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MANDADO DE INJUNÇÃO

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MANDADO DE INJUNÇÃO
Por: Brenda Correia Camila Campos 
 Francielle Kaizer Tayná Machado
 Satchiko Angola
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Mandado de injunção é um procedimento para se obter ordem judicial que assegura a qualquer cidadão o exercício de um direito fundamental, que a Constituição Federal prevê, porém ainda não foi regulamentada em Lei complementar ou Ordinária.
No momento da concessão do mandado de injunção, o órgão a que a ordem se destina deverá suprir a falta da norma reguladora e conceder o direito que se reclama sob pena de crime de desobediência.
Introdução
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O Mandado de Injunção é uma ação (remédio) constitucional de caráter civil e de procedimento especial que visa à garantia da efetividade, aplicabilidade e eficácia das normas contidas no texto constitucional.
Conceito e natureza jurídica
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A Lei. 13.300/2016, que disciplina o Mandado de Injunção, inova ao incluir a locução “falta total ou parcial de norma regulamentadora”, ausente no texto constitucional. 
Logo, a presente ação é vocacionada a suprimir omissões legislativas capazes de obstar direitos e liberdades dos cidadãos, como no caso das normas constitucionais de eficácia limitada, onde o exercício pleno dos direitos nelas previstos depende necessariamente de edição normativa posterior.
O direito foi garantido pela Constituição, mas o seu exercício encontra-se condicionado à edição de lei regulamentadora anterior.
Exemplo clássico é o caso do direito de greve dos servidores públicos, previsto no art. 37, VII. Ele está garantido, mas carece de regulamentação, não obstante a aplicação subsidiária da Lei de Greve dos empregados privados.
O Mandado de Injunção pode ser impetrado por qualquer pessoa natural ou jurídica que se afirme titular dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas ameaçadas pela ausência de norma regulamentadora (Legitimado ativo).
Já no polo passivo figurará o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora (Legitimado passivo).
Legitimidade
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Mandado de Injunção coletivo
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Previsto no artigo 5º, inciso LXXI CF de 1988, o mandado de injunção será concedido sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
A competência para processar e julgar referida garantia constitucional é de acordo com o órgão incumbido da elaboração da norma regulamentadora.
Competência
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Decisão e efeitos
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Segundo esta posição, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o mandado de injunção, deverá apenas comunicar o Poder, órgão, entidade ou autoridade que está sendo omisso.
Para os defensores desta posição, o Poder Judiciário, por conta do princípio da separação dos Poderes, não pode criar a norma que está faltando nem determinar a aplicação, por analogia, de outra que já exista e que regulamente situações parecidas.
É uma posição considerada mais conservadora e foi adotada pelo STF (MI 107/DF) até por volta do ano de 2007.
* Corrente não concretista
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Para esta corrente, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o mandado de injunção e reconhecer que existe a omissão do Poder Público, deverá editar a norma que está faltando ou determinar que seja aplicada, ao caso concreto, uma já existente para outras situações análogas.
É assim chamada porque o Poder Judiciário irá "concretizar" uma norma que será utilizada a fim de viabilizar o direito, liberdade ou prerrogativa que estava inviabilizada pela falta de regulamentação.
* CORRENTE CONCRETISTA
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I – Quanto à necessidade ou não de concessão de prazo para o impetrado, a posição concretista pode ser dividida em:
a) Corrente concretista direta: o Judiciário deverá implementar uma solução para viabilizar o direito do autor e isso deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não sendo necessária nenhuma outra providência, a não ser a publicação do dispositivo da decisão.
b) Corrente concretista intermediária: ao julgar procedente o mandado de injunção, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar uma oportunidade ao órgão omisso para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a decisão judicial fixa um prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando.
II – Quanto às pessoas atingidas pela decisão, a corrente concretista pode ser dividida em:
a) Corrente concretista individual: a solução "criada" pelo Poder Judiciário para sanar a omissão estatal valerá apenas para o autor do MI.
b) Corrente concretista geral: a decisão que o Poder Judiciário der no mandado de injunção terá efeitos erga omnes e valerá para todas as demais pessoas que estiverem na mesma situação. Em outras palavras, o Judiciário irá "criar" uma saída que viabilize o direito, liberdade ou prerrogativa e esta solução valerá para todos.
A Corte inicialmente consagrou a corrente não concretista. No entanto, em 2007 houve uma superação do entendimento jurisprudencial anterior e o STF adotou a corrente concretista direta geral.
Qual é a posição adotada pelo STF?
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SIM. Aumentando a polêmica em torno do assunto, a nova Lei determina como regra, a aplicação da corrente concretista individual intermediária. Acompanhe:
Primeira providência é fixar prazo para sanar a omissão:
Se o juiz ou Tribunal reconhecer o estado de mora legislativa, será deferida a injunção (= ordem, imposição) para que o impetrado edite a norma regulamentadora dentro de um prazo razoável estipulado pelo julgador.
A Lei nº 13.300/2016 tratou sobre o tema?
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Segunda etapa, caso o impetrado não supra a omissão:
• estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados; ou
• se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los.
*Desse modo, em regra, a Lei nº 13.300/2016 determina a adoção da corrente concretista intermediária (art. 8º, I). Caso o prazo para a edição da norma já tenha sido dado em outros mandados de injunção anteriormente propostos por outros autores, o Poder Judiciário poderá veicular uma decisão concretista direta (art. 8º, parágrafo único).
E quanto à eficácia subjetiva, a Lei nº 13.300/2016 adotou a corrente individual ou geral?
Em regra, a corrente individual.
• No mandado de injunção individual, em regra, a decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes (art. 9º).
• No mandado de injunção coletivo, em regra, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante (art. 13).
De acordo com o art. 102, II, a Compete ao STF, julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.
Recurso
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Ana Maria das Flores tem 25 anos de atividade como oficial de justiça federal e pretende se aposentar antes de completar 55 anos de idade, haja vista a mesma exerce atividade perigosa. Ela entrou com pedido de aposentadoria especial perante a autoridade competente, informando que durante todo o tempo em que prestou os serviços na vara da justiça criminal, entregou mandados de citação em locais perigosos e que, nos moldes do texto constitucional, tem direito a aposentadoria especial. Ocorre que o pedido foi negado pela autoridade competente sob a alegação de que no âmbito do judiciário federal, não foi editada lei regulamentadora da matéria e que esta regulamentação é de competência do Supremo Tribunal Federal.
Caso concreto
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Inconformada, a Autora vem a juízo pedir que seja suprida a omissão legislativa e requerer a concessão da aposentadoria especial, visto que a Constituição Federal lhe garante este direito e que os policiais federais gozam desse benefício em virtude de lei especial, e arguir a possibilidade desta lei ser aplicada ao seu caso.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
 
	Ana Maria das Flores, brasileira, casada, oficial de justiça, RG nº (...) e CPF n° (...), residente e domiciliada na rua (...), bairro (...), n° (...), CEP (...), cidade (...), endereço eletrônico (...). Vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência , por seu advogado (...), inscrito na OAB, sob o número (...),com escritório na rua (...), onde recebe intimação (procuração anexa),para propor  MANDADO DE INJUNÇÃO contra ato omissivo do Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, agente público, endereço profissional na rua (...), e em face da União Federal, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ nº(...), e sede na rua(...), pelos fatos e fundamentos a seguir.
Petição
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DO CABIMENTO
 
	É cabível o presente mandado de injunção com fulcro no Art. 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal e a Lei 13.300/16 que disciplina o processo e julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo e dá outras providencias.
 
DOS FATOS
 
	A Autora Ana Maria das Flores tem 25 (vinte e cinco) anos de atividade como oficial de justiça federal e pretende se aposentar antes de completar 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, haja vista a mesma exercer atividade perigosa. Ela entrou com pedido de aposentadoria especial perante a autoridade competente, informando que durante todo o tempo em que prestou os serviços na vara da justiça criminal, entregou mandados de citação em locais perigosos e que, nos moldes do texto constitucional, tem direito a aposentadoria especial. Ocorre que o pedido foi negado pela autoridade competente sob a alegação de que no âmbito do judiciário federal, esta regulamentação é de competência do Supremo Tribunal Federal.
Inconformada, a Autora vem a juízo pedir que seja suprida a omissão legislativa e requerer a concessão da aposentadoria especial, visto que a Constituição Federal lhe garante este direito e que os policiais federais gozam desse benefício em virtude de lei especial, e arguir a possibilidade desta lei ser aplicada ao seu caso.
 
DO MÉRITO
	Primeiramente, o Art. 40, § 4º, inciso II da Constituição Federal define que a lei complementar estabelecerá os critérios diferenciados para aposentadoria dos servidores públicos que exercem atividades de riscos.
	Vejamos:
“É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores:
II – que exerçam atividades de riscos”.
No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal pacificou entendimento no sentido de que a aposentadoria especial é um direito do servidor público que exerce atividades de riscos, nos moldes do texto constitucional.
 
	Na situação apresentada, embora a Autora tenha exercido atividades de riscos, no âmbito do judiciário federal, não pode usufruir do benefício da aposentadoria especial, em razão de não haver norma regulamentadora para os servidores de sua categoria.
Por sua vez, não é demais lembrar que os policiais federais possuem legislação especial regulamentando a matéria, portanto gozam de aposentadoria diferenciada.
	Sendo assim, a Autora requer seja aplicada ao seu caso, por analogia, a lei destinada aos policiais federais, que lhes permitem gozar do benefício da aposentadoria especial, suprindo, desse modo, a omissão legislativa.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1. a notificação da autoridade coatora para que prestes as informações, no prazo de lei;
2. a ciência do órgão de representação judicial da União Federal, para, querendo, ingressar no feito;
3. a concessão da ordem determinando a aplicação da lei de aposentadoria especial dos policiais federais, por analogia, para que a autora possa gozar de aposentadoria diferenciada;
4. a intimação do Ilustríssimo representante do Ministério Público, para atuar como fiscal da lei;
5. a juntada dos documentos necessários à comprovação do direito da Autora;
6. a condenação do Réu ao pagamento das custas processuais.
Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 937,00 (Novecentos e trinta e sete reais).
Nesses termos, pede deferimento.
Local, data.
Advogado(...)
OAB (...)
Fluxograma
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Diante do exposto, concluímos que o mandado de injunção foi criado pelo Legislador Constituinte como remédio à ausência de aplicabilidade imediata das normas constitucionais, o que poderia comprometer o pleno gozo dos direitos, liberdades e das prerrogativas elencados no artigo 5º, LXXI, da nossa Constituição.
No modelo atual, doutrina e jurisprudência fixaram-se em torno do mandado de injunção de forma alinhada, concebendo-lhe como um importante remédio constitucional, pois através dele é possível cobrar do Legislativo a regulamentação de um direito ou garantia fundamental, que em razão da inércia legislativa, o impetrante não consegue exercer.
Conclusão
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