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1° AULA Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique dos Santos Pereira paulohenrique_eng@yahoo.com.br 2017/02 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1 - A ciência da mecânica dos solos 1.1. Histórico e evolução 1.2. A mecânica dos solos no Brasil 2 – Características Gerais 2.1. Origem, formação, tipos, química e mineralogia dos solos 2.2. Solos residuais e sedimentares 3 – Propriedades e índices dos solos 3.1. Índices físicos 3.2. Granulometria 3.3. Estados de consistência 3.4. Ensaios de laboratório 4 – Estruturas dos solos 4.1. Solos finos e solos granulares 4.2. Amolgamento e sensibilidade das argilas 4.3. Tixotropia 5 – Classificação dos solos 5.1. Genética 5.2. Granulométrica 5.3. MCT/MCV (solos tropicais) 6 – Compactação e CBR 6.1. Ensaios de laboratório 6.2. Energias de compactação 6.3. Controle de compactação no campo 6.4. Equipamentos de compactação 7 – Capilaridade e permeabilidade 7.1. Tensão capilar 7.2. Percolação de água, redes de fluxo, gradiente hidráulico 7.3. Filtros de proteção em obras de terra 7.4. Ensaios de laboratório 8 – Introdução ao estudo tensões no solo 8.1. Tensões principais, círculo de Mohr 8.2. Princípio das tensões efetivas 8.3. Distribuição de tensões no solo 8.4. Tensões geostáticas e acréscimo de tensões 8.5. Teoria de Boussinesq 9 – Estabilização dos solos 9.1. Granulométrica, com cimento, cal e outros produtos químicos 9.2. Ensaios de laboratório 10 – Investigação geotécnica 10.1. Amostragem, prospecção e sondagens 10.2. Perfis geotécnicos 11 – Resistência ao cisalhamento dos solos 11.1. Resistência dos solos arenosos e dos solos argilosos 11.2. Critérios de ruptura 11.3. Parâmetros de resistência 12 – Compressibilidade e adensamento dos solos 12.1. Teoria do adensamento dos solos 12.2. Solos compressíveis, parâmetros de compressibilidade Procedimento de Avaliação: Conforme Sistema adotado pela faculdade Estácio de Sá: • Avaliações(AV1, AV2 e AV3); A ciência da mecânica dos Solos Histórico e evolução Foto 1: Canal de Corinto - Istmo de Corinto (separando a península do Peloponeso da parte principal da Grécia, tornando o Peloponeso efetivamente uma ilha). A mecânica dos solos constitui-se numa Ciência de Engenharia, na qual o engenheiro civil se baseia para desenvolver e realizar seus projetos. Tem por base o estudo do comportamento dos solos quando tensões são aplicadas, como nas fundações, ou aliviadas, no caso de escavações, ou perante o escoamento de água nos seus vazios. Os estudos já iniciaram com Coulomb em 1773, Rankine, 1856 e Darcy, 1856. Todavia com o acumulo de insucessos em obras de engenharia civil no início do século XX, dos quais merecem destaque: •Rupturas no Canal do Panamá; •Rompimentos de grandes taludes em estradas e canais em construção (Europa e EUA). Foto 2: Início dos estudos do Canal do Panamá Mostrou-se a necessidade de revisão dos procedimentos de cálculo, como apontou Terzaghi em 1936, ficou evidente que não se podiam aplicar aos solos leis teóricas de uso corrente em projetos que envolviam materiais bem definidos, como o concreto e o aço. Fotos 3 e 4: Execução do Metrô Linha 4 – Rio de Janeiro Apesar de seu nome, hoje empregado internacionalmente, a Mecânica dos Solos não se restringe ao conhecimento das propriedades dos solos que a Mecânica pode esclarecer. Aplica-se também conhecimentos de Química e Física coloidal (Parte da ciência que trata dos coloides, sistemas contendo tanto moléculas grandes como partículas pequenas, sua estrutura e suas propriedades), importantes para justificar aspectos e comportamento dos solos, enquanto a Geologia é fundamental para o tratamento correto dos problemas de fundações. Foto 5: Fundação e contenção para a ampliação do Hospital do Coração, nas proximidades da Avenida Paulista e do Parque Ibirapuera. O Quadro I a seguir fornece uma relação dos principais problemas pertinentes ao campo da Mecânica dos Solos: A mecânica dos Solos no Brasil Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos O Brasil, na metade do século XIX, era dominado por uma sociedade aristocrática e conservadora, movida por uma economia agrícola que dependia fortemente do trabalho escravo. A expansão da cultura do café dava estabilidade econômica e política ao Império. Por volta de 1850, a imigração europeia passou a ser incentivada, assim como as primeiras tentativas industriais. O empresário Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, aproveitando o bom momento, abriu um banco e passou a financiar grandes empreendimentos pioneiros: a construção da primeira ferrovia brasileira, na Baixada Fluminense, a iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro e um estaleiro em Niterói, dando início à construção naval no País. A Estrada de Ferro Petrópolis, primeira realização de Irineu Evangelista, foi inaugurada em abril de 1854 e era destinada a facilitar a ligação do Rio com Petrópolis, cidade serrana criada em 1843 para servir de veraneio para a família imperial. Foto 7: Estação Barão de Mauá Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Os solos se originam da decomposição das rochas que constituíam inicialmente a crosta terrestre. A decomposição é decorrente de agentes físicos e químicos. Variações de temperatura provocam trincas, nas quais penetra a água, atacando quimicamente os minerais. O congelamento da água nas trincas, entre outros fatores, ocasiona elevadas tensões, do que decorre maior fragmentação dos blocos. A presença da fauna e flora promove o ataque químico, através de hidratação, hidrólise, oxidação, lixiviação, troca de cátions, carbonatação, etc. O conjunto destes processos, que são muito mais atuantes em climas quentes, leva à CARACTERÍSTICAS GERAIS Origem, Formação, tipos, química e mineralogia dos solos formação dos solos que, em consequência, são misturas de partículas pequenas que se diferenciam pelo tamanho e pela composição química. A maior ou menor concentração de cada tipo de partícula num solo depende da composição química da rocha que lhe deu origem. Foto 8: Origem dos Solos Foto 9: Formação dos Solos Intemperismo Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos O intemperismo pode ser definido como o conjunto de processos que ocasiona a desintegração e a decomposição das rochas e dos minerais, por ação de agentes atmosféricos e biológicos. A maior importância do intemperismo está na destruição das rochas, com consequente produção de outros materiais, que irão formar os solos, os sedimentos e as rochas sedimentares. Intemperismo Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos O intemperismo difere da erosão por ser um fenômeno de alteração das rochas, executado por agentes essencialmente imóveis, enquanto a erosão é a remoção e transporte dos materiais por meio de agentes móveis (água, vento, ...). Intemperismo Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Agente causador: Intemperismo físico – temperatura. Intemperismo químico – água. Intemperismo biológico – seres vivos. Intemperismo Físico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos O intemperismo físico pode ser definido como o conjunto dos processos que levam à desagregação da rocha in situ e desorganização da estrutura dos constituintes minerais (sem alterações químicas). Os principais processos de intemperismo físico são: Processos de Intemperismo Físico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos SolosDocente: Paulo Henrique Santos • Expansão e contração térmica: a variação do coeficiente de dilatação dos diferentes minerais que compõem uma rocha, faz com que estes recebam esforços intermitentes durante séculos, com ciclos de aquecimento e resfriamento. Ocorre então a fadiga desses minerais, que serão facilmente desagregados e reduzidos a pequenos fragmentos. Este processo é denominado de esfoliação térmica; • Ação biológica: decorrente da ação das raízes de plantas ao longo de fendas e fraturas e da atividade orgânica de animais como formigas, minhocas, cupins e vários roedores; • Ação do homem; Processos de Intemperismo Físico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos 1 - Alivio de pressão Erosão e remoção de camadas sobrepostas; Em aberturas de túneis, galerias e taludes; Rochas possuem propriedades elásticas, sofrem deformação; Deformação será proporcional a carga; Fraturas paralelas a superfície; Processos de Intemperismo Físico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Processos de Intemperismo Físico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos 2 - Congelamento/degelo (ação de cunha) Congelamento A água percola as fissuras entre os grãos e cristais das rochas (água aumento o vol.) Cristalização de sais Os sais em solução penetram nas fissuras e poros da rocha Regiões marinhas e poluídas Processos de Intemperismo Físico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Processos de Intemperismo Físico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos 3 - Expansão térmica (insolação) Hidratação dos cristais Cristais expandem/contraem que aumentam de volume devido a hidratação, originando tensões internas (variações de temperatura) Áreas com grandes amplitudes de variação térmica (dia/noite) Primeira etapa do intemperismo químico Intemperismo Químico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos O intemperismo químico é caracterizado pela reação química entre a rocha e soluções aquosas diversas. Tal processo é mais rápido se a rocha for previamente preparada pelo intemperismo físico, que a reduz a fragmentos menores, facilitando e aumentando o contato com os agentes aquosos ativos na degradação da rocha. Intemperismo Químico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Alteração química das rochas: 1 - Hidrólise 2- Oxidação 3 - Dissolução Intemperismo Químico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos 1 - Hidrólise Hidrólise é responsável pela quebra da estrutura química do mineral Dissociação da água em H+ e OH-, que atacam os minerais Ocorre a transformação para argilo-minerais 2 – Oxidação Muitos minerais contêm ferro na sua constituição que reage com o oxigênio (Solos avermelhados) Ferro é facilmente oxidado passando de ferroso a férrico A redução é a extração de íons oxigênio dos minerais. Dando origem a óxidos ferrosos hidratados. Intemperismo Químico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos 3 – Dissolução É a dissolução de substâncias e minerais componentes das rochas (lixiviação) Mineral reage com a água ou com um ácido, quebrando as ligações entre os íons, e estes, uma vez livres, dissolvem-se formando uma solução, sendo desta forma a rocha alterada Intemperismo Biológico Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos O solo é um produto do intemperismo biológico, constituído de resíduos minerais e humos Plantas, animais, bactérias, fungos, liquens e musgos Pode-ser tanto físico-biológico ou químico-biológico Fatores que influenciam o Intemperismo Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Clima: Variação de temperatura, ciclo de chuvas, etc... Topografia: o solo inicialmente formado constitui uma camada que protege a rocha contra uma posterior alteração e decomposição. Porém, nas regiões de declives acentuados, o solo é constantemente removido pelas enxurradas ou por efeito direto da gravidade. Neste caso, o ataque às rochas aumenta. Tipo de Rocha: O tipo de rocha influi na ação de intemperismo, segundo as diferentes resistências oferecidas ao ataque físico e químico. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS QUANTO A ORIGEM E FORMAÇÃO Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Os solos classificam-se quanto a origem em solos residuais e sedimentares. Solos Residuais Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Solos residuais são os solos que permanecem no local de decomposição rocha que lhes deu origem. Para a sua ocorrência é necessário que a velocidade de remoção do solo seja menor que a velocidade de decomposição da rocha. Solos Residuais Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos A rocha que mantém as características originais, ou seja, a rocha sã é a que ocorre em profundidade. Quanto mais próximo da superfície do terreno, maior é o efeito do intemperismo. Sobre a rocha sã encontra-se a rocha alterada, em geral muito fraturada e permitindo grande fluxo de água através das descontinuidades. A rocha alterada é sobreposta pelo solo residual jovem, ou saprólito, que é um material arenoso. O material mais intemperizado ocorre acima do saprólito e é denominado solo residual maduro, que contém maior percentagem de argila. Solos Sedimentares Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados de seu local de origem por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos sedimentares são dados pelo seu agente de transporte. Solos Sedimentares Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos • São rochas formadas a partir dos sedimentos (argilas, areias e seixos) originados dos desgastes químico(Chuvas Ácidas) e/ ou físicos(erosão) das rochas magmáticas. •Esses sedimentos são transportados pelo vento, águas e por geleiras(intemperismo) que se acumulam em depressões do terreno juntamente com restos de plantas e animais, fazendo com que o material seja compactado e transformado em uma rocha sedimentar. •Exemplos de rochas sedimentares: arenito, argilito e calcário. Solos Sedimentares Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos As características dos solos sedimentares do agente de transporte. Os agentes de transporte são: - Vento (solos eólicos); - Água (solos aluvionares); - Água dos Oceanos e Mares (Solos Marinhos) - Água dos Rios (Solos Fluviais) - Água das Chuvas (Solos Pluviais) - Geleiras (Solos Graciais); - Gravidade (Solos Coluvionares) SOLOS EÓLICOS Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos Transporte pelo vento. Devido ao atrito os grãos dos solos transportados possuem forma arredondada. A ação do vento se restringe ao caso das areias e dos siltes. São exemplos de solos eólicos as DUNAS e os solos LOÉSSICOS. Dunas – Barreira. Loéssicos – Vegetais. SOLOS ALUVIONARES Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dosSolos Docente: Paulo Henrique Santos O agente de transporte é a água, os solos sedimentares. A sua textura depende da velocidade de transporte da água. podem ser classificados como de origem PLUVIAL, FLUVIAL ou DELTAICO. CARACTERÍSTICAS: - Grãos de diversos tamanhos; - Mais grossos que os eólicos; - Sem coesão. SOLOS GLACIAIS Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos • Formados pelas geleiras(região temperada) • o material resultante do degelo escorre de pontos + elevados para áreas + baixas(rochas, solo) •Bastante heterogêneos(grandes blocos de rocha a material de granulação fina) SOLOS COLUVIONARES Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos •Formados pela ação da gravidade. Grande variedade de tamanhos. Dentre os solos podemos destacar o TALUS, que é solo formado pelo deslizamento de solo do topo das encostas. SOLOS ORGÂNICOS Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos •Impregnação do solo por sedimentos orgânicos preexistentes, em geral misturados de restos de animais e vegetais. Cor escura e cheiro forte. As TURFAS são solos que incorporam florestas soterradas em estado avançado de decomposição. Não se aplicam as teorias da mecânica dos solos. Referências Bibliográficas Departamento de Engenharia Civil Disciplina: Mecânica dos Solos Docente: Paulo Henrique Santos • Braja M. Das. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. • Caputo, P. H. Mecânica dos Solos e suas aplicações. Editora LTC Volume 1
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