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Aula 2 Teorias do texto poético introdução à poesia lírica

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1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
AULA 02
Teorias do texto poético: 
introdução à poesia lírica
 „ Perceber de que forma o conceito de mimesis se 
instaura ao longo do tempo e como as diversas 
fases evolutivas da poesia o encaram.
 „ Conhecer as teorias do texto poético pós-aristotélicas.
UNIDADE 01Teoria Literária I
26
Teorias do texto poético: introdução à poesia lírica
2 Começando a história
Caro aluno, esta aula tem como pré-requisito a aula anterior que tratou 
especificamente das teorias platônicas e aristotélicas a respeito da arte, sobretudo 
no que tange ao conceito de mimesis. A partir do pensamento aristotélico que, 
entre outros, pretendeu um recenseamento de regras, com a normatização de 
modelos com características precisas, a partir dos quais se poderia, com base 
nessas regras, aprender a fazer poesia, vislumbraremos traçar um percurso que 
permeia as teorias do fazer poético pós-aristotélicas.
Nesta aula, partindo do conceito de representação da realidade na Antiguidade 
Clássica, traçaremos um percurso na tentativa de nos depararmos com as teorias 
que, posteriores à concepção aristotélica de arte, vêm tentando entender e explicar 
o fazer poético. Para tanto, entraremos em contato com textos e concepções 
dos poetas latinos, representados por Horácio, Virgílio e Ovídio.
3 Tecendo conhecimento
Você deve lembrar que, para Platão, a possibilidade de se atingir o mundo das 
ideias não poderia se dar através da poesia, pois ela apela à imaginação e, desse 
modo, deturpa e desvirtua o próprio poeta, deixando transparecer toda a sua 
fragilidade. Já Aristóteles considerava que a imitação era natural ao ser humano 
e que, portanto, a arte representa uma experiência especial de relação entre o 
homem e o mundo.
Neste embate, o pensamento aristotélico vigorou por muito tempo, sobretudo 
a sua caracterização dos gêneros literários, sistematizada mais tarde. A Poética 
de Aristóteles consiste no primeiro tratado sistemático sobre o discurso literário 
e propõe falar da natureza e espécies da poesia, como a epopeia, o poema 
trágico, a comédia e o ditirambo, ressaltando um ponto comum entre elas, qual 
seja, a imitação. 
SAIBA MAIS:
O ditirambo é um hino coral e louvor de Dioniso (Baco), deus da fertilidade e 
fecundidade, único deus nascido de uma mortal. “Sêmele, uma mortal amada por 
Zeus, é vítima do ciúme de Hera: como ela pede ao amante divino que lhe apareça 
em toda a sua glória, morre fulminada pelo raio de Zeus; ele então lhe arranca a 
criança concebida por eles e a introduz na sua coxa até o final da gestação”.
Para saber mais sobre este e outros mitos literários, consulte O Dicionário de Mitos 
literários de Pierre Brunel.
27
AULA 02
Figura 8 
O estudo aristotélico sobre os gêneros literários compreende a epopeia e a 
tragédia como a imitação de seres superiores e a comédia como a imitação de 
pessoas inferiores, por isso, para Aristóteles, a comédia teria seu valor diminuído. 
Apesar de falar sobre música e melodia, Aristóteles não se refere ao poema lírico 
n’A Poética. Sobre a tragédia, afirma que ela
é a representação duma ação grave, de alguma extensão e 
completa, em linguagem exornada, cada parte com o seu 
atavio adequado, com atores agindo, não narrando, a qual, 
inspirando pena e temor, opera a catarse própria dessas 
emoções (ARISTÓTELES, 2004, p. 24). 
Retorne à Unidade 3 do componente Introdução aos Estudos Literários, 
especificamente à Aula 07, e faça uma releitura sobre o conceito de catarse. Para 
maior compreensão e ilustração do pensamento aristotélico, é necessário que 
você leia algumas das mais famosas tragédias, sobretudo as de Sófocles, como 
Édipo Rei e Antígona, e as de Eurípedes, como Medeia, Hipólito e As Troianas. Veja, 
a título de informação, o que diz Mário da Gama Kury sobre Medeia:
A Medéia é justamente considerada 
uma obra prima do teatro trágico e, 
para muitos apreciadores desde a 
Antiguidade, a melhor das tragédias 
de Eurípedes. (...) E a Medeia faz jus 
a essa reputação. Se não bastasse a 
beleza dos próprios versos originais, 
haveria a intensidade dramática, o 
delineamento dos personagens por 
meio de suas falas como a da Ama 
no início da peça, as de Medéia no 
ataque a Jáson, na reconciliação 
simulada com o mesmo e, sobretudo, 
no solilóquio onde se reflete sua 
indecisão, quanto a matar ou não os 
filhos, e as de Jáson (Kury, 1991, p. 14). Medeia por Eugéne Delacroix
Estes textos constituem fontes seminais e inesgotáveis de conhecimento e têm, ao 
longo do tempo, se ramificado em muitas áreas, como, por exemplo, a Psicologia. 
Você, certamente, já ouviu falar no Complexo de Édipo, termo bastante difundido 
na Psicologia e que tem sua origem na tragédia homônima de Sófocles. Portanto, 
o conhecimento desses textos torna-se fundamental para o estudante de Letras.
28
Teorias do texto poético: introdução à poesia lírica
Na épica, ressaltavam-se os feitos individuais de um herói, mas esse herói contava 
sempre as histórias de um povo, de uma comunidade, de uma cidade. O poeta 
nunca falava em seu próprio nome. Veja como exemplo A Odisseia de Homero. 
A subjetividade, portanto, era desconsiderada como componente artístico, 
ainda que se encontrem raros poemas que tratem de um lirismo amoroso e de 
uma voz realmente individual, como é o caso da poetisa Safo de Lesbos (séculos 
VII-VI a.C.), uma mulher aristocrata que nasceu na ilha de Lesbos e dirigia sua 
poesia, de caráter eminentemente amoroso, a outras mulheres. Safo é a primeira 
mulher a fazer poesia importante na história da cultura ocidental. Veja abaixo 
um fragmento do poema de Safo de Lesbos:
Basta-me ver-te e ficam mudos os meus 
lábios, ata-se
A minha língua, um fogo sutil corre sob 
a minha pele,
Tudo escurece ante o meu olhar, 
zunem-me os ouvidos,
Escorre por mim o suor, acometem-me 
tremuras e fico
Mais pálida que a palha: dir-se-ia que 
estou morta.
Perceba a subjetividade presente nos versos de Safo através da expressividade 
e da utilização vocabular que intenta expor os próprios sentimentos, numa 
demonstração de fragilidade, incoerente com as regras que constituíam a 
construção da épica e do poema trágico, que traduziam o sentimento de um 
povo, marcado pela coragem, bravura e abnegação de um herói que punha a 
comunidade em primeiro lugar em detrimento dos seus próprios sentimentos.
SAIBA MAIS:
Dos poemas de Safo de Lesbos, restaram apenas alguns fragmentos, que foram 
compilados e traduzidos por vários autores. Para saber mais sobre a vida e a obra 
dessa poetisa, consulte as seguintes referências: 
LESBOS, Safo de. Poemas e fragmentos. São Paulo: Iluminuras, 2003.
FONTES, J. B. Eros, tecelão de mitos. São Paulo: Iluminuras, 2003.
www.recantodasletras.com.br/biografias/926790
Figura 9 
29
AULA 02
Apesar da poesia de Safo e de outros poetas clássicos que primaram pela 
subjetividade e expressividade, o condicionamento às regras de estruturação 
estética e o privilégio aos gêneros épicos e trágicos perduraram ainda por longo 
tempo, sofrendo uma ruptura somente com o advento do Romantismo. A poesia de 
Safo inaugura um lirismo praticamente ignorado por Aristóteles. Nesse momento, 
caro aluno, é importante que relembremos algumas discussões empreendidas 
nas aulas de Introdução aos Estudos Literários, como já mencionamos, sobretudo 
a Aula 07 da Unidade 03, que trata sobre o gênero lírico ou lirismo.
Você deve lembrar que o gênero lírico, além de estabelecer uma relação com o 
ritmo, a melodia, a música, designa também emoções, expressão de sentimentos, 
pela utilização de um sujeito aparente, traduzido pelo uso de 1ª pessoa que 
se propõe a apresentar um estado da alma. O lirismo presente na poesia de 
Safo influencia sobremaneira a poesia latina que floresce durante a épocado 
imperador Augusto (63 a.C. - 14 d.C.), primando pela imaginação e mantendo 
uma distância do modelo grego que se empenhava em apresentar e discutir as 
instituições sociais, políticas e jurídicas. Anteriormente à época de Augusto, já 
se disseminava entre os poetas latinos Horácio, Virgílio, Ovídio e Catulo, uma 
forma de lirismo que representava uma ruptura com os padrões gregos de 
poesia, sobretudo porque começava a se formar um novo ideal de sociedade 
pautado pela liberdade. Veja o que diz Barbosa (2002) a respeito dessa mudança 
de estilo entre os latinos:
O fim das guerras civis, que tinham traumatizado a sociedade 
romana com a eliminação de homens de grande prestígio, 
e o advento da Pax Romana fizeram renascer as esperanças 
de uma nova era; não é, pois, de se estranhar que a primeira 
geração de poetas desse momento histórico, principalmente 
Horácio e Virgílio, tenham se entusiasmado com a nova ordem 
estabelecida, e tenham se empenhado e se comprometido 
com um ideário de reconstrução do mundo romano. O novo 
regime trazia tranqüilidade e segurança e reduzia com sua 
constituição fundamentalmente monárquica, a liberdade 
política e a cidadania, criando condições propícias para que 
vingasse o desengajamento, descompromisso e a alienação. 
Em pouco tempo se produziram mudanças profundas 
de comportamento. O individualismo, já há certo tempo 
estimulado e cultivado por doutrinas do mundo helenístico, 
encontrou condições ideais para derrubar antigos ídolos e 
valores, até a pouco altamente prestigiados, como o apego 
à tradição, à atividade política, a glorificação na guerra ou 
nos tribunais. Com a queda desses valores, surgem outros, 
como os cultos ao amor, ao pacifismo, ao absenteísmo e, 
particularmente com Ovídio, ao mundanismo, à galanteria 
e uma grande alegria de viver (p. 43-44).
30
Teorias do texto poético: introdução à poesia lírica
Chama a atenção, sobre a poesia de Ovídio (43 a.C.) em A arte de amar, a idealização 
que ele faz da mulher e das relações amorosas. Em sua poesia, é presente um 
elemento emblemático da poesia lírica: a imaginação. Ovídio inaugura um novo 
tipo de poema, de versos metrificados em dístico elegíaco em que se registram 
as vozes de um amante-poeta tomado de amor ardente por uma mulher, numa 
relação tensa, marcada por ciúmes, brigas, infidelidades, reconciliações calorosas, 
que fazem do amante um ser insatisfeito e infeliz, com a agravante de não poder 
romper esse círculo (OVÍDIO, 1994, p. 12). Em A arte de amar, Ovídio (2004) compõe 
verdadeiro tratado poético sobre as formas de se conquistar uma mulher. Vamos 
ler agora pequenos trechos em que Ovídio se reporta a suas ações didáticas na 
arte da conquista e do comportamento das mulheres.
A obscuridade da noite dissimula os defeitos e é indulgente 
com as imperfeições, e nessas horas, qualquer mulher parece 
bela. Para julgares a beleza das pedras preciosas ou da lã 
tingida de púrpura, o dia é o melhor conselheiro; adota-o 
também para julgares as feições e as linhas do corpo (p. 33).
(...) o homem não sabe dissimular e a mulher esconde muito 
melhor os seus desejos. Ora, se o sexo forte não tomar a 
dianteira, a mulher vencida tomará para si este papel (p. 38).
E promete sem timidez, pois as promessas prendem as 
mulheres! (p. 47).
O coração das mulheres é muito variável; acharás mil 
gênios diferentes; emprega, pois, mil modos diferentes 
para conquistá-las (p. 52).
Tampouco é conveniente usar o mesmo método para todas 
as idades; uma velha corça descobre a armadilha de longe; se 
te mostrares muito sabido para uma noviça ou muito atirado 
para uma pudica, elas desconfiarão de ti e se afastarão. Com 
isso, muitas vezes, a mulher que teme entregar-se a um 
homem de bem, se deixa cair vergonhosamente nos braços 
de quem não a merece (p. 52).
Se teus atos, apesar de feitos às escondidas, virem a ser 
descobertos, mesmo assim nega-os até o fim. Não te mostres 
mais submisso nem mais carinhoso que o costumeiro; esses 
são indícios certos de culpabilidade (p. 67).
Observe que a temática proposta por Ovídio é outra, diferentemente da dos 
gregos. Há agora a liberdade de falar dos sentimentos e, principalmente, de 
expô-los em forma de manual. Obviamente, não se pode deixar de notar a carga 
de preconceitos e até mesmo certo teor pejorativo na apresentação da figura 
feminina e na concepção das relações amorosas. Entretanto, não podemos ser 
anacrônicos e temos que considerar o pensamento grego vigente e seu contexto 
31
AULA 02
social que impunha determinadas regras de comportamento. É importante 
perceber que o sentimento amoroso é compreendido em tal solidez que o 
poeta se vê capaz de abarcar todas as nuances de aparição, dotando-o de tal 
concretude que o impele a defini-lo. Para Ovídio (2004), 
O amor é uma espécie de serviço militar. Arredai-vos homens 
covardes! Não são os pusilânimes que devem levar os 
estandartes. Nos campos do prazer, nossas provações são 
a noite, o inverno, as longas marchas, caminhos fragosos. 
Terás muitas vezes que suportar a copiosa chuva e, morto 
de frio, terá de dormir sobre a terra nua (p. 61).
Horácio, juntamente com Ovídio e Virgílio, forma a tríade latina responsável por 
disseminar os conceitos de arte, poesia e gêneros literários ao longo do tempo. 
Para Horácio (2007), “Não basta serem belos os poemas; têm de ser emocionantes, 
de conduzir os sentimentos do ouvinte onde quiserem” (p. 58). Em seu tratado 
denominado A arte poética, apesar de ser considerado um herdeiro da tradição 
grega, distancia-se de Aristóteles quando encara a poesia como uma história 
sagrada, sendo imitação não da realidade, mas como uma imitação modificada 
dos temas antepassados. Supõe-se aí, portanto, mesmo que não explicitada 
por Horácio, a intromissão da subjetividade do poeta a interferir no processo 
de transmissão e narração dos fatos históricos.
O gênero lírico pressupõe a utilização de termos como “eu”, o “aqui” e o “agora”, 
indicando uma valorização do tempo presente, da brevidade, do tom emotivo 
do sujeito. A lírica, portanto, volta-se para a efemeridade, para a fugacidade do 
tempo. Esse tema é recorrente na Antiguidade Clássica e se difundiu de maneira 
mais intensa nos escritores românticos, destacando como carpe diem. Na 4ª aula 
desta Unidade, você estudará o Romantismo de maneira mais minuciosa. 
Em Roma, o gênero lírico iniciou-se com Catulo e é dele o exemplo mais 
extraordinário e característico: o poema 5. Embora esse poema traga, de maneira 
explícita, a representação do carpe diem, a lírica de Horácio desperta mais 
atenção que a de Catulo, e as modulações horacianas encontraram numerosos 
intérpretes (ACHCAR, 1994). Horácio publicou as Odes entre os anos 30 e 23 a.C. 
e são consideradas o ponto culminante de seu esforço lírico. O teor das Odes 
gira em torno da juventude, do amor, dos prazeres do vinho, da alegria de viver. 
Você verá que as ideias horacianas serão retomadas mais tarde pela poesia de 
todas as épocas e de todas as estéticas literárias. Tomem-se, como exemplo, o 
poema de Catulo dedicado à Lésbia e a Ode 11 de Horácio:
32
Teorias do texto poético: introdução à poesia lírica
Através da leitura dos poemas, você pôde perceber o grau de subjetividade 
contido em cada um deles e o apelo ao carpe diem. O conceito de carpe diem 
presente e difundido desde a Antiguidade encontra-se em muitas estéticas 
literárias, sobretudo no Barroco e no Romantismo, que estudaremos de maneira 
mais pormenorizada na 4ª aula. Para maior compreensão, pesquise na internet 
ou em outras fontes sobre o conceito de carpe diem.
POEMA 5 ODE 11
Vivamos, minha Lésbia, e amemos,
E as graves vozes velhas
- todas –
Valham para nós menos que um 
vintém.
Os sóis podem morrer e renascer:
Quando se apaga nosso fogo breve
Dormimos uma noite infinita.
Dá-me pois mil beijos, e mais cem,
E mil,e cem, e mil, e mil e cem.
Quando somarmos muitas vezes mil
Misturaremos tudo até perder a conta:
Que a inveja não ponha o olho de 
agouro
No assombro de uma tal soma de 
beijos
Não interrogues, não é lícito saber a mim 
ou a ti 
que fim os deuses darão, Leucônoe. Nem 
tentes 
os cálculos babilônicos. Antes aceitar o que 
for, 
quer muitos invernos nos conceda Júpiter, 
quer este último 
apenas, que ora despedaça o mar Tirreno 
contra as pedras 
vulcânicas. Sábia, decanta os vinhos, e 
para um breve espaço de tempo 
poda a esperança longa. Enquanto 
conversamos terá fugido despeitada 
a hora: colhe o dia, minimamente crédula 
no porvir.
33
AULA 02
Exercitando:
Ao longo desta aula, apresentamos o conceito de mimesis ao longo do tempo, 
partindo dos gregos e sua apreensão pelos latinos. Na literatura latina, vimos a 
ampliação do conceito de subjetividade e fugacidade do tempo, termos bastante 
difundidos em toda a Literatura.
Leia, a seguir, dois poemas: o primeiro intitulado Carpe diem, de Mário Faustino, 
poeta piauiense, morto em 1962; e o segundo de Gregório de Matos, poeta 
baiano, ícone da poesia barroca no Brasil, morto em 1696, dedicado a “uma 
formosíssima Maria”. Compare-os e identifique neles as marcas da poesia lírica 
desenvolvida pelos poetas latinos. 
CARPE DIEM A UMA FORMOSÍSSIMA MARIA
Que faço deste dia, que me adora? 
Pegá-lo pela cauda, antes da hora 
Vermelha de furtar-se ao meu festim? 
Ou colocá-lo em música, em palavra, 
Ou gravá-lo na pedra, que o sol lavra? 
Força é guardá-lo em mim, que um dia 
assim 
Tremenda noite deixa se ela ao leito 
Da noite precedente o leva, feito 
Escravo dessa fêmea a quem fugira 
Por mim, por minha voz e minha lira. 
 
(Mas já de sombras vejo que se cobre 
Tão surdo ao sonho de ficar — tão 
nobre. 
Já nele a luz da lua — a morte — 
mora, 
De traição foi feito: vai-se embora.)
Discreta e formosíssima Maria, 
Enquanto estamos vendo a qualquer hora 
Em tuas faces a rosada Aurora, 
Em teus olhos e boca o Sol, e o Dia: 
 
Enquanto com gentil descortesia 
O ar, que fresco Adônis te namora, 
Te espalha a rica trança voadora, 
Quando vem passear-te pela fria: 
 
Goza, goza da flor da mocidade, 
Que o tempo trata a toda ligeireza 
E imprime em toda flor sua pisada. 
 
Ó não aguardes que a madura idade 
Te converta essa flor, essa beleza, 
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em 
nada.
34
Teorias do texto poético: introdução à poesia lírica
4 Aprofundando seu conhecimento:
Caro aluno, esta é uma aula sobre teoria e, como tal, exige um desprendimento 
maior, a fim de que você busque outros enfoques em diferentes fontes. Há muito 
ainda o que dizer e o que se conhecer. Para que você não fique apenas nos 
textos motivadores trazidos aqui no material, é importante que, dentre muitas 
outras fontes que você certamente descobrirá em seu processo de pesquisa, 
consulte as seguintes:
A trilogia tebana: Édipo Rei – Édipo em Colono 
– Antígona
Tentando fazer um contraponto entre as ideias 
de Ovídio em “A arte de amar”, assista ao filme A 
arte de Amar de Emmanuel Mouret, França, 2011. 
OVIDIO. Os Remédios do Amor. Os cosméticos 
para o Rosto da mulher. São Paulo: Nova 
Alexandria, 1994.
Figura 10 
Figura 11 
Figura 12 
35
AULA 02
5 Trocando em miúdos:
Esta aula se pautou por um objetivo: perceber como a noção de mimesis como 
imitação permaneceu no período que sucede à Antiguidade aristotélica. Fizemos 
uma breve rememoração em torno da conceituação aristotélica de mimesis 
contida n’A Poética e suas principais caracterizações e compreendemos que, 
para Aristóteles, o poema lírico não era considerado, visto que a epopeia e a 
tragédia eram gêneros tidos como de maior importância, por representarem o 
universal em lugar do individual. Vimos também que a poesia de Safo de Lesbos 
rompe com a temática e os preceitos gregos de composição poética e introduz 
na poesia um novo elemento: a subjetividade, que, na acepção dos poetas 
latinos, sobretudo em Horácio, encontra respaldo para justificar a mimese como 
processo imaginativo.
6 Autoavaliando:
Ao final desta aula, é importante que você reflita sobre os conteúdos estudados 
e analise se alguns conceitos aqui discutidos estão sedimentados de forma mais 
concreta. É preciso, caro aluno, que você consiga entender o conceito de mimesis 
na concepção aristotélica para compará-lo a outras teorias que, mais à frente, 
serão estudadas. É preciso, sobretudo, que você tenha percebido a inovação 
trazida pelos teóricos latinos.
36
Teorias do texto poético: introdução à poesia lírica
Referências:
ACHCAR, Francisco. Lírica e lugar-comum: alguns temas de Horácio e sua 
presençaem português. São Paulo: Edusp, 1994.
ARISTÓTELES, HORÁCIO, LONGINO. A poética clássica. Trad. Jaime Bruna. 7. ed. 
São Paulo: Cultrix, 2007.
BARBOSA, Renata Cerqueira. Sedução e conquista: a amante na poesia de 
Ovídio. Curitiba, PR: UFPR, 2002. Originalmente apresentada como dissertação 
de mestrado, Universidade Federal do Paraná, 2002.
BRUNEL, Pierre. Dicionário de mitos literários. 3. ed. Rio de Janeiro: José 
Olympo, 2000.
CARA, Salete de Almeida. A poesia lírica. São Paulo: Ática, 1998. Série Princípios.
CARDOSO, Zélia de Almeida. A literatura latina. Porto Alegre: Mercado 
Aberto, 1989.
EURÍPEDES. Medeia, Hipólito, As troianas. Trad. Mário da Gama Kury. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar, 1995.
FAUSTINO, Mário. O homem e sua hora e outros poemas. Rio de Janeiro: 
Companhia de Bolso, 2012.
LESBOS, Safo de. Poemas e fragmentos. São Paulo: Iluminuras, 2003.
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 2009.
OVÍDIO. A arte de amar. Trad. Pietro Nasseti. São Paulo: Martin Claret, 2004.
SÓFOCLES. A trilogia tebana. Trad. Mário da Gama Kury. 10. ed. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2002.
37
AULA 02
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	Teorias do texto poético: introdução à poesia lírica
	2	Começando a história
	3	Tecendo conhecimento
	4	Aprofundando seu conhecimento:
	5	Trocando em miúdos:
	6	Autoavaliando:
	Referências:

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