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PERITONITE EM GRANDES ANIMAIS Profª Daniela Junqueira de Queiroz INTRODUÇÃO • Inflamação do peritônio, membrana que recobre os órgãos da cavidade abdominal • Caracteriza-se clinicamente por dor abdominal, febre, toxemia e redução no volume fecal • A gravidade varia de acordo com a intensidade e com extensão da inflamação ETIOLOGIA • As causas de peritonite podem ser infecciosas ou traumáticas. Neoplasias raramente estão envolvidas • As causas iatrogênicas são bastante comuns - Perfuração traumática da parede abdominal (ex: chifradas) - Assepsia inadequada durante procedimentos invasivos (abdominocentese, trocarterização, laparotomia) - Disseminação a partir de locais subperitoneais (baço, fígado, vasos umbilicais) TODAS AS ESPÉCIES ETIOLOGIA BOVINOS • Reticuloperitonite traumática • Perfuração/ extravasamento de úlcera de abomaso • Necrose/ ruptura de abomaso (vólvulo) • Rumenite (ingestão aguda de excesso de carboidratos) • Ruptura de vagina, ruptura de útero, ruptura de reto • Complicações da incisão cirúrgica (cesárea, laparotomia) • Peritonite química • Administração intraperitoneal de substâncias não estéreis • Ruptura de bexiga • Doenças específicas (tuberculose) ETIOLOGIA EQUINOS • Complicação após laparotomia • Aumento da permeabilidade da parede intestinal • Ruptura/ perfuração do ID, ceco, cólon • Ruptura de estômago • Ruptura de útero • Ruptura/ laceração de reto (palpação retal) • Disseminação de uma infecção retroperitoneal (garrotilho) • Administração de soluções não estéreis ETIOLOGIA PEQUENOS RUMINANTES • Abscessos na parede intestinal causados por infestação de larvas de Esophagostomum sp. (ovinos) • Serosite-artrite causada por Mycoplasma sp. • Ruptura de bexiga (obstrução) SUÍNOS • Perfuração do íleo (ileíte) • Doença de Glasser (Haemophilus suis) CLASSIFICAÇÃO • Pode ser classificada de acordo com a causa, de acordo com a apresentação clínica, ou ainda em primária ou secundária • Causa: peritonite séptica, peritonite química • Apresentação clínica: aguda difusa ou localizada, subaguda, crônica • Processo dinâmico: uma peritonite localizada e asséptica pode evoluir para difusa e séptica ABSCESSO FISIOPATOGENIA • Bovinos costumam localizar a infecção – peritonite focal • Peritonite focal aguda (3 dias): - Dor abdominal, relutância em se mover, gemidos, dorso arqueado, anorexia, diminuição repentina da produção de leite, febre, aumento da FC e FR, hipotonia rumenal - Provas de dor positivas apenas nas primeiras 24 horas • Peritonite focal crônica: - Emagrecimento progressivo, relutância em se levantar, fezes escassas, ressecadas e com muco - Melhora na anorexia e hipotonia rumenal - Parâmetros vitais voltam ao normal (FC, FR e TºC) SINAIS CLÍNICOS SINAIS CLÍNICOS • Equinos costumam fazer quadros de peritonite difusa e aguda - Sinais agudos de toxemia – peritonite superaguda (ruptura gástrica ou de alça intestinal) - Dor abdominal: deitar, rolar, olhar para o flanco,... - Abdômen contraído/ diminuição de motilidade intestinal - Anorexia - Morte em 24 – 48 horas • Peritonite focal crônica – rara - Hiporexia - Emagrecimento progressivo - Quadros de dor abdominal moderada recidivante - Diminuição da motilidade intestinal DIAGNÓSTICO • Pode ser difícil – sinais clínicos semelhantes aos de outras doenças • Achados hematológicos – variados - Normal - Aumento de fibrinogênio - Leucocitose (menos grave)/ leucopenia (mais grave) - Aumento do hematócrito - Hipoproteinemia • Análise de líquido peritoneal • Ultrassonografia DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Bovinos - Obstrução intestinal - Abscessos hepático/ esplênico - Metrite - Indigestão vagal - Deslocamento de abomaso, ... • Equinos - Obstrução intestinal aguda - Cólica tromboembólica - Neoplasias - Abscessos intra-abdominais PROGNÓSTICO • Depende de vários fatores - Decisão rápida quanto ao tipo de tratamento: clínico ou cirúrgico - Escolha do antibiótico - Terapia de suporte adequada - Causa primária - Idade do pacinte • Equinos: mortalidade varia entre 30 e 67% • Sequelas a longo prazo podem comprometer a completa recuperação TRATAMENTO • Retirada da causa primária, quando possível • Terapia de suporte intensiva • Evitar/ controlar a endotoxemia • Controlar a infecção - Antibioticoterapia Penicilina (30.000UI/kg) + gentamicina (6,6mg/kg, IV, SID) Ceftiofur (2,2mg/kg, IV, BID) Metronidazol (15-20mg/kg, oral ou IV, BID) - Lavagem peritoneal - Controle cirúrgico: debridamento do peritônio
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