Buscar

Capítulo 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Redação
Profa.: Lízia
Colégio Educallis
Ayla Farias e Thiago José - 1° ano C
Minissérie de 5 capítulos:
Capítulo 2: “ainda tinha tempo para ser...a Nina”
Capítulo 2: “ainda tinha tempo para ser...a Nina”
Em todos os meus dias e noites, não houve um só momento, em que eu não me lembrasse de Nina. Com seus longos e ondulados cabelos castanho mel, cuja cor me lembrava tanto o pôr do sol, Nina sabia que eu adorava o pôr do sol e fazia questão de esbanjar a tamanha beleza de seus cabelos para mim. Os seus olhos, também castanho mel, vinham para fazer a combinação perfeita, os olhos que transmitiam força, Nina era na verdade uma pessoa realmente muito forte, e eu a admirava tanto por isso. 
Tinha lindas covinhas, e todos conseguiam vê-las quando ela abria seu longo e lindo sorriso, e nossa, não preciso dizer que sou apaixonado pelo seu sorriso, até porque acho que todos já sabem. Seus lábios eram, levemente avermelhados, davam suavidade a sua fala. Parece que, por culpa deles, tudo era mais fácil de ser compreendido, mas eu tomava muito cuidado, eles me distraíam na maioria das vezes, e eu só era cauteloso para que Nina não percebesse.
 Ela também tinha uma coisa que me chamava muita atenção, para falar a verdade, tudo em Nina me chamava atenção, mas tinha esse pequeno detalhe. Traços rosados nas duas maças de seu rosto, Nina sabia como ser perfeita em todos os mínimos detalhes, eu admito. Nós costumávamos fazer brincadeiras com relação a isso, eu dizia que ela se parecia com os pequenos animais de desenhos infantis, eu sei, é meio ignorante compará-la desse jeito, mas eu a divertia com isso. Então, se ela não se incomodava, para mim estava perfeito. 
Nina era magra, com altura média, mais ou menos 1,64, e uma pele naturalmente corada. Coisa que eu achava fascinante. Mas não só a beleza externa dela me encantava, Nina era belíssima por dentro. Não só porque eu estou falando de minha melhor amiga e o grande amor de minha vida, não, não por isso. Mas porque ela era realmente espetacular, muito sincera (as vezes até demais, o que poderia ser apontado como defeito, mas no caso dela, um defeito perfeito), amorosa, gentil, engraçada (mesmo tendo em seu repertório inúmeras piadas sem graça), compreensiva e uma exclusividade que só era dada a ela em alguns casos, paciência, Nina era a única pessoa que eu conhecia que conseguia ser paciente e impaciente ao mesmo tempo, chegava a ser engraçado vê-la perder a calma e tentar manter a pose.
 Nina tinha o perfeito dom de escrever poesias, isso se deve ao fato de que ela sai muito, lia sobre conteúdos diversos. Parece que ela tinha o mundo em sua cabeça, conhecia de tudo. Mas devo dizer, tudo isso porque Nina era muito curiosa, uma curiosidade sem limites, de tudo ela queria saber. E tudo ela guardava na memória. Não consigo até hoje distinguir se isso para ela foi bom ou ruim. Uma característica que me encantava em Nina era seu gosto musical, ela era fascinada por músicas de pop/rock dos anos 30 a 80 ou 90, eu não entendia muito bem o porquê, mas assim como suas poesias, era uma coisa que a tirava da órbita da terra, elevava seus pensamentos ao infinito e a fazia gastar horas e horas ali, concentrada. Nina morava em pequeno apartamento, nada muito luxuoso, e sua rotina era realmente muito corrida, ela passava o dia na faculdade, fazendo sua pós-graduação em psicologia. E a noite, trabalhava como design. 
Eu me pergunto como alguém como Nina, mesmo tão ocupada, com tantas coisas para fazer toda hora, todos os dias. Ainda tinha tempo para ser a Nina, com o mesmo sorriso, com as mesmas covinhas, com os mesmos traços rosados de desenho infantil, com a mesma impaciência paciente, com as mesmas piadas sem graça, com a mesma vontade e determinação de me aturar todos os dias, de me ouvir, sem deixar de ser a Nina. Isso é uma dádiva para mim. Admito. Tê-la por perto me fazia muito melhor, me fazia muito mais eu. Como se o meu infinito estivesse dentro dela. A alma de Nina era viva, alegre, misteriosa. E dentro de mim, permanecera viva até meu último dia de vida.
Nesse momento, milhares de lembranças vieram na minha cabeça, lembranças antigas e atuais ocupava em conjunto toda a minha memória. E eu conseguia me lembrar perfeitamente de todos os motivos e todas as circunstâncias que me faziam ama-la. Sua frase preferida para mim era: “Tente não ser chato Leo”. E de todas as vezes que ela passava horas brincando com meus cabelos, ela os elogiava por serem pretos demais e lisos demais. Ela sabia como ser gentil em todos os momentos. Meus olhos, também castanhos se assim posso dizer, estavam em total sintonia com os dela. Em uma relação de amor e amizade que nenhum de nós era capaz de explicar. 
Lembro-me perfeitamente da causa de uma pequena cicatriz que tenho no alto da testa. Quem teria me ajudado a ganhar aquela marca? Creio que não preciso mais perguntar. Tudo aconteceu quando eu e Nina tínhamos dez anos. Uma de nossas várias brincadeiras era subir em cima de uma enorme árvore no quintal de minha casa, e fingir que éramos piratas. Sim, Nina brincava de ‘pirata’ comigo, nós nunca tivemos nenhum tipo de oposição com relação a brincadeiras, até porque, nós nos completávamos em tudo. Mas voltando a velha história dos piratas a árvore, um dos galhos não aguentou meu peso, se partiu e eu caí no chão como uma folha seca.
Talvez meu tombo tenha sido muito pior do que o de uma folha seca e tenha deixado uma marca bem mais dolorosa também. Mas daquele momento, a última coisa que me recordo, é de Nina vindo me prestar socorro, lembro-me que por culpa de seus gritos, minha mãe chegou ao local em menos de três minutos. Daquela época só me restam lembranças, sorrisos, lágrimas, enfim, diversas emoções.
Hoje moro sozinho em um apartamento parecido com o de Nina, faço faculdade de letras e em minhas horas vagas, ou melhor, nas horas em que eu não estou contemplando a tamanha perfeição imperfeita de Nina, eu toco, canto e componho também. Nina diz que sou chato demais por ser muito reservado para certas coisas, deve ser porque não tenho a mesma leveza e alegria que ela tem. E sinceramente, acho que ninguém nesse mundo tem igual ou até mesmo parecida.
Sua indecisão na hora de me dar apenas uma característica, era constante, quando Nina começava a falar não parava mais. Mas seus lábios, levemente avermelhados, me faziam compreender tudo facilmente. Mas minha preocupação em não deixa-la perceber minha distração, me fazia ficar mais atento. Tudo que Nina me dizia eu guardava na memória. Todas os conselhos, frases, filmes, notícias, recomendações, se duvidar talvez até bulas de remédios. Não tenho culpa se tudo o que ela me dizia, soava como uma linda música, na qual que eu fazia a total questão de aprender.
Eu sempre tentei manter equilibrado meu nível de paciência, de gentileza e sinceridade com relação a ela. Talvez porque, ela sempre foi tão maravilhosa comigo e eu queria retribuir com apenas um décimo do que ela me dava, pode parecer meio grosseiro de minha parte retribuir com tão pouco, afinal, não conseguia ser um poço de perfeição com os outros em todas as horas, nem que eu tentasse. Mas Nina... ela me fazia ser diferente em todos os sentidos. 
Me fazia sorrir mais (não haviam muitos momentos do seu lado em que eu não estivesse sorrindo), me fazia falar mais, ouvir mais, ser bem mais paciente, carinhoso, atencioso. Enfim, Nina me mudava completamente quando estávamos juntos, ou até mesmo nos momentos em que somente suas lembranças estavam vagando pela minha cabeça, coisa que sempre acontecia.

Outros materiais