Buscar

resenha, SCOTT

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO	
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DAS MULHERES
ALUNOS: João Victor Braga de Souza e Maria Érika
DOCENTE: Élcia Bandeira
RESENHA: SCOTT, Joan. Gênero: Uma categoria útil de análise histórica.
A discussão dicotômica entre sexo e gênero até hoje se faz presente, com muita resistência dos conservadores que não aceitam a construção social do gênero. Nesse aspecto, a historiadora Joan Scott se debruçou como uma das grandes pesquisadoras do tema e lançou ainda na década de 1980 o artigo “SCOTT, Joan. Gênero: Uma categoria útil de análise histórica” que vem ser traduzido para o português em 1995 e marca a historiografia relacionada a gênero, mulheres e sexualidade.	
A autora inicia o artigo discutindo o significado de palavras e seus usos, como uma palavra pode ser ressignificada, o exemplo é a palavra gênero que as feministas vão utilizar para referenciar a relação entre os sexos e suas diferenças. O foco principal de quem utilizava o termo era a perspectiva de modificar os paradigmas a partir de tais pesquisas, ou seja, a produção cientifica voltada para mudanças sociais, com trabalhos na área não só de gênero, mas de questões raciais e também de classe, porém, segundo a autora eles não tem o mesmo peso, pois um é carregado de produções acadêmicas que vão substanciar tal campo da produção historiográfica, que é o caso da classe, sendo assim é um campo validado e fundamentalmente aceito da História, enquanto os outros dois ainda estão em outro patamar de produção e de conceituação, lembrando que esse artigo de Scott é do final do século XX.
Nesse levantamento histórico, é discutido como a estrutura da academia vai dificultar as produções acadêmicas de trabalhos relacionados a História das mulheres durante o século XX, pois a possibilidade da pesquisa ser vista como uma produção politica do feminismo e não ser visto como um campo da historiografia e como ciência era uma realidade segundo a autora, dessa forma, empregar o termo gênero serviria nos anos 1980 como uma forma de validar o trabalho, nesse ponto já podemos enxergar como o patriarcado também é reproduzido dentro da ciência e da academia.
Um dos pontos muito importantes trazidos por Scott são as abordagens na análise de gênero, onde ela aponta três possibilidades teóricas: A primeira, feminista, discutindo as origens do patriarcado, a segunda se relaciona com o marxismo e a terceira se debruça aos estudos da produção e reprodução da identidade de gênero. A primeira corrente vai direcionar os estudos a subordinação das mulheres, discutindo assim as opressões do patriarcado, quanto a segunda corrente, Scott cita MacKinnon “ A objetificação sexual é o processo primário de sujeição das mulheres. Ela liga o ato com a palavra, a construção com a expressão, a percepção com a efetivação, o mito com a realidade. O homem fode a mulher; sujeito verbo objeto. ”, já na terceira possibilidade teórica, ela aponta o pós-estruturalismo francês e as teorizações anglo-americanas, discutindo assim a partir da psicanalise a identidade de gênero.
A partir disso, gênero passa da categoria de somente uma palavra, mas agora é uma categoria de análise, podendo ser empregada em diversas áreas da História, até na política, um campo que já é bem delimitado e estruturado na historiografia, possibilitando não buscar mulheres importantes na política ou coisas afins, mas abordar as representações relacionadas a gênero, como o estado pode mudar as relações de gênero com base na sua necessidade, agindo no imaginário por exemplo.
Scott com esse trabalho marca a produção historiográfica, discutindo as diversas análises que podem ser feitas a partir de gênero, lembrando que o texto é do século XX que a preocupação ainda era estabelecer esses estudos como um campo da História, hoje a questão é quebrar com a hierarquia que a História tem e que a autora também aponta, onde temos campos vistos como primeira linha de pesquisa e produção, outros são menos prestigiados e vistos como uma segunda linha. Por fim, discutir gênero é importante, se utilizar de gênero para fazer analises históricas e sociais é imprescindível, e como Scott disse, as palavras podem ser ressignificadas, o gênero como era visto nos anos de 1980 e 1990 não vai ter a mesma conotação em 2017, a sociedade está em constante mudança e as diversas identidades de gênero também.

Outros materiais