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UNIVERSIDADE SALVADOR LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO JACQUELINE MENESES DE OLIVEIRA A TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADES-MEIO EM RELAÇÃO AO CONCURSO PÚBLICO À LUZ DO GASTO PÚBLICO: O CASO DO IFBA Salvador 2013 JACQUELINE MENESES DE OLIVEIRA A TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADES-MEIO EM RELAÇÃO AO CONCURSO PÚBLICO À LUZ DO GASTO PÚBLICO: O CASO DO IFBA Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da UNIFACS Universidade Salvador, Laureate Internacional Universities – LIU, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Orientador: Lindomar Pinto da Silva, D.Sc. Salvador 2013 FICHA CATALOGRÁFICA (Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Salvador - UNIFACS) Oliveira, Jacqueline Meneses de A terceirização de atividades-meio em relação ao concurso público à luz do gasto público: o caso do IFBA/ Jacqueline Meneses de Oliveira. - 2013. 1118 f. :il Dissertação (mestrado) – UNIFACS Universidade Salvador, Laureate Internacional Universities – LIU . Mestrado Acadêmico em Administração, 2013. Orientador: Prof. Dr. Lindomar Pinto da Silva. 1. Administração pública - Terceirização. 2. Reforma Administrativa . 3. Serviço Público . I. Silva, Lindomar Pinto da, orient. II. Título. CDD: 658.406 JACQUELINE MENESES DE OLIVEIRA A TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADES-MEIO EM RELAÇÃO AO CONCURSO PÚBLICO À LUZ DO GASTO PÚBLICO: O CASO DO IFBA Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração, UNIFACS Universidade Salvador, Laureate Internacional Universities – LIU, pela seguinte banca examinadora: Lindomar Pinto da Silva - Orientador _____________________________________________ Doutor em Administração pela Universidade de Federal da Bahia - UFBA UNIFACS Universidade Salvador, Laureate Internacional Universities – LIU Augusto de Oliveira Monteiro __________________________________________________ Doutor em Administração pela Universidade de Federal da Bahia - UFBA UNIFACS Universidade Salvador, Laureate Internacional Universities – LIU Carlos Alex de Cantuária Cypriano ______________________________________________ Doutor em Administração pela Universidade de Federal da Bahia - UFBA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA Salvador, 24 de setembro 2013 . Ao meu marido, que foi muito paciente durante todo meu trajeto de estudo. Ao meu querido e amado filho David Bruno pela paciência durante minhas ausências. À minha mãe, Maria Perpétua, que sempre me apoiou nesta luta, me dando força e incentivando-me em todos os momentos de cansaço e desânimo, assim como todos os meus irmãos e sobrinhos. AGRADECIMENTOS A DEUS, pela graça alcançada com a realização deste trabalho de dissertação, iluminando meus caminhos e minhas palavras durante essa árdua tarefa. Aos Professores do Curso de Mestrado Acadêmico em Administração, Professores Augusto de Oliveira Monteiro, Eder Paschoal Pinto, Elvia Mirian Cavalcanti Fadul, Francisco Uchoa Passos, Jader Cristino de Souza Silva, Jair Nascimento Santos, Laumar Neves de Souza, Lindomar Pinto da Silva, Sérgio Hage Fialho e Vanessa Brasil C. Rodriguez que colaboraram de alguma forma para o engrandecimento deste trabalho. E em especial aos professores Augusto de Oliveira Monteiro, Elvia Mirian Cavalcanti Fadul pela disponibilidade em participarem da Banca de Mestrado, com excelentes contribuições e ao Prof. Lindomar Pinto da Silva meu orientador, pela compreensão, apreço, confiança, orientação no decorrer da realização deste trabalho. Ao IFBA, na pessoa de Profª Aurina Oliveira Santana, pela autorização da realização das pesquisas, bem como pelo incentivo à qualificação profissional dos servidores do IFBA. Ao Profº. Renato da Anunciação Filho pela permissão da realização das pesquisas, além de participar e contribuir sempre com dedicação para o engrandecimento da minha pesquisa de mestrado. À Profª Elenise, pela generosidade e grande ajuda durante a elaboração da minha dissertação, trazendo novos conhecimentos, bem como repartindo suas experiências da sua dissertação de mestrado e tese de doutorado. Ao Profº Anilson Roberto Cerqueira Gomes pela contribuição na colaboração de informações acerca da estrutura física do IFBA. Aos meus colegas do Curso, em particular Margarida Angélica pelo auxílio, tolerância, paciência quando precisava esclarecer algumas dúvidas e pela troca de experiência. Aos colegas do IFBA, Nyomisio Lisboa, Gilmar, Vera Mendes, Edmilson, Maria das Neves, Paulo André, Péricles, Fábio Fonteles, Silvana, Cristiana, Antônio Carlos, Rafael, Ana Carine, Aline, Patrícia, Arlene e colaboradores pela contribuição na busca pelas informações, além da compreensão durante a elaboração da dissertação. Aos Procuradores Federais, Dra. Rozelle e Dr. Caio pela contribuição nas pesquisas e respostas aos esclarecimentos necessários para realização do trabalho de pesquisa. RESUMO Neste trabalho procura-se contextualizar o instituto da terceirização, a partir de suas características, dos impactos decorrentes das possíveis ações trabalhistas para a Administração Pública. Apresentou-se a importância científica, tendo como objetivo geral, o de analisar o processo de terceirização das atividades meio no IFBA entre os anos de 2008 a 2012 com intuito de identificar a vantagem para Administração Pública Federal em contraponto à implementação de novos concursos públicos a eficiência no gasto público e como objetivos específicos, o de construir um panorama do instituto da Terceirização na Administração Pública, delineando os conceitos, características precípuas, fundamento legal, vedações, riscos do vínculo empregatício, subordinação e pessoalidade, identificar, descrever e analisar a operacionalizaçãodo instituto da terceirização no IFBA, analisando o impacto operacional e financeiro dessa contratação no IFBA e elaborar estudo quantitativo dos valores pagos às empresas contratadas com recurso de custeio em comparação com aos valores efetivamente pagos aos servidores públicos. A pesquisa, predominantemente qualitativa, foi pautada no amplo levantamento bibliográfico, documental, e na pesquisa de campo a respeito do tema e das análises realizadas nos processos de terceirização e de ações trabalhistas decorrentes dessas contratações na Reitoria do IFBA e seus campi . A metodologia utilizada foi a pesquisa documental e 02 modelos diferentes de questionários aplicados aos gestores e terceirizados e 01 entrevista aplicada aos procuradores federais, sendo uma semi-estruturada com 02 Procuradores Federais, 17 gestores do IFBA e 12 terceirizados ocupantes de cargos auxiliares, como recepcionista, vigilantes, auxiliar de serviços gerais, telefonista. Na pesquisa documental foram analisados processos licitatórios de prestação de serviços continuados, informações orçamentárias retiradas de sistemas informatizados. Os resultados revelaram que na visão dos procuradores não há entrave no âmbito jurídico, decorrente da falta de norma regulamentadora que discipline o processo de terceirização na administração pública. Segundo a Procuradora Federal Chefe – IFBA, Dra. Rozelle Rocha Silva concordou com o posicionamento do STF, acerca do da necessidade de fiscalização do poder público. Há uma clara percepção dos gestores que em linhas gerais a terceirização é vantajosa para a administração pública por patrocinar a possibilidade de concentrar esforços essenciais da organização em atividades importantes para o papel da organização. Entretanto, eles percebem que o custo não é a única vantagem e nem o único motivo pelo qual a terceirização é praticada no IFBA. Enquanto que na visão dos terceirizados, este modelo de contratação de serviços precisa ser melhorada e fortalecida no aspecto legal, econômico e de gestão. No entanto, os resultados da pesquisa demonstraram que a terceirização é vantajosa para a administração pública tanto nos aspectos econômicos quanto produtivos, cabendo, aprimorar este instituto com a implementação de leis federais mais eficazes e fiscalização dos contratos administrativos por parte dos gestores públicos. Palavras-chave : Terceirização. Reforma Administrativa. Serviço Público. Eficiência. Concurso Público. ABSTRACT This work aims to contextualize the outsourcing institution from its characteristics, from the impacts resulting of possible labor lawsuits to the Public Administration. It has been presented the scientific importance, having as a general goal, the outsourcing process analysis of the support activities at the Federal Institute of Education at IFBA between the years 2008 and 2012, in order to identify the advantages to the Federal Public Administration as opposed to the implementation of new bidding processes aiming the efficiency of the public spending. As specific goals, this work aims to build a complete picture of the Outsourcing institution at the Public Administration, profiling the concepts, essential characteristics, legal basis, prohibitions, risks of the employment relationship, hierarchy and nature; identify, describe and analyze the outsourcing institution operationalization at IFBA and compile a quantitative study of the payables to the contracted companies with funding resources in comparison to the amounts effectively paid to public employees. The research, mainly qualitative, has been based on an ample literature review, documental, field research on the theme and analysis carried out in the outsourcing processes and labor lawsuits which resulted of those contracting actions at the Dean's Office of IFBA and its campi . The chosen methodology was the documental research and 02 different models of surveys applied to managers and outsourced parties and 01 interview applied to federal attorneys, being one semi-structured with 02 Federal Attorneys, 17 with IFBA managers and 12 with outsourced parties holding auxiliary positions, such as: receptionist, security guards, janitors, attendant etc. In the documental research, it has been analyzed the bidding processes of continued rendered services, budgetary information taken from computerized systems. The results revealed that in the view of attorneys there is no obstacle in the judicial sphere, resulting from the lack of a regulatory standard which disciplines the outsourcing process at the public administration. Additionally, according to the Federal Chief Attorney - IFBA, Dr. Rozelle Rocha Silva agreed with the position of the STF, about the need for monitoring of government. There is a clear perception from the managers that in general thought the outsourcing is leveragable to the public administration by granting the possibility of concentrating essential efforts of the organization in important activities to the role of the organization itself. Nevertheless, they realize that the cost is neither the only advantage nor the only motive by which the outsourcing is practiced at IFBA. While in the view of the outsourced employees, that contracting model of services needs to be improved and strengthened on the legal, economic and managing aspects. Yet, the results of the research have demonstrated that the outsourcing adds value to the public administration both in the economic aspect and the productive one. And improve that institution with the implementation of more effective federal laws and inspection of administrative contracts by public managers. Keywords : Outsourcing. Administrative Reform. Public Service. Efficiency. Bidding. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Vantagem no processo de terceirização na Administração Federal Figura 2 - A terceirização é vista como forma de reduzir custos na administração Figura 3 - Vedação do vínculo empregatício entre os empregados terceirizados Figura 4 - Fiscalização do contrato de terceirização Figura 5 - Fiscalização dos direitos dos trabalhadores terceirizados Figura 6 - Obrigações trabalhistas ou suas condições de habilitação Figura 7 - Responsabilidade subsidiária pelos encargos sociais inadimplidos Figura 8 - Eficiência do gasto público a terceirização Figura 9 - A terceirização possui regulamentação legal no Brasil. Figura 10 - Repercussões da terceirização na Administração Pública Federal Figura 11 - Os limites constitucionais da terceirização na Administração Pública Federal Figura 12 - O papel da Procuradoria Federal no enfretamento da terceirização Figura 13 - Principais entraves da terceirização de serviços públicos, no âmbito jurídico Figura 14 - Vantagemda terceirização quanto aos gastos públicos e às ações trabalhistas Figura 15 - Mensurar o gasto público nas ações trabalhistas decorrente da terceirização Figura 16 - Produtividade imposta aos trabalhadores terceirizados Figura 17 - Poder de negociação sindical dos trabalhadores terceirizados Figura 18 - Implantação de leis federais mais eficazes no processo de terceirização Figura 19 - Os salários pagos efetivamente aos trabalhadores são adequados Figura 20 - O trabalho decorrente da terceirização é dito como precário Figura 21 - A terceirização é prejudicial aos interesses dos trabalhadores LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Comparativo recursos utilizados com servidores ocupantes de cargos e xtintos e terceirizados ......................................................................................................................... LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AGU Advocacia Geral da União CEFET-BA Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia CGU Controladoria Geral da União DASP Departamento de Administração do Serviço Público ETFBA Escola Técnica Federal da Bahia IFBA Instituto Federal da Bahia LRF Lei de Responsabilidade Fiscal MARE Ministério da Administração e Reforma do Estado MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão PF Procuradoria Federal SAF Secretaria da Administração Federal SLTI Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação SOF Secretaria de Orçamento Federal SIAPE Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos STF Supremo Tribunal Federal TCU Tribunal de Contas da União TST Tribunal Superior do Trabalho SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA 1.2 FORMULAÇÃO DA PROBLEMÁTICA 1.3 OBJETIVO GERAL 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 REFORMA DO ESTADO 2.2 TERCEIRIZAÇÃO 2.2.1 Fundamentação Legal do Instituto da Terceirização 2.2.2 Vantagens e Desvantagens da Terceirização 2.2.3 Terceirização Ilícita 2.2.4 Riscos do vínculo empregatício 2.2.5 Responsabilidade Subsidiária da Administração Pública 2.2.6 Princípios Constitucionais e as boas práticas de gestão dos contratos de prestação de serviços via terceirização 2.2.7 Terceirização – princípios 2.3 O CONCURSO PÚBLICO E OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE 2.4 DIMENSÕES 2.4.1 Qualidade do Serviço 2.4.2 Eficiência 2.4.3 Produtividade 3 MODELO DE ANÁLISE 4 METODOLOGIA 4.1 OS SUJEITOS PARTICIPANTES DA PESQUISA 4.2 O LOCAL A SER PESQUISADO 4.3 OS INSTRUMENTOS DA PESQUISA 4.4 O TRATAMENTO DOS DADOS 4.4.1 Fonte de Dados 4.4.2 Coleta dos Dados/Informações 5 ESTUDO DE CASO: A TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADES-MEIO EM RELAÇÃO AO CONCURSO PÚBLICO À LUZ DO GASTO PÚBLICO: O CASO DO IFBA 5.1 O IFBA 5.1.1 História do IFBA 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 RESULTADOS DAS ANÁLISES DOS DADOS E INFORMAÇÕES 6.1.1 Percepção dos gestores 6.1.2 Percepção dos Procuradores 6.1.3 Percepção dos trabalhadores terceirizados 6.2 QUADRO COMPARATIVO RECURSOS UTILIZADOS COM SERVIDORES OCUPANTES DE CARGOS E XTINTOS E TERCEIRIZADOS 7 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS APÊNDICE A - Entrevista Semiestruturada com os Procuradores – Formulário de Pesquisa APÊNDICE B - Entrevista Semiestruturada com os Gestores APÊNDICE C - Entrevista Semiestruturada com os Trabalhadores (Terceirizados) APÊNDICE D - Quadros dos Servidores Ocupantes de Cargos Extintos APÊNDICE E - Quadro de Despesas Empenhadas com a Prestação de Serviços Terceirzados APÊNDICE F - Termo de Autorização Institucional ANEXO A - Especificação dos Cargos Efetivos de Técnicos- Administrativos em Educação Extintos no Âmbito das Instituições Federais de Ensino ANEXO B - Definições dos Termos Utilizados na Instrução Normativa ANEXO C - Complemento dos Serviços de Limpeza e Conservação – Modelo para Cálculo da Produtividade em Serviços Terceirizados 1 introdução Na gestão pública, tanto na esfera Estadual quanto na Federal, a ocupação das funções ocorre por meio de servidores enquadrados em um Plano de Carreira. As atribuições são especificadas de acordo com o enquadramento na carreira, observando os pré-requisitos necessários à execução das tarefas definidos por Edital Público. As atividades que não estão ligadas ao quadro efetivo da Carreira, são executadas por empresas de prestação de serviços contratadas por meio de Licitação Pública, surgindo assim a chamada terceirização de serviços. O presente trabalho é um estudo de caso no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, uma Instituição de Ensino com um modelo de gestão pública pautado em Leis, Decretos e Planos de Carreiras do Governo Federal e uma atuação de mais de 100 anos de atendimento ao público, promovendo uma ação que se tornou de destaque na Educação em função da sua qualidade. Neste trabalho procura-se contextualizar o instituto da terceirização, analisando suas características, os impactos decorrentes das possíveis ações trabalhistas para a Administração Pública. Serão apresentados a importância científica, objetivos gerais e específicos da pesquisa, demonstrando a base legal para realização da contratação via terceirização, além da análise dos dados coletados do estudo caso. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA Este trabalho aborda a temática do processo de terceirização na Administração Pública Federal, em particular no Instituto Federal da Bahia – IFBA. Para Amorim (2009), a terceirização é caracterizada pela transferência a terceiras empresas de etapas ou atividades inerentes ao processo produtivo. É uma manifestação do complexo movimento contemporâneo de reengenharia produtiva difusamente denominada de pós-fordismo, que se alastrou pelo mundo capitalista a partir da década de 1970 na esteira de uma radical transformação no modelo de acumulação econômica. O termo “terceirização” surgiu no âmbito da Administração de Empresas e posteriormente foi aceito e adotado pelos tribunais brasileiros como sendo a contratação de terceiros para exercer atividades que não constituam o objeto principal de uma empresa. O fenômeno teria surgido nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, no setor privado, comouma necessidade de atender à grande demanda por material bélico (SEKIDO, 2010, p.10). A terceirização é caracterizada pela transferência, a terceiras empresas de atividades da área-meio. A essência desse processo de transferência é a interface organizacional entre a contratante e o terceirizado durante todas as atividades de terceirização. Em 1989, a terceirização passou a ser conhecida como contratação de serviços de terceiros e tinha dois principais motivos, a racionalização dos custos e a reestruturação produtiva, passando os gestores a se preocuparem melhor com a sua atividade-fim da instituição. A terceirização tinha como principio básico, desobrigar a instituição de executar atividades não finalísticas, retomando seu papel de legislar, regular, julgar, fiscalizar melhor, definir políticas e fomentar, tonando a instituição mais ágil para desempenhar suas funções, atender melhor a sociedade e transferir as atividades consideradas auxiliares para serem executadas pelo setor privado, que em muitos casos, detém condições adequadas para investir melhor em recursos materiais e humanos, objetivando resultados eficazes. Em função da insuficiência de leis disciplinando o assunto, surgiu, então, a necessidade de unificar entendimentos sobre a matéria. O Tribunal Superior do Trabalho - TST editou o Enunciado nº 256/1986, o qual sofreu revisão em 1993, por meio do Enunciado nº 331. Este por força da Resolução nº 129/2005-TST passou a se denominar Súmula nº 331. A Súmula encontra-se em vigor até hoje, sendo motivo de discussão entre os juristas e doutrinadores e por esse motivo será abordada mais adiante neste trabalho (SEKIDO, 2010, p.10). A Administração Pública se relaciona com o assunto através de algumas regras dispostas no Decreto-Lei nº 200, datado de 25.07.1967, que estabeleceu a reforma administrativa, definindo a execução das atividades da Administração Federal que deverá ser descentralizada, focando suas ações na atividade-fim da Administração Pública. O art.10 do Decreto-Lei nº 200/67 dispõe que a descentralização será disciplinada em três grandes planos. A princípio, foi idealizada como uma maneira de redução de custos e aumento da qualidade dos serviços a serem prestados, com o objetivo de obter mão de obra por baixo custo e com isso as organizações públicas poderiam focar nas suas atividades, fim reduzindo o custo operacional. No entanto a terceirização na Administração Pública foi implementada com mais ênfase na década de 1990, a partir da aprovação do Plano Diretor da Reforma do Estado, em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso - FHC, que tinha como política de pessoal a criação de novas carreiras de nível superior, extinguindo-se os cargos de nível médio e nível intermediário, não autorizando, assim, a abertura de novos concursos públicos para esses cargos e viabilizando a contratação desses serviços via terceirização, podendo ser analisada pelas legislações abaixo: 1. Lei nº 9.632, datada de 07.05.1998, que dispõe acerca da extinção de cargos no âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional, sendo extintos em torno de 10 mil cargos públicos; 2. Decreto nº 4.547, datado de 27.12.2002, que dispõe acerca da extinção de cargos efetivos no âmbito da Administração Pública Federal. No ano de 2000, dois fatores vieram a interferir no processo de contratação de serviços, via terceirização, na Administração Pública: o primeiro foi o Enunciado nº 331, do Tribunal Superior do Trabalho – TST, que alterou o Enunciado nº 256, que versava sobre contrato de prestação de serviços e o segundo foi a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000). O Tribunal Superior do Trabalho – TST vem buscando normatizar a matéria, como forma de evitar a terceirização irregular e o problema da responsabilidade subsidiária da Administração Pública. A questão é tratada no inciso II do Enunciado nº 331 do TST, conforme descrito abaixo: II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). ( Revisão do Enunciado nº 256 - TST ) A Administração, para ter uma terceirização considerada lícita, terá que definir a atividade-meio e fim conforme sua missão institucional, pois, dessa forma, só poderá contratar para atividade-meio, caso o cargo tenha sido extinto ou esteja em extinção. A IN SLTI/MP nº 02/2008 estabeleceu: Terceirização ilícita- é aquela em que a Administração contrata os serviços para a área fim e para os cargos constantes do quadro geral de pessoal, sendo questionado pelos Órgãos de controle, devendo ainda ser observado o artigo 9º da IN 02/SLTI/MP/2008, com suas alterações. Art. 9 º É vedada a contratação de atividades que: I - sejam inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade, assim definidas no seu plano de cargos e salários, salvo expressa disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbito do quadro geral de pessoal; II - constituam a missão institucional do órgão ou entidade; e III - impliquem limitação do exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público, exercício do poder de polícia, ou manifestação da vontade do Estado pela emanação de atos administrativos, tais como: a) aplicação de multas ou outras sanções administrativas; b) a concessão de autorizações, licenças, certidões ou declarações; c) atos de inscrição, registro ou certificação; e d) atos de decisão ou homologação em processos administrativos. No período de 2003 a 2010, verificou-se que o Governo Federal em contraponto à política do Governo Federal no período de 1994 a 2002 foi marcado pela abertura de novos concursos públicos em consonância com as recomendações dos órgãos de controle, reduzindo dessa forma novas contratações via terceirização, respeitando os limites estabelecidos em seus arts. 18.19 e 20 da Lei Complementar nº 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF). Entretanto, mesmo com a política implantada no governo do Presidente Luiz Inácio da Silva que priorizava a abertura de novos concursos públicos, a terceirização no Brasil, em nenhum momento buscou suprir a falta de servidores públicos, mas, manter a máquina estatal funcionando de forma eficiente para atender as demandas da sociedade. Esse modelo de contratação iniciou-se com o processo licitatório, atualmente na Administração Pública Federal, podendo ser feita preferencialmente, através da modalidade eletrônica ampliando a competição e oportunizando outras empresasnacionais a participarem do certame. O que se contrata é serviço e não postos de trabalho, evitando a ideia de subordinação dos trabalhadores da tomadora dos serviços com os servidores públicos, descaracterizando o vínculo empregatício dos prestadores de serviços com a Administração Pública. Esse instituto não é um instrumento para burlar a abertura de concurso público, pois as atividades que são descentralizadas são da área-meio. A Administração Pública não pode direcionar a contratação de pessoas, tão pouco permitir o desvio de função dos trabalhadores da contratada. Para que isso não ocorra a Administração Pública baixa portaria com atribuições aos gestores de contratos, além dos fiscais, evitando, desse modo, práticas abusivas por parte da contratante frente aos empregados da contratada e avaliar se as condições de trabalho dos terceirizados são adequadas e em conformidade com a legislação. O que se precisa evitar é a ingerência por parte desse mesmo gestor, conforme determina o art. 10º da Instrução Normativa nº 02 de 30.04.2008, da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que disciplina a contratação de serviços, continuados ou não, por órgãos ou entidades integrantes da Administração Pública Federal. Vale salientar que a Administração contrata serviços, e não mão de obra, devendo apenas gerenciar o contrato, observando o fiel cumprimento das cláusulas previstas em contrato dispostas no edital, condições de habilitação e qualificação exigidas durante toda a vigência do contrato administrativo, conforme previsão legal. 1.2 FORMULAÇÃO DA PROBLEMÁTICA Em decorrência da implementação do instituto da terceirização de serviços públicos, busca-se avaliar se o processo de terceirização das atividades meio no IFBA traz ganhos concretos para a Administração Pública em comparação à implementação do concurso público considerando a eficiência no gasto público. Portanto, é importante avaliar se é mais vantajoso terceirizar o serviço ou executá-lo com pessoal do próprio quadro, levando em consideração as possíveis ações trabalhistas, frutos de ingerências por parte de servidores em descumprimentos às legislações vigentes que regem o tema, fazendo onerar ainda mais o custo final do contrato administrativo de terceirização de serviços, e também os princípios constitucionais da eficiência e da economicidade, insculpidos nos arts. 37, caput, e 7, caput, da Constituição Federal de 1988. Procura-se verificar se o processo de terceirização das atividades-meio no Instituto Federal da Bahia (IFBA) se tem mostrado profícuo, se o gasto público tem aumentado e se realmente é vantajosa economicamente, tendo como parâmetro a eficiência no gasto público e a eficácia no serviço efetivamente prestado. Diante do exposto, formula-se a seguinte pergunta da pesquisa: O processo de terceirização das atividades-meio no IFBA traz ganhos concretos para a Administração Pública em contraponto à implementação do concurso público considerando a eficiência no gasto público? 1.3 OBJETIVO GERAL O objetivo deste trabalho é analisar o processo de terceirização das atividades meio no IFBA entre os anos de 2008 a 2012 com intuito de identificar a vantagem para Administração Pública Federal. 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Construir um panorama do instituto da Terceirização na Administração Pública, delineando os conceitos, características precípuas, fundamento legal, vedações, riscos do vínculo empregatício, subordinação e pessoalidade; b) Identificar, descrever e analisar a operacionalização do instituto da terceirização no IFBA, analisando o impacto operacional e financeiro dessa contratação no IFBA; c) Elaborar estudo quantitativo dos valores pagos às empresas contratadas com recursos públicos em comparação com aos valores efetivamente pagos aos servidores públicos. O estudo limitar-se-á avaliar a contratação via terceirização versus contratação de pessoal através de concurso público sob os aspectos econômico e produtivo. Buscou-se analisar as questões relativas aos valores pagos às empresas contratadas através de processo licitatório contrastando com os valores pagos efetivamente aos servidores do quadro de pessoal de cargo em extinção, analisando o grau de economicidade de uma contração versus a outra. Espera-se que os dados levantados por esta dissertação contribuam com os gestores públicos e a sociedade para que entendam o instituto da terceirização, além de orientar na busca de melhorias desse processo, com foco na eficiência do gasto público e prestar o melhor serviço à sociedade brasileira. Compreender a terceirização, suas vantagens e desvantagens fornecem subsídios aos gestores para conduzir de maneira eficiente e correta esse processo de contratação via terceirização, dentro dos limites legais, tanto para a administração pública, a empresa contratada, bem como aos terceirizados, além dos servidores, pois utilizarão o conhecimento apreendido da melhor maneira possível. Almeja-se que este trabalho seja um instrumento para auxiliar os gestores a realizarem as modificações necessárias utilizando como parâmetro os dados obtidos, os conceitos apresentados e comportamentos recomendados pela Administração Pública, viabilizando a análise e revisão dos processos administrativos firmados com o particular com vistas a uma maior eficiência e eficácia do gasto público. 2 REFERENCIAL TEÓRICO No Brasil, conforme Queiroz (1998), a terceirização surgiu na década de 50, com a indústria automobilística, que ao contratar a prestação de serviços de terceiros para produção de componentes automotivos, minimizavam o tempo na montagem dos veículos. No caso da Administração Pública, as empresas que tem por atividade a prestação de serviços de limpeza e conservação, não é algo tão novo, essa contratação vem sendo implementada desde a década de 60, com os Decretos-leis nºs 1.212 e 1.216, de 1966, que permitiram que instituições bancárias terceirizassem serviços de segurança. O Decreto-Lei nº 200 de 25/02/1967 em seu art. 10: Art. 10 [...] § 7º - Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão e controle , e com o objeto de impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a administração procurará desobrigar-se da realização material de tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenharos encargos de execução. Este decreto suscitou o instituto da terceirização, mas somente com a aprovação do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado em 1995, pelo ex Presidente Fernando Henrique Cardoso é que se pode concretizar a sua implementação, através da extinção de alguns cargos de nível médio e intermediário, sem a contrapartida de autorização para realização de concurso público, sendo adotada a contratação de serviços via terceirização para manter a máquina em pleno funcionamento. A crise do Estado teve início nos anos 70, mas só nos anos 80 se tornou evidente e atingiu em cheio o modelo econômico então vigente. Em primeiro lugar, como uma crise fiscal, caracterizada pela crescente perda do crédito por parte do Estado e pela poupança pública que se torna negativa; em segundo pelo esgotamento da estratégia estatizante de intervenção do Estado, a qual se reveste de várias formas: o Estado do bem-estar social nos países desenvolvidos, a estratégia de substituição de importações no terceiro mundo, e o estatismo nos países comunistas; e em terceiro pela superação da forma de administrar o Estado, isto é, a superação da administração pública burocrática. (BRESSER, 1997). Como cediço, a descentralização da prestação de serviços públicos via terceirização ao setor privado tem como pressuposto que este setor possui maiores condições para investir em capital e custeio do que propriamente o setor público; este último, com esta decisão estratégica, visa colocar a disposição da população serviços públicos de excelência. 2.1 REFORMA DO ESTADO Desde os anos 70 e 80, observa-se que o debate acerca do papel que o Estado deve exercer na vida das pessoas tem se mostrado relevante, pois a sociedade vinha cobrando gradativamente com eficiência tal atribuição. No Brasil, o assunto foi amplamente analisado e com isso resultou no projeto de reforma do Estado, com intuito de modernizar a máquina pública, passando o Estado a executar atividades-fim, transferindo ao particular, em alguns casos, atividades-meio de forma descentralizada. A reforma administrativa teve como objetivos, facilitar o ajuste fiscal, tornar mais eficiente e moderna a máquina pública, voltando-a para o atendimento dos cidadãos e a busca por resultados. Como forma de implantar propriamente dita essa reforma, adotou-se um modelo gerencialista, em substituição a uma cultura burocrática de controles de processos de Weber (2004), buscando a implantação de mecanismos de mercado na gestão pública, voltados à busca de resultados, eficácia e eficiência nos processos . No Brasil, a crise do Estado se tornou clara a partir da segunda metade dos anos 80, embora estivesse presente desde os anos 70. Suas manifestações mais evidentes são a própria crise fiscal e o esgotamento da estratégia de substituição de importações, que se inserem num contexto mais amplo de superação das formas de intervenção econômica e social do Estado. (BRESSER, 1995, p.11). A reforma do Estado é um projeto amplo, pois engloba várias áreas governamentais, que dizem respeito às varias áreas do governo e, ainda, ao conjunto da sociedade brasileira; ao mesmo tempo em que a reforma do aparelho do Estado tem um escopo mais restrito, busca a eficiência da administração pública, prestando o melhor serviço à sociedade e mais voltado para a cidadania. Em 1930, no governo de Getúlio Vargas, surgiram as primeiras experiências acerca do tema “reforma administrativa”. De início, tentou-se introduzir a ideia de Max Weber, que era a implantação do modelo burocrático na administração pública, que tinha como premissa a meritocracia, como tentativa de enfrentar a expansão patrimonialista. Nesse contexto foi criado o DASP- Departamento de Administração do Serviço Público, adotando funções de implementar diretrizes, supervisionar a administração pública e formar os gestores públicos, além de fixar o orçamento nacional. Para Bresser Pereira (1996, p.12), em 1938, “surgiu à ideia de descentralização na prestação de serviços públicos para a administração indireta, que estaria liberada de obedecer a certos requisitos burocráticos da administração direta”. No entanto, a reforma gerencial na administração pública somente ocorreu em 1967, com o Decreto-Lei 200, dispondo sobre a Organização da Administração Federal, estabelecendo diretrizes para a Reforma Administrativa. O decreto nº 200/67 é ato normativo infraconstitucional e anterior à CF/88, sendo recepcionado por esta, o que foi considerado compatível. Observou-se que quanto aos princípios que regem a administração pública constante no referido decreto, que eram Planejamento, Coordenação, Descentralização, Delegação de competência e Controle, devem ser interpretados em conformidade com os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Somente nos anos 90, surgiu uma tentativa de superar a crise que assolava o país, com implantação do Plano Diretor da Reforma do Estado, reduzindo o tamanho do Estado, resgatando a autonomia financeira e flexibilizando o aumento de ações voltadas as políticas públicas. No entanto, no governo ocorrido no período de 1995 a 1998 fora implementada uma nova estratégia para a reforma da administração pública brasileira, integrada a um processo mais amplo de reforma do Estado. Com isso, ocorreu a transformação da Secretaria de Administração Federal em um Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado – (MARE), que, inicialmente, tinha as funções de gestão pública e passaria a assumir o papel de coordenar todo o processo de reforma do aparelho do Estado. Nessa década, iniciou-se no Brasil a Reforma do Estado, com a implantação do Plano Diretor da Reforma do Estado, elaborado pela equipe do então Ministro Luiz Carlos Bresser Pereira. Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE) do Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), Bresser implementou um modelo de gestão pública com o intuito de modernizar a máquina estatal. Para que a reforma desse certo eram necessárias algumas ações imediatas e inevitáveis, tais como: o ajuste fiscal, reformas econômicas, com foco no mercado, buscando intensificar ações que fortalecessem a indústria e a área tecnológica, a inovação dos instrumentos de política social, além da reforma propriamente dita do aparelho do Estado, com intuito de alavancar sua capacidade de implantar com eficiência as políticas públicas . Tais ações foram implantadas através dos Ministérios da Fazenda, do Planejamento além do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE). Bresser Pereira (1995) definiu o aparelho do Estado como uma estrutura organizacional em seus trêspoderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e três níveis (União, Estados e Municípios), constituindo-se de um quadro de servidores e da força militar. Para Bresser (1997) a reforma do Estado envolveu quatro problemas: o primeiro está ligado à questão econômica e política, referente ao tamanho do Estado, o segundo, ao papel regulador do Estado, o terceiro, à capacidade financeira e administrativa do governo e por último, à capacidade de governabilidade, intermediando interesses diversos. O ajuste fiscal realizado na época teve como objetivo devolver ao Estado a condição de implementar políticas públicas, transferindo para o setor privado as atribuições referentes às atividades-meio, focando apenas nas atividades-fim da administração pública como forma de dar maior celeridade e eficiência na prestação de serviços públicos para a sociedade. Um dos fundamentos da Reforma Administrativa foi que o Estado deveria executar apenas atividades exclusivas de Estado, como por exemplo, ações de regulação. A ideia era implantar um modelo de Gestão do Estado, no qual a sociedade brasileira pudesse dispor de melhores serviços, trazendo perspectivas de um futuro melhor com condições sociais, educacionais, e econômicas dignas para todos e não somente para uma elite. Partindo desse princípio, foi criado em 1995, um projeto denominado “Plano Diretor” que procurou criar condições para a reconstrução da administração pública em bases modernas e racionais. A reforma administrativa passou a ser considerada como um instrumento para concretizar e assegurar o crescimento econômico. E assim, implantar uma administração pública “gerencial”, baseada em conceitos atuais de administração e eficiência, voltada para a busca dos resultados e considerando o cidadão como cliente, se tornando “cliente privilegiado” dos serviços prestados pelo Estado, e reorganizar as estruturas da administração, passando a prestar serviços públicos de qualidade à sociedade brasileira. Essa reforma de 1995 substituiu a administração pública burocrática misturada a práticas clientelistas ou patrimonialistas por uma administração pública gerencial, que adotou os princípios da "nova gestão pública" ( new public management ). A Administração Gerencial tem como fundamento a busca por resultados, pela eficiência e a descentralização dos serviços com intuito de dar qualidade na prestação dos serviços à disposição da sociedade brasileira, focando nas atividades-fim e descentralizando atividades-meio para as empresas privadas. Nos anos 30, a reforma administrativa foi iniciada, no início dos anos 90, se falou em reforma administrativa no Brasil: no primeiro momento acreditava-se ser um aprofundamento da Reforma Burocrática, que se entendia que precisava sempre ser “completada”. As reformas administrativas eram consideradas como uma forma de implantar um serviço público qualificador e fortalecer a burocracia, combatendo, assim, o patrimonialismo. Para Bresser (1995, p.15), existem três formas de administrar o Estado: a ‘administração patrimonialista’, a ‘administração pública burocrática’ e a ‘administração pública gerencial’. A administração patrimonialista é do Estado, mas não é pública, na medida em que não visa o interesse público. Segundo Costa apud Wahrlich (1984, p.19), no Brasil, apesar da legítima intenção de superar o patrimonialismo e seus efeitos sobre gestão do Estado, a reforma burocrática apresentou grandes dificuldades referentes à sua implementação, sobretudo no tocante ao seu caráter prescritivo e normativo, baseado em normas inflexíveis que desestimulavam quaisquer tentativas de atenção às diferenças individuais e às complexas relações humanas. Segundo Weber (2004), o patrimonialismo é uma variação da dominação tradicional. Denomina patrimonial toda dominação que, originariamente inspirada pela tradição, é exercida em virtude de um direito pessoal. Para compreender o seu significado e identificar seus atributos característicos, faz-se necessário refazer o percurso teórico traçado pelo intelectual alemão. A ideia de dominação de Weber (2004b, p. 191) é, portanto, o ponto de partida para análise, sendo assim definida: [...] uma situação de fato, em que uma vontade manifesta (“mandado”) do dominador ou dos “dominadores” quer influenciar as ações de outras pessoas (do “dominado” ou dos “dominados”), e de fato as influencia de tal modo que estas ações, num grau socialmente relevante, se realizam como se os dominados tivessem feito do próprio conteúdo do mandado a máxima de suas ações (“obediência”). O patrimonialismo é um tipo de dominação política em que não existe a separação entre o público e o privado (COSTA, 2012). O patrimonialismo, principal fator que deu causa ao surgimento da burocracia, sobrevive, resiste. A confusão entre os patrimônios públicos e privados, por parte de quem deveria agir com múnus público, mantém-se visível sob a forma de mandonismo, clientelismo, favoritismo (principalmente o nepotismo) da cultura da corrupção. A administração pública burocrática é fundamentada em um serviço civil profissional, na dominação racional-legal weberiana e no universalismo de procedimentos, com normas rígidas de procedimento administrativo. O modelo burocrático não substituiu o patrimonial, não baniu essas práticas. Aprimorou os mecanismos de combate às heranças patrimonialistas, é verdade, mas também criou outras condições para sua preservação (COSTA, 2012). A Reforma Burocrática ocorreu nos anos 30 e aconteceu no Brasil no momento do liberalismo, um avanço no modo de pensar, rompendo com o patrimonialismo e iniciando a administração profissional. Entre os anos 30 e 70, houve muita inconsistência entre as tarefas assumidas pelo Estado e o progresso profissional nas mais diversas áreas. Para Costa (2012), o formalismo burocrático está ligado ao fato de que a autoridade decorre de um sistema racional de normas, escritas e exaustivas, que fixam com exatidão as relações de mando e subordinação, dividindo o trabalho a ser realizado de maneira sistemática, levando em conta os fins pretendidos. A administração pública é sempre formal, escrita, organizada, tendo sua execução realizada através de documentos oficiais. O caráter impessoal na administração pública revela considerável dualidade. Em que pese estar consignada como princípio constitucional, esculpido com base na racionalidade, a impessoalidade tem seu viés subjetivo, devido à natureza humana e, neste caso particular, do espírito cordial do brasileiro. A Reforma Gerencial buscou criar instituições e organizações que permitissem uma gestão mais profissional e moderna, além de priorizar estratégias de gestão na busca daqualidade nos serviços públicos. Segundo Bresser (1995, p.17), a reforma é gerencial porque busca inspiração na administração das empresas privadas, e porque visa dar ao administrador público profissional condições efetivas de gerenciar com eficiência as agências públicas. A Reforma Gerencial do Estado de 1995 está se consolidando no Brasil, apesar de todas as limitações do regime democrático. 2.2 TERCEIRIZAÇÃO A terceirização está na pauta do dia no âmbito da administração pública e na administração privada, tendo como foco principal a eficiência do gasto. Segundo Leocádio, Dávila e Donadel (2008, p.3), a terceirização se afirmou nos manuais de administração na década de 1980, como elemento importante da flexibilidade estratégica exigida pelos contextos negociais competitivos. As práticas de sublocação, entretanto, em uma perspectiva operacional, são certamente tão antigas quanto as noções de trabalho e de propriedade. Ainda segundo Leocádio, Dávila e Donadel (2008, p.5), “ A popularidade da terceirização pode ser explicada por constituir alternativa de solução de problemas organizacionais que vão da simples redução de custos até a canalização dos talentos e capacidades para atividades que associem maior valor.” No Brasil, conforme Queiroz (1998), essa modalidade de contratação tomou força com o processo industrial automobilístico, como forma de enfrentar a concorrência internacional, para reduzir os custos e manter os produtos competitivos. A terceirização, no Brasil foi implementada desde o Século XIX, sob a caracterização de locação de mão de obra, sendo normatizada pelo Direito Civil. Contudo, somente a partir do desenvolvimento industrial no país é que se pode observar a força deste instituto para o crescimento e modernização tanto das indústrias como da administração pública como um todo. A década de 60 foi marcada pelo início do estabelecimento da terceirização no Brasil. O instituto da terceirização foi incrementado com maior intensidade a partir dos anos setenta, após ajustes no modelo de produção industrial, sendo aos poucos substituído pelo “Toyotismo”. Segundo Costa (1994), alguns conceitos como qualidade, produtividade, racionalização de custos, direitos do consumidor, são de suma importância para manter as empresas brasileiras competitivas. Ainda, segundo o autor, o que mais induz as empresas a imergir num processo de terceirização é a perspectiva de redução dos custos das atividades operacionais. É importante ressaltar que a administração pública precisa investir em capacitação de seus servidores com intuito de melhor fiscalizar os serviços prestados, em cumprimento ao que dispõe a Lei de licitações e contratos, resultando com isso, racionalização de custos, aumento de produtividade e manutenção da qualidade dos serviços contratados. Leiria (2006) definiu a terceirização como: “a técnica administrativa pela qual uma organização, para alcançar ganhos de produtividade, concentra a sua energia em suas atividades vocacionais – as denominadas atividades-fim – contando com empresas especializadas e idôneas para a execução das necessárias atividades de apoio”. Para Costa (1994), a “terceirização é um processo de gestão participativa, que requer mudanças na cultura, na mentalidade e no comportamento das partes envolvidas, para o alcance de objetivos propostos.” Essa mudança de cultura dos gestores durante o processo de fiscalização dos contratos administrativos traz benefícios qualitativos quando interfere na prestação de serviços em desacordo ao contratado, além de benefícios quantitativos quando esta interferência resulta na redução do gasto público. Na concepção de Martins (2011), a terceirização é uma possibilidade de contratar terceiros para a realização de atividades que não constituem o objeto principal da empresa. A contratação pode envolver tanto a produção de bens como serviços, visando não só a redução de custos, bem como maior agilidade, flexibilidade e competitividade para empresa. Ramos (2001) acrescenta que reduzir os custos na tomadora de serviços, proporcionado pelo acirramento da competição entre os fornecedores ou prestadores do serviço terceirizado e também redução dos custos da terceirizada, obtido a partir da economia de escala, é uma das vantagens desse modelo de contratação. Reduzir os custos operacionais como forma de lograr êxito em processo licitatório, pode ser motivo de inexequibilidade do contrato, podendo resultar em possíveis ações trabalhistas. Para que isso não ocorra é obrigatória a fiscalização e o acompanhamento criterioso do contrato de prestação de serviços. Como estratégias para continuarem atuantes e eficazes as empresas buscam incessantemente a competitividade, maximizando sua eficiência. Para isso, uma das formas de gestão moderna que vem ganhando cada vez mais força nos últimos anos, caracteriza-se como terceirização, na qual as organizações repassam para terceiros, atividades não essenciais ao seu negócio (GIOSA, 1997). No conceito proposto por Giosa (1995), a terceirização é um processo de gestão pelo qual algumas atividades são repassadas a terceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria, ficando a empresa concentrada apenas em tarefas essencialmente ligadas ao negócio em que atua. A terceirização provoca um aumento da competitividade e agilidade na execução das atividades essenciais do negócio, ao reduzir o tempo gasto com as atividades secundárias (GIOSA, 1997). Quinn e Hilmer (1994) afirmam que as atividades a serem terceirizadas devem ser aquelas que não compõem as competências essenciais (“ core competencies ”, no original) da organização. Isto porque a terceirização em si não é vista como o objetivo final da organização, mas apenas como uma ferramenta que possibilita às empresas esta concentração de todos os seus recursos nas suas competências essenciais, gerando benefícios bastante significativos. Além desta concentração nas competências essenciais, o acesso a novos recursos e conhecimentos, a contenção e redução de custos diretos e indiretos, a elevação do nível de eficiência e de flexibilização são outros objetivos que levam as empresas a buscarem a terceirização (POWER; DESOUZA; BONIFAZI, 2006; VALENÇA; BARBOSA, 2002; PINHEIRO, 1999). O que é terceirizado é o serviço e não as pessoas, pois toda organização necessita de indivíduos (internos ou externos) para o atingimento de seus objetivos (execução de sua missão), portanto o controle deve estar presente em todas as etapas do processo de terceirização (SILVA, 1998). “A terceirização é uma forma de administrar, tanto grandes quanto pequenas organizações, de modo estratégico, oportuno e adequado na busca da eficácia empresarial.”(LEIRIA; FONTANELLA; TAVARES, 1994, p.21). Também pode ser percebida como uma estratégia para reduzir gastos e aumentar a produtividade, tanto públicas como privadas e em qualquer ramo de atividade. As organizações “... com a aplicação da Terceirização, se transformam, concentrando todas as suas energias e esforços em sua atividade principal, e, com isso, gera melhores resultados, favorecendo a eficácia, com a otimização da gestão.” (GIOSA, 1997, p. XII). Ainda para Giosa (1997), as organizações deverão se concentrar mais na gestão, exigindo qualidade, preço, prazo e inovações, e menos nas execuções focalizando seus esforços em sua vocação e missão. Essas exigências não terão eficácia sem controle, ou critérios e sistemas de avaliação definidos em nível de contrato (custos, prazos, formas de reajuste, tecnologia instalada, desenvolvimento proposto para o corpo funcional e o número de funcionários). Queiroz (1998) afirma que a terceirização é uma técnica saudável e atual, imprescindível a qualquer empresa, diante da globalização, onde a concorrência é um fator presente em todas as atividades empresariais. Para Martins (2007, p.23), a terceirização consiste: “na possibilidade de contratar terceiro para a realização de atividades que geralmente não constituem o objeto principal da empresa. Essa contratação pode envolver tanto a produção de bens como serviços, como ocorre na necessidade de contratação de serviços de limpeza, de vigilância ou até de serviços temporários”. Teixeira et al. (2009, p.1) ainda explica que muitos polarizam o assunto da terceirização: inchar a máquina estatal ou destruí-la, perdendo inteligência e capacidade executiva. Demonstra ainda que há concepções taxativas e errôneas de que o Estado sempre trabalha mal ou pior que as empresas privadas e que, portanto, a terceirização automaticamente elevaria a eficiência. O Acórdão 975/2005 do Tribunal de Contas da União (TCU) explicou o contexto do surgimento da ideia de terceirização nas empresas públicas brasileiras: “a visão neoliberal que minimiza o papel do governo no desenvolvimento do país determinaria a redução do labor da Administração Pública. Para diminuir o tamanho da máquina estatal, o governo desenvolveu esta estratégia de substituição de mão-de-obra das atividades-meio por pessoal contratado.” Outro aspecto que tem gerado discussões em torno da terceirização é em relação a que valores deverão estar enquadrados nos limites de despesas com pessoal trazido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Esta lei dispõe em seu artigo 18, §1º que “os valores dos contratos de terceirização de mão de obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos serão contabilizados como outras despesas de pessoal”. Dúvidas têm surgido em relação a esse dispositivo, mas Ramos (2001, p.153) esclareceu que: Os contratos de terceirização firmados para suprir atividades que antes eram exercidas por servidores públicos, que tiveram seus cargos, empregos ou funções extintos para dar origem à contratação terceirizada, inquestionavelmente estão incluídos nesse limite de gastos, em decorrência de seu nítido caráter de substituição. Já para Leocádio (2005), a terceirização requer níveis mais elaborados de gestão, porque amplia as capacidades da cadeia de valor, além de sugerir a expansão da habilidade técnico-gerencial da empresa. Ainda segundo o autor, terceirizar não é, portanto, necessariamente mais fácil, nem mais barato. O termo terceirização estratégica requer modelos de gerenciamento e padrões de comportamentos específicos. Alguns autores como Gottfredson, Puryear e Phillips (2005), Jiang e Qureshi (2006), Busbin, Johnson e DeConinck (2008) afirmaram que os avanços na terceirização estão influenciando a natureza da competição e, por conseguinte, as empresas estão reestruturando seus processos e agregando-lhes maior flexibilidade operacional. Para Zymler (1998), no serviço público a terceirização é uma forma de contratação de empresa prestadora de serviço, fornecedora de bens, serviços ou mão-de-obra para o desempenho de atividades que originalmente eram desenvolvidas pela empresa terceirizante . A terceirização tem como fundamento legal, desobrigar o Estado de executar atividades-meio , com isso buscou-se implementar ações mais eficazes, como legislar, fiscalizar, regular, definir prioridades públicas, para atender com presteza a população brasileira. 2.2.1 Fundamentação Legal do Instituto da Terceirização A terceirização é regulamentada através de algumas legislações, tais como: a) Instrução Normativa/SEPLAN nº 01/89; b) Instrução Normativa/SAF nº 02/91; c) Instrução Normativa/SAF nº 08/94; d) Instrução Normativa/Mare nº 13/96 (limites máximos – vigilância e limpeza); e) Instrução Normativa/Mare nº 18/97; f) Lei de Licitações e Contratos – Lei nº 8.666/93; g) Constituição Federal/88 entre outras. A Instrução Normativa nº 02/2008/MPOG/SLTI define em seu Anexo I, os serviços continuados, conforme trecho abaixo: I - SERVIÇOS CONTINUADOS são aqueles cuja interrupção possa comprometer a continuidade das atividades da Administração e cuja necessidade de contratação deva estender-se por mais de um exercício financeiro e continuamente; Na Súmula 331, o Tribunal Superior do Trabalho – TST definiu que a terceirização é legal quando há um contrato de prestação de serviços, de acordo com preceitos legais, em que a contratante transfere a sua atividade - meio, para empresa contratada através de processo licitatório. Esta súmula em particular, é um elemento norteador para o instituto da terceirização trabalhista. Cabe observar a referida súmula, pois são de suma importância os atendimentos aos preceitos legais, evitando dessa forma as penalidades legais. O Tribunal de Contas da União - TCU abordou também o tema, através do Acórdão nº 132/2008-2ª Câmara, “ressaltando que o caráter contínuo de um determinado serviço é considerado quando é essencial para assegurar a integridade do patrimônio público de forma rotineira e permanente”. A terceirização tem como pressupostos: a) Caracterização da contratação como serviço continuado (aquele cuja interrupção trará prejuízo à Administração); b) Classificação do serviço a ser contratado como sendo de caráter auxiliar (não finalístico); c) Inexistência da categoria funcional no quadro funcional do órgão; d) Contratação de Prestação de serviços (não é contratação de mão de obra), permitindo a inclusão de fornecimento de mão-de-obra, materiais e equipamentos; e) Inexistência de necessidade de subordinação e pessoalidade entre o trabalhador (terceirizado) e a Administração.Como é de conhecimento de todos, a contratação via terceirização não pode ser usada para burlar o concurso público, pois conforme descrito no art. 9º da IN nº 02/2008/MPOG/SLTI: Art. 9 º É vedada a contratação de atividades que: I - sejam inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade, assim definidas no seu plano de cargos e salários, salvo expressa disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbito do quadro geral de pessoal; a) A contratação é de serviço, não de pessoas, os trabalhadores são empregados da empresa contratada, não podem ter vínculo com a Administração, não há pessoalidade e subordinação na contratação; b) É vedado o desvio de função dos trabalhadores da contratada; c) Os trabalhadores da contratada não podem ser considerados como colaboradores eventuais do órgão; d) A Administração não pode direcionar a contratação de pessoas para trabalharem na empresa contratada. Para Wolfe apud Vargas et al (2001 ) , diz que para caracterizar a terceirização é salutar observar as seguintes condições: a) Relação entre empresas idôneas, com capacidade econômica incontestável, de modo que deve ser imprescindível que a empresa contratada assuma os riscos do negócio e tenha condições econômicas de honrar seus compromissos com os trabalhadores; b) Restrinja-se a serviços especializados, como os de vigilância, asseio e conservação, refeições, assistência técnica, etc., não se justificando a utilização de mão-de-obra não especializada, por já ser um indício a respeito da ilicitude da terceirização; c) Que os serviços terceirizados sejam sempre ligados a atividade-meio da empresa e não a atividade-fim; d) Que a prestação do serviço seja dirigida pela empresa locadora, que os trabalhadores sejam subordinados aos empregados esta e não aos prepostos da empresa locatária. Observa-se que a terceirização está normatizada visando uma contratação nos rigores da lei, evitando dessa forma burlar o concurso público, e também de privilegiar parentes de servidores no momento das contratações. O conhecimento da legislação vigente contribui aos gestores públicos a implementar o instituto da terceirização sempre atento às orientações normativas regem os contratos administrativos de prestação de serviços públicos. 2.2.2 Vantagens e Desvantagens da Terceirização A terceirização é um fenômeno que busca reduzir os custos operacionais da administração pública, descentralizando parte de suas atividades para empresas prestadoras de serviços. Vale salientar que se deve ter cautela quanto à definição das atividades que devam ser terceirizadas, para não impactar o bom desempenho da administração pública. A transferência de atividades não essenciais para terceiros permite que a administração pública, que descentraliza, foque em suas atividades-fim, aumente seu desempenho global e reduza seus custos. Na administração pública, tal descentralização foi possível a partir da implantação do decreto-lei nº 200/67, que estabeleceu a reforma administrativa, determinando que a Administração Pública possa descentralizar sua atividade-meio, mediante contrato. Essas atividades não fazem parte do core business da empresa . Queiroz (1995) assinala que dentre os ganhos proporcionados pela terceirização podem ser citados: a liberação de recursos para a aplicação em outras tecnologias relacionadas à atividade-fim; a otimização do uso de espaços colocados em disponibilidade; a redução da ociosidade da mão de obra. Oliveira apud Pagnoncelli (1993) aponta alguns benefícios alcançados com a terceirização: a) Concentração de esforços (foco) – priorizar a atividade-fim como foco dos esforços diretos da administração pública e descentralizar a atividade-meio a terceiros; b) Maior capacidade de adaptação às mudanças (flexibilidade) – estrutura enxuta das empresas; c) Otimização (desburocratização) – redução de processos operacionais, aumentando desempenho; d) Qualidade na produção do produto ou serviço terceirizado – melhorando a qualidade dos produtos ou serviços; e) Aumento de produtividade e consequentemente proporcionando maior competitividade; f) Redução de custos – ocorre quando os gestores constatam que os custos de determinado produto ou serviço não são competitivos e descobrem que existem empresas especializadas em tal produto ou serviço no mercado, apresentando custo bem inferior; g) Redução do imobilizado – as empresas vendem parte de seus ativos, dispensáveis devido à terceirização de parte das atividades, e transferem recursos obtidos para outros fins, como capitalização para investimentos em suas áreas estratégicas; h) Liberação de espaço – espaços físicos anteriormente utilizados para desenvolvimento de processos são aproveitados para outros fins após terceirização dos mesmos; i) Parcerias – tratam-se de uma evolução do processo de terceirização em que os fornecedores participam diretamente das mudanças tecnológicas; j) Sinergia entre empresas – espécie de convênio entre empresas do mesmo ramo de negócio em que uma terceiriza parte das atividades a outra como solução para ganho de produtividade e redução de custos. Ocorre também quando várias empresas do mesmo ramo de negócio se agrupam constituindo uma “terceirização consorciada” com a finalidade de comercializar os seus produtos; k) Estabelecimento de novas empresas micro, pequenas e médias – acontece quando a empresa faz acordo com alguns funcionários ao demiti-los com a condição de constituírem suas próprias empresas e prestarem os mesmos serviços para a empresa onde trabalhavam. Com o passar do tempo, estas novas empresas passam a atender novos clientes; l) Ampliação do mercado para as empresas acima mencionadas já existentes – grandes empresas terceirizam suas atividades para outras, que subcontratam a outras, formando o efeito cascata da terceirização. Surgem, então, oportunidades de ampliação de negócios para as micros, pequenas e médias empresas; m) Redução da dependência da comunidade em relação à empresa e vice-versa – é quando a economia de determinado município depende de uma grande empresa nele sediado. Essa empresa terceiriza parte das atividades e gera oportunidades aos empreendedores locais, reduzindo o grau de dependência. É importante salientar que os benefícios na terceirização para a administração pública são visíveis, nos aspectos econômico, produtivo e qualitativo, fazendo com que a administração pública se preocupe com as atividades-fim e terceirizando as atividades-meio. 2.2.3 Terceirização Ilícita Em 2006, o Tribunal de Contas da União – TCU determinou o fim de contratos
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