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Resumo de Obrigações

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4º BIMESTRE.
OBRIGAÇÕES
CONCEITOS 
“A obrigação é a relação jurídica transitória, de natureza econômica, pela qual o devedor fica vinculado ao credor, devendo cumprir determinada prestação positiva ou negativa, cujo inadimplemento enseja a este executar o patrimônio daquele para a satisfação de seu interesse.”
“A relação jurídica transitória, existente entre um sujeito ativo, denominado credor, e outro sujeito passivo, o devedor, e cujo objeto consiste em uma prestação situada no âmbito dos direitos pessoais, positiva ou negativa. Havendo o descumprimento ou inadimplemento obrigacional, poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor.” 
CONCEITOS 
Conceito Clássico
O devedor deve cumprir a obrigação com o credor, seja de fazer ou não fazer, de dar e entregar a coisa certa ou incerto.
Conceito Moderno
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES
Elemento subjetivo 
Sujeito Ativo: 
É o beneficiário da obrigação, podendo ser uma pessoa natural ou jurídica ou, ainda, um ente despersonalizado a quem a prestação é devida. É denominado credor sendo aquele que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação. 
b) Sujeito Passivo:
É aquele que assume um dever, na ótica civil, de cumprir o conteúdo da obrigação, sob pena de responder com seu patrimônio. É denominado devedor.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES
Elemento Objetivo
Trata-se do conteúdo da obrigação. 
Objeto Direto ou Imediato da Obrigação
É a prestação, que pode ser positiva ou negativa. Sendo a obrigação positiva, ela terá como conteúdo o dever de entregar coisa certa ou incerta (obrigação de dar) ou o dever de cumprir determinada tarefa (obrigação de fazer). Sendo a obrigação negativa, o conteúdo é uma abstenção (obrigação de não fazer). 
Objeto Indireto ou Mediato da Obrigação
Pode ser uma coisa ou uma tarefa a ser desempenhada, positiva ou negativamente. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES
Elemento Objetivo. 
Obs. A prestação precisa ter conteúdo patrimonial?
Doutrina Clássica. É necessário um conteúdo patrimonial.
Doutrina Moderna. Basta ser passiva de tutela, não há necessidade de conteúdo patrimonial.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES
2.3.	ELEMENTO IMATERIAL OU VIRTUAL OU ESPIRITUAL
É o vínculo jurídico existente na relação obrigacional, ou seja, é o elo que sujeita o devedor à determinada prestação – positiva ou negativa -, em favor do credor, constituindo o liame legal que une as partes envolvidas. 
Concepção Unitária (monista ou clássica)
A obrigação seria consubstanciada por um único elemento: vínculo jurídico que une a prestação e os elementos subjetivos. (o débito)
Concepção Binária ou Dualista
A obrigação é concebida por uma / relação débito crédito. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES
2.3.	ELEMENTO IMATERIAL OU VIRTUAL OU ESPIRITUAL
Concepção Binária ou Dualista
- Débito (schuld)
É o dever legal de cumprir com a obrigação, o dever existente por parte do devedor. havendo o adimplemento da obrigação surgirá apenas esse conceito. Mas, por outro lado, se a obrigação não é cumprida, surgirá a responsabilidade, o Haftung.
Débito é o dever jurídico de cumprir espontaneamente uma prestação de dar, fazer ou não fazer. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES
2.3.	ELEMENTO IMATERIAL OU VIRTUAL OU ESPIRITUAL
Concepção Binária ou Dualista
Responsabilidade (haftung)
PROBLEMA:
Obs. Existe schuld sem haftung? Ou seja, Existe débito sem responsabilidade? Ou ainda, Existe obrigação sem responsabilidade? Sim ex. obrigações naturais.
Obs. Existe haftung sem schuld? Ou seja, existe responsabilidade sem débito? Ou ainda, Existe responsabilidade sem obrigação? Sim ex. o fiador.
CLASSIFICAÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE ACORDO COM SUA NATUREZA
3.1.	Obrigação Civil
É aquela que pode ser cobrada em juízo. 
3.2.	Obrigação Natural
Obs. A pessoa que cumpriu obrigação natural poderá cobrar de volta o que pagou? Não 
3.2.1.	Principais regras da obrigação natural
Cumprimento Parcial. N 
Remissão da dívida. Sim, pode ser pedido de volta o valor já pago anteriormente.
3.3.	Obrigação Moral
Classificação da obrigação de acordo com a prestação (objeto da prestação)
4.1.	Obrigação de dar 
Consistem em aquela em que o sujeito passivo compromete-se a entregar alguma coisa, certa ou incerta. 
Obs. Qual a diferença entre dar e entregar? 
Classificação da obrigação de acordo com a prestação (objeto da prestação) 
Dar há a transferência definitiva da coisa. 
Entregar transferência temporária da coisa.
4.1.1.	Espécies de obrigação de dar
a)	Obrigação de dar coisa certa ou Obrigação Específica – Art. 233 a 237, CC
É aquela que tem por objeto uma coisa totalmente individualizada/determinada. Não falta qualquer escolha quanto ao objeto. 
O devedor se obrigar a dar uma coisa individualizada, móvel ou imóvel, cujas características foram acertadas pelas partes, geralmente em um instrumento negocial.
Obs. Obrigação de dar gera direito pessoal ou direito real?
Gera o direito pessoal, não o real pois este, está ligado ao objeto.
a.1. Principais Regras 
a.1.1. Impossibilidade de entrega de coisa diversa, ainda que mais valiosa – Art. 313, CC
Na obrigação de dar coisa certa, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa, conforme, consta no art. 313 do CC.
a.1. Principais Regras 
a.1.2. Princípio da gravitação jurídica – art. 233, CC
a.1.3. Direito aos melhoramentos e acrescidos – Art. 237, CC
O credor pode exigir o acréscimo do preço, do objeto. Ex. égua. 
a.1.4. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa.
A coisa perece para o dono.
a.1.4.1. Caso de Perda ou perecimento (prejuízo total):
Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição (entrega da coisa), ou pendente condição suspensiva – Art. 234, parte inicial, CC.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes [...].
Caso de Perda ou perecimento (prejuízo total):
Se a coisa se perder, por culpa do devedor antes da tradição (entrega da coisa), ou pendente condição suspensiva – Art. 234, parte final do CC.
Art. 234. [...] se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
a.1.4.2. Caso de Deterioração (prejuízo parcial):
se a coisa deteriorar sem culpa do devedor – Art. 235, CC
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
se a coisa se deteriora por culpa do devedor – art. 236, CC
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
b) Obrigação de Restituir – Art. 238 a 242, CC.
4.1.1.	Espécies de obrigação de dar
Obrigação de Restituir – Art. 238 a 242, CC.
Nesta modalidade de obrigação a prestação consiste na devolução da coisa recebida pelo devedor. 
b.1. Principais Regras da Obrigação de Restituir
b.1.1. Inadimplemento
b.1.2. Direito aos melhoramentos e acrescidos – Art. 241 e 242, CC
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
b.1.3. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa
O devedor só responde pelo perecimento (destruição total) ou deterioração (destruição parcial) da coisa se tiver agido culposamente. 
b.1.3.2. Responsabilidade pela deterioração da coisa (prejuízo parcial) – Obrigação de Restituir
- Sem culpa do devedor – Art. 240, primeira parte, CC
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização[...].
-Com culpa do devedor – Art. 240, segunda parte, CC
Art. 240 [...] se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.
Obs. como o caso é de deterioração o comando legal deveria mandar aplicar o art. 236, CC que traz regra equivalente. Diante desse equívoco do legislador, complementando a norma, prevê o enunciado 15 do Conselho da Justiça Federal que “as disposições do art. 236, CC também são aplicáveis à hipótese do art. 240, parte final. 
4. Obrigação de dar
4.1.1.	Espécies de obrigação de dar
Obrigação de dar coisa incerta – Art. 243, CC
Denominada obrigação genérica, a expressão de dar coisa incerta indica que a obrigação tem por objeto uma coisa indeterminada, pelo menos inicialmente, sendo ela apenas indicada pelo gênero e pela quantidade, restando uma indicação posterior quanto à sua qualidade que, em regra, cabe ao devedor. Na verdade, o objeto obrigacional deve ser reputado determinável, nos moldes do art. 104, II, CC.
c.1. Principais Regras
c.1.1. Concentração
O art. 244, CC expressa que nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade a escolha ou concentração cabe ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. 
Obs. A quem pertence a escolha? Se não estipulado em contrato, o devedor que escolhe.
c.1.2. Princípio do meio termo ou da qualidade média
4.2.2. OBRIGAÇÃO DE FAZER – Art. 247 a 249, CC
Trata-se de obrigação positiva, que se concretiza genericamente em um ato do devedor. 
4.2.2.1. Classificação:
a)	Obrigação de Fazer Fungível (impessoal)
É aquela que ainda pode ser cumprida por outra pessoa, à custa do devedor originário, por sua natureza ou previsão no instrumento. 
a.1. Responsabilidade pelo inadimplemento
b)	Obrigação de Fazer infungível (personalíssima) 
Se ficar estipulada que apenas o devedor indicado no título da obrigação possa satisfazê-la, estaremos diante de uma obrigação infungível. O adimplemento não poderá ser realizado por qualquer pessoa, em atenção às qualidades especiais daquele que se contratou. 
b.1. Responsabilidade pelo inadimplemento
Obs. Se o credor for forçado a aceitar o cumprimento por terceiro em razão de urgência/emergência?
4.2.3. OBRIGACÃO DE NÃO-FAZER – Art. 250 e 251, CC
A obrigação de não fazer tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do devedor. 
4.2.3.1. Inadimplemento
Sem culpa do devedor – Art. 250, CC
b. Com culpa do devedor – Art. 251, CCb. Com culpa do devedor – Art. 251, CC
Classificação da obrigação de acordo com seus elementos
a)	Obrigação Simples (obrigação mínima)
Aquela que se apresenta com somente uma prestação, não havendo complexidade objetiva. 
b)	Obrigação Composta (complexa)
Há uma pluralidade de objetos ou prestações.
b.1. Obrigação Compostas Objetivas
I - Obrigação Cumulativa ou Conjuntiva
O sujeito passivo deve cumprir todas as prestações previstas, sob pena de inadimplemento total ou parcial. A inexecução de apenas umas das prestações já caracteriza o descumprimento obrigacional. 
II – Obrigação alternativa ou disjuntiva (Art. 252 a 256, CC). 
Trata-se da obrigação que se apresenta com mais de uma prestação, no entanto apenas uma delas deve ser cumprida pelo devedor. 
6. Classificação de acordo com os sujeitos (elemento subjetivo)
a)	Obrigações divisíveis ou indivisíveis – Art. 257 a 263, CC
Nas obrigações fracionárias, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, de forma que cada um deles responde apenas por parte da dívida ou tem direito apenas a uma proporcionalidade do crédito. 
a.1. Obrigação Divisível é aquela em que a prestação pode ser fracionada sem que perca a sua utilidade, altere sua substância ou diminua consideravelmente seu valor. 
a.2. Obrigação Indivisível é aquela que não pode ser fracionada em razão de sua natureza/utilidade/substância ou valor, disposição contratual ou legal. 
b)	Obrigação Solidária – Art. 267 a 285, CC
Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à divida toda, ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à divida por inteiro. A solidariedade resulta da lei ou da vontade das partes. 
b.1. Obrigação Solidária Ativa – Art. 267 a 274, CC
Entre credores.
Qualquer um dos credores pode cobrar sozinho toda a prestação, seja divisível ou não. 
b)	Obrigação Solidária – Art. 267 a 285, CC
b.2. Obrigação Solidária Passiva – Art. 275 a 285 CC
Entre devedores.
Qualquer um dos devedores pode ser cobrado sozinho dá totalidade da prestação não importando se é divisível ou indivisível. 
7. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
1)	Cessão De Crédito – Art. 286, CC
O credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. 
Cessão de crédito é o negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. 
a)	Características
a.1. Sujeitos
- Cedente Credor
- Cessionário Novo Credor
- Cedido Devedor
a)	Características
a.2. Objeto da Cessão
a.3. Princípio da Gravitação Jurídica/Acessoriedade – Art. 287, CC
Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios, como no caso dos juros, multa das garantias em geral. 
a.4. Eficácia perante o cedido (devedor) – Art. 290, CC
Para que a cessão seja válida, não é necessário que o devedor (cedido) com ela concorde ou dela participe. Mas o art. 290, CC preconiza que a cessão não terá eficácia se o devedor dela não for notificado. 
Obs. Eficácia contra terceiros (Art. 288, CC) Para ter eficácia perante terceiros, é necessária a celebração de um acordo escrito, por meio de instrumento público ou de instrumento particular. 
b)	Classificação quanto às obrigações
b.1. Cessão Onerosa
b.2. Cessão Gratuita
c)	Classificação quanto à responsabilidade
c.1. Cessão pro soluto – Art. 296, CC
É aquela que confere quitação plena e imediata do débito do cedente para com o cessionário exonerando o cedente constituindo a regra geral, não havendo responsabilidade do cedente pela solvência do cedido. 
c)	Classificação quanto à responsabilidade
c.2. Cessão pro solvendo – Art. 297, CC
É aquela em que a transferência do crédito é feito com o intuito de extinguir a obrigação apenas quando o crédito for efetivamente cobrado. Deve estar prevista pelas partes, situação em que o cedente responde perante o cessionário pela solvência do crédito. 
2. CESSÃO DE DÉBITO OU ASSUNÇÃO DE DÍVIDA – Art. 299, CC
É o negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência do credor e de forma expressa ou tácita, transfere a um terceiro a posição de sujeito passivo da relação obrigacional. 
a)	Características
a.1. Consentimento do Cedido
Na cessão de débito ou assunção de dívida exige-se a concordância do credor, para a efetivação do negócio. Esse requisito a distingue, de modo significativo, da cessão de crédito, em que a anuência do devedor é dispensável. 
a.2. Princípio da Gravitação Jurídica
b)	Classificação quanto à forma
b.1. Assunção por expromissão
É a situação em que terceira pessoa assume espontaneamente o débito da outra, sendo que o devedor originário não torna parte nessa operação.
b.2. Assunção por delegação 
hipótese em que o terceiro assume obrigação, independentemente do consentimento do devedor primitivo.
8. ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (TEORIA DO PAGAMENTO)
Pagamento significa, pois, cumprimento ou adimplemento da obrigação. O Código Civil dá o nome de pagamento à realização voluntária da prestação debitória, tanto quando procede do devedor como quando provém de terceiro, interessado ou não na extinção do vínculo obrigacional.
Obs. Natureza jurídica do pagamento
1a Corrente ato jurídico em sentido estrito
O pagamento é um simples comportamento do devedor, sem conteúdo negocial, cujo principal e único efeito, previsto pelo ordenamento jurídico é a extinção da obrigação. 
2a Corrente Negócio Jurídico
3a Corrente Análise do caso concreto
a)	Requisitos de validade do pagamento
a.1. Vínculo Obrigacional
a.2. Cumprimento da prestação devida
a.3. Animus solvendi
a.4. Sujeitos dopagamento
- Sujeito ativo Solvens – Pagador – Quem deve pagar
- Sujeito passivo Accipiens – Recebedor – a quem deve se pagar
b)	Sujeitos do Pagamento
B.1. DO SOLVENS OU QUEM DEVE PAGAR – Art. 304 a 307, CC
I - Devedor Como regra geral, o solvens será o devedor. Porém, outras pessoas também podem pagar, além do próprio sujeito passivo da relação obrigacional. 
II - Terceiro interessado Entende-se a pessoa que, sem integrar o polo passivo da relação obrigacional-base, encontra-se juridicamente adstrita ao pagamento da dívida, a exemplo do fiador que se obriga ao cumprimento da obrigação caso o devedor direto (afiançado) não o faça. 
b)	Sujeitos do Pagamento
B.1. DO SOLVENS OU QUEM DEVE PAGAR – Art. 304 a 307, CC
III - Terceiro não interessado Trata-se de pessoa que não possui qualquer vínculo jurídico com a relação obrigacional principal, por possuir interesse meramente moral. 
Obs. Quando o terceiro não interessado paga a dívida deve ser observado se a quitação foi passada em nome próprio ou em nome do devedor. 
8. ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES (TEORIA DO PAGAMENTO)
b)	Sujeitos do Pagamento
B.2. DO ACCIPIENS OU “A QUEM SE DEVE PAGAR” - Arts. 308 a 312, CC
I – Credor 
Em primeiro plano, o pagamento deve ser feito ao próprio credor (accipiens), sujeito ativo titular do crédito. 
II – Representante 
II. I. Representante Legal – É aquele determinado por lei (pais, tutores e curadores).
II. II. Representante Judicial – É aquele nomeado em razão de um processo (inventariante, administrador da falência). 
II. III. Representante Convencional – Nomeado através de contrato (mandatário). 
III. Credor Putativo/Aparente
É um falso credor que se apresenta aos olhos de quem paga como verdadeiro legítimo credor. 
c)	LUGAR DO PAGAMENTO – Art. 327 a 330, CC
Quesível ou “quérable” – Domicilio do devedor
Portável ou “portable” – Domicilio do credor
Obs. Se forem designados dois ou mais lugares para o pagamento? 
Se o contrato estipular dois ou mais locais para o cumprimento da obrigação a escolha competirá ao credor (parágrafo único, art. 327, CC). 
Obs. Cumprimento da obrigação de forma reiterada
d)	Do Tempo do Pagamento – Art. 331 a 333, CC. 
Em princípio todo pagamento deve ser efetuado no dia do vencimento da dívida. Na falta de ajuste, e não dispondo a lei em sentido contrário, poderá o credor exigir imediatamente (art. 331, CC). 
9. FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO 
a)	Consignação em Pagamento
Se o credor se nega a receber a obrigação ou surge outro fato qualquer obstativo desse pagamento direto, pode o devedor valer da consignação para se ver livre da obrigação assumida. 
- Hipóteses de ocorrência – Art. 335, CC. 
b)	Pagamento com sub-rogação – Art. 346 a 351, CC
Sub-rogação é conceituada como a substituição de uma coisa por outra, com os mesmos ônus e atributos, caso em que se tem a sub-rogação real, ou a substituição de uma pessoa por outra, que terá os mesmos direitos e ações daquela, hipótese em que se configura a sub-rogação pessoal de que trata o CC no capítulo referente ao pagamento com sub-rogação. 
B.1. Tipos:
b.1.1. Lega l- Art. 346, CC. 
b.1.2. Convencional – Art. 347, CC
c)	Imputação ao Pagamento – Art. 352 a 355, CC
É a determinação feita pelo devedor, dentre dois ou mais débitos da mesma natureza, positivos e vencidos, devidos a um só credor, indicativa de qual dessas dívidas quer solver. 
d)	Da dação em pagamento – Art. 356 a 359, CC
O credor consente em receber prestação diversa da que fora inicialmente pactuada. 
d.1. Requisitos:
d.1.1. A existência de uma dívida vencida
d.1.2. O consentimento do credor
d.1.3. A entrega de coisa diversa da devida
d.1.4. Animus Solvendi
e)	Novação – Art. 360 a 367, CC
Dá-se a novação quando, por meio de uma estipulação negocial, as partes criam uma nova obrigação, destinada a substituir e extinguir a obrigação anterior. 
e.1. Requisitos
e.1.1. Existência de uma obrigação antiga
e.1.2. Criação de uma obrigação nova com diferença substancial da anterior 
e.1.3. Animus novandi 
f)	Compensação – Art. 368 a 380, CC
Os titulares são reciprocamente, credores e devedores. 
f.1.Pode ser voluntaria ou legal
I – Voluntaria 
II – Legal
f.2. Requisitos:
- as dividas devem ser liquidas (certas quanto a sua existência e determinadas quanto ao seu valor/objeto). 
- as dívidas devem ser vencidas 
- as dívidas devem ser fungíveis entre si, ou seja, devem ter a mesma natureza. 
f)	Compensação – Art. 368 a 380, CC
Os titulares são reciprocamente, credores e devedores. 
f.1.Pode ser voluntaria ou legal
I – Voluntaria 
II – Legal
f.2. Requisitos:
- as dividas devem ser liquidas (certas quanto a sua existência e determinadas quanto ao seu valor/objeto). 
- as dívidas devem ser vencidas 
- as dívidas devem ser fungíveis entre si, ou seja, devem ter a mesma natureza. 
9. FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO 
g)	Confusão – Art. 381 a 384, CC
Opera-se quando as qualidades de credor e devedor são reunidas em uma mesma pessoa, extinguindo-se, consequentemente, a relação jurídica obrigacional. 
h)	Remissão da dívida – Art. 385 a 388, CC
10. DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
1.	Inadimplemento absoluto – Art. 389, CC
Aquele que impossibilita o credor a receber a prestação devida, seja de maneira total, seja parcialmente, convertendo-se em obrigação de indenizar. 
1.1.	Inadimplemento culposo da obrigação – Art. 389, CC
O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos, nos termos do aludido art. 389. Quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto genericamente no art. 927 do mesmo diploma, diz-se que ela é extracontratual ou aquiliana.
1.	Inadimplemento absoluto – Art. 389, CC
1.2.	Inadimplemento fortuito da obrigação – Art. 393, CC
O descumprimento da obrigação também pode decorrer de fato não imputável ao devedor. 
Fatos da natureza ou fatos de terceiro poderão prejudicar o pagamento, sem a participação do devedor, que estaria diante de um caso fortuito ou de força maior. 
2.	Inadimplemento Relativo das Obrigações – Art. 394, CC
Diz-se que há mora quando a obrigação não foi cumprida no tempo, lugar e forma convencionados ou estabelecidos pela lei, mas ainda poderá sê-lo, com proveito para o credor. Ainda interessa a este receber a prestação, acrescidas de juros, atualização dos valores monetários, cláusula penal, etc. 
2.1.	Mora do Devedor (“solvendi” ou “debendi”)
Configura-se mora do devedor quando se dá o descumprimento ou cumprimento imperfeito da obrigação por parte deste, por causa a ele imputável.
2.	Inadimplemento Relativo das Obrigações – Art. 394, CC
2.1.	Mora do Devedor (“solvendi” ou “debendi”)
2.1.1.	Requisitos da mora do devedor
a)A existência de dívida líquida e certa
Vencimento (exigibilidade) da dívida
Culpa do devedor
2.	Inadimplemento Relativo das Obrigações – Art. 394, CC
2.1.	Mora do Devedor (“solvendi” ou “debendi”)
2.1.2.	Efeitos da Mora
- Responsabilidade civil pelo prejuízo causado ao credor em decorrência do descumprimento culposo da obrigação (art. 395, CC).
O credor pode exigir, além da prestação, juros moratórios, correção monetária, cláusula penal e reparação de qualquer outro prejuízo, que houver sofrido, se não optar por enjeitá-la, no caso de ter-se lhe tornado inútil, reclamando perdas e danos.
2.1.	Mora do Devedor (“solvendi” ou “debendi”)
2.1.2.	Efeitos da Mora
- Na perpetuação da obrigação – Art. 399, CC 
Responde o devedor moroso pela impossibilidade da prestação, ainda que decorrente de caso fortuito ou de força maior. A mora do devedor produz, assim, a inversão do risco. Se o devedor está em mora quando sobrevém a impossibilidade casual da prestação, é seu o risco, ainda que este coubesse em princípio ao credor (este suporta, em princípio, o risco proveniente de a prestação se impossibilitar por caso fortuito ou de força maior).
2.1.	Mora do Devedor (“solvendi” ou “debendi”)
2.1.3.	Classificação da mora do devedor
Mora ex re ou mora automática
Mora ex personaou mora pendente
Mora irregular ou presumida 
2.2.	Mora do Credor (“accipiendi”. “creditoris” ou “credendi)
Configura-se a mora do credor quando ele se recusa a receber o pagamento no tempo e lugar indicados no título constitutivo da obrigação, exigindo-o por forma diferente ou pretendendo que a obrigação se cumpra de modo diverso. Decorre ela, pois, de sua falta de cooperação com o devedor, para que o adimplemento possa ser feito do modo como a lei ou a convenção estabelecer (CC, art. 394)
2.2.1.	Efeitos – Art. 400, CC
a)	Afastar do devedor isento de dolo a responsabilidade pela conservação da coisa.
b)	Obrigar o credor a ressarcir o devedor pelas despesas empregadas na conservação da coisa. 
c)	Sujeitar o credor a receber a coisa pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o tempo do contrato e o do cumprimento da obrigação. 
3.	Purgação da Mora – Art. 401, CC
Purgar ou emendar a mora é neutralizar seus efeitos. Aquele que nela incidiu corrige, sana a sua falta, cumprindo a obrigação já descumprida e ressarcindo os prejuízos causados à outra parte. Mas a purgação só poderá ser feita se a prestação ainda for proveitosa ao credor. Se, em razão do retardamento, tornou-se inútil ao outro contraente (caso de inadimplemento absoluto), ou a consequência legal ou convencional for a resolução, não será possível mais pretender-se a emenda da mora.
4.	Cessão da Mora 
Esta não depende de um comportamento ativo do contratante moroso, destinado a sanar a sua falta ou omissão. Decorre, na realidade, da extinção da obrigação.
5.	DOS JUROS REMUNERATÓRIO E MORATÓRIOS 
Um dos principais efeitos do inadimplemento da obrigação é a incidência de juros a serem suportados pelo devedor. Os juros podem ser conceituados como sendo frutos civis ou rendimentos, devidos pela utilização de capital alheio. (TARTUCE, Flávio, direito civil, v. 4: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 230).
5.	DOS JUROS REMUNERATÓRIO E MORATÓRIOS 
5.1.	Juros Legais e Convencionais
Antes de adentrar na relação entre os juros e o Código Civil, é de se apontar que os juros compensatórios e moratórios podem ser classificados em convencionais e legais. Os juros convencionais são aqueles estabelecidos pelas partes no instrumento negocial, decorrentes da autonomia privada, e que, na opinião deste autor, não podem exceder a taxa de até 24% (vinte e quatro por cento) anuais ou 2% (dois por cento) ao mês. Isso porque não se podem admitir a usura e o enriquecimento sem causa, este último vedado expressamente no art. 884 da codificação privada em vigor (TARTUCE, Flávio. Função…, 2005). (TARTUCE, Flávio, direito civil, v. 4: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 230).
5.2.	Espécies de Juros
Juros compensatórios ou remuneratórios – São aqueles que decorrem de uma utilização consentida do capital alheio, como nos casos de inadimplemento total da obrigação ou de financiamentos em geral. (TARTUCE, Flávio, direito civil, v. 4: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 230).
b) Juros moratórios – Constituem um ressarcimento imputado ao devedor pelo descumprimento parcial da obrigação. Como regra geral, os juros moratórios são devidos desde a constituição em mora e independem da alegação e prova do prejuízo suportado (art. 407 do CC). (TARTUCE, Flávio, direito civil, v. 4: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 230).
6.	Da Cláusula Penal – arts. 408 a 416 do CC
A cláusula penal é conceituada como sendo a penalidade, de natureza civil, imposta pela inexecução parcial ou total de um dever patrimonial assumido. (...)
A cláusula penal é pactuada pelas partes no caso de violação da obrigação, mantendo relação direta com o princípio da autonomia privada, motivo pelo qual é também denominada multa contratual ou pena convencional. Trata-se de uma obrigação acessória que visa a garantir o cumprimento da obrigação principal, bem como fixar, antecipadamente, o valor das perdas e danos em caso de descumprimento. (TARTUCE, Flávio, direito civil, v. 4: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 246).
7.	DAS ARRAS OU SINAL – Art. 417 a 420 do CC
As arras podem ser conceituadas como sendo o sinal, o valor dado em dinheiro ou o bem móvel entregue por uma parte à outra, quando do contrato preliminar, visando a trazer a presunção de celebração do contrato definitivo. As arras são normalmente previstas em compromissos de compra e venda de imóvel. (TARTUCE, Flávio, direito civil, v. 4: Direito das Obrigações e Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 260).

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