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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I PROFESSORA: FERNANDA ABREU ALUNO: FRANCISCO PABLO FERNANDES DE OLIVEIRA DATA: 24/04/2014 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15. Ed. São Paulo, SP: Malhos Medeiros, 2005. p. 437 a 517. A INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO A interpretação das normas jurídicas “Trata-se evidentemente de operação lógica, de caráter técnico mediante a qual se investiga o significado exato de uma norma jurídica, nem sempre clara ou precisa”. (p. 437). “[...] Não há norma jurídica que dispense interpretação”. (p. 437). “A interpretação autêntica é aquela ministrada pelo legislador mesmo”. (p. 438). “É forma rara de interpretação. Alguns juristas, [...], se recusam a admiti-la. Entendem ordinariamente que a lei interpretativa representa uma nova lei, de todo o ponto distinta daquela preexistente, não havendo portanto como falar nesse caso de intepretação”. (p. 439). “A interpretação judiciária ou jurisprudencial procede dos juízes e tribunais [...] que aplicam a norma jurídica aos casos concretos [...]”. (p. 439). “A interpretação doutrinária é aquela que deriva da doutrina, [...] dos que, mediante obras, pareceres, estudos e ensaios jurídicos intentam precisar [..] o conteúdo e os fins da norma ou abri-lhe caminhos de aplicação a situações inéditas ou de todos imprevistas”. (p. 439). “O método de interpretação gramatical [...] supõe uma análise ou averiguação do teor da lei. Está volvida sobretudo para o significado literal das palavras, que se examinam isoladamente ou no contexto da frase, mediante o emprego de meios gramaticais e etimológicos”. (p. 440). “A interpretação lógica é aquela que, [...] investiga-lhe também as condições e os fundamentos de sua origem e elaboração, de modo a determinar a ratio ou mens do legislador. Busca portanto reconstruir o pensamento ou intenção de quem legislou, de modo a alcançar depois a precisa vontade da lei”. (p. 441). “Em rigor não há interpretação analógica, mas um processo de integração por analogia. [...] A teoria da analogia [...] é apenas um método de preenchimento de lacunas”. (p. 443). “[...] em faltando, porém, a norma precisa que regule a espécie contemplada, o intérprete vale-se da disposição contida numa regra legal aplicável a casos semelhantes ou matérias análogas e por essa via opera e confirma a máxima da coesão e unidade lógica do sistema jurídico”. (p. 443). “Ocorre a interpretação declarativa quando na reconstrução do pensamento pelo intérprete coincide a interpretação gramatical com a intepretação lógica”. (p. 444). “Dá-se a interpretação extensiva [...] quando a lei abrange mais casos que aqueles que ela taxativamente contempla [...]”. (p. 444). “Finalmente, temos a interpretação restritiva [...] verificada na hipótese contrária, ou seja, quando se restringe o alcance da norma, de modo que a lei diz mais do que pretendeu o legislador”. (p. 444). Os métodos clássicos de interpretação “É a interpretação lógico-sistemática instrumento poderosíssimo com que averiguar a mudança de significado por que passam velhas normas jurídicas”. (p. 445). “[..] todo ato jurídico [...] no qual se aplique uma norma, será apenas em parte determinado ou regulado por essa norma, ficando a outra parte por determinar-se ou definir-se”. (p. 449). “A necessidade de uma “Interpretação”, [...] deriva justamente do fato de que a norma ou o conjunto de normas a se aplicarem deixam abertas várias possibilidades de aplicação, o que equivale a reconhecer [...] que a norma não contêm nenhuma decisão referente a maior importância valorativa dos interesses em jogo, cabendo dantes ao ato estabelecedor da produção normativa [...] a decisão judiciária [...]”. (p. 450). “[...] “Uma norma pode ter também um conteúdo destituído de sentido. Não haverá nesse caso nenhuma interpretação que lhe possa atribuir sentido. Mediante interpretação, não se pode extrair da norma aquilo que dantes já não se ache contido nela”.” (p. 451). Subjetivistas o objetivistas na teoria da interpretação “As escolas que se construíram com respeita à interpretação das normas jurídicas se reduzirem basicamente a duas posições: a dos subjetivistas e dos objetivistas”. (p. 452). “À posição subjetivista pertence a [...] os juristas que, abraçados primeiro à tradição romana, vieram [...] a sistematizar regras de hermenêutica jurídica. [...] Tratava-se de um agudo esforço por determinar a mens legis, entendida como a vontade oculta do autor da proposição normativa, vontade que ao intérprete incumbiria revelar a vontade oculta do autor da proposição normativa, vontade que ao intérprete incumbiria revelar com fidelidade”. (p. 452). “A tese básica da corrente objetivistas gira, no dizer de Karl Engisch, ao redor da lei, do texto, “da palavra que se fez vontade”. (p. 454). “Entendem os adeptos do método objetivo que “a lei é mais sábia que o legislador” [...]”. (p. 454). Avaliação do métodos de interpretação “[...] Savigny [...] afirmou que os quatro elementos tradicionais [...] não constituíam quatro formas de interpretação entre as quais poderíamos escolher à vontade, “mas diferentes atividades a atuarem conjugadas, se porventura quisermos obter uma interpretação bem-sucedida”. (p. 457). A constituição interpretada “A interpretação da Constituição é parte extremamente importante do Direito Constitucional”. (p. 458). “A interpretação constitucional [...] é sem dúvida aquela que se prende aos ordenamentos estatais dotados de constituição rígida, onde o formalismo da produção jurídica de nível mais alto sempre representou penhor de estabilidade do sistema e das instituições”. (p. 458). “Quanto mais rígida a Constituição, quanto mais dificultosos os obstáculos erguidos a sua forma, mais avulta a importância da interpretação, mais flexíveis e maleáveis devem ser os seus métodos interpretativos”. (p. 458). A “natureza política” das normas constitucionais “[...] a norma constitucional é de natureza política, porquanto rege a estrutura fundamental do Estado, atribui competências aos poderes, dispõe sobre os direitos humanos básicos, fixa o comportamento dos órgãos estatais e serve, enfim, de pauta à ação dos governos, visto que no exercício de suas atribuições não podem eles evidentemente ignorá-la”. (p. 461). “A interpretação constitucional se move pois no plano delicado da dicotomia a que nos temos referido: de um lado, o jurídico, doutro, o político, ambos porém decisivamente importantes, demandando a única solução possível: o equilíbrio desses dois pratos da balança constitucional”. (p. 463). “O fator político é [...] importantíssimo senão fundamental, sobretudo quando se trata de intepretação das normas atributivas de certa discrição constitucional. É ai [...] que os órgãos constitucionais, no exercício de suas competências, devem [...] ajustar-se maiormente ao interesse público, qual este se exprime no sentimento da coletividade”. (p. 463). “De tudo isso de deduz que o Direito Constitucional, sendo o Direito das normas fundamentais, da soberania em seu exercício, de princípios básicos como a liberdade e a igualdade, o Estado de Direito, o Estado democrático e o Estado social, é de natureza primacialmente política [...]”. (p. 464). A interpretação da Constituição na doutrina americana “A atenção do intérprete, em busca da essência e da finalidade da Constituição, deverá portanto recair sobre esta como um todo, tanto quanto sobre suas partes componentes”. (p. 468). “[...] “nenhuma corte de justiça poderá interpretar uma cláusula constitucional em ordema frustrar-lhe os óbvios fins, se do mesmo passo couber outra interpretação que, acorde com o texto e o sentido da Constituição, venha observá-los e protegê- los”.”. (p. 469). “[...] as constituições foram feitas para durar e tolher crises resultantes de negócios humanos”. (p. 471). “[...] na interpretação de um determinado poder não se consentirá coisa alguma que possa invalidar ou prejudicar os seus confessados objetivos”. (p. 473). “Toda a vez que se outorga um poder geral, aí se inclui todo o poder particular necessário a efetivá-lo”. (p. 474). “[...] a regra interpretativa dos poderes implícitos se coloca numa altura de abstração a que dificilmente se levanta qualquer outra técnica jurídica, de quantas engendrou aquela forma de Estado”. (p. 475) O método integrativo ou científico-espiritual de interpretação da Constituição “[...] na Constituição temos uma ordenação jurídica do Estado ou, com mais precisão, um ordenamento em cujo seio transcorre a realidade vivencial do Estado, o seu processo de integração”. (p. 477). “A objeção mais pesada que as reflexões de Smend suscitam com respeito à técnica interpretativa dos formalistas do positivismo é indubitavelmente aquela referente à frieza ou indiferença com que eles, violentando a norma jurídica, costumam aplica-la fora do conjunto no qual cobra seu preciso sentido”. (p. 479). “O intérprete constitucional deve prender-se sempre à realidade da vida [...]”. (p. 479). O método interpretativo de concretização “O método concretista considera a interpretação constitucional uma concretização, admitindo que o intérprete, onde houver obscuridade, determine o conteúdo material da Constituição”. (p. 481). “A “concretização” e a “compreensão” só são possíveis [...] em face de um problema concreto, ao mesmo passo que a determinação de sentido da norma e sua aplicação a um caso concreto constituem um processo unitário [...]”. (p. 481). “Os intérpretes concretistas [...] não consideram a Constituição um sistema hierárquico-axiológico [...]. Ao contrário, rejeitam o emprego da ideia de sistema e unidade da Constituição normativa, aplicando um “procedimento tópico” de interpretação, que busca orientações, pontos de vista ou critérios-chaves, adotados consoante a norma e o problema a ser objeto de concretização”. (p. 482). Crítica aos modernos métodos de interpretação constitucional “Não resta dúvida que interpreta a Constituição normativa é muito mais do que fazer- lhe claro o sentido: é sobretudo atualizá-la”. (p. 483). “[...] a moderna metodologia de interpretação da Constituição ampliou demasiadamente a importância do fator político ao ocupar-se da matéria social, empobrecendo assim a consistência jurídica da Constituição normativa ou conduzindo-a a um estado de crise e carência que se avizinha da desintegração”. (p. 484). “O constitucionalismo contemporâneo sacrifica a juridicidade das Constituições para não raro cair exatamente no extremo oposto de uma valorização exclusiva e unilateralíssima do social, a cujos fins a nova hermenêutica, quando utilizada sem a indispensável cautela crítica, se mostra obsequente e servil”. (p. 486).
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