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resenha, RAGO

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO	
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DAS MULHERES
ALUNOS: João Victor Braga de Souza e Maria Érica da Silva Coutinho
DOCENTE: Élcia Bandeira
RESENHA: RAGO, Margareth. As mulheres na historiografia brasileira. P. 81-91.
	A autora Margareth Rago é uma historiadora paulista que se debruçou nos estudos da teoria da História, a questão de gênero e da sexualidade durante boa parte de sua trajetória acadêmica, dessa forma, esse artigo que iremos discutir faz parte de suas pesquisas, onde ela vai unir esses universos da historiografia e a mulher, fazendo análises de gênero na produção historiográfica, onde nos remetemos a essa produção intelectual que hegemonicamente foi feita pelos homens e para os homens, relegando a mulher o papel secundário, o qual a autora vai apontar como marginal.
	Partindo dessa produção historiográfica, a autora vai destacar três pontos centrais para discussão: a história das mulheres quanto desdobramento da história social; as aproximações com a História cultural e por fim a história da prostituição na cidade de São Paulo, tema de pesquisa da autora onde ela relaciona com os outros dois pontos.
	A participação das mulheres na produção acadêmica vai se acentuar na década de 70, com questões teóricas e metodológicas relacionadas ao marxismo, dessa forma os estudos vão se pautar nas opressões do patriarcado e do capitalismo, até que na década de 80 uma outra vertente surge, preocupada mais na vida social dessa mulher, a enxergando com sujeito histórico. Rago, afirma que os trabalhos referentes as mulheres e a história, vão todos se aproximar por meio do resgate dessas mulheres marginalizadas, pondo-as como sujeitos de transformação da sua realidade social e seu papel na sociedade, pondo em cheque prerrogativas estabelecidas na academia para justificar a misoginia cientifica que colocavam os homens como sujeitos com maior capacidade intelectual.
	Na década de 80, a história das mulheres vai ganhar corpo e fora da academia as mulheres vão adentrar cada vez mais as estruturas antes exclusivas dos homens, a partir disso a autora aponta que não se trata somente de trazer a mulher para o interior de uma narrativa já pronta, como segundo Joan Scott, Thompson fez, pois ao falar do cotidiano dos proletários nas industrias ele traz a mulher como uma figura excêntrica e romântica, sendo sombra dos homens. 
	Margareth Rago, aponta que as aproximações dos estudos de gênero com a História cultural vão se dar e se efetivar na preocupação de uma abordagem não binária, tratando a sexualidade como uma questão cultural e construída, se afastando de uma metodologia generalizante, caminhando para uma dialética relacionada as relações de gênero enquanto relações de poder.
	O terceiro ponto trazido pela autora, é a prostituição e a historiografia, temática marginalizada onde ela define que metodologicamente não se preocupou em fazer uma história social da prostituição, o que afasta ela do lugar mais comum, em que iria consistir em saber o papel dessas prostitutas no cotidiano. Segundo ela, a proposta metodológica dela é pautada no imaginário da prostituição, a construção histórica dos discursos referentes as prostitutas, o que estabelece o que é normal e anormal no ser mulher. Dessa forma, o parâmetro que ela toma vai partir do discurso médico-policial e do conceito de dispositivos da sexualidade com Foucault. 
	O trabalho da autora vai partir da prostituição como fio condutor que permeia a cidade, permeia a modernização da cidade e a industrialização, abordando o simbólico. Assim, a preocupação com a prostituição segundo Rago, não será para com as mulheres ali marginalizadas e violentadas, será com as não prostitutas, um exemplo trazido é a fala de um jurista importante da época, Dr. Viveiros de Castro, onde ele afirma que o estupro de uma prostituta não causaria muitos danos, dado que ela não teria mais o que perder.
	Por fim, o artigo é extremamente importante para a compreensão da produção historiográfica das mulheres, um espaço que não foi dado a elas e sim conquistado, assim como muitos outros espaços na sociedade. A estrutura social do patriarcado estabelece a partir de suas normativas os espaços em que cada um deve ocupar, contornar essa estrutura e conseguir fincar o espaço da mulher na academia, na ciência já é uma revolução.

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