Buscar

Aula 11

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 117 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 11 
 
Aula 11 
 
Direito de Família 
 
 
�Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →→→ 
DIREITO DE FAMÍLIA. Casamento. Relações de parentesco. Regime de 
bens entre os cônjuges. Usufruto e administração dos bens de filhos 
menores. Alimentos. Bem de família. União estável. Concubinato. Tutela. 
Curatela. 
Subitens →→→ 1) Direito Matrimonial. Casamento: classificação, habilitação, 
requisitos formais, impedimentos, forma e prova. Anulação e efeitos jurídicos. 
Regimes de bens entre os cônjuges. Separação e Divórcio. 2) Direito 
convivencial. União Estável: caracterização, efeitos alimentícios e sucessórios, 
dissolução. 3) Direito Parental. Relação de parentesco. Filiação. Adoção. Poder 
Familiar. Alimentos. Bem de Família. 4) Direito Assistencial. Guarda. Tutela. 
Curatela. Ausência. 
�Legislação a ser consultada →→→ Emenda Constitucional n° 66/2010 
(nova redação do §6°, art. 226, CF/88, que dispõe sobre a dissolubilidade do 
casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de prévia separação judicial 
por mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de dois 
anos). Código Civil: Casamento (arts. 1.511 a 1.590), Relações de Parentesco 
(arts. 1.591 a 1.638), Regime de Bens (arts. 1.639 a 1.688), usufruto e 
administração dos bens dos menores (arts. 1.689 a 1.693), Alimentos (arts. 
1.694 a 1.710), Bem de Família (arts. 1.711 a 1.722), União Estável (arts. 1.723 
a 1.727) e Tutela e Curatela (arts. 1.728 a 1.766). Lei n° 8.069/1990 (ECA), 
com suas alterações. Lei n° 11.441/2007 (possibilita a realização da separação 
consensual e divórcio consensual por via administrativa). 
 
 Índice 
 
Conceito de Direito de Família ........................................................ 03 
Contéudo .................................................................................. 04 
DIREITO MATRIMONIAL ................................................................. 05 
Casamento ................................................................................ 05 
Impedimentos e causas suspensivas ........................................ 11 
Regime de bens ........................................................................ 16 
Término da sociedade conjugal e do casamento ....................... 24 
Sistemas de nulidades .............................................................. 24 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 22 
Separação judicial e divórcio. EC 66/2010 ............................... 30 
DIREITO CONVIVENCIAL ................................................................ 40 
União Estável ............................................................................ 40 
DIREITO PARENTAL ........................................................................ 46 
Espécies de parentesco ............................................................. 49 
Filiação ..................................................................................... 50 
Adoção ...................................................................................... 56 
Poder familiar ........................................................................... 60 
 Alimentos ................................................................................. 63 
Bem de Família ......................................................................... 68 
DIREITO ASSISTENCIAL ................................................................. 68 
Guarda, tutela e curatela .......................................................... 68 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ................................................... 74 
Bibliografia Básica .......................................................................... 80 
EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE/UnB) ...................................... 81 
Meus Amigos e Alunos 
Iniciamos hoje mais uma etapa em nossos estudos. Marchamos para 
a parte final de nosso curso. Recapitulando. Nas primeiras aulas falamos sobre 
a Parte Geral do Código Civil. Passamos pelo Direito das Obrigações e os 
Contratos. Depois o Direito das Coisas. Hoje veremos o Direito de Família. 
Falaremos sobre o Direito Matrimonial, Convivencial, Parental e Assistencial. 
Na próxima e derradeira aula, falaremos sobre o Direito das Sucessões. 
Como esta é a nossa penúltima aula, recebam todos, 
antecipadamente, um grande abraço, como se eu estivesse aí com vocês. 
Desejo tudo de bom para vocês. Muitas ALEGRIAS e SUCESSO nesta 
empreitada que vocês se propuseram. 
Inicialmente, antes de começar esta aula propriamente dita, 
gostaria de dar alguns avisos importantes: o Direito de Família (assim como 
o Direito das Sucessões, que veremos na próxima aula) mudou muito do 
Código Civil anterior para o atual. Muita coisa, mas muita coisa mesmo, 
mudou. Talvez seja o capítulo que mais tenha sofrido alterações. E continua 
sofrendo... como é o caso da adoção e a da emenda do divórcio. Como 
veremos durante a aula, há quem entenda que não existe mais a separação 
(seja judicial, seja extrajudicial). Mas se observarmos, os editais atuais, 
veremos que muitos deles ainda mencionam a expressão “separação 
judicial”. Portanto, neste momento, para fins de concurso, ainda é 
interessante falar na separação. 
Outra coisa. Apesar desta aula ser considerada “leve”, por tratar de 
um tema que sentimos de perto e estarmos diante de casos que vivenciamos 
em nosso dia-a-dia, nunca é demais lembrar que este é um curso preparatório 
para concursos. Assim, não devemos nos perder em detalhes, em episódios 
que podem ocorrer em nossas vidas e em casos particulares, mas que não 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 33 
trazem nenhuma repercussão para a nossa prova. O importante agora é 
conhecer os institutos e suas peculiaridades. 
Finalizando: cuidado ao estudar por algum livro antigo... ou fazer 
algum exercício antigo... muitos estão superados. No entanto esta aula está 
totalmente atualizada, inclusive quanto aos exercícios, que são periodicamente 
revisados. 
Comecemos então... 
DIREITO DE FAMÍLIA: CONCEITO E INTRODUÇÃO. 
Direito de Família é o complexo de normas de ordem pública (que 
são normas impositivas, não podem ser revogadas por uma simples convenção 
entre particulares), que regulam a celebração do casamento, sua validade, 
seus efeitos, relações pessoais e econômicas da sociedade conjugal, união 
estável, dissolução, relação entre pais e filhos, vínculo de parentesco e os 
institutos complementares da tutela, curatela e ausência. 
Para o Estado esta parte do Direito Civil apresenta grande importância, 
pois se conseguirmos organizar bem uma família, consequentemente teremos 
condições de ter uma sociedade também organizada, já que a família é a base 
de uma sociedade. Trata-se, portanto, de direito personalíssimo, sendo 
intransferível, irrenunciável e que não se transmite por herança. 
Até pouco tempo atrás utilizava-se a expressão família. Atualmente é 
preferível usar a expressão “entidade familiar”, que é mais abrangente, 
devendo-se entender como sendo toda e qualquer espécie de união capaz 
de acolher as afeições dos seres humanos. 
A doutrina divide a entidade familiar em: a) explícitas: casamento, 
união estável, família monoparental (formada por um dos pais e os filhos; 
situações dos viúvos, pais/mães solteiros ou divorciados, biológicos ou não, 
etc.); b) implícitas: são aquelas que não possuem previsão 
constitucional/legal, mas que existem na realidadesocial e reclamam idêntica 
proteção das explícitas, como as uniões homoafetivas, famílias recompostas 
(ex.: um casal se une por meio de uma união estável, cada um trazendo filhos 
de relacionamentos anteriores e possuindo também filhos comuns), família 
solidária (membros de núcleos familiares menores se unem para formar uma 
família maior, composta de irmãos, tios e sobrinhos, etc.). 
Só para dar um exemplo, que aprofundaremos mais adiante, o Supremo 
Tribuna Federal, pela ADI 4277, reconheceu a união homoafetiva, formada 
por pessoas do mesmo sexo, aplicando-lhes a regra da união estável. 
��� Seja a lei, seja por decisões judiciais, há uma tendência de expansão 
do que se considera como entidade familiar, posto que isso já ocorre na vida 
prática. Se estiverem presentes os requisitos da afetividade, estabilidade e 
ostensividade, haverá a proteção legal da entidade familiar, tutelando-se os 
efeitos jurídicos pelo Direito de Família (e não mais pelo Direito da 
Obrigações como era feito até pouco tempo atrás). Portanto, a atual 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 44 
Constituição suprimiu a chamada cláusula de exclusão, que apenas admitia a 
constituição de uma família pelo casamento, adotando agora um conceito 
aberto, abrangente e de inclusão, de pluralismo de entidades 
familiares. 
O pensamento atual é de que as formas de constituição de família não é 
taxativa, pois não é a lei que escolhe o modo de se constituir uma família, mas 
sim as próprias pessoas. Existe uma “dinâmica familiar”, ainda que não se 
enquadre especificamente à hipótese de casamento e união estável entre um 
homem e uma mulher como previsto constitucionalmente. Vigora atualmente 
um sistema em que as decisões devem ser tomadas de comum acordo 
entre marido e mulher (ou entre os conviventes). Observem, também, que não 
se usa mais a expressão “pátrio poder”, mas sim poder familiar. E 
principalmente, não se faz mais distinção entre filho matrimonial, não-
matrimonial ou adotivo, conforme veremos adiante de forma mais profunda 
adiante. 
ESTADO DE FAMÍLIA 
 É a posição e a qualidade que uma pessoa ocupa na entidade familiar. 
Características 
• Intransferível: não se transfere por ato jurídico (nem em vida e nem na 
morte). 
• Irrenunciável: o estado depende exclusivamente da posição familiar que 
ocupa, independentemente da vontade da própria pessoa. 
• Imprescritível: por ser personalíssimo, não prescreve. 
• Universal: compreende todas as relações jurídicas que envolvem a 
família. 
• Indivisível: o mesmo estado familiar é ostentado em relações com a 
família e com terceiros (Ex.: uma pessoa solteira é assim considerada 
dentro e fora da família; a pessoa casada também assim é considerada 
tanto para a família, como para a sociedade em geral, etc.). 
• Correlatividade: ou seja, trata-se de um direito recíproco (Ex.: tio e 
sobrinho; avô e neto, etc.). 
Bem, iniciando a aula, vamos fornecer um “esqueleto” do que iremos 
desenvolver durante esta aula. 
CONTEÚDO DA AULA SOBRE DIREITO DE FAMÍLIA 
1) Direito Matrimonial 
2) Direito Convivencial 
3) Direito Parental 
• Filiação 
• Adoção 
• Poder Familiar 
• Alimentos 
• Relações de Parentesco 
 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 55 
4) Direito Assistencial 
• Guarda 
• Tutela 
• Curatela 
• Ausência 
Vamos abordar item por item de todos estes mencionados acima. Comecemos 
pelo Direito Matrimonial. 
 
DIREITO MATRIMONIAL 
 
O casamento é um direito fundamental que está previsto na Declaração 
Universal dos Direito Humanos. Trata-se não apenas da formalização ou 
legalização da união sexual, mas a conjunção de matéria e espírito entre dois 
seres de sexo diferente para atingirem a plenitude do desenvolvimento de sua 
personalidade, através do companheirismo e do amor (cf. Domingos Sávio 
Brandão Lima). Cada cônjuge reconhece e pratica a necessidade de vida em 
comum para ajudar-se mutuamente, suportar o peso da vida, compartilhar o 
mesmo destino e perpetuar sua espécie. 
O art. 226, caput da Constituição Federal afirma que a família, 
base da sociedade, tem especial proteção do Estado. E a própria 
Constituição de 1988 reconhece expressamente três modelos de entidades 
familiares: 
a) Casamento (art. 226, §1° e §2°, CF/88) →→→ conjunto de pessoas unidas 
pelo casamento (cônjuges e filhos). 
b) União estável (art. 226, §3°, CF/88) →→→ trata-se da chamada entidade 
familiar. 
c) Famílias monoparentais (art. 226, §4°, CF/88) →→→ conjunto de 
pessoas formado por um só dos pais e sua prole (descendentes), também 
chamadas de famílias unilineares. 
CASAMENTO 
É a união legal, o vínculo jurídico, entre homem e mulher que visa o 
auxílio mútuo, material e espiritual, criando a família legítima. Trata-se de um 
negócio jurídico gerador de direitos e deveres entre o homem e a mulher como 
veremos adiante. É vinculado a normas de ordem pública e a observância 
das formalidades legais. Trata-se de um ato complexo (depende de celebração 
e inúmeras formalidades que veremos, previstas na lei, como o processo de 
habilitação, publicidade, etc.), intuitu personae, dissolúvel, realizado entre 
pessoas de sexo diferente exigindo a livre manifestação de vontade. É um ato 
privativo do representante do Estado (juiz de casamento), sendo que a falta de 
competência da autoridade celebrante pode ser causa de anulação, conforme 
veremos adiante (art. 1.550, VI, CC). 
O casamento civil no Brasil somente foi criado pelo Decreto n° 181, de 
24 de janeiro de 1.890, isto com o advento da República e separação entre o 
Estado e a Igreja (anteriormente existia apenas o casamento religioso). 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 66 
NATUREZA JURÍDICA 
A doutrina diverge sobre a natureza jurídica do casamento. 
a) Teoria Contratualista: trata-se de um contrato civil, regido pelas normas 
comuns a todos os contratos, aperfeiçoando-se com algumas regras 
específicas, em relação à capacidade das partes (nubentes), impedimentos 
para realização do ato, vícios de consentimento, teoria das nulidades, etc. 
b) Teoria Institucionalista: o casamento é uma instituição social, refletindo 
uma situação jurídica que surge da vontade dos contraentes, mas cujas 
normas, efeitos e forma encontram-se pré-estabelecidos em lei. 
c) Teoria Eclética: autores mais modernos têm unido as duas outras 
correntes afirmando que o casamento é um ato complexo: trata-se de 
contrato específico do direito de família (na formação), mas de 
natureza institucional (uma vez que inicialmente depende da livre 
manifestação dos contraentes, mas que se completa com a celebração, que é 
um ato privativo do representante do Estado, conferindo direitos e deveres 
fixados em lei). 
CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO 
1. Finalidade. Dentre os principais fins do casamento, temos: 
a) Instituição da família matrimonial. 
b) Satisfação do desejo sexual: integração fisiopsíquica. 
c) Legalização das relações sexuais (ligado também ao dever de 
fidelidade) ou do estado de fato. 
d) Procriação (não é essencial), proteção e educação dos filhos. 
e) Prestação de auxílio mútuo. 
f) Estabelecimento de deveres entre os cônjuges. 
2. Direitos e Deveres de ambos os consortes (art. 1.566, CC) 
a) Fidelidade recíproca. 
b) Vida em comum, no domicílio conjugal: lembrando que a coabitação 
pode ser relativa; o que caracteriza o abandono é a intenção de não mais 
retornar ao lar. E não um afastamento temporário por motivode serviço. 
c) Mútua assistência (material, moral e espiritual), respeito e 
consideração. 
d) Proteção da prole: sustento, guarda e educação dos filhos. 
3. Igualdade de Direitos e Deveres. Os direitos e deveres referentes à 
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (art. 
226, 5°, CF). O art. 1.511, CC prevê que: “O casamento estabelece comunhão 
plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”. 
a) ambos podem exercer a direção da sociedade conjugal, fixando o 
domicílio, representando a família, etc. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 77 
b) qualquer um pode adotar, se quiser, o sobrenome do consorte – bem 
como conservar seu nome de solteiro, consignando-se na certidão de 
casamento. 
c) ambos devem proteger o consorte física e moralmente. 
d) ambos devem colaborar nos encargos da família. 
e) ambos podem exercer livremente profissão lucrativa. 
4. Proibições. Nenhum dos cônjuges pode, sem autorização (escrita e 
expressa) do outro, exceto no regime da separação total de bens (art. 1.647, 
CC): 
a) Alienar, hipotecar ou gravar de ônus real os bens imóveis, ou direitos 
reais sobre imóveis alheios – trata-se de falta de legitimação (e não de 
incapacidade); concedida a anuência o cônjuge fica legitimado a praticar 
tais atos. 
b) Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens e direitos. 
c) Prestar fiança ou aval: procura-se evitar o comprometimento dos bens 
do casal. 
d) Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens ou rendimentos 
comuns ou dos que possam integrar futura meação. 
Observação: quando um dos cônjuges nega a outorga sem que haja um justo 
motivo, o Juiz pode suprir esta outorga. O mesmo ocorre quando não for 
possível para um cônjuge conceder a outorga (Ex.: doença). No entanto se um 
cônjuge vender o bem sem a outorga do outro e sem que haja suprimento do 
Juiz, a venda é anulável (prazo para anulação: até dois anos depois de 
terminada a sociedade conjugal). 
5. Princípios do Casamento 
a) Livre união incondicional dos futuros cônjuges. 
b) Monogamia (união exclusiva): só se permite casar validamente uma 
vez; para contrair novo casamento, é necessário dissolver o anterior. 
c) Solenidade do ato nupcial: presença de normas de ordem pública, 
sendo que sua inobservância impede a sua celebração e até mesmo a 
declaração de invalidade. 
Observação: a união estável entre homem e mulher, reconhecida pela 
Constituição como entidade familiar pode ser chamada de família natural 
(art. 226, §3°). Quando formada somente por um dos pais e seus filhos, 
denomina-se família monoparental ou unilinear (art. 226, §4°). 
6. Condições legais. Há duas espécies: de existência do casamento e de sua 
validade. Vejamos: 
a) Existência jurídica do casamento: no Brasil exige-se a diversidade 
de sexos, além da celebração na forma da lei (não há casamento por 
instrumento particular) e do consentimento (não há casamento na 
ausência absoluta de consenso). Havendo transgressões a estas 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 88 
exigências mínimas, o casamento é considerado inexistente; ou seja, 
simplesmente não houve matrimônio algum. 
b) Validade do ato nupcial: exige-se a aptidão física (puberdade, 
potência, sanidade) e intelectual (grau de maturidade e consentimento 
íntegro). Veremos isso com mais detalhes adiante. 
ESPONSAIS (ou promessa de casamento) 
O termo provém de sponsalia (Direito Romano), relativo à promessa que 
o sponsor (promitente – esposo) faz à sponsa (prometida – esposa). Trata-se 
de um compromisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, de 
sexo diferente, para melhor se conhecerem e aquilatar suas afinidades e 
gostos. É o que conhecemos por “noivado”. Não há qualquer obrigação 
legal de se cumprirem os esponsais, até porque é impossível obrigar 
alguém a declarar sua vontade de contrair núpcias, pois o consentimento 
livre é requisito essencial do casamento. No entanto o não cumprimento pode 
acarretar responsabilidade extracontratual, dando lugar a ação de indenização 
por ruptura injustificada. O dano pode ser patrimonial (Ex.: prejuízo com 
gastos do preparo de documentos, cerimônia, festa, viagem de núpcias, etc.) 
ou moral (Ex.: noiva abandonada no altar com declarações ofensivas, obrigada 
a demitir-se do emprego, etc.). Conheço um caso em que a noiva recusou uma 
promoção, que implicaria em mudança de residência para o exterior somente 
porque iria se casar em data próxima. O casamento acabou não se realizando 
por rompimento de seu noivo. A noiva ingressou com ação e ganhou uma boa 
indenização. Além disso, pode haver a obrigação de devolver determinados 
bens (Ex.: presentes de casamento, jóias, cartas, fotografias, etc.). No entanto 
devemos ter em mente que na realidade um casamento deve ter suas bases 
na afetividade, sem qualquer conotação de ganho ou vantagem. 
FORMALIDADES PARA O CASAMENTO 
 O casamento é cercado de um ritual, exigindo diversas formalidades. O 
primeiro passo é requerer a instauração do processo de habilitação no 
Cartório de Registro Civil para constatar a existência ou não de impedimentos 
matrimonias e dar publicidade ao ato. Trata-se de uma atitude preventiva, a 
fim de se evitar que pessoas impedidas se casem. A habilitação será feita 
pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério 
Público. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, 
a habilitação será submetida ao Juiz. 
Os proclamas (edital que comunica ao público em geral a intenção dos 
noivos de contrair núpcias) são afixados nos Cartórios de ambos os nubentes. 
Decorridos 15 dias, o oficial entrega aos nubentes uma certidão de que estão 
habilitados a se casar dentro de 90 dias, sob pena de decadência. Se não 
houver casamento neste prazo, deve-se renovar todo o processo de 
habilitação. Em casos excepcionais pode haver dispensa da publicação (art. 
1.527, parágrafo único, CC). Exemplos: grave enfermidade, parto iminente, 
viagem inadiável, etc. Na verdade é o Juiz quem irá apreciar o “motivo 
urgente”. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 99 
Capacidade para o Casamento: Idade Núbil 
Capacidade nupcial é a aptidão para casar; é a autoridade conferida pela 
lei para quem deseja casar. Fica evidente que a capacidade para o casamento 
não se confunde com a capacidade civil. Dispõe o art. 1.517. CC que tanto o 
homem como a mulher atingem a idade núbil aos 16 anos. Todavia os 
menores púberes (maiores de 16 e menores de 18 anos), para casar, devem 
ser autorizados por seus pais ou representantes legais. Caso os pais não 
consintam com o casamento ou em havendo divergência entre eles, quando a 
razão para a denegação for injusta, poderá a autorização ser suprida pelo Juiz 
(art. 1.631, parágrafo único, CC). Dispõe o art. 1518, CC que até a celebração 
do casamento os pais, tutores e curadores podem revogar a autorização. 
Pergunto: Há alguma exceção à regra da capacidade matrimonial? Uma 
pessoa pode se casar antes dos 16 anos? Sim!! Mas é bom que se diga que são 
hipóteses excepcionais! A regra é que não pode! Vejamos. O art. 1.520, CC 
permite a autorização judicial do casamento do menor que ainda não atingiu 
a idade núbil em caso de gravidez ou para evitar o cumprimento de 
condenação criminal. 
Quanto à hipótese de gravidez, entendo que não há problema algum. 
Tenho certeza que muitos de vocês já ouviram falar de algum caso de uma 
adolescente que se casou antes dos16 anos porque estava grávida. Mas 
quanto à segunda hipótese (evitar cumprimento de pena), há um problema 
técnico. Esse dispositivo estava de acordo com o art. 107 do Código Penal, que 
previa, em seu inciso VII, que nos crimes contra os costumes (ex.: estupro), 
se a ofendida se casasse com o ofensor seria extinta a punibilidade deste. Ou 
seja, o Código Penal previa que se o homem se casasse com a ofendida, “o 
dano estaria reparado” e assim extinguia-se a sua punibilidade. Na prática isto 
significava que o processo criminal seria arquivado sem uma decisão de 
mérito. No entanto a Lei n° 11.106/05 revogou esse dispositivo penal. Não 
existe mais esta forma de extinção de punibilidade. Assim, mesmo que haja o 
casamento da menor (de 16 anos) com o ofensor, não se extingue mais a sua 
punibilidade; ou seja, o processo criminal continua seus trâmites normais. 
Portanto perdeu-se a finalidade do dispositivo no Direito Civil, uma vez que 
não mais existe a hipótese correlata no Direito Penal. 
Casamento Religioso com Efeitos Civis 
A Constituição Federal estatui (art. 226, §§ 1° e 2°) que o casamento é 
civil e gratuita a sua celebração, sendo que o religioso tem efeito civil. Melhor 
explicando. O art. 1.515, CC determina que o casamento religioso, que 
atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, 
equipara-se a este, produzindo efeitos a partir da data da celebração. 
Pode ser feito de dois modos: 
A) Habilitação prévia: os nubentes se apresentam previamente ao oficial do 
registro civil, que fornece aos noivos uma certidão válida por 90 dias para se 
casaram perante o ministro religioso. Após isso devem retornar e registrar o 
casamento religioso realizado. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1100 
B) Habilitação posterior: após o casamento religioso os nubentes 
apresentam prova do ato religioso, além de todos os documentos exigidos no 
art. 1.525, CC, sendo que uma vez inscrito retroagirá seus efeitos à data da 
realização da cerimônia. Neste caso o registro funciona como uma 
convalidação. 
Em qualquer das hipóteses exige-se o processo de habilitação. 
Também é necessário que a cerimônia seja realizada por ministro de confissão 
religiosa oficialmente reconhecida (caso contrário a situação será de apenas 
uma união estável). Na prática isto não é utilizado. Exigem-se tantas 
formalidades para esta conversão, que fica mais fácil casar com as 
formalidades legais. Até porque a lei não dispensa os trâmites cartorários que 
antecedem a cerimônia nupcial; o que pode ser dispensada é a celebração das 
duas cerimônias (civil e religiosa). 
Documentos Necessários para o Casamento 
O requerimento de habilitação do casamento será preenchido de próprio 
punho por ambos os nubentes ou por terceiro (um procurador ou mandatário, 
com poderes específicos para o ato), dirigido ao oficial do Registro Civil, 
devendo ser instruído com os seguintes documentos: 
• Certidão de Nascimento (recente): com ela é que se prova a idade núbil 
(data e local de nascimento), filiação (comprovando parentesco e 
obstando eventuais infrações impeditivas), etc. Trata-se de um 
pressuposto de validade para o ato. 
• Memorial: trata-se da identificação dos nubentes, com declaração do 
estado civil, domicílio e residência atual dos nubentes e dos pais – 
define a competência para o casamento e os locais onde serão 
publicados os editais. 
• Autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem (ambos 
os pais, tutor ou curador) ou suprimento judicial. Neste caso o 
procedimento é o previsto para a jurisdição voluntária (arts. 1.103 e 
seguintes do Código de Processo Civil). O termo jurisdição voluntária 
é usado para indicar quando não há uma disputa entre as partes, porém 
a intervenção do Juiz é necessária, exercendo-se a jurisdição no sentido 
de simples administração (contrapõe-se com a jurisdição contenciosa, 
caracterizada pela disputa entre duas ou mais partes, que pleiteiam 
providências opostas ao Juiz). Na aula 01 (Pessoa Naturais – 
Interdição) fizemos um “quadrinho comparativo”. Na dúvida, releiam. O 
suprimento judicial também é chamado, por alguns autores de 
suplementação da idade núbil. 
• Declaração de duas pessoas maiores (parentes ou estranhos), que 
atestem conhecer os nubentes e afirmem não existir impedimento que 
os iniba de casar (são as testemunhas). 
• Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento 
anterior ou do registro de sentença de divórcio. Evita-se com isso, o 
risco de eventual casamento de pessoas já são casadas. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1111 
IMPEDIMENTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO 
Pode ocorrer que uma pessoa tenha capacidade para o casamento, mas 
seja impedida de se casar. Portanto, os chamados impedimentos 
matrimoniais se diferem da incapacidade matrimonial (art. 1.517 a 1.520, CC), 
que é dirigida à vontade e à idade núbil. Ex.: dois irmãos estão impedidos de 
se casar entre si em razão do laço de parentesco; porém eles têm capacidade 
para contrair núpcias com outra pessoa. Assim, além da capacidade, outros 
requisitos devem ser observados (decorrem da lei) para a validade e 
regularidade do casamento. O Código Civil estabelece duas classes de 
impedimentos ao casamento: 
A) Impedimentos Absolutamente Dirimentes (também chamados de 
impedimentos propriamente ditos ou impedimentos públicos). Eles estão 
previstos nos arts. 1.521 e 1.522, CC. Impedem a realização do 
casamento. Se, por um acaso, o casamento for celebrado nessas 
condições, ele será considerado inválido (casamento nulo: art. 1.548, II, 
CC), não sendo possível a sua ratificação ou convalidação. Os impedimentos 
dizem respeito à pessoa, ou seja, a lei obsta o casamento entre 
determinadas pessoas. 
B) Causas Suspensivas (anteriormente chamados de impedimentos 
impedientes). Estão previstas nos arts. 1.523 e 1.524, CC – Impedem a 
realização do casamento, mas se o casamento porventura ocorrer, o mesmo 
será considerado válido. No entanto os cônjuges sofrerão algumas sanções 
indiretas, como veremos adiante. Na verdade estas hipóteses apenas 
suspendem a capacidade nupcial (daí o nome: causas suspensivas); cessado 
o impedimento, pode haver casamento normalmente. 
 Observação. O atual Código não trata mais dos impedimentos 
relativamente dirimentes, preferindo discipliná-los agora como causas de 
invalidade do casamento, conforme veremos no item “sistema de nulidades 
do casamento”. 
A) IMPEDIMENTOS DIRIMENTES ABSOLUTOS (OU PÚBLICOS) 
Estão previstos taxativamente no art. 1.521, I a VII, CC. São 
circunstâncias de fato ou de direito que proíbem o casamento e acarretam, 
caso desrespeitados, a nulidade do casamento (art. 1.548, caput e inciso II, 
CC). Podem ser classificados em: 
1. Impedimentos em razão de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC) 
a) Consanguinidade 
b) Afinidade 
c) Adoção 
2. Impedimento em razão de Vínculo (art. 1.521, VI, CC) 
3. Impedimento em razão de Crime (art. 1.521, VII, CC) 
Vamos agora analisar cada uma dessas hipóteses. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1122 
1. Impedimentos Resultantes de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC) 
a) Consanguinidade. Estão proibidos de se casar: 
• Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural (Ex.: 
pai com filha, na linha matrimonial ou extramatrimonial) ou civil 
(adoção) – inciso I. Evitam a constituição de relações incestuosas, por 
questões morais e biológicas. Não há limite de graus para a existênciadeste impedimento. Lembrando que parentesco civil é o decorrente de 
adoção. 
• Os irmãos, bilaterais (germanos) ou unilaterais (mesmo pai → 
consanguíneos; mesma mãe → uterinos) e os demais colaterais, até 
o terceiro grau, inclusive. Ainda na aula de hoje (Direito Parental) e 
também na próxima (Direito das Sucessões) veremos o quadro 
completo dos colaterais. Adiantando um pouco a matéria: colaterais 
são parentes que descendentes de um tronco comum, sem 
descenderem uns dos outros. Exemplos: irmãos (segundo grau), tios e 
sobrinhos (terceiro grau), primos (quarto grau), etc. Há certa 
divergência quanto à possibilidade do casamento de colaterais em 
terceiro grau (Ex.: tio e sobrinha ou tia e sobrinho), conhecido como 
casamento avuncular. Alguns autores entendem que o Dec. Lei n° 
3.200/41 e a Lei n° 5.891/73 ainda estão em vigor e que as mesmas 
permitiriam o casamento, desde que precedido de exame médico. Isto 
porque a Lei Geral (Código Civil) não revogou a Lei Especial (Dec. Lei 
n° 3.200/41). Já outros autores entendem que o Código Civil, por ser 
lei mais nova, revogou tais dispositivos (bem mais antigos), impedindo 
tal casamento. Costumo dar a seguinte orientação aos meus alunos: 
para questões objetivas deve-se adotar o disposto no Código Civil, que 
não permite o casamento entre colaterais até terceiro grau, inclusive; 
já para questões dissertativas devemos indicar as duas posições 
doutrinárias. A jurisprudência começa a se inclinar pela possibilidade 
do casamento, desde que precedido do exame médico (laudo 
apresentado por dois médicos de confiança do juízo atestando que o 
ato nupcial não será prejudicial à prole). No entanto os primos podem 
se casar, pois são colaterais de 4° grau, não havendo proibição legal 
alguma em relação a eles. 
b) Afinidade. Estão proibidos de se casar: 
• Os afins em linha reta. A afinidade é o vínculo que se estabelece entre 
um cônjuge ou companheiro e alguns parentes do outro. Uma vez 
estabelecida a afinidade em linha reta (ex.: sogro e nora, sogra e 
genro, padrasto ou madrasta com enteada ou enteado) não se 
extingue nem mesmo pela dissolução do casamento ou união estável 
que a originou. Logo, é proibido o casamento do sogro com a viúva de 
seu filho. Não há limites de graus na linha reta. Na linha colateral não 
há qualquer impedimento, permitindo-se o casamento de uma pessoa 
com seu ex-cunhado. 
c) Adoção. Estão proibidos de se casar: 
• O adotante com adotada – inciso I. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1133 
• O adotante com quem foi o cônjuge do adotado e o adotado com quem 
foi o cônjuge do adotante – inciso III. 
• O adotado com outro filho (natural ou adotado) do adotante (pois 
neste caso eles passariam a ser considerados como irmãos) – inciso V. 
2. Impedimentos em razão de Vínculo (art. 1.521, VI, CC) 
• As pessoas casadas – proibindo, assim a bigamia (ou até a poligamia) 
e prestigiando a monogamia – inciso VI. Não há proibição em se 
tratando de casamento religioso não inscrito no Registro Civil. A 
existência de casamento no exterior, ainda que não registrado no 
Brasil, é motivo para gerar impedimento (jurisprudência STJ – RDR 
24/266). 
3. Impedimento em razão de Crime (art. 1.521, VII, CC) 
• O cônjuge sobrevivente com o condenado como delinquente no 
homicídio ou tentativa de homicídio, contra o seu consorte - inciso VII. 
Trata-se da conivência moral com o crime. Não há necessidade de 
cumplicidade entre o delinquente e o cônjuge sobrevivente. No entanto 
deve haver a condenação criminal. Se houver absolvição ou extinção 
de punibilidade (Ex.: prescrição), não haverá o impedimento. Só há 
impedimento no homicídio doloso, pois no culposo não houve intenção 
de matar um para casar com o outro. 
 O casamento realizado em qualquer das hipóteses acima o 
torna nulo (art. 1.548, CC). 
Os impedimentos matrimoniais podem ser alegados por qualquer pessoa 
maior e capaz, até o momento da celebração do casamento. Deve haver 
declaração escrita com provas do fato alegado (art. 1.523, CC). Se o juiz ou o 
oficial de registro tiver conhecimento da existência de algum impedimento, 
será obrigado a declará-lo. Em qualquer caso, os nubentes podem fazer prova 
contrária e promover ações cíveis e criminais contra o oponente de má-fé (art. 
1.530, parágrafo único, CC). Após o casamento, a alegação deve ser feita por 
meio de ação de nulidade de casamento, a ser promovida por qualquer 
interessado ou pelo Ministério Público. 
B) CAUSAS SUSPENSIVAS (arts. 1.523/1.524, CC) 
Anteriormente também eram usados os termos “impedimentos 
impedientes” ou “impedimentos proibitivos”. Como estes itens não são 
tratados como impedimentos (pois não proíbem de forma definitiva o 
casamento), modernamente usa-se apenas o termo “causas suspensivas”. 
Podemos conceituá-las como sendo as circunstâncias que obstam à realização 
do casamento até que sejam tomadas certas providências, ou até que se 
cumpra determinado prazo, ou que acarretam a imposição do regime de 
separação de bens. A infração a esse dispositivo não desfaz o casamento (não 
é caso de anulação ou nulidade). Apenas, pela irregularidade, sofrem os 
nubentes certas sanções previstas em lei. Esses impedimentos são 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1144 
estabelecidos no interesse dos filhos do casamento anterior; no intuito de se 
evitar a confusão de sangue e/ou do patrimônio dos filhos com o da nova 
sociedade conjugal. São eles (art. 1.523, CC): 
• O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não 
fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros (a não 
ser que prove a inexistência de prejuízo para os herdeiros) - evita 
confusão do patrimônio do bínubo – inciso I. 
Neste caso há dupla sanção: a) imposição de regime de separação 
obrigatória de bens (art. 1.641, I, CC); b) hipoteca legal de seus imóveis em 
favor dos filhos (art. 1.489, II, CC). 
• A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido 
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução 
da sociedade conjugal, salvo se antes de findo esse prazo der à luz 
algum filho ou provar a inexistência de gravidez (costumamos dizer 
em latim: cessante causa, tollitur effectus), sob pena de casar sob 
regime da separação obrigatória de bens – inciso II e parágrafo único. 
Evita dúvida sobre a paternidade de filhos (chamamos de turbatio 
sanguinis - confusão sanguínea). 
• O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a 
partilha dos bens do casal, sob pena de imposição do regime de 
separação de bens – inciso III. Evita a confusão dos patrimônios. A 
sanção é a separação obrigatória de bens, exceto se for provado que 
não houve prejuízo para o outro cônjuge. 
• O tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, 
cunhados, ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, se não 
estiverem saldadas as respectivas contas (inciso IV). Trata-se de 
impedimento destinado a afastar a coação moral que possa ser 
exercida por pessoa que tem ascendência e autoridade sobre o ânimo 
do incapaz, resultando em um casamento por interesse. A sanção é a 
separação obrigatória de bens, exceto se for provado que não houve 
prejuízo para o tutelado ou curatelado. 
 Observações 
01) Como vimos, nas hipóteses previstas nos incisos I, III e IV é permitido aos 
nubentes solicitar ao Juiz que não sejam aplicadas as causas suspensivas, 
desde que provada a inexistência de prejuízo (art. 1.523, parágrafo único, CC), 
ou seja, desde que provada a inexistência ou impossibilidade de confusão 
patrimonial ou de filiação.02) Por interessar exclusivamente à família, as causas suspensivas só poderão 
ser suscitadas pelos (art. 1.524, CC): a) ascendentes e descendentes (em 
linha reta), consanguíneos ou afins; b) colaterais em segundo grau (irmãos ou 
concunhados). 
 
 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1155 
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO 
Celebra-se o casamento perante o juiz de casamentos, com toda a 
publicidade, de portas abertas. Também é valida a celebração realizada 
perante ministro de qualquer confissão religiosa que não contrarie a ordem 
pública ou os bons costumes. Os nubentes, munidos da certidão de habilitação 
devem entrar em contato com a autoridade que presidirá a cerimônia, 
requerendo a designação do dia (qualquer dia, inclusive domingo e feriado), 
hora (dia ou noite) e local da celebração (art. 1.533, CC). A lei exige a 
presença de duas testemunhas que podem ser parentes ou não dos noivos. Se 
for em casa particular ou se um dos nubentes não souber ou não puder 
escrever, o número de testemunhas sobe para quatro (art. 1.534, CC). O 
presidente do ato, ouvindo dos nubentes a afirmação de que pretendem 
casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento nos 
seguintes termos: “De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar 
perante mim de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos 
declaro casados”. Estes termos sacramentais estão previstos no art. 1.535, 
CC. Logo depois do casamento será lavrado o respectivo assento no livro de 
registro. 
É interessante acrescentar que a celebração será imediatamente 
suspensa se um dos contraentes: recusar a solene afirmação de sua vontade; 
declarar que sua manifestação não é livre e espontânea; manifestar-se 
arrependido. Se houver a suspensão não é possível a retratação do 
arrependimento no mesmo dia. Ainda que seja por pura “brincadeira” (de mau 
gosto, diga-se de passagem), suspende-se a celebração para o dia seguinte 
(art. 1.538, CC). 
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO (art. 1.542, CC) 
Embora seja imprescindível a presença real e simultânea dos 
contraentes, o Código Civil permite o casamento por procuração, desde que 
um dos nubentes não possa estar presente. A procuração deve ser por 
instrumento público, com poderes especiais para contrair casamento, 
mencionando o regime de bens. Se ambos não puderem comparecer, 
deverão nomear procuradores diversos. O prazo do mandato não poderá 
exceder a 90 dias. A procuração pode ser revogada a qualquer tempo antes da 
celebração do casamento, mas também será exigido o instrumento público 
para a revogação (princípio da atração das formas – a mesma forma exigida 
para o ato deverá ser usada para a revogação). 
PROVAS DO CASAMENTO 
Prova-se o casamento no Brasil pela sua certidão do registro civil 
(prova direta específica), segundo o art. 1.543, CC. 
Sendo justificada a perda ou a falta de certidão, o casamento é provado 
por qualquer outra espécie de prova lícita. É a chamada posse de estado de 
casados:, que um meio de prova indireto. É indispensável a demonstração da 
impossibilidade de se obter a prova específica pela perda ou falta do registro. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1166 
CASAMENTO NUNCUPATIVO (ou in extremis vitae momentis, ou in articulo 
mortis) 
Nuncupativo (do latim nuncupare, ou seja, dizer de viva voz), ocorre 
quando um dos contraentes nubentes se encontra em iminente risco de vida 
ou à beira da morte (art. 1.540, CC), não estando presente a autoridade 
competente para presidir o ato. Por esse motivo, dispensam-se as 
formalidades legais do ato (processo de habilitação, proclamas e até mesmo 
a presença da autoridade competente, pois os contraentes não a localizaram). 
Basta que os contraentes manifestem o propósito de se casar e, de viva 
voz, recebam um ao outro por marido e mulher. É necessária a presença de 
seis testemunhas sem parentesco (na linha reta e colateral até 2° grau) e 
posterior habilitação e homologação judicial. Após a morte do enfermo devem 
comparecer diante da autoridade judicial competente, declarando por termo 
que foram convocadas pela pessoa que corria perigo de morte, mas estava 
consciente da sua vontade e que os contraentes, de forma livre e espontânea, 
aceitaram o casamento. Se a pessoa convalescer, basta que ratifique o 
casamento na presença da autoridade competente (não é necessário um novo 
casamento). Se não for ratificado o casamento não terá valor algum. 
REGIME PATRIMONIAL DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES 
Um casamento resulta em comunidade de vidas, em uma sociedade 
conjugal. Por ser uma “sociedade” há regras disciplinadoras das relações 
econômicas das pessoas envolvidas. Daí a importância da escolha do regime 
de bens. Seu objetivo é disciplinar o patrimônio dos cônjuges antes e na 
vigência do casamento, de acordo com a sua vontade, mas dentro dos limites 
legais. 
Trata-se do conjunto de normas que regem as relações patrimoniais 
entre marido e mulher na constância do casamento, quer entre marido e 
mulher, quer perante terceiros. Em síntese, é o estatuto patrimonial dos 
cônjuges. Como regra os cônjuges têm liberdade para escolher qual o regime 
de bens vigorará entre eles desde que não desrespeite a lei. Na habilitação de 
casamento, os nubentes podem optar por um dos regimes previstos em lei, 
que começa a vigorar na data da celebração do casamento. 
PRINCÍPIOS 
a) Variedade de Regime de Bens. Tem por objetivo colocar à 
disposição dos interessados regimes de bens, oferecendo quatro espécies de 
regimes: comunhão universal, comunhão parcial (ou regime legal), separação 
e participação final dos aquestos (que substituiu o regime dotal). Lembrando 
que em algumas situações a lei impõe o regime de bens. Portanto faz-se a 
distinção entre separação total de bens convencional e a separação total de 
bens legal. Além disso, os contraentes podem combinar as regras do regimes 
entre si, criando um sistema misto. Analisaremos, logo adiante, cada um 
destes regimes que pode ser adotado pelos cônjuges. 
b) Liberdade dos Pactos Antenupciais. Pacto antenupcial é um 
contrato solene, realizado antes do casamento, por meio do qual os nubentes 
escolhem o regime de bens que vigorará durante o matrimônio. Tem o objetivo 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1177 
de dar aos nubentes a opção de “estipular, quanto a seus bens, o que lhes 
aprouver”, desde que seja antes da celebração do casamento (art. 1.639, CC) 
e não contrarie a lei. Os nubentes podem estipular cláusulas, atinentes às 
relações econômicas, desde que respeitados os princípios da ordem pública; 
devem ser feitos por escritura pública e deve ser seguido ao casamento (art. 
1.653, CC). Resumindo: é nulo o pacto antenupcial se não for feito por 
escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. 
Se os nubentes nada convencionarem ou sendo nula a convenção, 
vigorará o regime da comunhão parcial (regime legal – art. 1.640, CC). Se 
optarem por qualquer outro regime, será obrigatório o pacto antenupcial por 
escritura pública. O pacto só produz efeitos a partir do casamento. Para que 
produza efeitos perante terceiros é necessário o registro no Cartório de 
Registro de Imóveis do domicílio do casal. O pacto antenupcial não admite 
cláusula que desrespeite disposição absoluta de lei (art. 1.655, CC), sendo 
nula eventual disposição que prejudique eventuais direitos conjugais (ex.: 
cláusula que dispense o cônjuge do dever de fidelidade) ou paternos (ex.: 
cláusula que prive um dos cônjugesdo poder familiar). Por tal motivo se 
costuma dizer que o princípio da livre estipulação não é absoluto, admitindo 
algumas restrições. 
Ainda sobre este tema a doutrina afirma que há a possibilidade do 
futuro casal criar o seu próprio regime de bens, híbrido e distinto dos 
regimes disciplinados pelo Código. Assim, nosso sistema faculta que o casal 
gere um regime de bens exclusivo, que pode ser misto e combinado, desde 
que observadas as situações previstas no art. 1.641, CC. 
c) Mutabilidade Justificada do Regime Adotado. Atualmente a lei 
permite a mutabilidade do regime adotado, desde que haja autorização 
judicial, atendendo a pedido motivado de ambos os cônjuges, após apuração 
de procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros 
(art. 1.639, §2°, CC). Portanto, a alteração do regime não pode ser obtida 
unilateralmente, nem em um processo litigioso, promovido por apenas um 
cônjuge. Alguns autores entendem que a exigência de expor os motivos do 
pedido de alteração do regime e comprovar a veracidade das razões estaria em 
desacordo com a lei; seria contra o princípio não-intervencionista, pois trata-se 
de assunto íntimo e privado que somente diz respeito ao casal (ferem as 
garantias constitucionais da personalidade, da intimidade e da privacidade – 
art. 5°, inciso X, CF/88). No entanto trata-se de uma corrente doutrinária (na 
qual me filio), mas que não deve ser aceita em um concurso público. 
Outro problema: pessoas que contraíram núpcias antes do atual Código 
poderão alterar seu regime de bens (o Código anterior não previa tal 
possibilidade) ou esta regra aplica-se apenas aos casamentos contraídos após 
a vigência do atual Código Civil? Há duas correntes doutrinárias sobre o tema. 
No entanto entendo que a tendência é permitir esta prerrogativa em ambas as 
situações, até mesmo em homenagem ao princípio constitucional da igualdade. 
Aguardemos as decisões definitivas sobre o tema em nosso direito vivo. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1188 
 Resumindo os requisitos: a) pedido formulado por ambos os cônjuges; 
b) autorização judicial; c) razões relevantes; d) ressalva dos direitos de 
terceiros. 
Disposições Gerais 
O art. 226, §5° da Constituição Federal consagrou a isonomia entre os 
cônjuges. Atualmente o sustento da família é da responsabilidade da entidade 
conjugal. Os arts 1.642 e 1.643, CC estabelecem quais os atos que podem ser 
praticados livremente pelo marido ou pela mulher, qualquer que seja o regime 
de bens. 
Por outro lado o art. 1.647, CC estabelece quais os atos que o cônjuge 
não pode praticar sem a autorização do outro (salvo na separação absoluta de 
bens). Trata-se de falta de legitimação da pessoa casada para realizar 
determinados negócios: 
• alienar (vender, doar, etc.) ou gravar de ônus real (hipotecar, constituir 
usufruto, etc.) os bens imóveis; 
• pleitear como autor ou réu acerca desses bens ou direitos; 
• prestar fiança ou aval; 
• fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que 
possam integrar futura meação. 
Essa limitação tem o fim de evitar o comprometimento dos bens do 
casal. A autorização do cônjuge pode ser suprida judicialmente quando negada 
sem justo motivo por um dos cônjuges, ou quando for impossível sua 
concessão. A falta de autorização, não suprida pelo Juiz, quando necessária, 
tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear a anulação 
até 02 anos depois de terminada a sociedade conjugal. 
CLASSIFICAÇÃO DOS REGIMES 
Antes de analisarmos as espécies de regimes de bens, vamos fazer uma 
pequena classificação. Os regimes podem ser divididos em: 
1. Regimes Legais: são os impostos pela lei. 
a) Comunhão Parcial de Bens (arts. 1.640 e 1.658 até 1.666, CC): 
fixado diante do silêncio das partes (embora possa ser também 
escolhido pelos cônjuges). 
b) Separação Obrigatória de Bens (arts. 1.641, I a III, 1.667 até 
1.671, CC): fixado pela lei, pois se encaixa em uma situação em que 
não é dada aos contraentes a opção de escolha. 
2. Regimes Convencionais: vigoram por livre escolha dos nubentes, com 
obrigatoriedade do pacto antenupcial. 
a) Comunhão Universal de Bens (arts. 1.667 até 1.671, CC). 
b) Separação Parcial de Bens (arts. 1.640 e 1.658 até 1.666, CC). 
c) Participação Final nos Aquestos (arts. 1.672 a 1.686, CC). 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 1199 
Vejamos agora cada um dos regimes patrimoniais de bens de forma 
pormenorizada. 
A) REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL (LEGAL OU LIMITADA). Arts. 
1.658 a 1.666, CC. 
O regime legal da comunhão parcial de bens é também chamado de 
comunhão de aquestos. Aquestos são os bens adquiridos a título oneroso 
pelos cônjuges na constância do casamento. Este regime é o que vigora no 
silêncio das partes (que não realizaram o pacto antenupcial) ou no caso de 
nulidade do pacto antenupcial (neste caso o regime da comunhão parcial 
também é chamado de supletivo). 
Compreende, em princípio, três patrimônios distintos: um só do 
marido antes do casamento; outro só da mulher antes do casamento e um 
terceiro de ambos, adquiridos a título oneroso durante o casamento. A 
administração destes cabe a qualquer um dos cônjuges (art. 1.663, CC). 
Após o casamento, os bens adquiridos se comunicam entre os cônjuges. 
Também se comunicam as benfeitorias realizadas em bens particulares de 
cada cônjuge. Exemplo: marido tinha uma casa; após o casamento reformou 
esta casa, construindo piscina, garagem, etc. Também se comunicam os frutos 
percebidos na constância do casamento, mesmo que o bem seja particular. 
Exemplo: esposa possui uma casa que está alugada; após o casamento os 
valores dos aluguéis se comunicam entre os cônjuges. Presumem-se 
(presunção relativa, pois permite prova em contrário) que os bens móveis 
foram adquiridos na constância do casamento, se não se provar que o foram 
em data anterior (art. 1.662, CC). 
No entanto, ficam excluídos da comunhão de bens que cada cônjuge 
possuía antes de casar, bem como os que vierem depois, por doação ou 
sucessão (e os sub-rogados em seu lugar). Exemplo: Duas pessoas se casam 
sob o regime da comunhão parcial. Eles nada tinham antes de se casar. Após 
alguns anos, o pai da mulher, muito rico, falece. Os bens que ela receberá pela 
herança (sucessão) serão somente dela, não se comunicando ao marido. Se os 
bens possuídos antes do casamento pertencem a um dos cônjuges, é óbvio 
que não se comunicam os adquiridos com o produto da venda deles 
(chamamos isso de sub-rogação). Também não se comunicam os bens de uso 
pessoal, os instrumentos de profissão e os proventos do trabalho pessoal de 
cada cônjuge. Por outro lado cada consorte responde pelos próprios débitos 
anteriores ao casamento. Exemplo: antes do casamento o marido praticou um 
ato ilícito qualquer. Após isso ele se casa. Na constância do casamento ele é 
condenado a reparar o dano. Ele deve fazer isso com o patrimônio que tinha 
antes do casamento. O patrimônio adquirido pelo casal, em tese, não 
responderá pela dívida. Se um cônjuge ganhar na loteria, apesar de não ter 
sido adquirido a título oneroso (trata-se de um fato eventual), haverá a 
comunicação entre ambos. Da mesma forma, as doações e a herança em favor 
de ambos os cônjuges (Ex.: pai da noiva doa uma casa para ambos). 
Uma última observação, apenas para reforçar o que já ficou 
consignado mais acima. Digamos que uma mulher seja proprietária de um bem 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2200imóvel e se case pelo regime da comunhão parcial. Passados alguns anos ela 
deseja vender este imóvel particular. Indaga-se: ela necessita da outorga 
marital para esta venda? Resposta: embora o bem seja somente dela, ela 
necessitará desta outorga nos termos do art. 1.647, CC que trata sobre as 
disposições gerais dos regimes de bens entre os cônjuges. No entanto se o 
marido não puder ou não quiser fornecer sem um motivo plausível, o juiz pode 
suprir tal outorga, nos termos do art. 1.648, CC. 
B) REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL. Arts. 1.667 a 1.671, CC. 
Neste regime os nubentes podem estipular a comunicação de todos os 
seus bens, presentes ou futuros, adquiridos antes ou depois do casamento, 
ainda que adquiridos em nome de um só deles, bem como as dívidas 
posteriores ao casamento. Em princípio só há um patrimônio. Instaura-se o 
estado de indivisão, passando a ter cada cônjuge o direito à metade ideal do 
patrimônio comum, constituindo uma só massa. Os noivos devem celebrar 
pacto antenupcial para adotar este regime matrimonial. 
 
 
O art. 1.668, CC enumera os bens que ficam excluídos da comunhão, 
mesmo que universal. Exemplo: os bens doados ou legados com cláusula de 
incomunicabilidade, dívidas anteriores ao casamento (exceto aquelas 
contraídas para os preparativos do casamento e os reverteram para ambos 
após o casamento), os bens de uso pessoal, os livros e os instrumentos de 
trabalho, os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, etc. 
C) REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS. Arts. 
1.672/1.686, CC. 
Trata-se de uma nova espécie de regime de bens, estabelecido pelo atual 
Código Civil. É próprio para cônjuges que exercem atividades empresariais 
distintas, para que possam ter maior liberdade de alienação de seus pertences 
dando maior agilidade a seus negócios. Os noivos devem celebrar pacto 
antenupcial. Costuma-se dizer que é um regime híbrido, ou seja, um misto de 
dois regimes: durante a constância do casamento vigoram as regras 
semelhantes ao regime da separação total de bens; dissolvida a sociedade 
conjugal, em tese, vigoram as regras da comunhão parcial. 
Nesse regime há formação de massa de bens particulares incomunicáveis 
durante o casamento, mas que se tornam comuns quando da dissolução do 
matrimônio. 
Há dois patrimônios: 
a) Inicial – Trata-se do conjunto de bens que cada cônjuge possuía 
antes de se casar e os que foram por ele adquiridos, a qualquer título, durante 
o casamento. A administração dos bens é exclusiva de cada cônjuge, podendo 
aliená-los livremente se forem móveis (art. 1.673, parágrafo único, CC). Em se 
tratando de bens imóveis um não poderá sem a autorização do outro realizar 
os atos previstos no art. 1.647, CC (alienar, hipotecar, prestar fiança, etc.). No 
 Antes da partilha não se fala em meação, mas de parte ideal. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2211 
entanto, no pacto antenupcial pode-se convencionar a livre disposição 
também dos bens imóveis, desde que particulares (art. 1.656, CC). 
Observem que na constância do casamento há apenas uma expectativa de 
eventual e futuro direito à meação. 
b) Final – Com a dissolução da sociedade conjugal apura-se o montante 
dos aquestos (já vimos que aquestos são os bens adquiridos a título oneroso 
pelos cônjuges na constância do casamento), excluindo-se da soma o 
patrimônio próprio (Ex.: bens anteriores ao casamento e os sub-rogados em 
seu lugar, obtidos por herança, legado ou doação, etc.), efetuando-se a 
partilha e conferindo a cada consorte, metade dos bens amealhados pelo casal. 
Se os bens forem adquiridos pelo trabalho conjunto, cada um dos cônjuges 
terá direito a uma quota igual no condomínio. Acrescente-se que neste regime, 
se houver o evento “morte”, o cônjuge sobrevivente, além da meação terá 
direito à herança. Este tema será analisado com maior profundidade na 
próxima aula. O direito à meação não é renunciável, cessível ou penhorável na 
vigência do regime matrimonial (art 1.682, CC). 
Participação final nos Aquestos X Comunhão Parcial 
Na comunhão parcial comunicam-se todos os bens adquiridos 
onerosamente durante o casamento. Na participação, em princípio, não há 
comunicação dos bens durante o casamento (salvo se forem advindos do 
trabalho comum). Isso só ocorre após a dissolução da sociedade conjugal. 
D) REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS. Arts. 1.687/1.688, CC. 
Por esse regime cada consorte conserva, com exclusividade, o domínio, 
posse e administração de seus bens, presentes e futuros, havendo 
incomunicabilidade dos mesmos, não só dos que cada um possuía ao se casar, 
mas também dos que vierem a adquirir na constância do casamento. Não se 
comunicam, outrossim, os débitos anteriores ou posteriores ao casamento. 
Existem dois patrimônios distintos: o do marido e o da mulher. 
Qualquer um dos cônjuges tem patrimônio próprio e pode, sem 
autorização do outro, livremente administrar, alienar ou gravar seus bens, 
sejam eles móveis ou imóveis. Além disso, pode pleitear como autor ou réu 
acerca de bens e direitos imobiliários, prestar fiança ou aval e fazer doações. 
Trata-se de uma liberdade inerente ao próprio estilo de vida em comum, sem a 
ligação patrimonial, não havendo sentido permanecer a necessidade de 
autorização do outro cônjuge para atos que não seriam de sua competência. 
No entanto os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal, 
salvo disposição diversa em pacto antenupcial, onde podem estabelecer a 
quota de cada um. Podem até mesmo estabelecer a dispensa de um deles nas 
despesas do casal e fixar regras sobre a administração dos bens. 
Espécies 
a) Convencional – é aquele que os nubentes adotam, por convenção 
antenupcial; podem estipular a comunicabilidade de alguns bens, normas 
sobre a administração, colaboração da mulher, etc. Pode ser dividido em: 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2222 
• Pura ou Absoluta – incomunicabilidade de todos os bens adquiridos 
antes e depois do matrimônio, inclusive frutos e rendimentos. 
• Limitada ou Relativa – incomunicabilidade dos bens, mas 
comunicam os frutos e rendimentos futuros. 
b) Legal (ou obrigatório) – é aquele que a lei impõe, por razões de 
ordem pública ou como sanção, não havendo a comunhão de aquestos (art. 
1.641, CC). Por ser imposto pela lei não há necessidade de pacto antenupcial. 
São suas hipóteses: 
• Pessoa que contraiu casamento com inobservância das causas de 
suspensão (art. 1.523, CC). 
• Pessoa (ambos os sexos) maior de 70 anos (redação dada pela 
Lei no 12.344/10). Particularmente acho uma “bobagem” este 
dispositivo. Trata-se de uma evidente capitis diminutio (esta 
expressão é traduzido como “diminuição de autoridade”, 
geralmente humilhante ou vexatória) imposta pelo Estado. O 
dispositivo, em tese, visa impedir o famoso “golpe do baú”, ou 
seja, obstar o casamento realizado exclusivamente por interesses 
econômicos (Ex.: pessoa maior de 70 anos se casa com jovem de 
30 anos). E daí? Por que o Estado quer se intrometer nesta 
situação? As duas pessoas são maiores, capazes, e têm maturidade 
suficiente para entender o que estão fazendo. Entendo que se trata 
de uma norma restritiva de direitos, ferindo a Constituição em 
relação à dignidade da pessoa humana, intimidade e igualdade, 
presumindo, indevida e indistintamente, a incapacidade das 
pessoas maiores de 70 anos. No entanto, se cair algo na prova, 
coloquem como está na lei. No entanto há uma mitigação na regra: 
se o casamento foi realizado após uma união estável de mais de 
dez anos consecutivos ou da qual tenham nascido filhos, não se 
aplica esta regra. 
• Aqueleque depender de suprimento judicial para casar. Mesmo 
havendo a autorização do Juiz, a lei determina que o casamento 
deva ser com separação de bens. 
 Observação: A jurisprudência tem admitido a comunicação dos bens 
adquiridos na constância do casamento pelo esforço comum do casal, 
comprovada a existência da sociedade de fato. Além disso, temos a Súmula 
377 do Supremo Tribunal Federal – “No regime da separação legal de bens, 
comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”. Atualmente esta 
Súmula tem prevalecido apenas em relação aos bens adquiridos pelo esforço 
comum dos cônjuges, na separação legal de bens. No entanto, em relação ao 
regime da separação total convencional de bens este regime continua 
intocado, pois ele foi escolhido de forma voluntária pelos nubentes, sendo de 
seu interesse (e não imposto pelo Estado). 
A Súmula, aparentemente estranha, foi editada para corrigir uma 
injustiça. Exemplo clássico: Digamos que uma jovem de 15 anos, com pouco 
ou nenhum recurso financeiro tenha engravidado. O Juiz permitiu o 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2233 
casamento, mas com a ressalva da separação legal de bens. Passados muitos 
anos o casal, com esforço comum, passou a adquirir vários bens. Mas, como 
geralmente acontecia na ocasião, os bens eram colocados somente no nome 
do marido (lembrem-se antigamente o divórcio não existia e que até antes da 
edição do atual Código, o homem era o “chefe da sociedade conjugal”). 
Chegando ao fim da vida a mulher está pobre, sem bem algum em seu nome; 
enquanto isso o marido está “rico”, pois todos os bens foram colocados em seu 
nome. Se houvesse divórcio, tudo ficaria com o marido (o casamento era por 
separação total e tudo em seu nome). Assim, por vezes a mulher se submetia 
a caprichos do marido, pela total dependência econômica. Com a Súmula, 
passou-se a entender que mesmo no regime de separação legal de bens 
haveria a comunicação dos bens adquiridos na constância do casamento. 
Portanto até hoje a doutrina entende que no caso de separação legal (ou 
obrigatória) de bens aplica-se o regime da comunhão parcial. Assim, 
comprovada a conjunção de esforços para a aquisição de bens, estes devem 
ser partilhados quando da dissolução do casamento. 
Outra indagação: é possível a alteração do regime de bens no caso de 
pessoas casadas sob o regime de separação legal de bens? Não há uma 
resposta definitiva. Há quem entenda que é proibido. Pessoalmente entendo 
que em algumas situações é possível. Ex.: pessoa se casou com autorização 
judicial, pois ainda não tinha a chamada “idade núbil”. Passada esta idade, 
qual a justificativa de impedir os cônjuges de alterar o regime de bens, 
anteriormente imposto pela lei. Entendo que neste caso não haveria problema. 
Obs: Havendo a morte de um dos cônjuges, não haverá meação entre 
eles. No entanto, se o regime for de separação convencional o cônjuge será 
considerado herdeiro. Veremos esse tema melhor na próxima aula (Direito das 
Sucessões). 
DOAÇÕES ANTENUPCIAIS 
Nossa lei admite as doações recíprocas, ou de um ao outro nubente, ou 
mesmo por terceiro, feitas por pacto antenupcial, mediante escritura pública, 
desde que não excedam à metade dos bens do doador, exceto nos casos de 
separação obrigatória (arts. 546 e 1.668, IV, CC). A eficácia das doações 
antenupciais subordina-se à realização de evento futuro e incerto (condição 
suspensiva – casamento). 
No entanto não pode haver doações entre cônjuges se: o regime for o da 
separação obrigatória, o regime for o da comunhão universal (os bens já 
integram o patrimônio comum) ou se a doação ferir a legítima dos herdeiros 
necessários. 
 Observação: atualmente, em face da igualdade entre homem e mulher, 
não se fala mais em bens reservados da mulher que seriam os adquiridos 
exclusivamente com o produto de seu trabalho. Eles eram excluídos da 
comunhão, independentemente do regime de bens adotado. O atual Código 
não se refere mais a esses bens. 
 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2244 
 
 • Comunhão Parcial 
 
 • Comunhão Universal 
 
REGIME 1) Convencional 
 a) Plena (total) 
DE BENS • Separação b) Limitada (parcial) 
 
 2) Legal 
 
 • Participação Final nos Aquestos 
 
TÉRMINO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DO CASAMENTO 
Observem, inicialmente, que há uma diferença sutil entre sociedade 
conjugal e casamento. 
Sociedade Conjugal é um instituto menor que o casamento, apontando 
apenas o regime patrimonial de bens e os frutos civis do trabalho; é o 
complexo de direitos e deveres dos cônjuges. As causas terminativas da 
sociedade conjugal são (art. 1.571, CC): 
• Morte (real ou presumida – art. 1.571, §1°, parte final, CC – na 
dúvida, revejam aula sobre Pessoas) de um dos cônjuges. 
• Nulidade ou Anulação do casamento. 
• Separação Judicial (este instituto se tornou polêmico, após a 
edição da EC n° 66/2010, conforme veremos adiante). 
• Divórcio. 
Já o Casamento (ou vínculo matrimonial) é um instituto mais amplo que 
a sociedade conjugal, regulando a vida dos consortes, suas relações e 
obrigações recíprocas (materiais e morais) e os deveres para com a família e a 
prole. Sua dissolução apenas se dá com: 
• Morte (real ou presumida) de um dos cônjuges. 
• Nulidade ou Anulação do casamento. 
• Divórcio. 
CUIDADO!! Às vezes o examinador pode fazer perguntas parecidas. Vejam 
como é sutil: a) Como se dissolve um casamento? Resposta: Pela nulidade ou 
anulabilidade, morte ou divórcio! b) Como se dissolve um casamento válido? 
Resposta: Pela morte e pelo divórcio! Ora, se o casamento é válido, não 
poderia ser dissolvido por eventual nulidade ou anulabilidade! 
SISTEMA DE NULIDADES DO CASAMENTO 
O casamento realizado com observância dos requisitos legais gera os 
efeitos previstos na lei, que geralmente também são os desejados pelos 
contraentes. Porém, é possível que o casamento possua algum vício de maior 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2255 
ou menor gravidade, capaz de gerar a nulidade absoluta do matrimônio, ou 
possibilitar a declaração de sua anulabilidade. 
Como já vimos, são três os elementos indispensáveis para a 
existência do casamento: 
 Diversidade de sexos (um homem e uma mulher). 
 Consentimento de ambos os nubentes (art. 1.538, CC). 
 Celebração por autoridade competente. 
Ausente um desses elementos o casamento não existe juridicamente 
(casamento inexististe), não resultando efeitos. Segundo a doutrina, nestes 
casos, o casamento sequer é nulo, pois não chegou a existir. Se o fato alegado 
depender de provas, será necessário um processo judicial para declarar o 
casamento inexistente. 
Por outro lado temos as invalidades matrimoniais. O termo 
“invalidade” abrange a nulidade e a anulabilidade do casamento. O casamento 
existe. Mas pode ser considerado nulo ou anulável, dependendo da hipótese. 
Veremos melhor mais abaixo que quando um casamento se realiza com 
infração de impedimento imposto pela ordem pública, em virtude de sua 
ameaça à estrutura da sociedade ou pelo fato de ferir os princípios básicos em 
que ela se assenta, o casamento será nulo. Já em outros casos a infração se 
revela mais branda e não atenta contra a ordem pública, e neste caso o 
legislador apenas disponibiliza aos interessados, a possibilidade de anulação 
do matrimônio. 
Assim, verificamos que o sistema de nulidades adotado no direito 
familiar, embora não adote na íntegra os princípios e critérios do 
regimede nulidades dos negócios jurídicos, também distingue os atos em 
nulos ou anuláveis. A declaração de nulidade do casamento torna-o sem 
validade desde o instante de sua celebração, tendo, portanto, o efeito ex tunc, 
não produzindo os efeitos civis do matrimônio perante os contraentes (salvo 
nos casos de boa-fé dos nubentes). Já a declaração de anulação do matrimônio 
tem efeito ex nunc, ou seja, mesmo anulado produz efeitos até a data da 
declaração da anulação, salvo algumas exceções previstas. Vejamos. 
São peculiaridades de uma invalidade do casamento: 
a) O casamento só será nulo se houver previsão legal expressa 
determinando a nulidade. 
b) A nulidade só pode ser reconhecida por meio de ação própria, julgada por 
Juiz de Direito. Neste caso não se exige mais a presença do curador do 
vínculo; por se tratar de ação de estado a revelia não induz presunção de 
veracidade; não há mais o reexame necessário da sentença que anula o 
casamento. 
c) O casamento, mesmo considerado nulo, em algumas circunstâncias pode 
gerar efeitos (ao contrário do que acontece com os atos jurídicos em geral 
em que o ato nulo não gera qualquer efeito). Exemplos: reconhecimento dos 
filhos advindos do casamento, independentemente de boa ou má-fé dos 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2266 
pais; retorno dos bens que se haviam comunicado pelo casamento ao antigo 
proprietário (especialmente na comunhão universal de bens); devolução das 
doações propter nuptias (em razão do casamento), etc. 
O casamento possui normas próprias em relação às nulidades, 
diferenciando-se quanto a elas, dos demais negócios jurídicos. Desta forma, 
como já dissemos, não se pode aplicar ao casamento o regramento total das 
invalidades em geral do negócio jurídico. Não podemos tratar o casamento 
como sendo um mero contrato de locação ou de compra e venda. Mesmo para 
aqueles que o consideram como um contrato, reconhecem o aspecto 
institucional do matrimônio, uma vez que é celebrado por um representante do 
Estado e gera efeitos determinados pela lei (ao contrário de um contrato, cujos 
efeitos são os desejados pelas partes). Vejamos, resumidamente, os principais 
motivos para não se tratar o casamento exatamente como um negócio jurídico 
comum: 
a) ainda que o casamento seja nulo, pode acarretar efeitos (ex.: filiação). 
b) a nulidade absoluta não pode ser declarada de ofício pelo juiz. 
c) permite-se que, além dos interessados, também que terceiros promovam 
a ação de anulação do casamento. 
Vejamos agora os defeitos que um casamento pode ter e quais são os 
seus efeitos: 
A) CASAMENTO NULO (ou nulidade absoluta) → decorre de vício essencial. 
Embora costumamos dizer que um ato nulo não gera efeito algum, o mesmo 
não se pode dizer do casamento. Assim, mesmo um casamento nulo pode 
gerar efeitos, tais como: comprovação de filiação, manutenção do 
impedimento por afinidade, alimentos provisionais, enquanto se aguarda a 
decisão judicial, etc. 
A ação de nulidade pode ser promovida por qualquer interessado ou pelo 
Ministério Público (art. 1549, CC). O casamento nulo não pode ser ratificado 
(isso porque não se pode ratificar um ato nulo). A ação para o reconhecimento 
de nulidade absoluta de um casamento é imprescritível. A sentença que 
reconhece a nulidade absoluta tem cunho declaratório e seus efeitos 
retroagem à data da celebração (ex tunc), resguardados os direitos de 
terceiros de boa-fé. Finalmente, mesmo declarado nulo, é causa suspensiva 
para que a mulher contraia novo casamento nos 300 dias subsequentes ao 
término da coabitação (art. 1.523, II, CC). 
É nulo o casamento contraído (art. 1.548, CC): 
 Pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da 
vida civil (ainda não tenha sofrido processo de interdição). 
 Por infração de impedimento absolutamente dirimente: art. 
1.521, I a VII, CC, já analisados. Ex.: ascendentes com descendentes, 
irmãos entre si, sogro e nora, pessoas que já são casadas, etc. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2277 
B) CASAMENTO ANULÁVEL (ou nulidade relativa) → decorre de vícios que 
podem determinar a ineficácia do ato, mas que poderão ser eliminados, 
restabelecendo a sua normalidade. Também pode ser convalidado caso a 
anulação não seja requerida dentro do prazo previsto em lei. O casamento 
anulado produz efeitos ex nunc (ou seja, os efeitos não retroagem), não 
apagando os efeitos já produzidos. Possuem legitimidade para propor ação de 
anulação: o próprio menor, no prazo decadencial de 180 dias contados a 
partir do momento em que perfez a idade; seus representantes legais ou seus 
ascendentes, no mesmo prazo, contado da celebração do casamento. 
É anulável o casamento (art. 1.550, CC): 
 De quem não completou a idade mínima para o casamento (16 
anos para homens e mulheres: idade núbil). Vamos supor que uma 
adolescente com 15 anos se casou com um rapaz de 17 anos. É lógico 
que na prática eu nunca vi isto acontecer, pois os cartórios são 
minuciosos quanto à idade. Mas em um concurso tudo pode cair. 
Devemos tomar muito cuidado com esta hipótese. Lembrem-se que os 
atos em geral praticados pelo menor de 16 anos são considerados 
nulos. Mas se um menor de 15 conseguiu se casar seu casamento é 
anulável. E mais: depois de completar os 16 anos o menor poderá 
confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes 
legais ou suprimento judicial. Se for requerida a anulação do 
casamento o prazo decadencial para tanto é de 180 dias contados: a) 
da data do casamento para os ascendentes e representantes legais; b) 
da data em que completou os 16 anos para o menor. É interessante 
acrescentar que por defeito de idade não se anulará o casamento de 
que resultou gravidez, mesmo que a criança não venha a nascer (art. 
1.551, CC). Vamos supor que no exemplo acima os menores se 
casaram, pois a jovem estava grávida. Neste caso, apesar do vício, não 
poderá ser requerida a anulação do casamento. Lembrem-se também: 
os menores de 16 anos poderão casar, dependendo de autorização 
judicial, quando resultar de gravidez ou para evitar imposição ou 
cumprimento de pena criminal para o outro consorte, maior de idade 
(neste caso, como já salientamos, para alguns autores, esta hipótese 
está eliminada, tendo-se em vista a alteração havida no Código Penal). 
Na hipótese de suprimento judicial, ordena-se o regime da separação 
obrigatória (ou legal) de bens. 
 Do menor em idade núbil (de 16 a 18 anos), quando não 
autorizado por seu representante legal. Nesta hipótese, os jovens 
já são maiores de 16 anos (diferente da situação anterior, pois pelo 
menos um dos cônjuges sequer tinha 16 anos). Porém o casamento não 
foi autorizado por seus representantes legais. No entanto, se o 
representante do menor presenciou a celebração do casamento, ou se 
manifestou de outro modo sua aprovação, não poderá requerer a 
anulação. O prazo decadencial de 180 dias é contado: a) para o menor, 
da data em que completou 18 anos; b) para os representantes legais 
da data do casamento; c) para os seus herdeiros da data da morte. 
DIREITO CIVIL: ANALISTA JUDICIÁRIO – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
 Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 2288 
 Por vício de vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558, CC: 
Erro Essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (arts. 1.556 e 1.557, 
CC). Dois são os requisitos para se alegar o erro essencial: a) defeito 
ignorado pelo outro cônjuge e já existente antes do casamento; b) a 
descoberta posterior tornou insuportável a vida em comum para o 
cônjuge enganado. Exemplos:

Outros materiais