOALIDADE 4.5- Princípio da VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM”
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